Aprendizados com a história de vida dos personagens bíblicos, os reis de Israel e Judá: Salomão, Asa, Acabe, Josafá, Ezequias e Josias. Salomão construiu o templo para o Senhor.
Lessons from the life story of the biblical characters, the kings of Israel and Judah: Solomon, Asa, Ahab, Jehoshaphat, Hezekiah and Josiah. Solomon built the temple for the Lord.
Textos de referência: 1 Rs 1–11; 2 Cr 1–9
Reinado de Salomão: 970–930 AC
Construção do templo 966–959 AC
Divisão do reino: 930 AC
Salomão (Shelômõh, ‘pacífico’; também chamado pelo profeta Natã de Jedidias, ‘amado do Senhor’) iniciou o seu reinado, provavelmente, por um tempo em co-regência com Davi. Davi já era velho e Adonias (’adhõniyyâ – ‘meu senhor é YHWH’), seu quarto filho, disputou o direito ao trono. Seu primeiro filho foi Amnom que foi morto pelo irmão Absalão. O segundo filho de Davi foi Quileabe, também chamado de Daniel (filho de Abigail, ex-esposa de Nabal), e que provavelmente morreu ainda jovem. O terceiro foi Absalão, morto por Joabe, quando fugia da perseguição dos homens de Davi ao tentar tomar o reino do pai. O quarto era Adonias; o quinto, Sefatias, e o sexto, Itreão, os quais nasceram em Hebrom (2 Sm 3: 2-5; 1 Cr 3: 1-4).
O sucessor de Davi já tinha sido escolhido por Deus para ser Salomão, entretanto, Adonias se achou no direito por ser mais velho. Entendia-se com Joabe e com Abiatar (o sacerdote). Entretanto, Zadoque (o sacerdote), Benaia, Natã, Simei, Reí (provavelmente um oficial da guarda real de Davi) e os valentes de Davi não o apoiavam. Adonias providenciou uma cerimônia de coroação. Natã e Bate-Seba contaram a Davi sobre Adonias e intercederam por Salomão. Davi deu ordens para consagrar o filho como rei de Israel, e ele foi ungido em Giom (a Fonte de Giom, no Vale de Cedrom, a leste da cidade de Davi). Adonias pediu a Salomão que não o matasse e Salomão o mandou para sua casa.
Davi instruiu Salomão sobre como deveria proceder como rei diante de Deus e dos homens, apresentou-o oficialmente como seu sucessor (1 Cr 28 e 29) e depois morreu. Salomão foi coroado rei por todo o Israel, agora em cerimônia formal (1 Cr 29: 22b-25), não mais de emergência.
Adonias recorreu a Bate-Seba tentando uma estratégia para não perder a chance de se sentar no trono: ele lhe pediu a mão de Abisague, a sulamita (concubina de Davi), em casamento; Salomão, por precaução, para preservar seu reinado, mandou matar Adonias. Expulsou Abiatar, o sacerdote, para não oficiar mais diante do trono. Mandou-o de volta ao seu campo em Anatote (1 Rs 2: 26). Zadoque ficou em seu lugar. Joabe, com medo, se refugiou no tabernáculo do Senhor e pegou nas pontas do altar (que significava asilo para um acusado até que fosse provada sua inocência ou sua culpa). Salomão, que já tinha sido instruído por Davi quanto ao seu comandante de exército, mandou Benaia executá-lo. Este o substituiu no comando das tropas.
Quanto a Simei, filho de Gera, o benjamita, aparentado de Saul que tinha amaldiçoado a Davi na revolta de Absalão, foi inicialmente tratado com indulgência por Salomão, mas este mandou executá-lo depois de três anos pelo que fez ao seu pai.
Salomão, por razões políticas, se casou com a filha de Faraó, rei do Egito. Este foi um dos inúmeros casamentos que contraiu para manter as relações políticas de interesse para o seu reino.
A tenda da congregação se achava em Gibeão (1 Cr 16: 39; 1 Cr 21: 29; 2 Cr 1: 3-5), enquanto a arca da Aliança estava em Jerusalém, numa tenda que Davi construiu para ela (1 Cr 15:1; 1 Cr 16:1; 37-39; 2 Cr 1: 3-5; 1 Rs 3: 4; 15). Ali em Gibeão o Senhor apareceu a Salomão num sonho, e lhe perguntou o que queria que Ele lhe desse. Salomão pediu sabedoria para reinar e isso agradou ao Senhor, que não só lhe deu o que tinha pedido, mas também riquezas e honra. Veio a Jerusalém e ofereceu holocaustos perante a arca da Aliança do Senhor (1 Rs 3: 15).
A sabedoria do rei se evidenciou quando julgou o caso de duas mulheres que disputavam um bebê, ambas dizendo ser sua mãe; entretanto, uma delas mentia. Salomão julgou sabiamente e o povo o respeitou.
Uma das atividades de Salomão era manter e controlar o extenso território deixado por Davi. As tribos foram transformadas em distritos administrativos controlados pelo governo central. Pagavam uma taxa e eram obrigados a prover sustento para a corte durante um mês por ano, cada um deles de uma vez. Quando os trabalhadores cananeus se tornaram insuficientes para os enormes projetos de construção de Salomão, o rei foi compelido a organizar uma força de trabalhadores israelitas, aos quais impôs trabalho forçado (1 Rs 5: 13-18 cf. 1 Rs 12: 1-4). Essas medidas foram impopulares.
Salomão tinha uma força militar defensiva: um anel de cidades estrategicamente localizadas perto das fronteiras de Israel e guarnecidas com companhias dotadas de carros de combate e 4.000 estábulos para cavalos, 4.000 cavalos (não 40.000; foi erro de tradução – cf. 2 Cr 9: 25), 1400 carruagens, 12.000 cavaleiros (2 Cr 1: 14; 2 Cr 9: 25; 1 Rs 4: 26; 1 Rs 10: 26).
