Estudo sobre a sorte do ponto de vista bíblico e a origem da expressão mazel tov; o Pur e amuletos judaicos: Hamsa, Chai, Estrela de Davi. O que são ‘Segulot?’

Study on luck from a biblical point of view and the origin of the expression mazel tov; the Pur and the Jewish amulets: Hamsa, Chai and the Star of David. What are ‘Segulot?’


Mazel tov e sorte




Todo mundo quer ter sorte. Mas, o que é sorte? Ela existe?

No dicionário de língua portuguesa a palavra ‘sorte’ tem os seguintes significados:
• Força que determina ou regula tudo quanto ocorre, e cuja causa se atribui ao acaso das circunstâncias ou a uma suposta predestinação
• Destino, fado, sina
Destino, termo, fim
• Modo de viver; condição social ou material
Acidente da fortuna; casualidade, acaso
• Felicidade, fortuna, dita, ventura, boa estrela, boa sorte
• Adversidade, fatalidade, sorte
• Acontecimento fortuito; casualidade, acaso
Modo de resolver alguma coisa ao acaso; sorteio
• Bilhete ou outra coisa premiada em loteria ou sorteio
Quinhão ou porção que cabe a alguém numa partilha
• Arte ou manobra por meio da qual se pretende influir de modo nefasto ou benfazejo no destino de alguém; sortilégio (bruxaria, maquinação, trama)
Gênero, classe, espécie, tipo
• Modo maneira, forma, jeito
Dar sorte = ter bom êxito num empreendimento, numa atividade, em qualquer coisa, ter sorte, ter sucesso

Assim, nós podemos definir a palavra sorte em grupos:
• A sorte pode ser um sinônimo de: tipos diferentes de coisas, espécies diferentes etc.
• O destino ou o fim de uma coisa ou indivíduo (dependendo de seus atos).
• Um sorteio para definir uma situação, inclusive, uma porção de terra que pode ser dada a várias pessoas, dividida, partilhada.
• Algo que depende do acaso e pode trazer o bem ou o mal, ou como uma coisa supersticiosa que já está predestinada a acontecer, seja por ação de uma força desconhecida, seja por ação de uma manobra de bruxaria.
• ‘Sorte’ pode ser também usada no sentido de ter sucesso em algo, não necessariamente pelo empenho da pessoa, mas como uma ‘energia positiva’ que assume a responsabilidade pela prosperidade de um empreendimento.

No AT é comum se ver a expressão ‘lançaram sortes’, ou a palavra ‘sorte’ (geralmente no plural: sortes). Também são comuns as expressões: ‘repartir em sortes’ ou ‘separar por sorte’. Geralmente, o instrumento para se lançar a sorte eram pequenas pedras lisas, determinando uma porção ou um destino. As palavras hebraicas mais usadas para o verbo lançar são: 1) naphal, geralmente com o sentido de dividir, lançar em sorte, ter em herança, colocar para baixo; ou 2) nathan, que significa: dar, acrescentar, aplicar, nomear, atribuir, conceder, conferir, outorgar, vingar, lançar, distribuir, entre outras coisas. Há também o verbo ‘partir’ ou ‘repartir’ (as vestes, no Sl 22: 18, por exemplo) e cuja palavra em hebraico é chalaq, com o sentido de: repartir ou separar, distribuir, dividir, dar, tirar uma porção.

No caso de ‘sorte’ ou ‘sortes’, a palavra hebraica usada é gowral, proveniente de uma raiz que significa: ser áspero como uma pedra; pedra, ou seja, pequenas pedras sendo usadas para este fim; uma parcela ou destino (como se determinados por sorteio), lote, porção.

Em Et 3: 7 e Et 9: 24 é mencionado o Pur, sortes, que Hamã usou para esmagar e destruir os judeus. A palavra Pur (em hebraico: Puwr; plural: Puriym) significa: ‘a sorte por meio de um pedaço quebrado’. Em outras palavras, Puwr vem de uma raiz primitiva que significa: esmagar, quebrar, reduzir a nada, retirar totalmente. Mas mesmo nestes 2 versículos é utilizada a palavra acima (gowral = sortes), ao lado da palavra Pur.

