Aprendizados com a história de vida do personagem bíblico Moisés, que libertou o povo de Deus do Egito, de Faraó, atravessou o Mar Vermelho com eles e os conduziu pelo deserto por 40 anos até a Terra Prometida.

Lessons from the life story of the biblical character Moses, who freed God’s people from Egypt, from Pharaoh, crossed the Red Sea with them and led them by the wilderness for 40 years to the Promised land.


Personagens bíblicos – Moisés




Textos de referência: Êx 1–40; Nm 11–14; Nm 16–17; Nm 19–24; Nm 27; Dt 34: 1-12

Resumo:

José faleceu no Egito, mas sua descendência se multiplicou grandemente e se fortaleceu, enchendo toda aquela terra. O novo rei que se levantou na nação não conhecera José e, para que o povo judeu parasse de se multiplicar, Faraó pôs feitores de obras sobre eles para os afligirem com suas cargas, edificando cidades-celeiros como Pitom e Ramessés (Êx 1: 11). Entretanto, continuavam a crescer e se espalhar, e isso inquietava os egípcios. Estes começaram a usar de tirania para com os hebreus fazendo-os produzir tijolos para suas construções, assim como os puseram para trabalhar duro no campo. A terra que há centenas de anos tinha sido “terra de refúgio” tornou-se “terra de escravidão”.

O rei ordenou às parteiras hebréias que matassem os recém-nascidos do sexo masculino. As parteiras, porém, temeram a Deus e não fizeram o que Faraó lhes ordenara. Deus as abençoou e lhes deu família. O povo aumentou e se tornou muito forte. Então, Faraó ordenou ao seu povo que lançassem os recém-nascidos meninos no rio Nilo, deixando viver as meninas.

Um homem da casa de Levi, da família dos Coatitas, chamado Anrão, se casou com uma mulher também descendente de Levi, chamada Joquebede (Êx 6: 20) e tiveram três filhos: Miriã, Arão e Moisés. Este nasceu debaixo das ordens de Faraó. Era formoso e a mãe o escondeu por três meses, mas vendo que não mais podia ocultá-lo, tomou um cesto de junco, calafetou-o com betume e piche e, pondo nele o menino, largou-o no carriçal (local dos juncos) à beira do Nilo. A irmã do menino ficou de longe para observar o que lhe havia de suceder. Quando a filha de Faraó estava se banhando no rio, viu o cesto e, ao abri-lo, percebeu que era um menino hebreu que chorava. Teve compaixão do garotinho e aí Miriã, sua irmã, sugeriu que uma hebréia cuidasse dele para ela. Sua própria mãe cuidou dele e, quando já tinha dois anos [depois do desmame], devolveu-o à filha de Faraó, da qual passou ele a ser filho, e ela o chamou Moisés, que quer dizer: ‘tirado das águas’, pois do Nilo foi tirado.

Moisés cresceu e se tornou homem. Foi preparado para ser príncipe do Egito. Presenciando um egípcio espancar um hebreu e não vendo ninguém por perto, matou o egípcio e o escondeu na areia. No dia seguinte viu dois hebreus brigando e repreendeu o culpado, que lhe perguntou sobre o egípcio morto no dia anterior. Faraó procurou matar a Moisés. Então, ele fugiu para a terra de Midiã onde se casou com Zípora (= passarinho), filha de Jetro, sacerdote, também chamado Reuel (= ‘Sua Excelência’ ou ‘amigo de Deus’. Os dois nomes têm o mesmo significado). Teve com ela um filho a quem chamou Gérson (= peregrino, estrangeiro). Ficou ali por mais ou menos quarenta anos até que morreu Faraó.

Os filhos de Israel gemiam sob a servidão e seu clamor subiu a Deus. Assim, Ele se lembrou de Sua aliança com Abraão, Isaque e Jacó e atentou para o choro do povo. ‘Lembrar-se’, em hebraico, no Antigo Testamento, significa: ‘dar atenção’.

Moisés estava apascentando o rebanho do sogro a oeste de Midiã, no deserto do Sinai, chegando ao Monte Horebe (conhecido como ‘o monte de Deus’; Horebe significa: seco, deserto). Ali lhe apareceu o Anjo do Senhor, numa chama de fogo, no meio de uma sarça que, entretanto, não se consumia.