Deus deu a Salomão sabedoria, entendimento e larga inteligência. A afirmação que ele discorreu sobre as árvores, os animais etc. (1 Rs 4: 33) provavelmente se refere ao emprego que fez dos reinos vegetal e animal em seus provérbios; Salomão observou a natureza para escrever seus poemas. São da autoria de Salomão os Salmos 72 e 127, assim como Provérbios, Eclesiastes e Cânticos, embora Eclesiastes não mencione seu nome, apenas sugira (Ec 1: 1; 12). Compôs 3.000 provérbios e 1.005 cânticos (1 Rs 4: 32).
Salomão fez aliança com Hirão, rei de Tiro, cidade da Fenícia, num período de 969 a 963 AC (o reinado de Hirão I foi de 979 a 945 AC). Ele tinha sido amigo de Davi e agora, havendo paz no reinado de Salomão, era o tempo certo para se construir o templo do Senhor. Hirão (Hïrãm, Hïrõm ou Hurõm, no fenício, provavelmente abreviação de Airão = ‘meu irmão é o (deus) exaltado’, ‘irmão do que é exaltado’, ou ‘consagração’) tinha condições para isso (as reservas naturais de sua terra). Enviou a Salomão madeiras de cedro e de cipreste, que eram levadas do Líbano até o mar e, por jangadas, chegavam a ele (2 Cr 2: 16). Este, em troca, lhe dava provisões: trigo e azeite anualmente. Entre eles houve aliança de paz.
Para edificar o templo, Salomão recrutou muitos trabalhadores, inclusive israelitas, como já foi dito anteriormente, que lavravam as pedras para fundá-lo; preparavam a madeira e as pedras para se edificar a casa. Salomão começou a edificar o templo no quarto ano do seu reinado, por volta de abril-maio. A casa tinha mais ou menos 31,08 m de comprimento por 10,36 m de largura e 15,54 m de altura (1 Rs 6: 2; 2 Cr 3: 1-9). Aqui foi usado como padrão de medida o côvado primitivo (2 Cr 3: 3) também referido por Ezequiel e que correspondia a 51,8 cm (maior que o côvado comum que media 44, 4 cm) e era usado para fins sacros. Também era conhecido como côvado Mosaico. O pórtico diante do templo tinha 10,36 m de largura e 5,18 m de profundidade. As câmaras ao redor do Santo dos Santos, para os sacerdotes, foram construídas em três andares. No mais interior da casa, preparou o Santo dos Santos (Debir) para colocar a arca da Aliança do Senhor. O Debir tinha 10,36 m de comprimento por 10,36 m de altura por 10,36 m de largura, um cubo perfeito, e era coberto de ouro puro. Salomão levou sete anos para construir a Casa, terminando no mês de outubro-novembro.
Salomão também construiu palácios reais num período de treze anos (1 Rs 7: 1). A Casa do Bosque do Líbano (1 Rs 10: 17; 2 Cr 9: 16; 20) era a casa real que Salomão havia construído para si com a madeira do Líbano (1 Rs 7: 2) e onde se guardavam os escudos de guerra e outros armamentos. Ali havia um arsenal (1 Rs 10: 16-17; 2 Cr 9: 15-16; 25; 2 Cr 1: 14).
Os sacerdotes puseram a arca da Aliança no seu lugar e, tendo saído do santuário, a nuvem da presença do Senhor encheu o recinto. Em 1 Rs 8: 11 está escrito que a glória do Senhor encheu a casa. A palavra bíblica para glória do Senhor é kãbhôdh (hebr.; pronuncia-se kavôd) ou doxa (Septuaginta, a versão grega do AT) = peso ou dignidade, e que pode ser entendida como a manifestação do poder de Deus onde é preciso, vitória, proteção, abundância, riqueza, dignidade, reputação. É o equivalente judaico do Espírito Santo. A conhecida palavra Shekïnâ, traduzida como ‘resplendor, presença de Deus habitando entre o Seu povo’, não aparece nem no AT nem no NT. Ela deriva do verbo Shãkhan (שכן = habitar, fazer morada), o qual aparece em versículos como: Gn 9: 27; Gn 14: 13; Jr 33: 16. Também aparece em Êx 40: 35: “Moisés não podia entrar na tenda da congregação, porque a nuvem permanecia [Shãkhan] sobre ela, e a glória do Senhor [kãbhôdh] enchia o tabernáculo (em Hebraico, ‘mishkan’, que significa ‘moradia’)”. Shekiná (Shekhinah, Shekïnâ), na verdade, é um conceito cabalístico, místico, que a considera como a face feminina da Presença Divina. Segundo a Cabala, Shekiná é uma energia cósmica poderosíssima em si mesma e que habita no interior do Universo, vivifícando-o e sendo a sua alma ou espírito. Os escritores dos Targuns criaram a palavra ‘Shekiná’ para indicar o próprio Deus, removendo o conceito de Deus com forma e sentimentos, o que o judaísmo tradicional pregava e não deixava ser removido. Esse novo ponto de vista, na verdade, trouxe um conceito abstrato de Deus, mais frio e distante (uma simples ‘energia cósmica’, ao invés de um ser com identidade própria).
Salomão falou ao povo que naquele dia estava se cumprindo a promessa de Deus feita a Davi (a construção do templo) e orou a Ele consagrando aquele lugar para morada do Senhor no meio do Seu povo. Em seguida, abençoou os presentes, oferecendo sacrifícios no altar. No oitavo dia da festa, despediu a todos para suas casas. Deus tornou a aparecer a Salomão e respondeu à oração que ele fizera no templo, confirmando Sua bênção sobre aquele lugar. Também renovou Sua aliança com o rei como tinha feito com Davi.
No 24º ano de seu reinado, Salomão tinha terminado tanto o templo como seus palácios reais. Salomão empenhou vinte cidades da Galiléia a Hirão como garantia pela ajuda financeira recebida (1 Rs 9: 10), o que aumentou sua impopularidade e o ressentimento no coração dos israelitas. O preço das suas realizações era a boa vontade e a lealdade do seu povo. Salomão deu a Hirão essas cidades como pagamento, mas parece que Hirão não as considerou suficientemente valiosas para cobrir o débito. Ele as devolveu a Salomão que, por fim, as reconstruiu (2 Cr 8: 2).