Assim, no AT (comparando com a bíblia em inglês – ASV = American Standard Version) há 75 versículos com a palavra ‘sorte’ [‘lots’ ou ‘to cast lots’, no sentido de possessão de terra] ou ‘sortes’ ou com a expressão: ‘lançaram sortes’ (geralmente as 2 palavras vêm juntas), ‘sorte em herança’, ‘repartiu em sorte’, ‘repartiu em herança’ ou ‘parte’ ou ‘porção’: Lv 16: 8; Nm 26: 55-56; Nm 33: 54; Nm 34: 13; Nm 36: 2-3; Dt 4: 19; Dt 32: 9; Js 13: 6; Js 14: 2; Js 15: 1; Js 16: 1; Js 17: 1-2; Js 17: 14; Js 17: 17; Js 18: 6; Js 18: 8; Js 18: 10; Js 18: 11; Js 19: 1; Js 19: 10; Js 19: 17; Js 19: 24; Js 19: 32; Js 19: 40; Js 19: 51; Js 21: 4; Js 21: 5; Js 21: 6; Js 21: 8; Js 21: 10; Js 21: 20; Js 21: 40; Js 23: 4; Jz 1: 3; Jz. 20: 9; 1 Sm 14: 41-42; 1 Cr 6: 54; 1 Cr 6: 61; 1 Cr 6: 63; 1 Cr 6: 65; 1 Cr 16: 18; 1 Cr 24: 5; 1 Cr 24: 31; 1 Cr 25: 8-9; 1 Cr 26: 13-14; Ne 10: 34; Ne 11: 1; Et 3: 7; Et 9: 24; Jó 6: 27; Sl 16: 5; Sl 22: 18; Sl 78: 55; Sl 105: 11; Sl 125: 3; Pv 1: 14; Pv 16: 33; Pv 18: 18; Is 34: 17; Is 57: 6; Jr 13: 25 [será a tua sorte (o fim deles)]; Ez 45: 1; Ez 48: 29; Dn 12: 13; Jl 3: 3; Ob 1: 11; Jn 1: 7; Mq 2: 5; Na 3: 10.

Outros versículos bíblicos usam a palavra sorte, mas no sentido de ‘duas espécies’ ou ‘dois tipos diferentes’ (por exemplo: Dt 25: 14; 1 Cr 24: 5; Pv 1: 13; Jr 15: 3 etc.). Na versão ARA a palavra ‘sorte’ (da ASV – ‘sort’) está traduzida como ‘espécie’, ou ‘espécies’ nos seguintes versículos: Ed 1: 10; Ne 5: 18; Ez 39: 4; Ez 39: 17.

Em todas as referências bíblicas mencionadas acima, lançar pequenas pedras em sorte, ou gravetos de madeira, tinha o objetivo de separar pessoas para determinadas funções, separar animais para o sacrifício, dividir terras por herança, enfim, dividir ou repartir possessões, propriedades ou cargos, e até exterminar vidas, i.e, pessoas (no caso do Pur). Em nenhuma das passagens acima, a bíblia fala de lançar a sorte como um meio de se obter fortuna (riqueza), felicidade, ‘bons fluidos’ ou energia positiva, ou algo ao acaso, como depois foi distorcido pela idolatria. Tampouco era usada como um meio de adivinhação e previsão do futuro. Quando isso acontecia, era por ação de falsos deuses:

• Is 65: 11-12: “Mas a vós outros, os que apartais do Senhor, os que vos esqueceis do meu santo monte, os que preparais mesa para a deusa Fortuna [NVI, Sorte; Fortuna era uma divindade babilônica] e misturais vinho para o deus Destino [em hebraico, a palavra usada é Mniy, transliterado como Meni, um deus pagão, responsável pelo destino, e que agia através de números, como um jogo de números ou jogo de azar], também vos destinarei à espada, e todos vos encurvareis à matança; porquanto chamei, e não respondestes, falei, e não atendestes; mas fizestes o que é mau perante mim e escolhestes aquilo em que eu não tinha prazer”.

• Is 57: 6: “Por entre as pedras lisas dos ribeiros está a tua parte; estas, estas te cairão em sorte; sobre elas também derramas a tua libação e lhes apresentas ofertas de manjares. Contentar-me-ia eu com estas coisas?” Deus estava irado contra a idolatria. Por isso, o Senhor, advertia o Seu povo quanto a não seguir nenhuma prática de ocultismo.

No NT, o lançamento de sorte é mencionado algumas vezes (Mt 27: 35; Mc 15: 24; Lc 23: 34; Jo 19: 24 e Lc 1: 8; At 1: 26; At 8: 21 – nas quatro primeiras vezes em referência aos soldados romanos que repartiram as vestes de Jesus; e nas outras: quando coube por sorte a Zacarias entrar no templo, quando Matias foi escolhido para apóstolo por meio de sortes, e quando Pedro disse a Simão, o mágico, que ele não tinha parte nem sorte no ministério dos apóstolos).

Em todos os textos, a palavra grega usada para sorte é kleros (klêrous), que traz a idéia usar pedaços de madeira ou dados etc. para este propósito, lançados ao acaso, mas na maioria das vezes dando a entender que se tratava de separar uma porção e, por conseguinte, uma aquisição, especialmente um patrimônio: uma herança, um legado, um lote, uma parte. Kleros é proveniente do verbo klao, que significa: dividir, repartir (como, por exemplo, o pão).

Portanto, nós podemos ver que, na bíblia, o significado de sorte se restringe a algum tipo de sorteio para se dividir algo, como o turno de sacerdotes; na maior parte das vezes, uma porção de terra como herança, ou qualquer bem material, ou, então, para decidir uma situação importante (escolha de Matias ou o destino de Jonas, por exemplo – Jn 1: 7).

Mas nós podemos ver também que a palavra ‘sorte’, no dicionário, pode se referir a:
Algo que depende do acaso e pode trazer o bem ou o mal, ou como uma coisa supersticiosa que já está predestinada a acontecer (destino), seja por ação de uma força desconhecida, seja por ação de uma manobra de bruxaria.
• ‘Sorte’ pode ser também usada no sentido de ter sucesso em algo, não necessariamente pelo empenho da pessoa, mas como uma ‘energia positiva’ que assume a responsabilidade pela prosperidade de um empreendimento.