Então, o Senhor lhe falou que tinha visto o sofrimento do Seu povo no Egito e o estava escolhendo para livrá-lo das mãos de Faraó para levá-lo a uma terra que “manava leite e mel”, ou seja, uma terra fértil e abundante. Seu nome, YHWH, ‘o Senhor’, ou ‘O Eu Sou o Que Sou’ (ehyeh-asher-ehyeh), seria conhecido pelo Seu povo (Êx 3: 14 e Êx 6: 2). EU SOU, em hebraico, Ehyeh, provém do verbo Hayah, ‘ser’, muitas vezes traduzido como ‘Eu serei’, ‘tornar-se’ ou ‘mostrar ser’. Asher é um pronome ambíguo que pode significar, dependendo do contexto, ‘que’, ‘quem’, ‘qual’ ou ‘onde’. Portanto, embora Ehyeh-Asher-Ehyeh geralmente seja traduzido como ‘O Eu Sou o Que Sou’, a expressão pode significar: ‘Eu serei o que serei’ ou ‘Eu vou ser quem eu vou ser’ ou ‘Eu vou provar ser o que eu vos revelar ser’ ou ‘eu vou ser porque eu vou ser’. Os patriarcas o tinham conhecido como El-Shaddai (‘O Todo-Poderoso’, ‘o Deus que é mais do que suficiente’, ‘o Deus que detém todo o poder’) – Gn 17: 1.

O Senhor também lhe disse que com mão forte feriria o Egito e livraria o Seu povo. Moisés tentou argumentar com Deus, pois temia sua missão. Como tinha sido treinado para ser príncipe do Egito, conhecia bem seu poderio militar e achava impossível que um povo daquele tamanho (o povo hebreu) pudesse ser liberto de Faraó. Disse ao Senhor que tinha um problema de fala; talvez isso quisesse dizer que não sabia argumentar, que não era bom orador. Mas Deus não voltou atrás. Deu-lhe dois sinais (Êx 4: 9) e o mandou ir. Garantiu-lhe que Ele poria em sua boca as palavras corretas e Arão, seu irmão, sacerdote e levita, falaria ao povo por ele. Dessa forma, Moisés tomou sua mulher e seus dois filhos, pois mais um lhe nascera em Midiã (Eliézer, ‘meu Deus é auxílio’, Êx 18: 4), e partiu para o Egito, levando na mão o bordão de Deus.

Encontrou-se com Arão em Horebe. Arão era casado com Eliseba e tinha quatro filhos: Nadabe, Abiú, Eleazar e Itamar (Êx 6: 23). Chegaram ao Egito e comunicaram ao povo as palavras de Deus; o povo creu no Senhor e O adorou.

Arão e Moisés foram falar com Faraó, que não lhes deu ouvidos; pelo contrário, afligiu ainda mais os hebreus, tirando deles a palha para fazerem os tijolos.

Moisés e Arão falaram novamente com Faraó, mas o Senhor os avisou que endureceria o coração do rei para que ele pudesse ver as maravilhas e o poder do Deus verdadeiro. A bíblia diz que Moisés tinha oitenta anos e Arão oitenta e três, quando falaram a Faraó (Êx 7: 7).

Assim, Deus enviou dez pragas ao Egito para mostrar Seu poder ao rei e libertar Seu povo:
1º) As águas se tornaram em sangue
2º) Rãs
3º) Piolhos
4º) Moscas
5º) Peste nos animais
6º) Úlceras
7º) Chuva de pedras
8º) Gafanhotos
9º) Trevas
10º) A morte dos primogênitos do Egito. Aqui, Deus instituiu a Páscoa e instruiu o povo como deveria se preparar para a partida. À meia-noite o Destruidor passou sobre o Egito, deixando vivos apenas os filhos dos hebreus, que tinham a marca do sangue do cordeiro nas suas portas.

Com a morte do seu primogênito, Faraó os lançou fora da sua terra e o povo saiu com ovelhas, gado, ouro, prata e vestes e despojaram os egípcios.

O Êxodo se deu em 1446 AC (cf. 1 Rs 6: 1, pois o reinado de Salomão ocorreu no período de 970-931 AC), durante o reinado de Tutmósis III (o 6º Faraó da 18ª dinastia egípcia – 1550–1292 AC). O fato de estar escrito em Gn 47: 11 que José estabeleceu a seu pai e a seus irmãos na terra de Ramessés, e em Êx 1: 11 estar escrito que os judeus escravos edificaram cidades-celeiros como Pitom e Ramessés, antes mesmo de Pi-Ramessés (ou Per-Ramessés) existir, pois foi reconstruída por Ramessés II (1279-1212 AC) na 19ª dinastia sobre a antiga cidade de Aváris, pode significar apenas que os posteriores escritores bíblicos e tradutores do texto original de Moisés resolveram usar o nome que era mais conhecido na época para essa região onde se deu o Êxodo.

No Sl 78: 12; 43-44, o salmista diz que o Senhor fez proezas no Egito no campo de Zoã, onde seus rios foram convertidos em sangue (Zoã, uma das cidades da região de Gósen onde a família de Jacó se instalou quando veio para o Egito, era chamada Tânis pelos gregos). Foi daquela região (de Gósen – Gn 47: 1) que os hebreus saíram, e lá se encontram também as cidades de Ramessés (antes, chamada Aváris) e Pitom (Êx 1: 11).