O comércio era o ponto forte do governo de Salomão. Ele mantinha o controle das caravanas na linha Norte–Sul do reino. Sua ligação com Hirão pôs à sua disposição frotas que o capacitaram a assumir igualmente o monopólio das rotas marítimas, através do porto localizado em Eziom-Geber. Quando lemos no texto o termo “navios de Társis”, podemos traduzi-lo por “navios de refinação ou mineração”, navios equipados para transportar minério derretido (carga de ouro, prata), madeiras duras, jóias, marfim e variedades de macacos (1 Rs 9: 26-28; 1 Rs 10: 22. A palavra traduzida como pavões pode se referir a babuínos). Társis é de localização incerta, provavelmente na atual Espanha.
A rainha de Sabá (atual Iêmen) veio também a Salomão, pois ouviu a sua fama com respeito ao nome do Senhor. Salomão deixou bem claro que seu sucesso era resultado das bênçãos de Deus. Ela louvou ao Senhor e reconheceu Seu eterno amor por Israel.
Salomão amou muitas mulheres estrangeiras (provavelmente acordos políticos): setecentas esposas e trezentas concubinas. Sendo já velho, suas mulheres lhe perverteram o coração. O casamento com mulheres estrangeiras trouxe para Israel religiões estrangeiras, portanto, o rompimento da aliança com Deus. Seu coração já não era mais tão fiel para com YHWH. Edificou santuários a seus deuses. Isso contribuiu para queda do seu reinado.
A sabedoria de Salomão não falhou no final da sua vida, apenas ele deixou de segui-la. Não a aplicou corretamente, por isso caiu. Talvez, o livro de Eclesiastes, onde o autor questionou a vaidade e o significado da vida, se refira a ele por ter perdido a devoção a Deus.
O Senhor não deixou impune o pecado de idolatria. Falou (1 Rs 11: 9-13) que tiraria o reino da sua mão (nos dias de seu filho) e o daria a um servo de Salomão (1 Rs 11: 26 – Jeroboão, filho de Nebate, efraimita). Falou também que, por amor a Davi, manteria nas mãos da sua descendência (Judá) apenas uma tribo (Judá; depois Benjamim se juntou à outra: 1 Rs 11: 13; 1 Rs 11: 32; 36; 1 Rs 12: 21; 23; 2 Cr 14: 8).
Então, o Senhor levantou adversários para ele combater, como Hadade (edomita); nos tempos de Davi, ele conseguiu fugir para o Egito, que o acolheu. Ouvindo falar que Davi estava morto, resolveu voltar para Edom.
Outro adversário foi Rezom que tinha fugido de Hadadezer, rei de Zobá, e que tinha ido para Damasco para escapar de Davi. Ali, os habitantes o proclamaram rei da Síria. Durante o resto do reinado de Salomão, pelejaram contra ele.
Jeroboão (Efraimita), escolhido por Deus para reinar sobre as dez tribos, tinha sido perseguido por Salomão, por isso, estava no Egito. Voltou após a morte de Salomão. Este reinou quarenta anos e Roboão, seu filho, reinou em seu lugar. Por volta de 930 AC, o reino foi dividido, confirmando a palavra do Senhor a Salomão.
Textos de referência: 1 Rs 15–16; 2 Cr 14–16
Período de reinado: 911–870 AC
Asa (’ãsã, ‘médico’, ‘aquele que sarará’ – no sentido de ser o agente da cura, ‘o curador’) era filho de Abias, portanto, neto de Roboão e bisneto de Salomão. A mãe de Abias era filha (descendente) de Absalão e seu nome era Maaca. No reinado de Asa o reino ficou em paz por dez anos. [Nota: ‘Asa’ também é um nome Japonês com o significado original de: ‘manhã’. ‘Asa’ (pronunciado: ‘asha’) é um nome Nigeriano com o significado de ‘gavião’, ‘falcão’ ou ‘pequeno falcão’].
Ele fez o que era reto perante o Senhor. Edificou cidades fortificadas em Judá, pois havia paz na terra. Seu exército era de trezentos mil homens de Judá que traziam lança e pavês (escudos grandes que cobriam o corpo inteiro) e duzentos e oitenta mil de Benjamim que traziam escudo (escudos pequenos) e atiravam com arco (2 Cr 14: 8).
Zerá, o etíope, fez guerra contra Asa com um exército de um milhão de homens e trezentos e vinte carros, no vale de Zefatá, perto de Maressa, no território de Judá. Asa clamou ao Senhor e teve vitória. Os despojos foram trazidos para Jerusalém.
O profeta Azarias foi enviado por Deus para lembrar Asa de manter a fidelidade a Ele, pois naqueles dias haviam retornado as guerras contra Israel. Asa recobrou ânimo e iniciou as reformas religiosas no 15º ano do seu reinado, removendo o altar que estava diante do pórtico do Senhor. Ali, sacrificaram a Deus, que lhes deu paz novamente. Entretanto a reforma religiosa foi parcial. Aboliu a prostituição religiosa e depôs sua mãe (na verdade sua avó) Maaca, destruindo a imagem que ela fizera para Aserá. Removeu certos lugares altos de origem inteiramente pagã, mas outros, Asa permitiu que permanecessem. Não houve guerra até o 35º ano do seu reinado (2 Cr 15: 19). No 36º ano, subiu Baasa, rei de Israel contra Judá e edificou a Ramá (2 Cr 16: 1 cf. 1 Rs 16: 8). Asa apelou à Síria para que o ajudasse contra as ameaças de Baasa, de Israel. Isso foi um ato de incredulidade que recebeu censura profética (2 Cr 16: 7), principalmente porque antes recebera uma vitória sobre o vasto exército de Zerá, o etíope. Hanani, outro profeta do Senhor, o repreendeu por ter confiado no rei da Síria ao invés de ter confiado em Deus e predisse que haveria outras guerras contra ele. Asa o lançou no cárcere e oprimiu alguns do povo. No 31º ano do seu reinado, Onri começou a reinar sobre Israel e reinou doze anos, sendo que Acabe, seu filho, ocupou o seu lugar.