Mazel tov (mazal tov) e sorte

É aqui que entra o nosso comentário a respeito de sorte, do modo que a entendemos e que escrevemos acima e que, infelizmente, muitas pessoas buscam, para ganhar dinheiro, sucesso etc. e, geralmente, ligado à superstição ou ao ocultismo, pois esse tipo de coisa nada tem de respaldo bíblico.

A palavra hebraica para sorte é mazal, geralmente fazendo parte de uma expressão bastante conhecida: ‘mazal tov’. A expressão ‘mazal tov’ ou ‘mazel tov’ (no iídiche – antigo dialeto do alemão medieval) é usada no hebraico moderno para expressar congratulações para qualquer ocasião ou evento significante ou festivo (desde a obtenção de uma carteira de motorista, um aniversário, ou o término de engajamento no serviço militar). Também pode ser dita após uma prova muito difícil ser superada.

A origem da expressão ‘mazel tov’ está na Mishná e no Talmude, sendo que ‘mazzâl’ significa ‘constelação’ ou ‘destino’ ou ainda ‘uma gota do alto’, ou seja, a tradução literal é: ‘uma boa e favorável constelação zodiacal’. Mazal vem da raiz primitiva ‘nazal’ (Strong #5140), que significa: constelação, escorrer, derramado por gotejamento, destilar, gota, inundação, fluxo, jorrar, derreter, despejar, água corrente, riacho. Em hebraico, a palavra para ‘planetas’ é ‘mmazzâloth’, ou ‘Mazzaroth’, para ‘constelações’.

Na bíblia a palavra mmazzâloth está escrita apenas uma vez em 2 Reis 23: 5 [cf. 2 Rs 21: 3; 2 Reis 23: 4; 2 Cr 33: 3 (exército do céu)]: “Também destituiu [o rei Josias destruiu] os sacerdotes que os reis de Judá estabeleceram para incensarem sobre os altos nas cidades de Judá e ao redor de Jerusalém, como também os que incensavam a Baal, ao sol, e à lua, e aos mais planetas [mazzâloth, plural de Mazzalah – Strong #4208, planeta, as constelações, as estrelas do zodíaco], e a todo o exército [Hebraico: tsebhâ] dos céus [NVI: exércitos celestes]”. Exército dos céus [tsebhâ' hashâmâyim] = as constelações, as estrelas do zodíaco.

Embora ‘mazal’ signifique ‘sorte’ ou ‘destino’ ou ainda ‘uma gota do alto’ (‘uma boa e favorável constelação zodiacal’), para os judeus, a expressão ‘mazel tov’ indica que um bom evento ocorreu. Então, para os judeus, a melhor forma de traduzi-la é: ‘Congratulações’, ‘Parabéns’, ‘fico feliz por esta coisa boa que aconteceu a você’, pois para eles ela é diferente de ‘boa sorte’ (‘tenha sucesso’), como nós usamos em Português. A expressão ‘boa sorte’, no sentido de ‘tenha sucesso’, no hebraico é Bhatzlacha.

Para os judeus, segundo a Mishná e o Talmude, as constelações no céu dirigem o destino dos indivíduos e das nações, por isso, o significado literal de ‘mazal tov’ é ‘uma gota do alto’, pois, segundo esse raciocínio, os astros ‘pingam’ sua influência sobre os homens, por isso seu o significado original como ‘destino’, ‘sorte’ (boa ou má). Mais tarde, o destino e a sorte de alguém, determinados pelos astros, foram ligados à fortuna (ou dinheiro). Este sempre foi um deus e as pessoas fizeram de tudo para tê-lo, associando-o à felicidade. Por isso, Deus condenou certas práticas pagãs no meio do Seu povo (Is 65: 11-12, como foi escrito anteriormente).

Está escrito na bíblia: “Guarda-te não levantes os olhos para os céus e, vendo o sol, a lua e as estrelas, a saber, todo o exército dos céus [astros, constelações], sejas seduzido a inclinar-te perante eles e dês culto àqueles, coisas que o Senhor, teu Deus, repartiu a todos os povos debaixo de todos os céus” (Dt 4: 19). Embora no texto Hebraico a palavra para ‘exército’ seja tsebhâ, e não mazzal ou mmazzâloth (‘planetas’) ou mazzaroth (‘constelações’), o sentido é o mesmo: os corpos celestes como um grande exército agrupado, e os quais eram adorados e reverenciados pelos israelitas em todas as épocas. Deus já havia proibido de adorá-los, pois essa atitude era pagã.

Devido ao peso de idolatria envolvido com o significado da palavra ‘mazzal’ seria melhor que outras palavras fossem usadas para dar parabéns ou congratulações.

Assim, não existe destino nem sorte, nem sucesso ou prosperidade da maneira mística e sem esforço, como a humanidade está acostumada; bênção não é uma coincidência ou algo dependente do acaso, muito menos dos astros. O que existe é a vontade de Deus aliada ao livre-arbítrio do homem.

Por isso, são desnecessários os amuletos para trazer sorte (como o chay ou chai, o hamsa, a estrela de Davi, etc.).