A bíblia diz em Êx 38: 26 que saiu do Egito um exército de 603.550 homens de vinte anos para cima, afora as mulheres e crianças, idosos e estrangeiros que decidiram ir com eles. Em Nm 1: 47 a bíblia também deixou de contar os levitas. Diz, igualmente, que o tempo que habitaram no Egito desde que chegou Jacó foram quatrocentos e trinta anos (Êx 12: 40-41; Gl 3: 17) sendo que, provavelmente, sua escravidão tenha começado cento e vinte anos antes do Êxodo, pois no tempo de José foram hóspedes bem-tratados (José viveu 110 anos – Gn 50: 26). Ao saírem, levaram também os ossos de José, como ele os fizera jurar antes de morrer. O Senhor ia adiante deles, durante o dia, numa nuvem para guiá-los pelo caminho; durante a noite, numa coluna de fogo.

Faraó os perseguiu e os alcançou no deserto quando estavam acampados junto ao mar. A palavra hebraica usada para Mar Vermelho é Yam Suf, que significa: Mar de juncos. Juncos são papiros que proliferavam na área pantanosa que ia desde o Golfo de Suez até o Mediterrâneo e que crescem em água doce, como os Lagos Amargos, Timsa, Balá e Manzalé, no Delta do Nilo. Por isso, não podemos identificar em nenhum mapa sobre o Êxodo, o local de passagem pelo Mar Vermelho propriamente dito. Imagina-se que os locais mais prováveis sejam o Golfo de Suez, o Grande Lago Amargo entre o Golfo e o Mediterrâneo, o Lago Manzalé na boca do Nilo, no Norte do Egito, ou o Mediterrâneo Sul. O termo Yam suf é usado para diferentes tipos de formação aquática. Apesar de todas as cogitações, permanece a hipótese principal (levando-se em conta Nm 33: 1-37) de ter sido a travessia próxima a Suez (ver mapa no final do texto).

O povo, então, tirou satisfação com Moisés, acusando-o de tê-lo tirado do Egito para morrer no deserto. Moisés reforçou neles a fé no Senhor, ergueu o bordão e estendeu sua mão sobre o Mar Vermelho como Deus lhe mandara e as águas se separaram. Assim, Israel passou pelo meio do mar. Quando terminaram de passar, as águas retomaram sua força e afogaram os egípcios que os tinham perseguido. Morreram todos: soldados e cavalos.

Moisés entoou um cântico de vitória e exaltação ao nome do Senhor e todo o povo o acompanhou. Miriã também tomou um tamborim e cantou, e todas as mulheres dançaram com ela. A partir daí, Moisés começou a dirigir o povo conforme o Senhor o orientava, mas teve que administrar as reclamações contra ele, como se fosse culpado de qualquer circunstância que parecesse contrária. Podemos ver isso no caso das águas amargas de Mara, que Deus transformou em doces para dessedentar o povo; também quando pediram comida e Ele lhes deu o maná pela manhã e carne à tarde. Ninguém conhecia o que era aquele “orvalho” que caía pela manhã, por isso lhe chamaram Maná (Hebr. = que é isso? – Êx 16: 15; 31). Os israelitas ainda não mostravam confiança em Deus depois de tudo o que já tinham visto; assim, reclamavam por qualquer motivo. Facilmente resistiam ao comando de Moisés e duvidavam do cuidado de YHWH. Novamente contenderam em Refidim por causa de água e Ele os dessedentou (Moisés feriu a rocha e dela manou água).

Moisés também teve que enfrentar uma batalha com Amaleque em Refidim. Amaleque, pai dos amalequitas, foi descendente de um neto de Esaú; eram nômades ferozes que pilhavam outras tribos, muitas vezes, matando por simples prazer. Eram encontrados no Neguebe e no Sinai. Ali, Moisés já começou a treinar Josué como comandante militar de Israel. Moisés ficou no alto do monte com o bordão erguido para dar vitória ao povo de Deus. Quando seus braços cansaram, Arão e Hur (segundo a tradição judaica, era marido de Miriã) os seguraram um de cada lado até o pôr-do-sol. Dessa maneira, Israel prevaleceu e Moisés edificou ali um altar ao Senhor e lhe chamou: O Senhor é minha bandeira (YHWH Nissi) – Êx 17: 15.

Moisés julgava o povo desde manhã até à tarde. Vendo isso, seu sogro o aconselhou a nomear auxiliares para esta tarefa para que não se cansasse. Conseqüentemente, não levaria a carga sozinho, mas a dividiria com outros. Ele assim o fez e Jetro voltou para sua terra.