No 39º ano de Asa, teve ele uma doença grave nos pés; não recorreu ao Senhor, mas confiou nos médicos. Morreu dois anos depois e Josafá, seu filho, foi seu sucessor.
Textos de referência: 1 Rs 16: 29-34; 1 Rs 18; 1 Rs 20–22; 2 Cr 18: 28-34; 2 Rs 9: 30-37; 2 Rs 10: 1-14
Reinado de Acabe: 874–853 AC
Resumo:
Acabe [’ah’ãbh, do hebraico, e ahãbu, do assírio, ‘o irmão (divino) é pai’] foi filho e sucessor de Onri e reinou por 22 anos. Casou-se com Jezabel, filha de Etbaal, rei de Sidom e sacerdote de Astarte.
Fortificou cidades israelitas (1 Rs 22: 39) e efetuou trabalhos extensos em Samaria. No seu reinado, houve guerras freqüentes contra a Síria (1 Rs 20: 1-2; 22: 1), especialmente contra Ben-Hadade, que sitiou Samaria, mas foi repelido (1 Rs 20: 21). Um ano mais tarde seu exército foi destruído em Afeque (Afeca), mas poupada sua vida (1 Rs 20: 26-34) por acordo político. Através desse acordo, Acabe teria de volta as cidades tomadas por Onri. Todavia, o Senhor usou um profeta para repreendê-lo por ter poupado a vida do inimigo.
Durante seu reinado, Elias era o profeta de Deus. No entanto, o rei foi influenciado por sua mulher, Jezabel, a quem permitiu que edificasse um templo dedicado a Baal (de Tiro) em Samaria, com seu altar pagão. Ela encorajava falsos profetas e instigou oposição aberta contra Deus. Os verdadeiros profetas foram mortos, os altares do Senhor foram derrubados. Cem profetas, entretanto, foram ocultados por Obadias, o piedoso ministro de Acabe (1 Rs 18: 3-4). Elias enfrentou os profetas de Baal e venceu, mas por ameaça de Jezabel fugiu para preservar sua vida.
Acabe fez um julgamento falso contra Nabote, cuja vinha foi anexada aos terrenos palacianos adjacentes em Jezreel (1 Rs 21: 1-6). Isso atraiu Elias novamente à oposição aberta e Deus o defendeu como no encontro anterior que teve contra os quatrocentos e cinqüenta profetas de Baal. Elias profetizou a sorte de Acabe, de sua mulher e de sua dinastia (1 Rs 21: 20-24). Esse reinado, caracterizado pela idolatria e pela péssima influência de Jezabel (1 Rs 21: 25-26), afetou gerações sucessivas para pior e também foi condenado por Oséias (Os 1: 4) e por Miquéias (Mq 6: 16).
Três anos mais tarde se aliou com Josafá contra a Síria (1 Rs 22: 3). Embora advertido por Micaías sobre o resultado fatal do encontro, Acabe entrou na batalha final em Ramote-Gileade, disfarçado. Foi, porém, mortalmente ferido por uma flecha disparada ao acaso e seu corpo foi levado a Samaria, a fim de ser sepultado. Seu filho Acazias sucedeu-o no trono (1 Rs 22: 28-40).
Anos mais tarde Jezabel foi morta por Jeú, capitão do exército que foi designado por Deus para ficar no lugar da casa de Acabe. A profecia de Elias foi cumprida (2 Rs 9: 30-37). A casa de Acabe pereceu segundo a sua profecia (2 Rs 10: 1-14, com enfoque no versículo 10). Jorão, seu filho, subiu ao trono (852-841 AC).
Textos de referência: 2 Cr 17–20; 1 Rs 22: 5-51
Reinado de Josafá: 870–845 AC
Resumo:
Josafá (Yehôshãphãt, ‘YHWH tem julgado’) era filho de Asa. Nos primeiros anos do seu reinado tomou providências para assegurar a segurança de seu reino contra agressões externas. Fortaleceu as defesas na fronteira entre Israel e Judá; também edificou fortalezas e cidades armazéns em Judá. Depois, resolveu pôr fim à longa inimizade com Israel, casando sua casa com a casa de Onri. Essa aliança foi muito vantajosa para Acabe, mas não para Josafá, pois o casamento de seu filho Jeorão com Atalia, filha de Acabe e Jezabel (2 Rs 8: 16-19), produziu maus anos posteriores e levou a linhagem de Davi à beira da extinção (2 Rs 11: 1-3): Atalia destruiu a descendência real depois da morte de seu filho Acazias, ficando apenas seu neto Joás, que foi escondido da avó pela tia Jeoseba (Jeosabeate). Na terra de Judá, Josafá foi hábil administrador e zeloso pelas coisas de Deus. Expurgou a adoração pagã (2 Cr 17: 6 cf. 1 Rs 22: 43). Tomou passos positivos para assegurar que a lei mosaica se tornasse conhecida e compreendida (enviou príncipes, levitas e sacerdotes para ensinarem em Judá a lei do Senhor: 2 Cr 17: 7-9). Reorganizou o poder judiciário, nomeando juízes para todas as cidades mais importantes do seu reino. Estabeleceu uma corte composta de levitas, sacerdotes e anciãos (2 Cr 19: 5-11). Josafá fez alianças com Acabe (1 Rs 22: 1-4; 2 Cr 18: 1-3) para defender Ramote-Gileade da invasão da Síria. Acabe morreu na batalha e Deus defendeu Josafá que, entretanto, foi repreendido pelo profeta Jeú, filho de Hanani, por ter ajudado o rei de Israel.