Amuletos Judaicos – Estrela de Davi, Chai, Hamsa

Estrela de Davi – A Estrela de Davi (em hebraico: מגן דוד, transl. Magen David, ‘Escudo de David’) é um símbolo em forma de estrela, um hexagrama composto de dois triângulos eqüiláteros sobrepostos, tendo um a ponta para cima e outro para baixo.


A Estrela de Davi

A Estrela de Davi – autor: Zscout370 – wikipedia.org


Apesar das lendas e tradições rabínicas sobre o hexagrama, não há provas arqueológicas para confirmá-las. Uma delas diz que o símbolo era desenhado nos escudos dos guerreiros do exército do rei Davi, pois o nome ‘David’ era escrito na época com três letras (Dalet, Vav e Dalet) do alfabeto fenício e do alfabeto proto-hebraico (a escrita hebraica antiga pré-exílio), que tinham uma forma triangular; logo passou a ser um símbolo davídico. Outras histórias rabínicas contam que a estrela passou a ser usada após uma circunstância curiosa numa das lutas de Davi. O sol bateu no seu escudo e refletiu sua luz em forma de estrela de seis pontas, assustando o inimigo, que acabou fugindo e, assim, os soldados começaram a desenhar a estrela nos seus escudos para irem à batalha.


letras do nome David

Na imagem acima: O nome do rei Davi (David) escrito em letras hebraicas: Dalet, Vav e Dalet. Você pode ver a evolução das letras que compõem o nome hebraico do rei Davi a partir do alfabeto fenício, passando pela escrita hebraica antiga pré-exílica (Proto-Hebraico), chegando as letras hebraicas atuais (denominadas de ‘letras quadráticas’ ou ‘escrita assíria’).

Na verdade, o hexagrama não era inicialmente um símbolo exclusivamente judaico. É interessante que algumas fontes de pesquisa dizem que a estrela de Davi já existia desde os tempos da Suméria e esteve sempre presente em várias religiões como o Hinduísmo, Budismo, Islamismo, Nova Era, maçonaria e todas as artes de feitiçaria e ocultismo; também na Fé Bahá’í, uma religião monoteísta fundada por Bahá’u’lláh, um nobre persa que viveu no século XIX. Os seus ensinamentos afirmam que existe um único Deus e que todas as grandes religiões mundiais têm a mesma origem divina.

O hexagrama, porém, sendo uma construção geométrica simples, foi utilizado ao longo da história da humanidade para fins que não eram exclusivamente religiosos, e sim como um motivo decorativo nas sinagogas antigas na terra de Israel datadas da época do Segundo Templo e em algumas sinagogas depois da destruição da nação pelos romanos, até o século IV DC, e nas igrejas cristãs da região da Galiléia.

Encontrou-se também o hexagrama num selo judaico achado na cidade de Sidom no século IV AC, assim como muitas ‘Estrelas de Davi’ foram achadas ao lado de ‘Escudos de Salomão’ (com estrelas de cinco pontas ou pentagramas). Aparentemente, não lhe era dado um significado tão especial ou místico, mas ornamental. Um exemplo é o friso da sinagoga de Cafarnaum e uma lápide (ambos do século II ou III da era cristã), encontrada no sul da Itália. A ‘Estrela de Davi’ não aparece entre os símbolos judaicos mais importantes do período helenístico.

O termo ‘selo de Salomão’ foi adotado por alquimistas judeus e pelo Talmude (século V EC) e, mais tarde, por místicos islâmicos e alquimistas cristãos. Porém o hexagrama, só se tornou difundido em textos mágicos e amuletos judaicos (*) no início da Idade Média pelos cabalistas espanhóis medievais. Outros comentaristas dizem que também passou a ter uma conotação de amuleto de proteção entre os rabinos e o povo judeu sefardita, principalmente no século XV com o início da inquisição espanhola, da qual procuravam fugir.

(*) Quero fazer um parêntesis aqui, pois é algo importante. Esses amuletos de que falo acima são os ‘ segulot’, que têm uma força poderosa de cura, limpeza e proteção para os judeus.

‘Segulot’, סגולות, o plural de segula (hebraico: סגולה), é uma palavra que significa ‘remédio’ ou ‘proteção’. Na verdade, segulot é um feitiço ou ritual protetor ou benevolente na tradição cabalística e talmúdica. São frases, atos ou rituais e superstições (‘simpatias’, como conhecemos a palavra em português) que favorecem a fertilidade e o parto, dão proteção contra danos graves, ajudam a encontrar um cônjuge, dão longa vida, curam icterícia (colocando um pombo sobre o umbigo), trazem prosperidade, ajudam a encontrar um objeto perdido e até a identificar um ladrão (por exemplo, pendurando uma nota especial no pescoço de uma galinha e usando-a para identificá-lo).