No terceiro mês após a saída do Egito, chegaram ao Sinai. E no meio do fogo e da fumaça, de trovões e relâmpagos, Deus falou a Moisés e Arão para subirem ao monte. Ali lhes deu as leis que regeriam o povo. Depois, Deus pediu a Moisés que ele subisse novamente e ficasse lá, pois lhe daria tábuas de pedra com a Lei e os Mandamentos que tinha escrito, para que ele ensinasse os israelitas. Arão e Hur ficaram com o povo. Só Josué o acompanhou até um pedaço do caminho. No sétimo dia, o Senhor apareceu a Moisés e ele ali ficou quarenta dias e quarenta noites. Naquele lugar Deus lhe deu as orientações para construir o tabernáculo, assim como escolheu Arão e seus filhos para ministrarem como sacerdotes diante da tenda da congregação (Tenda do Testemunho – Êx 38: 21; Nm 1: 50; Nm 9: 15; Nm 17: 7; 8; Nm 18: 2; 2 Cr 24: 6 ou Santuário – Êx 25: 8). As primeiras tábuas de pedra foram forjadas e escritas por Deus, contendo os Dez Mandamentos (Dt 4: 13; Dt 5: 22). As demais leis também foram dadas a Moisés no Sinai e por ele escritas no ‘livro da aliança’ (Êx 24: 4; 7;  Êx 24: 12; 18; Êx 31: 18; Êx 32: 15-16).

Vendo o povo que Moisés demorava em descer e achando que Deus tinha se ausentado deles, obrigaram Arão a fazer para eles um deus que pudessem ver. Ele, então, fez um bezerro de ouro (Êx 32: 1-10; 18-24) e eles festejaram. Deus comunicou isso a Moisés enquanto ele estava no Monte Sinai e expressou Seu desagrado falando ao Seu ungido que consumiria o povo e dele apenas (Moisés), faria uma grande nação. Mas Moisés intercedeu pela multidão e desceu da montanha. Quando se aproximou do arraial, viu o bezerro e as danças e, com raiva, quebrou as tábuas da Lei ao pé do Monte. Queimou o bezerro e o reduziu a pó, que espalhou sobre a água, e deu de beber aos filhos de Israel. Repreendeu Arão e ordenou aos levitas que matassem os idólatras. Três mil foram mortos naquele dia.

O povo que saiu do Egito não conhecia ainda o “Deus do Sinai”, nem tinha Suas leis; estavam mais familiarizados com os deuses egípcios. Por isso, podemos pensar que o bezerro de ouro feito por Arão estava relacionado com a idolatria egípcia. Cativos há quatrocentos e trinta anos, mal se lembravam da herança deixada pelos patriarcas, a não ser da terra prometida por Deus a eles. Assim, há duas possibilidades quanto ao bezerro de ouro: a) O deus Ápis (Hapi-anku), personificação da terra e reencarnação de Osíris. Era o touro de Mênfis e estava associado com o deus Ptah, o deus construtor da referida cidade; simbolizava a força do rei (Faraó). b) a deusa Hator, deusa das mulheres, dos céus, do amor, da alegria, do vinho, da dança, da fertilidade e da necrópolis de Tebas, pois acolhia os mortos e velava os túmulos. Era representada como uma vaca com o disco solar entre os chifres ou como uma mulher com cabeça ou com orelhas de vaca, ou ainda como uma mulher de pele amarela e que carrega na cabeça um par de chifres de vaca, entre os quais se encontra um disco vermelho rodeado por uma cobra. Ela segura um bastão bifurcado em uma mão e um sinal de Ankh na outra. O Ankh (pronuncia-se ‘Anak’, a vértebra torácica de um touro, vista em corte transversal), era para os egípcios o símbolo da vida, também como símbolo da vida eterna, a vida após a morte. Apesar de sua origem egípcia, ao longo da história o Ankh foi adotado por diversas culturas. Por exemplo, foi mantido mesmo após a cristianização do povo egípcio a partir do século III, quando os cristãos convertidos passaram a ser chamados cópticos. Copta significa ‘egípcio’ e se refere aos egípcios cujos ancestrais abraçaram o cristianismo já no século I. Por sua semelhança com a cruz dos cristãos, o Ankh manteve-se como um dos principais símbolos cópticos, sendo chamado de Cruz Cóptica ou ‘crux ansata’, onde a parte superior foi adaptada para uma forma circular ao invés da forma oval original do antigo Egito (um sincretismo pagão com a cruz de Cristo).

Pela reação dos israelitas descrita na bíblia, é mais provável que estivessem adorando Hator ou os dois (ver Êx 32: 4, onde está escrito: “teus deuses”: “Este [Arão], recebendo-as das suas mãos, trabalhou o ouro com buril e fez dele um bezerro fundido. Então, disseram: São estes, ó Israel, os teus deuses, que te tiraram da terra do Egito”).