Anos depois, Moabe e Amom se levantaram contra Josafá. O rei apregoou jejum em toda a terra de Judá e buscou o Senhor, pois teve medo. Deus usou o sacerdote Jaaziel para confirmar profeticamente a vitória sobre seus inimigos. Na manhã seguinte, saíram à batalha e Josafá colocou levitas à frente do exército para louvarem o Senhor. Ao começarem a cantar e dar louvores, o Senhor pôs emboscadas contra os filhos de Amom e de Moabe e os do monte Seir que vieram contra Judá e foram desbaratados, destruindo-se mutuamente. Vieram Josafá e todo o povo e levaram o despojo, que era muito (levaram três dias para tomar tudo). No 4º dia se reuniram no Vale de Bênção, para louvarem o Senhor.
Deus deu repouso a Josafá e o seu reino teve paz. Nos últimos dias do seu reinado se aliou com Acazias, filho de Acabe, para fazerem navios que fossem a Társis; porém Eliézer, o profeta da parte de Deus, profetizou contra Josafá dizendo: “Porquanto te aliaste com Acazias, o Senhor destruiu as tuas obras. E os navios se quebraram e não puderam ir a Társis” (2 Cr 20: 37).
Há um relato importante ainda nos últimos anos de Josafá, descrito em 2 Rs 3: 4-27. Moabe (terra do descendente de Ló, sobrinho de Abraão) pagava tributo ao rei de Israel. Quando Acabe (rei de Israel) morreu e Jorão, seu filho, subiu ao trono (852-841 AC), o rei dos moabitas se revoltou (o rei Moabita era Mesa), portanto, Jorão pediu ajuda a Josafá, rei de Judá (870-845 AC), e com eles se aliou o rei de Edom (2 Rs 3: 1-7 – isso deve ter ocorrido por volta de 846-845 AC, quando os três reis reinaram concomitantemente e Eliseu era profeta – 848-797 AC), mesmo porque a bíblia fala que Jorão (filho de Acabe) subiu ao poder no 18º ano de Josafá (2 Rs 3: 1, ou seja, 854 AC) e no 2º ano do seu filho Jeorão (reinado: 848-841 AC, como único rei, mas desde 854-853 como co-regente do pai – 1 Rs 1: 17). Após sete dias de marcha, faltou água para o exército e para o gado. O rei de Israel murmurou, mas Josafá indagou por um profeta que se pudesse consultar em nome do Senhor. Um dos servos de Jorão lhe falou sobre Eliseu, filho de Sefate e os três reis foram até ele. Eliseu se irou contra o rei de Israel, porém, por causa de Josafá, pediu que viesse um tocador de harpa. A música trouxe o poder de Deus sobre Eliseu, e ele profetizou que eles deveriam fazer muitas covas no vale e o Senhor as encheria de água, não só para matar sua sede e a do gado, como também entregaria Moabe em suas mãos. Na manhã seguinte as águas vieram (2 Rs 3: 20) pelo caminho de Edom. Os moabitas esperavam encontrar tanques d’água e confundiram o reflexo vermelho do sol da manhã com sangue (2 Rs 3: 22). Pensaram que os reis tivessem se destruído uns aos outros e foram ao arraial de Israel. Ali os israelitas os derrotaram perseguindo-os até suas cidades, que também foram destruídas segundo a profecia de Eliseu. O rei de Moabe, vendo que não poderia vencer, tomou seu filho primogênito e o ofereceu em holocausto sobre o muro da cidade. Isso fez com que os moabitas lutassem com maior intensidade e fúria, levando os israelitas a se retirarem, pois estes já tinham conseguido seu objetivo: “Vendo o rei de Moabe que a peleja prevalecia contra ele, tomou consigo setecentos homens que arrancavam espada, para romperem contra o rei de Edom, porém não puderam. Então, tomou a seu filho primogênito, que havia de reinar em seu lugar, e o ofereceu em holocausto sobre o muro; pelo que houve grande ira contra Israel; por isso, se retiraram dali e voltaram para sua própria terra” (2 Rs 3: 26-27).
Jeorão, filho de Josafá, reinou em seu lugar.
Textos de referência: 2 Cr 21–28
Período: 845–716 AC
Resumo:
Jeorão não andou nos retos caminhos de Josafá, mas imitou a casa de Israel (seu sogro Acabe) e cedeu à idolatria. O Senhor o puniu com uma enfermidade nos intestinos e puniu com maldição sua descendência. Seu filho mais moço Acazias foi feito rei em seu lugar e reinou apenas um ano, pois sua mãe Atalia e os conselheiros da casa de Acabe o aconselharam a proceder iniquamente. Foi morto por Jeú, a quem o Senhor tinha ungido para desarraigar a casa de Acabe. Atalia, vendo que o filho estava morto, destruiu toda a descendência real da casa de Judá. O único sobrevivente foi Joás (salvo pela tia) que, posteriormente, com a ajuda do sacerdote Joiada subiu ao trono com sete anos de idade e reinou por quarenta anos. Como levou o povo à idolatria e matou Zacarias, o sacerdote, filho de Joiada, Deus também puniu sua casa, que foi destruída pelos seus próprios servos. Amazias, seu filho, reinou em seu lugar e fez o que era mau aos olhos do Senhor, idolatrando os deuses edomitas. Seu filho Uzias (ou Azarias – 2 Rs 14: 21; 2 Rs 15: 1) ocupou o trono e, nos dias em que buscou ao Senhor, Deus o fez prosperar; mas, tornando-se forte, seu coração se exaltou e ele cometeu o mesmo pecado que Saul cometeu: quis assumir uma função sacerdotal que não tinha e queimou incenso no altar. Deus o puniu com lepra. Assim morreu e seu filho Jotão reinou em seu lugar. Ele fez o que era reto diante de Deus. Ao morrer, seu filho Acaz subiu ao trono de Judá. Entretanto, não procedeu como Davi, seu antepassado, e fez imagens fundidas a baalins. O Senhor o entregou nas mãos dos siros. Pediu socorro aos assírios, mas estes o oprimiram. Procurou socorro nos deuses de Damasco e isso foi ruína sobre Judá e Israel. Queimou incenso aos deuses pagãos, queimou seus próprios filhos a eles e provocou à ira o Senhor. Acaz morreu e Ezequias, seu filho, reinou em seu lugar.