As práticas vão desde atos mais simples como orar 40 dias no muro das lamentações, comer cidra ou geléia de cidra, usar um rubi (ou comer rubis moídos) ou usar um cordão vermelho cortado de um comprimento maior que foi enrolado em torno do túmulo de Raquel (mulher de Jacó) até os que exigem mais obediência às leis mishnaicas, talmúdicas e cabalistas como a obrigação ética da tzedaka (comumente usada para significar ‘caridade’, mas que significa ‘retidão’ – Tzedakah ou Ṣedaqah – צדקה) ou mostrar uma reverência maior do que o devido aos sábios judeus do passado e realizar certos atos como, por exemplo, orar ou derramar bebidas sobre os túmulos de rabinos importantes na elaboração da Mishná do século II da Era Comum. Ou ainda repetir a frase “Ein Od Milvado” (hebraico: אין עוד מלבדו, “Não há ninguém além dEle [Deus]”) para proteger uma pessoa do perigo. Muitos desses sábios e rabinos talmudistas e cabalistas do século XVI e XVII usavam literalmente em seus escritos a palavra ‘encanto’ (encantamento), o que os faz parecer mais bruxos do que sábios na palavra de Deus.

É interessante perceber que muitas palavras hebraicas bíblicas estão misturadas com o misticismo do Judaísmo, e esse é um motivo para estar bem informado sobre todas as palavras que eles estão acostumados a pronunciar, pois elas podem ter um duplo sentido ou serem usadas em outro contexto espiritual. Eu digo isso porque quando li sobre esse assunto, logo me veio à mente uma palavra hebraica bíblica, escrita em vários versículos do AT e com seu correspondente em grego no NT, que é segula (hebraico: סגלה), muitas vezes escrita como Seghullâ ou Cgullah (Strong #5459), que significa: tesouro, riqueza (rigorosamente guardada); jóia, tesouro peculiar, um bem próprio de alguém, um bem especial). Esta palavra (Seghullâ) está na Torá com o significado de tesouro peculiar em Ml 3: 17 (“Eles serão para mim particular tesouro”); 1 Cr 29: 3 (“o ouro e a prata particulares que tenho dou para a casa de meu Deus”).

Ela também tem o sentido de propriedade pessoal, possessão dos reis: Êx 19: 5: “sereis a minha propriedade peculiar entre todos os povos”; Ec 2: 8: “Amontoei também para mim prata e ouro e tesouros de reis e de províncias”; Sl 135: 4: “Pois o Senhor escolheu para si a Jacó e a Israel, para sua possessão”.

Seghullâ também pode se referir à propriedade pessoal, no que diz respeito a pessoas: Dt 7: 6 (“o Senhor, teu Deus, te escolheu, para que fosses o seu povo próprio, de todos os povos que há sobre a terra”); Dt 14: 2 (“o Senhor vos escolheu de todos os povos que há sobre a face da terra, para lhe serdes seu povo próprio”).

Finalmente, a palavra Seghullâ pode ser entendida também como o povo de Deus: Tt 2: 14 (“um povo exclusivamente seu”) – a palavra grega usada aqui é periousios περιούσιος – Strong #4041, que significa: caro, estimado, seleto, especialmente escolhido; ser além do normal, especial (próprio), peculiar. Em 1 Pe 2: 9, a palavra é ‘peripoiesis’ περιποίησις – Strong #4047, que significa: aquisição (uma coisa adquirida), o ato de adquirir; preservação: obter, obtendo, peculiar, comprado, posse, salvo: “Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”. Esta mesma palavra se repete em Ef 1: 14: “o qual é o penhor da vossa herança, até ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória”: aquisição (uma coisa adquirida), o ato de adquirir; preservação: obter, obtendo, peculiar, comprado, posse.

Resumidamente, Seghullâ se refere a uma possessão de reis e a uma propriedade particular, não só material, mas de pessoas.

Não é uma palavra escrita apenas na bíblia, mas usada na Cabala com um sentido mais místico (um dos ‘quatro mundos’ da Criação, por exemplo, ligados à Sephiroth, as Dez Emanações de Ein Soph, o Todo Supremo da Cabala, aquilo que podemos chamar de ‘Deus’). Os quatro mundos são:
1) Asiyah (o mundo físico e tudo o que diz respeito à matéria).
2) Yetzirah (o mundo dos relacionamentos onde se encontra o nosso ‘tesouro’ – Seghullâ).
3) Beriah (corresponde ao mundo espiritual, ou seja, o relacionamento com Deus).
4) Atziluth (o próprio céu).

Voltando ao assunto sobre o hexagrama ou ‘Estrela de Davi’: O sábio judeu caraíta Yehudah ben Eliahu Hadasi, que viveu no século XII escreveu num de seus livros que pessoas do povo aos poucos foram mudando o símbolo do ‘Escudo de Davi’ de um simples selo para um tipo de símbolo místico, inclusive gravando-o sobre a mezuzá colocada nas portas como uma forma de amuleto protetor.