Deusa egípcia Hator Deusa egípcia Hator
Deusa egípcia Hator

Ápis, o touro de Mênfis O bezerro de ouro dos Israelitas


No dia seguinte, Moisés subiu ao Monte e intercedeu novamente pelo povo, oferecendo sua própria vida em troca. Mas o Senhor disse que Ele mesmo os puniria pelo seu pecado e Seu Anjo iria adiante deles para lhes dar vitória sobre seus inimigos. Ele mesmo não seguiria no meio deles. Moisés Lhe pediu, então, para ver a Sua glória, ou seja, o próprio Deus. O Senhor o colocou numa fenda da rocha, passou por ele e deixou Moisés ver Suas costas (“Depois, em tirando eu a mão, tu me verás pelas costas; mas a minha face não se ver” – Êx 33: 23). Depois disso, deu-lhe novamente as tábuas de pedra com a Lei. Essas segundas tábuas da lei foram lavradas por Moisés e escritas por Deus (Êx 34: 1; 4; Êx 34: 27-28; Dt 10: 1-5). Quando desceu do Monte, seu rosto resplandecia.

Debaixo da orientação de Deus, o Tabernáculo foi levantado. Quando a nuvem ficava sobre ele os israelitas paravam e, quando ela se levantava, eles caminhavam avante. Apesar de tudo o que tinha visto pelas mãos de Deus, o povo continuou insatisfeito, tendo grande desejo das comidas dos egípcios; queriam carne, peixe, pepinos, melões, alhos e cebolas, reclamando do maná. Moisés se queixou com o Senhor porque achava pesado demais o seu cargo e não tinha como satisfazer o desejo dos seus irmãos. Pediu até para que Deus o matasse, pois não suportava mais. O Senhor lhe disse para ajuntar setenta homens dos anciãos de Israel, sobre os quais Ele derramaria do Seu Espírito, e eles levariam a carga do povo junto com ele. Deus também lhe falou para preparar os hebreus porque no dia seguinte comeriam carne e a comeriam por um mês, até se enfastiarem dela porque reclamaram contra Ele. Então, soprou um vento do Senhor e trouxe codornizes do mar, e as espalhou pelo arraial quase caminho de um dia, ao seu redor, cerca de dois côvados sobre a terra (1 côvado = 44, 4 cm; alguns autores dão 45 cm); portanto, havia codornizes atingindo uma altura de quase noventa centímetros sobre a terra. Enquanto comiam, acendeu-se a ira do Senhor contra o povo e o feriu com praga.

Não bastasse esse problema, Miriã e Arão tiveram inveja da posição especial de Moisés como porta-voz de Deus e, usando como pretexto a mulher cuxita (Etíope) que ele tomara, provocaram contenda, mas o Senhor os repreendeu. Miriã ficou leprosa e, por intercessão de Moisés foi curada, porém, detida fora do arraial por sete dias.

Pouco depois, duzentos e cinqüenta homens liderados por Coré (Corá), Datã e Abirão se rebelaram contra a liderança espiritual de Moisés e Arão, pois para eles toda a congregação era santa. Além disso, Coré (Corá) era da tribo de Levi, da família dos coatitas (como Arão), e levavam a arca e os objetos sagrados; era levita, entretanto, não era da linhagem sacerdotal porque não descendia de Anrão, pai de Arão e Moisés, mas de Isar, irmão de Anrão (Êx 6: 21; Nm 16: 1; 1 Cr 6: 33-38). O Senhor abriu a terra debaixo dos três rebeldes e os tragou, assim como suas famílias. Os outros duzentos e cinqüenta foram consumidos pelo Seu fogo. Da descendência de Coré (Nm 26: 11) procedeu Elcana, pai de Samuel (1 Cr 6: 22; 27).

No dia seguinte, toda a congregação murmurou contra Moisés e Arão, acusando-os de matarem seus irmãos. Mas Deus, com grande ira, já estava consumindo o povo com praga. Moisés e Arão intercederam por eles e a praga cessou; entretanto, mais quatorze mil e setecentos morreram. Assim, o Senhor falou para que os doze príncipes das tribos trouxessem seus bordões para a tenda da congregação e o bordão que Ele escolhesse floresceria e cessariam as murmurações. O de Arão era pela casa de Levi; floresceu no dia seguinte e foi colocado junto à arca do testemunho como um sinal da escolha de Deus.