Textos de referência: 2 Rs 18–20; 2 Cr 29–32; Is 22; Is 36–39.
Período de reinado:
1) 729 AC (como co-regente de Acaz), sendo que no 6º ano (722 AC) ocorreu a queda de Samaria.
2) 716 AC (como único ocupante do trono) a 687 AC (no 14º ano do seu reinado – 701 AC – houve a invasão de Judá por Senaqueribe. O reinado de Senaqueribe, rei da Assíria vai de 705 a 681 AC). Senaqueribe significa ‘O deus da lua multiplicou os seus irmãos’, ‘deus tem multiplicado meus irmãos’.
Resumo:
Ezequias (Hizqïyâ ou Hizqïyahü, YHWH é minha força) subiu ao trono de Judá em lugar de Acaz, mas por causa da submissão de seu pai à Assíria, a nação fora contaminada por influências pagãs, gerando superstição, idolatria e cegueira espiritual (Is 2; Is 8). Ezequias tentou corrigir a situação no 1º ano do seu reinado (2 Cr 29: 3-11). O templo foi reaberto e purificado de tudo quanto o tornava impróprio para o uso consagrado, a verdadeira adoração foi restabelecida e o antigo pacto entre Deus e Israel foi confirmado. A celebração da Páscoa foi efetuada numa escala sem precedentes desde a divisão do reino em dois (2 Cr 30: 26), tendo sido freqüentada por numerosos israelitas do reino do norte, em resposta ao convite de Ezequias (2 Cr 30: 5; 2 Cr 30: 11; 2 Cr 30: 18-20). A Páscoa de Ezequias fala de proteção, avivamento e de abrir a porta à Palavra (ele abriu as portas do templo). A reforma foi efetuada além dos limites de Jerusalém e os lugares altos por toda Judá e Benjamim, bem como os de Efraim e Manassés, Aser, Zebulom e Issacar foram destruídos (2 Rs 18: 4; 2 Cr 31: 1). Ezequias demonstrou coragem ao desfazer-se da serpente de bronze que fora feita no tempo de Moisés, mas que se tornava objeto de veneração idólatra (2 Rs 18: 4) e era chamada de Neustã [a nota de rodapé da NVI diz: ‘Neustã, em hebraico, soa como a palavra para bronze (nehushah) ou cobre (nchosheth), serpente (nachash) e coisa impura’. A nota também diz que, no original, a frase ‘e lhe chamavam Neustã’ pode ser ‘ele lhe deu o nome de Neustã’, se referindo a Moisés como aquele que lhe deu este nome].
No 6º ano do seu reinado, o reino do Norte foi tomado (2 Rs 18: 10-11) e o povo foi exilado.
No 14º ano do seu reinado subiu Senaqueribe, rei da Assíria, contra todas as cidades de Judá e as tomou. Para tentar escapar do invasor, Ezequias preferiu fazer um acordo de paz e pagar-lhe tributo. Assim, deu-lhe trezentos talentos de prata (10.200 kg) e trinta talentos de ouro (1.020 kg), além de toda a prata que se achou na Casa do Senhor e nos tesouros da sua casa. Arrancou o ouro que cobria as ombreiras e as portas do templo e o deu ao inimigo (2 Rs 18: 16). Este, entretanto, enviou mensageiros, que foram também recebidos pelos enviados de Ezequias. Através de palavras mentirosas, os mensageiros de Senaqueribe procuraram tirar a confiança de Ezequias no Senhor e ameaçaram destruir a cidade, colocando medo no povo e diminuindo sua confiança no rei. Os mensageiros reais vieram até Ezequias e lhes contaram as palavras do inimigo. O rei os enviou ao profeta Isaías que lhes deu palavras de consolo e força, exortando-os a confiar no livramento do Senhor e profetizando-lhes uma palavra que falou aos seus corações (2 Rs 19: 6-7).
Ezequias se perturbava pelo jugo assírio. Ao preparar-se para a invasão, ele edificou as defesas de Jerusalém (2 Cr 32: 3-5) e salvaguardou o suprimento de água da cidade construindo o túnel de Siloé (2 Rs 20: 20; Is 22: 9). Siloé (Shilôah, em hebraico: ‘enviado’) era uma das principais fontes de suprimento de água de Jerusalém, ligada à fonte de Giom, a sudeste de Jerusalém e que, por sua vez, despejava água na cidade por meio de um canal aberto. Da fonte de Siloé, o canal desaguava no poço antigo ou de baixo (Birket el-Hamra). Quando Ezequias se viu diante da ameaça de Senaqueribe, tapou todas as fontes, todos os riachos e canais subsidiários que conduziam ao ribeiro que corria pelo meio da terra (2 Cr 32: 3-4). O rei em seguida enviou as águas do Giom superior por meio de um conduto ou túnel de dois metros de altura até uma cisterna ou poço superior (Birket Silwãn) no lado oeste da cidade de Davi (2 Cr 32: 30). Defendeu a nova fonte de suprimento com uma rampa (2 Cr 32: 30).
Ezequias ficou muito doente e foi advertido pelo profeta que iria morrer. Mas, quando soube, orou ao Senhor, com lágrimas, pedindo a cura. Deus o atendeu e falou ao profeta, que já estava quase saindo do palácio, para voltar e dar as boas novas de cura ao rei, mandando-o colocar uma pasta de figos sobre a úlcera para que fosse sarada. Como um sinal a Ezequias, Deus realizou um milagre, fazendo retroceder em dez graus a sombra lançada pelo sol declinante no relógio de Acaz, seu pai (2 Rs 20: 1-11).