O Judaísmo Caraíta é uma corrente da religião judaica que defende exclusivamente a autoridade das Escrituras Hebraicas (a Torá dada a Moisés) como fonte de Revelação Divina, a crença única e absoluta em Deus e nos profetas do AT, portanto, rejeitando o judaísmo rabínico e a ‘Lei Oral’ como o Talmude e a Mishná, e costumes como o tefilin (caixas com trechos da Torá na cabeça e na mão. De acordo com os caraítas, as passagens bíblicas citadas para esta prática são metafóricas e significam ‘lembrar-se sempre da Torá e valorizá-la’), a mezuzá (uma caixa ou rolo com trechos da Torá nas portas das casas. Como os tefilin, os caraítas interpretam a Escritura que determina a inscrição da Lei nas ombreiras e nos portões da cidade como uma advertência metafórica, especificamente, para manter a Lei em casa e fora dela) e os peiot. Pe’ot, (em Português: peiot; Inglês: payot; hebraico: פאות, romanizado: pē’ōt, ‘cantos’, plural de pe’a) ou payes (em iídiche), é o termo hebraico para ‘costeletas’ ou ‘suíças’. Payot são usados por alguns homens e meninos na comunidade judaica ortodoxa com base em uma interpretação da lei do AT (Lv 19: 27; Lv 21: 5) contra rapar os ‘lados’ da cabeça. Literalmente, pe’a significa ‘canto, lado, borda’.
“Não cortareis o cabelo em redondo, nem danificareis as extremidades da barba” (Lv 19: 27).
“Não farão calva na cabeça e não cortarão as extremidades da barba, nem ferirão a sua carne” (Lv 21: 5).

A lei proibia que se cortasse o cabelo nas têmporas (Lv 19: 27; Lv 21: 5), pois esta parte da cabeça era considerada como a fonte da vida para os judeus, e só os pagãos rapavam as costeletas. Em Jr 9: 26; Jr 25: 23 e Jr 49: 32, onde está escrito ‘os que cortam os cabelos nas têmporas’ pode-se ler, em hebraico, ‘ter o cabelo barbeado (ou cortado) em ângulos’, ou seja, ter a barba na bochecha estreitada ou cortada, que era um costume cananeu, proibido aos israelitas. A lei mosaica também proibia cortar a barba à maneira dos egípcios (Lv 19: 27; Lv 21: 5). Diferentemente das nações circunvizinhas, os egípcios se barbeavam, exceto o queixo, onde se permitia haver um molho de cabelos, que se conservava bem cuidado. Algumas vezes, em lugar do seu próprio cabelo, usavam barba postiça, trançada, com formas diferentes, segundo a categoria do indivíduo; da mesma forma que usavam suas perucas. Os leprosos, pela lei judaica, deveriam rapar a barba, o cabelo e as sobrancelhas no sétimo dia de sua purificação (Lv 14: 9). Rapar as laterais do rosto era uma prática pagã (segundo Maimônides).

Existem diferentes estilos de peiot entre vários ramos do judaísmo (como cachos, tranças ou mechas de cabelos. Alguns judeus colocam os peiot dobrados atrás da orelha). Grupos tradicionais como os judeus hassídicos, os haredi e os asquenazi têm costume de usar o peiot.

Os caraítas ainda esperam a vinda do Messias e crêem na ressurreição dos mortos. A palavra ‘caraíta’, no hebraico, קראים, qaraim ou bnei mikra, significa: ‘Seguidores das Escrituras’. Seus antepassados, do período do segundo templo eram chamados de Benei Ṣedeq (‘Filhos de Zadoque’, o primeiro sumo sacerdote do templo de Salomão, e que também está ligado ao partido dos saduceus, que surgiram por volta do século II AC). Provavelmente o Judaísmo Caraíta ou caraísmo surgiu durante o reinado de Alexandre Janeu, rei hasmoneano da Judéia (103-76 AC). Os caraítas aceitam apenas a observância do Shabat, o uso do Talit (o manto de oração) e do Tsitsit (franjas os quatro cantos do Talit) e as leis dietéticas e de abate (Kosher).


Um jovem hassídico com peiot Um menino com peiot

Nas imagens acima: Um jovem ‘hassídico’ (ou ‘chassídico’ – ramo do judaísmo tradicional – foto: Mgarten) e um menino com peiot – wikipedia.org.


Um judeu ortodoxo com peiot Um judeu ortodoxo com longas peiot

Nas imagens acima: Um judeu ortodoxo com peiot em Jerusalém – foto David Shankbone) e Judeu Ortodoxo de Kotel (cidade da Bulgária) com longas peiot, no Muro Ocidental da Cidade Velha de Jerusalém – foto: Boaz Gabriel Canhoto – wikipedia.org.


Rabino com peiot atrás da orelha Um judeu do Iêmen com peiot

Nas imagens acima: Um rabino com barba e peiot dobrado atrás da orelha (foto: Gila Brand) e um judeu do Iêmen com peiot (foto: American Colony, Jerusalem) – wikipedia.org.

A adoção da Estrela de Davi como um símbolo distintivo para o povo judeu e o Judaísmo começou na Idade Média. Em 1354, o rei Carlos IV da Boêmia permitiu à comunidade judaica de Praga ter sua própria bandeira. Os judeus, então, confeccionaram a Estrela de Davi em ouro sobre um fundo vermelho. A bandeira passou a ser usada tanto em sinagogas, como no selo oficial da comunidade quanto em livros impressos. Mas o símbolo bíblico de Israel dado por Deus sempre foi a Menorá (o candelabro de sete lâmpadas).