Por ordem divina, Moisés enviou doze homens para espiar a terra que Deus lhes prometera (Nm 13: 1-17), um príncipe de cada tribo de Israel, entre eles Calebe, pela tribo de Judá, e Josué, pela tribo de Efraim. Voltaram depois de quarenta dias. Josué e Calebe mostraram-lhes o fruto da terra: um cacho de uvas que trouxeram numa vara, como também romãs e figos. No entanto, os outros dez transmitiram medo ao povo quando lhes contaram sobre as nações que lá habitavam: gigantes (enaquins), diante dos quais os israelitas pareciam gafanhotos. Apenas Josué e Calebe viam a terra com bons olhos e com ousadia para conquistá-la. O povo murmurou novamente contra Moisés e contra Arão e eles se prostraram perante a congregação. Também queriam apedrejar Josué e Calebe. Então, a glória do Senhor apareceu no Tabernáculo, desejando dizimar o povo. Novamente Moisés intercedeu por ele junto a Deus, mas Ele deu o castigo: nenhum dos homens de vinte anos para cima que saiu do Egito, colocando-o à prova dez vezes (Nm 14: 11; 21-23 cf. Sl 78: 40-41), veria a Terra Prometida, pois morreria no deserto; apenas a segunda geração a veria. Também Josué e Calebe a veriam por terem perseverado e crido na promessa (Nm 14: 21-24; 29-30). Essa conversa entre Deus e Moisés aconteceu em Cades Barnéia (Nm 13: 26; Nm 33: 36). É claro que a murmuração dos israelitas não parou por aqui. A partir daí, peregrinariam no deserto por quarenta anos (Nm 14: 34). Os outros dez espias morreram de praga perante o Senhor. Após a morte de Arão (Nm 33: 37-38) o povo volta a Eziom-Geber e começa sua jornada rumo à Terra Prometida (Nm 33: 38-49).

As dez vezes que o povo tentou o Senhor até este ponto foram:
1) Junto ao Mar Vermelho, antes da travessia: Êx 14: 11-12.
2) Em Mara, por causa da água amarga: Êx 15: 22-25.
3) Em Taberá, quando o povo começou a se queixar da sua sorte, ao partir do Sinai: Nm 11: 1-3; Dt 9: 22. Taberá significa: ardente, queimado.
4) Murmuração por querer as comidas dos egípcios. Deus lhes deu o Maná pela manhã e mandou as codornizes à tarde: Êx 16: 1-8; 11-15; 31; Nm 11: 4-7; 13; 31-35 (v. 34-35: Quibrote-Hataavá = sepulcros da concupiscência, sepulcros do desejo); Dt 9: 22; Sl 78: 23-31 e Sl 106: 14-15, onde o salmista repete o episódio ocorrido no deserto e a reação de Deus.
5) Reclamaram por não haver água para beber; e o lugar passou a ser chamado Massá e Meribá, por causa da provocação (Massá = provocação) e da contenda do povo (Meribá = contenda): Êx 17: 1-2; 5-7 (quando saíram do deserto de Sim e acamparam em Refidim); Dt 9: 22.
6) O bezerro de ouro: Êx 32: 1-10; Sl 106: 19-23.
7) A sedição de Miriã e Arão: Nm 12: 1; 6-10; 13; 15.
8) A rebelião de Corá (ou Coré, filho de Isar, irmão de Anrão, pai de Moisés – Êx 6: 21), Datã e Abirão. Pode ser que esse incidente tenha ocorrido enquanto os homens estavam espiando a terra (nos quarenta dias em que ficaram fora do arraial): Nm 16: 1-3; 8-10; 28-33; 35; Sl 106: 16-18.
9) Murmuração contra a liderança de Moisés e Arão (O bordão de Arão floresce): Nm 16: 41-50; Nm 17: 5-8.
10) Murmuração contra Moisés e Arão, após o relatório dos doze espias: Nm 13: 1-3; 25-26; 32; Nm 14: 1-4; Sl 106: 24-27.

A trajetória dos Israelitas até este ponto (Cades Barnéia), onde Deus se queixa com Moisés, pode ser vista em Nm 33: 1-37: Ramessés – Sucote – Etã – voltaram a Pi-Hairote (defronte a Baal-Zefom, e acamparam-se diante de Migdol) – atravessaram o Mar Vermelho – deserto de Etã – Mara – Elim – acampamento junto ao Mar Vermelho – deserto de Sim – Dofca – Alus – Refidim – deserto do Sinai, onde ficaram acampados por um ano (Nm 9: 1; Nm 10: 11; Êx 40: 2; 17) – Quibrote-Hataavá (Nm 11: 35) – Hazerote – Ritma – Rimom-Perez – Libna – Rissa – Queelata – Monte Sefer – Harada – Maquelote – Taate – Tera – Mitca – Hasmona – Moserote – Benê-Jaacã – Hor-Hagidgade – Jotbatá – Abrona – Eziom-Geber – deserto de Zim (Miriã morreu – Nm 20: 1; cf. Nm 33: 36), onde está Cades-Barnéia. Neste ponto o Senhor deu o castigo: eles peregrinariam no deserto por quarenta anos (Nm 14: 34). Ao final deste tempo, partiram de Cades, voltaram a Eziom-Geber, subiram para o norte e acamparam-se no Monte Hor, na fronteira da terra de Edom, onde Aarão morreu (Nm 33: 37-39; Dt 2: 1-4). A partir dali, atravessariam o ribeiro de Zerede (limite entre Edom e Moabe – Dt 2: 14). De Hor foram para Zalmona – Punom – Obote – Ijé-Abarim (ou Ijim) – Dibom-Gade – Almom-Diblataim – montes de Abarim, defronte de Nebo – campinas de Moabe junto ao Jordão, na altura de Jericó (Nm 33: 40-49).