O rei da Babilônia enviou cartas e um presente a Ezequias porque soube que estivera doente. O rei de Judá, em contrapartida, mostrou aos mensageiros estrangeiros a riqueza de Jerusalém. Provavelmente, era interessante ao rei da Babilônia ter Judá como aliado político contra a Assíria, e Ezequias achou conveniente aquela perspectiva temporária de paz e segurança, embora mais tarde tenha considerado insensato o seu ato de mostrar suas riquezas ao rei da Babilônia (por causa da repreensão do profeta Isaías). Ele não pensou no provável horror que sua descendência sofreria nas mãos dos babilônios; apenas agradeceu a Deus por ter paz no seu reinado. Ezequias faleceu e Manassés, seu filho, reinou em seu lugar. Manassés foi substituído por seu filho Amom e este, por seu filho Josias.
Textos de referência: 2 Rs 22; 2 Rs 23: 1-30; 2 Cr 34–35
Período de reinado: 640–609 AC
Resumo:
Josias (yõ’shiyyãhü, YHWH sustenta, YHWH protege) subiu ao trono com oito anos de idade e andou retamente diante de Deus. No 12º ano do seu reinado iniciou uma reforma religiosa (2 Cr 34: 3) e no 18º ano dirigiu os trabalhos de restauração do templo. Levou seis anos purificando a Casa do Senhor (2 Cr 34: 8), destruindo a idolatria dos seus antecessores. Hilquias, o sumo sacerdote, achou o Livro da Lei no templo e esse episódio pode ser considerado como o ápice da reforma religiosa de Josias, pois a partir daí o povo e os levitas foram conscientizados dos seus pecados e foi celebrada a Páscoa (2 Cr 35: 18-19). A Páscoa de Josias fala de sarar a alma, do ministério levítico e de revelação da Palavra (Livro da Lei foi encontrado). A própria reforma foi mais completa que a de Ezequias (cf. 2 Rs 23: 13) e mais extensa. Josias não somente destruiu todos os lugares altos em Judá e Benjamim, mas seu zelo reformador o levou a atravessar Efraim e Benjamim tendo chegado tão ao norte como Naftali, na Galiléia. Por toda a parte, ele extirpou cada vestígio de adoração pagã (2 Rs 23: 19-20; 2 Cr 34: 6-7). A celebração da Páscoa foi maior do que a de Ezequias, não tendo paralelo desde os dias de Samuel (2 Cr 35: 18). Entretanto, por mais completa que a reforma tenha sido, nunca efetuou qualquer alteração real nos corações do povo, o que fica claro pelas profecias de Jeremias (Jr 1: 1-3), que pertencem a esse período, como pela reversão quase imediata à idolatria depois do falecimento de Josias.
Em 609 AC, Neco II do Egito subiu para levar auxílio à Assíria. Josias não quis dar passagem ao seu exército por medo da terra de Judá ficar pressionada pelas duas superpotências. Morreu flechado (2 Rs 23: 29) na batalha de Megido pelos soldados de Neco. Joacaz (ou Joanã ou Salum – Jr 22: 11-12; a ARA escreve Joacaz, mas a NVI escreve Jeoacaz) reinou em seu lugar (2 Rs 23: 31-34; 2 Cr 36: 1-4), mas faraó o levou para o Egito e pôs Eliaquim, seu irmão, no seu lugar e mudou seu nome para Jeoaquim.
Podemos dizer que os aprendizados mais importantes com os reis de Israel e Judá se firmam em dois ensinamentos encontrados na bíblia nos livros de Deuteronômio e Ezequiel no que diz respeito ao (1) comportamento correto de um rei (2) e à escolha pessoal dada por Deus a cada filho, ou seja, o livre-arbítrio. No livro de reis temos um exemplo do que acontece, por exemplo, numa família, onde pais e filhos se comportam de maneira diferente, obedecendo às suas escolhas pessoais que sobrepujam as transmissões de tendências hereditárias, pois cada personagem deste livro da bíblia é membro de uma grande família, a família real de Deus. Podemos ver aqui os erros e os acertos dos ungidos do Senhor, tanto em relação à liderança política quanto ao comportamento espiritual diante dos Seus mandamentos. Seus erros e acertos geraram conseqüências às respectivas descendências, pois liberaram tanto a bênção quanto a maldição de Deus sobre suas vidas.
1) No livro de Dt 17: 14-28, podemos perceber as ordens divinas quanto à escolha de um rei. Este deveria ser escolhido por Ele, não deveria multiplicar para si cavalos (para fazer o povo errar e voltar ao Egito, pois o Senhor disse que jamais voltariam por aquele caminho), nem mulheres, nem prata nem ouro. Em primeiro lugar, o fato de Deus dizer que o rei deveria ser escolhido por Ele significa que não se deve confiar no mundo para escolher um dirigente, mas na Sua sabedoria. Israel não deveria escolher seu rei, como fez mais tarde com Saul, e sim confiar na escolha divina, usando o profeta enviado por Ele. É óbvio que um país necessitava de cavalos como um equipamento necessário para sua defesa em caso de guerra ou para uso do governo, mas o que Deus falava em Dt 17: 16 era para não multiplicar cavalos, levando o rei a cometer certos erros como, por exemplo: o aumento do intercâmbio com nações estrangeiras (especialmente o Egito), o estabelecimento de um despotismo militar, ostentação de poder do rei e seu exército perante os súditos (paradas militares) e até uma dependência do Egito em tempo de guerra, deixando de lado a confiança em Deus. Na época, Israel não tinha cavalos, só mulas, e o Egito era o maior exportador deles. Davi não poderia ter vitória em suas campanhas militares apenas com mulas. Jesus, como os antigos patriarcas e reis e profetas, entrou em Jerusalém montado num jumento. O texto de Dt 17: 17 também dá outras orientações a um rei: “Tampouco para si multiplicará mulheres, para que o seu coração se não desvie; nem multiplicará muito para si prata ou ouro”. Isso seria para não imitar a prática da poligamia dos países vizinhos, cujos reis tinham numerosos haréns. Um rei deveria conter suas paixões, diferentemente de um homem comum do povo. A bíblia escreve “para que o seu coração se não desvie”, isso porque a mulher tem um grande poder de influência sobre o homem; muitas mulheres influenciariam negativamente um rei no exercício de suas funções. E a orientação para não multiplicar para si muita prata ou ouro significa que os reis foram proibidos de acumular dinheiro para fins privados. Isso demonstraria que ele também tinha um comportamento diferente de um homem perverso, que era ganancioso; se usasse mal seu dinheiro, poderia ser um mau exemplo para os súditos.