Após a Batalha de Praga em 1648 contra o cerco da cidade por tropas protestantes suecas (durante a guerra dos 30 anos – 1618-1648), alguns jesuítas vienenses a pedido de Fernando III, Imperador Romano-Germânico e Arquiduque da Áustria (1637-1657), ofereceram uma bandeira de honra com o mesmo símbolo aos Judeus de Praga (capital da República Tcheca), em reconhecimento à sua contribuição para a defesa da cidade. Essa bandeira mostrava um hexagrama dourado sobre fundo vermelho.

A ‘Sinagoga Velha Nova’ em Praga é a mais antiga sinagoga da Europa ainda em atividade. O nome inicialmente era ‘Neu Shul’, ‘Nova Sinagoga’, em iídiche; mas com o aparecimento de outras, ela passou a ser conhecida como ‘Sinagoga Velha Nova’. Este prédio de arquitetura gótica religiosa foi concluído em 1270. O estandarte agora exposto é uma reprodução moderna do que foi feito no século XVII. A sinagoga segue o costume ortodoxo, com assentos separados para homens e mulheres durante os serviços de oração. As mulheres sentam-se em uma sala externa com pequenas janelas que dão para o santuário principal. A grande bandeira vermelha fica no pilar oeste e o texto do Shemá Israel também bordado em ouro. No centro da Estrela de David está um ‘chapéu judeu’. Tanto o chapéu quanto a estrela são bordados em ouro. O Bimah (púlpito de leitura da Torá) fica entre as duas colunas. A Arca Sagrada (Aron Kodesh רוֹן קֹדשׁ) fica tradicionalmente localizada na parede leste.


A bandeira judaica na sinagoga de Praga

Detalhe da Bandeira Judaica com o ‘Chapéu Judaico’ na Sinagoga Velha Nova em Praga (2014) – foto: Øyvind Holmstad – wikipedia


O símbolo (‘A Estrela de Davi’) começou a ser amplamente utilizado entre as comunidades judaicas da Europa Oriental no século XIX. O hexagrama (sem o círculo) foi adotado pela Organização Sionista como um símbolo para a bandeira de Israel em 1897, antes do seu uso na Maçonaria. No final da Primeira Guerra Mundial, tornou-se um símbolo internacionalmente aceito para Israel, usado inclusive nas lápides de soldados judeus mortos. Hoje, a estrela é usada como símbolo central na bandeira nacional do Estado de Israel. As listas azuis na parte superior e inferior da bandeira estão ligadas às listras azuis do talit.

Alguns ocultistas afirmam que o símbolo com os dois triângulos entrelaçados é um dos mais poderosos na prática da magia. O hexagrama quando circundado aumenta seu poder e significado. É também conhecido como o ‘Selo de Salomão’ no misticismo cabalístico.

Resumindo: a Estrela de Davi pode ser ou não um motivo de “preocupação espiritual”, dependendo do uso que se faz dela. Melhor se desfazer dela, se for usada como amuleto.


A Bandeira de Israel


Chai – A palavra ‘chai’ (חי‎) é formada por duas letras do alfabeto hebraico – Chet (ח‎) e Yod (י‎), e significa ‘vida’ ou ‘vivo’. A ortografia mais comum na escrita latina é ‘Chai’, mas a palavra ocasionalmente também é escrita como ‘Hai’. A pronúncia moderna usual desta palavra é [χai̯], enquanto uma transcrição da pronúncia bíblica e mishnaica provavelmente teria sido [ħai̯] (com uma consoante faríngea). Chay (חי – Strong #2416), significa: vida, vivo; idade, envelhecer, amadurecer; fresco (planta, água, ano), forte; criatura viva, coisa viva, entre outros significados. Está relacionada a outra palavra, Chaya (Strong #2421 – חיה‎), que significa ‘coisa viva’ ou ‘animal’, ‘ser vivente’; viver, seja literal ou figurativamente; por conseqüência: reviver, manter, deixar ou tornar vivo, prometer vida, nutrir, preservar (vivo), vivificar, recuperar, reparar, restaurar a vida, reviver, (Deus) salvar (vivo, vida, vidas), estar completo, inteiro, são, sadio, entre outros significados.


Chai – letras

O correspondente da palavra ‘chay’ em grego é ‘zóé’ (ζωη – Strong #2222), que é mera vitalidade de um ser ou criatura, mesmo de plantas (embora a definição original seja: vida, tanto física como a existência espiritual, particularmente a futura, ou seja, a vida eterna), em contraste com ‘Psychê’ ou ‘psuché’ (ψυχή – Strong #5590) = alma, ou seja, a personalidade inteira do homem, indicando seus aspectos mais elevados (pensamentos, sentimentos e vontade); em hebraico ‘nephesh’; e em contraste com ‘pneuma’ (πνεῦμα ou πνευμα – Strong #4151) = espírito, vento, respiração, fôlego; espírito (a parte que sobrevive à morte); em hebraico ‘ruwach’.