Como não havia água para o povo (Nm 20: 1-13 cf. Dt 32: 51), houve novamente contenda contra Moisés, e Deus ordenou a ele e a Arão que tomassem o bordão e falassem à rocha para que dela manasse água. Entretanto, ao invés de falar à rocha, Moisés a feriu duas vezes com o bordão. Saiu água e beberam. Por essa desobediência, pois a pressão do povo provocou em Moisés uma atitude irrefletida, ele e Arão foram proibidos de entrar na terra de Canaã. Por isso o Senhor disse que Ele não havia sido santificado diante dos filhos de Israel (Nm 20: 12). As águas receberam novamente o nome de Meribá (cf. Êx 17: 1-2; 5-7), pois ali houve outra contenda com Deus: Nm 20: 1-3; 7-13; Sl 106: 32-33. Logo depois, Arão morreu no Monte Hor no 1º dia do 5º mês do 40º ano da saída dos filhos de Israel do Egito (Nm 33: 38). E Eleazar, seu filho, ficou como sumo sacerdote em seu lugar.

Novamente o povo reclamou e Deus mandou serpentes venenosas que matassem muitos filhos de Israel. Moisés, mais uma vez, orou pelo povo e Deus lhe disse que fizesse uma serpente de bronze e a colocasse sobre uma haste; se alguém, que fosse mordido, olhasse para ela, sararia (Nm 21: 4-9 cf. 2 Rs 18: 4). Mais tarde, a serpente se tornou objeto de veneração idólatra (2 Rs 18: 4 – o rei Ezequias se desfez dela). Ela era chamada de Neustã (a nota de rodapé da NVI diz: ‘Neustã, em hebraico, soa como a palavra para bronze, serpente e coisa impura’. A nota também diz que, no original, a frase ‘e lhe chamavam Neustã’ pode ser ‘ele lhe deu o nome de Neustã’, se referindo a Moisés como aquele que lhe deu este nome).

A bíblia muitas vezes traduz indiferentemente a palavra ‘cobre’ (em Hebraico, nehosheth ou nchosheth – Nm 21: 9; Dt 8: 9; Ed 8: 27; Jó 41: 27) por ‘bronze’ (nehushah – bronze é um amálgama marrom-amarelado de cobre com até 1/3 de estanho; Ez 1: 4 usa a palavra hashmal – ‘metal brilhante’, na nossa tradução – para descrever o verdadeiro bronze ou latão, um amálgama amarelado de cobre e zinco). Em Nm 21: 9, ao se referir à ‘serpente de bronze’, a bíblia escreve a palavra nchosheth, correspondente a ‘cobre’. A palavra para serpente é ‘nachash’.

O povo peregrinou mais alguns meses no deserto, até que o Senhor começou conduzi-lo em direção ao Norte para Basã e Amom, regiões ao oriente do Rio Jordão. Ele os estava treinando para serem conquistadores da Terra Prometida. Deus lhes deu vitória sobre os dois reis amorreus dessas terras (Seom, rei de Hesbom e Ogue, rei de Basã).

Quando chegaram às campinas de Moabe na altura de Jericó, o rei moabita (Balaque, filho de Zipor) ficou com medo dos israelitas e alugou Balaão (filho de Beor), um famoso adivinho assírio que vivia em Petor, para amaldiçoá-los. Deus inverteu a situação e Balaão, por três vezes, abençoou Israel. Ele e Balaque voltaram cada um para sua terra e Israel ficou acampado nas campinas de Moabe. Mais tarde, Balaão foi morto pelos israelitas quando venceram os Moabitas, antes de atravessarem o Jordão e entrarem na Terra Prometida (Nm 31: 8).

Ainda nas planícies de Moabe o povo adorou a Baal-Peor (Nm 25: 1-3 (1-18); Sl 106: 28-31; Sl 78: 56-59), a principal divindade moabita. Peor era um monte muito conhecido na região. Os israelitas iniciaram uma adoração a essa divindade, e isso provocou a ira de Deus. Um israelita trouxe uma mulher Midianita para o arraial; então, a praga começou a dizimar o povo. Graças a Finéias, o sacerdote, filho de Eleazar e neto de Arão, a adoração a Baal-Peor cessou, pois com uma lança ele atravessou os corpos do israelita e da mulher que ele trouxera para o acampamento, matando-os dentro da tenda. A praga matou 24.000 pessoas.