Metaforicamente falando: O termo ‘cavalos’ significa que um rei não deveria se firmar na força humana. Deus não queria que Israel fizesse aliança novamente com o Egito, do qual Ele os resgatara, mas queria que Seu povo confiasse apenas nEle, não em sua própria força. Cavalo é símbolo de guerra, pressa, atitudes diante do nosso próximo. O rei não deveria multiplicar para si mulheres, o que quer dizer que não deveria ficar debaixo de influências, pois a mulher simboliza influência. O exemplo mais claro disso foi Salomão que, com setecentas mulheres e trezentas concubinas, terminou seu reinado na idolatria, debaixo do desgosto de Deus. O rei também não deveria multiplicar para si nem ouro nem prata, o que quer dizer que não deveria ficar debaixo dos valores do mundo. O que o Senhor nos dá é para abençoar outras pessoas, pois é Ele a fonte de suprimento, não para ser usado para fins egoístas.
Por aí, já podemos ver que os reis de Israel e Judá depois de Davi não cumpriram, em grande parte, essas orientações, pois dependeram das coligações políticas com nações estrangeiras para socorrê-los contra os ataques dos invasores; não mantiveram sua fidelidade a Deus como deveriam e, com isso, fizeram o povo pecar ainda mais e cair na idolatria (voltar ao Egito). Não confiaram nEle para resolver seus problemas particulares, deixaram os interesses próprios pelo poder sobrepujarem Sua escolha e Seu projeto, o que mereceu repreensão profética muitas vezes. Deixaram-se levar pelas muitas influências ao seu redor, ao invés de olhar apenas para o Senhor e seguir apenas suas diretrizes. Ser rei como Davi foi é muito difícil, pois apesar de toda a luta e toda a intriga que o envolveu, ele nunca deixou de ser conforme o coração de Deus, ou seja, resistiu às influências que o cercaram e não se desviou do projeto divino para ele nem para a nação. Ele colocou o amor a Deus e à Sua obra acima dos interesses pessoais, por isso não houve rei que fosse como ele, até hoje um modelo para a nação israelita. Nem seu filho conseguiu repetir seus feitos ou ter a pureza de coração do pai. Em todos os reis descritos nesses livros de Reis e Crônicas, podemos reconhecer que as fraquezas da carne abriram brecha para a desobediência e pecados maiores.
2) Em segundo lugar, nós podemos ver outros textos bíblicos que também têm importância sobre os reis em particular e que estão em Ez 18: 19-20 (cf. 1 Rs 9: 4-9, quando o Senhor conversa com Salomão), Êx 20: 5-6; Nm 14: 18; Dt 24: 16; 2 Cr 25: 4b; Jr 31: 30 e falam sobre a responsabilidade ser pessoal, ou seja, sobre o livre-arbítrio de Deus para Seus filhos e que podem ser resumidos em poucas palavras: “Os pais não serão mortos em lugar dos filhos, nem os filhos, em lugar dos pais; cada qual será morto pelo seu pecado”. Assim, podemos dizer que Deus nos castiga pelos pecados que de fato cometemos. Em nenhum lugar da bíblia, o crente justificado paga eternamente pelos pecados dos pais. Cada um morrerá pelo seu próprio pecado. Isso não significa dizer, entretanto, que nada passa adiante na árvore genealógica. Os padrões de comportamento pecaminoso são, muitas vezes, transmitidos para os membros da família. Entretanto, os filhos responderão a Deus pela vida deles, não pela dos pais. Ezequias, filho do perverso Acaz, desfez o ciclo quando se voltou para o Senhor, assim também como Josias, filho do tirano Amom. Sempre que os filhos contrariam o padrão estabelecido pelos pais pecadores, podem receber as bênçãos de Deus. Em outras palavras, alguns reis como Asa, Josafá, Ezequias e Josias fizeram reformas religiosas, isto é, tiveram coragem para realizar mudanças e corrigir os erros dos antepassados e, com isso, quebraram a maldição familiar e o juízo divino sobre a descendência. É pena que muitos deles tivessem filhos que não seguiram seus passos piedosos e voltaram ao pecado dos avós, tornando a provocar a ira do Senhor sobre os que vieram depois deles.
3) Em terceiro lugar, uma coisa boa que podemos aprender com os reis é que muitos deles fortificaram suas cidades, ou seja, ergueram defesas contra os inimigos: Salomão, Asa, Josafá, Ezequias (2 Cr 32: 5) e Acabe. Isso significa que devemos nos preocupar em erguer nossos muros, ou seja, curar nossa alma.
4) Outro aprendizado importante são as reformas religiosas que Asa, Josafá, Ezequias e Josias fizeram como uma forma de restaurar a adoração a Deus, e que simbolizaram sua tentativa de realizar mudanças nos padrões impostos pelos seus antecessores. Ezequias e Josias restabeleceram a Páscoa como um sinal de cura, liberação da palavra de Deus, reavivamento da aliança com o Senhor e um despertar do ministério sacerdotal. Isso quer dizer que, quando nos dispomos a restaurar nossa vida espiritual e nosso relacionamento com Ele com o intuito de quebrar as maldições do passado, podemos desfrutar do Seu melhor para nós, ou seja, podemos experimentar uma Páscoa pessoal, que simboliza cura, avivamento e libertação de todo o cativeiro que nos assolou.
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“Salomão”
Curso para Ensino Bíblico – nível 1 (PDF)
Biblical Teaching Course – first level (PDF)
– Tabela dos reis de Israel e Judá
Table of all kings of Israel and Judah
Autora: Pastora Tânia Cristina Giachetti
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