Da simplicidade dessa explicação vem a explicação judaica, que a transformou em um símbolo, um símbolo visual, e depois em algo místico, como um amuleto que traz vida e aproxima a pessoa de Deus. Essas duas letras do alfabeto hebraico – Chet (ח‎) e Yod (י‎), como símbolos na cultura judaica, remontam à Espanha medieval e ao Talmude, escrito por volta de 500 EC, que afirma que o mundo foi criado a partir de letras hebraicas que formam certos versículos da Torá: Lv 18: 5; Dt 30: 15-16 e Dt 30: 1-20, onde a obediência a Deus e aos Seus mandamentos traz Sua bênção, mais especificamente a vida física e espiritual; caso contrário, vem a morte e a maldição. Mas por falta de compreensão das coisas espirituais, e por compreender as realidades divinas apenas sob a ótica material, eles transformaram a lei de Deus em algo obrigatório, forçado, como uma ameaça, ou seja, o céu e a terra são descritos como testemunhas do fato de que há vida e morte, bênção e maldição e que o ser humano deve escolher a Vida (Deus), a fim de viver. Em um nível espiritual (e histórico), ‘chai’ significa estar vivo diante de Deus, em oposição a estar (espiritualmente) morto. Foi o peso que trouxe a maldição da Lei, fazendo com que uma pessoa ficasse presa a rituais e obrigações religiosas para se aproximar de Deus e, conseqüentemente, ter vida. A oração do Shemá fala igualmente da importância do Chai para viver e andar no estilo de vida cultural judaico.

Na Cabala medieval, Chai é a emanação mais baixa de Deus (mais próxima do plano físico). De acordo com um rabino grego do século XVI, o Chai, como um símbolo tem sua ligação nos textos da Cabala com o atributo de Deus de ‘Ratzon’, ou motivação, vontade. Seu uso como amuleto se originou na Europa Oriental do século XVIII e o chai passou a ser usado pelos judeus como um medalhão ao redor do pescoço, da mesma maneira que a Estrela de Davi e o hamsa, para dar vida e como um escudo protetor contra mau-olhado.

Hamsa – O hamsa ou hamsá (hebraico: חמסה, em forma de mão; ‘hamsa’ significa cinco, relativo aos cinco dedos da mão) é um amuleto contra mau olhado, para afastar as energias negativas e trazer felicidade, sorte e fortuna. Trata-se de um símbolo da fé judaica e islâmica. É muito popular no Oriente Médio, especialmente no Egito. Há uma teoria sobre a conexão entre o hamsa e o ‘Mano Pantea’ (ou ‘Mão-da-Toda-Deusa’), um amuleto conhecido pelos antigos egípcios como os ‘Dois Dedos’, que representavam Ísis e Osíris; o polegar representava seu filho Hórus e era usado para invocar os espíritos protetores dos pais sobre seus filhos. Outro significado deste símbolo está relacionado ao próprio Hórus, deus do céu. Por isso é possível notar na maioria dos hamsas o ‘Olho de Hórus’, significando que os humanos não podiam escapar do olho da consciência. O sol e a lua eram os olhos de Hórus. O hamsa também é muito visto em Cartago (atual Tunísia) e no antigo norte da África e nas colônias fenícias da Península Ibérica (Espanha e Portugal) e pode ser encontrada em forma de jóias, azulejos e chaveiros.


Hamsa – Olho de Hórus

Hamsa – pode-se notar no centro o olho de Hórus. Muitos hamsas têm também o chai desenhado neles.

O Alcorão veta o uso de amuletos, mas a chamsá ou chamsa (em árabe) é facilmente encontrada entre os muçulmanos, que também a chamam de mão de Deus, mão de Fátima, olho de Fátima ou mão de Hamesh. Fátima (Fātimah: 605–632) era a filha preferida de Maomé (Fātimah bint Muhammad). O amuleto, neste caso de Fátima, representa a feminilidade. A mão também é popular entre os judeus, em especial os sefarditas (da Península Ibérica) e está ligada à Cabala (Doutrina mística e esotérica judaica). Eles foram os primeiros a usar este amuleto devido às suas crenças sobre o mau-olhado. Eles escrevem textos como o Shemá Israel (Dt 6: 4-9; Dt 11: 13-21; Nm 15: 37-41) nos hamsás e também os chamam de mão de Miriam (a irmã de Moisés e Aarão); entre os cristãos do Levante (Síria, Líbano, Israel, Jordânia, Palestina, parte da Turquia), é também conhecida como mão da Virgem Maria, pois eles provavelmente faziam um sincretismo religioso entre o cristianismo e o paganismo da região, uma vez que o uso inicial do hamsa pode ser atribuído a antigos artefatos da Mesopotâmia nos amuletos da deusa Inanna (outra forma de escrever o nome assírio Nina) ou Istar (Ishtar), também chamada de Ísis no Egito, recebendo o nome de Maria posteriormente, para atrair egípcios para o catolicismo romano. Hamesh (חמש – significa ‘cinco’) se refere ao termo hebraico ‘Hamesh Megillot ou Chomeish Megillos’ (os cinco rolos da Torá ou Pentateuco).

Os símbolos mencionados acima:


Chai Estrela de Davi Hamsa

Chai = ‘vida’ – para dar boa sorte / Estrela de Davi / Hamsa – contra mau olhado


Este texto se encontra no livro:


livro evangélico: O Senhor quer falar com Seu povo

O Senhor quer falar com Seu povo (PDF)

The Lord wants to talk to His people (PDF)



Autora: Pastora Tânia Cristina Giachetti

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