Deus chamou Moisés e o fez subir ao Monte Nebo para vislumbrar a terra antes de morrer e ordenou que impusesse as mãos sobre Josué para que o substituísse na liderança. Moisés repetiu as leis para o povo e o abençoou (Dt 31: 9-13; Dt 31: 24-26). A bíblia diz (Dt 34: 6) que ali morreu Moisés com cento e vinte anos de idade e Deus o sepultou em um vale, na terra de Moabe, onde ninguém encontrou o seu corpo.

Aprendizados importantes com Moisés

1) Nada nem ninguém conseguem matar o projeto de Deus: Faraó, apesar de todas as tentativas para conter o crescimento do povo hebreu, não conseguiu matar Moisés, recém-nascido em vigência daquelas ordens. Assim, podemos dizer que Moisés era o projeto de Deus para o Seu povo naquele momento da humanidade e ninguém pôde impedir o seu nascimento nem o seu crescimento como o Senhor já tinha planejado para ele. Todos os acontecimentos que sucederam ao seu nascimento estavam sob total controle de Deus. Quando Ele tem um projeto em nossa vida, por mais que tentem atrasá-lo, detê-lo ou matá-lo ele vai se cumprir, pois a mão do Senhor está sobre ele.

2) Deus se responsabiliza pelo Seu projeto do começo ao fim, cuidando dos mínimos detalhes e dando provisão e suprimento para que ele vá em frente: podemos ver que Deus providenciou a amamentação de Moisés e o cuidado com ele quando bebê e depois, seu sustento e educação como filho da filha de Faraó. Providenciou sua formação em todas as áreas como se ele fosse o futuro rei do Egito. Ele precisava de estudo e sabedoria nas ciências e na política egípcia, ao lado do treinamento de combate, como se fazia com um guerreiro. Ele aprendeu a se defender, aprendeu a ser líder no âmbito militar. Tudo isso lhe deu condições de sobreviver no deserto. Conosco ocorre a mesma coisa. Quando Deus tem um projeto para nós, Ele prepara pessoalmente todo o nosso treinamento. Todas as experiências de vida pelas quais passamos são lições que Ele usa para o nosso crescimento e nada vai ser perdido, pelo contrário, tudo o que aprendemos passa a ter um objetivo que se encaixa perfeitamente nos Seus planos para nós.

3) Quando uma etapa de aprendizado termina Deus se encarrega de providenciar as condições favoráveis para a outra: quando Deus terminou o treinamento de Moisés na corte egípcia, levou-o ao deserto (após ele ter matado seu compatriota e escondido na areia), onde ele aprendeu a pastorear ovelhas; uma atividade completamente diferente daquilo que tinha feito até agora, mas que era um acréscimo de Deus em sua vida, pois a primeira etapa teve o objetivo de prepará-lo como um líder militar e essa tinha o objetivo de prepará-lo como líder espiritual. Aqui, Moisés precisava aprender a desenvolver alguns dons como: mansidão, paciência, perseverança, cuidado pelas ovelhas, pensar mais em Deus, depender mais dEle e se achegar mais a Ele. Da mesma forma acontece em nossa vida. Ele nos prepara, primeiramente, com as condições apropriadas para agirmos no mundo natural e depois nos prepara para conhecermos mais de perto o Seu reino e o mundo espiritual, com o objetivo de nos tornar líderes, reis e sacerdotes como está escrito em Sua palavra; em suma, Ele nos dá condições de atuar com autoridade para que possamos agir em Seu nome na terra e no mundo espiritual. Ele quer se revelar através do nosso testemunho de vida àqueles que ainda não O conhecem e nos fazer conquistar a Sua plenitude e a Sua abundância, pois somos Seus filhos e herdeiros.

4) Quando o período de treinamento termina, a revelação de Deus se torna clara: Moisés teve um encontro com Deus no Monte Horebe, diante da sarça; ali ele soube com clareza qual o projeto do Senhor para sua vida. Nós, da mesma forma, quando terminamos nosso período de treinamento, experimentamos o nosso “momento de sarça”, onde se torna claro o que Deus quer de nós. A revelação divina surge de maneira clara e inconfundível.

5) Fé: assim como os patriarcas antes dele, Moisés aprendeu a desenvolver sua fé em Deus de uma maneira ativa e crescente; cada desafio o colocava num exercício de fé, pois muitos dependiam dela para serem libertos do cativeiro e sobreviverem em condições precárias. Começou com o encontro com Arão e a visita a Faraó, passando por todos os milagres e prodígios no Egito, no Mar Vermelho e no deserto até poder contemplar a Terra Prometida.

6) Deus não olha o exterior, mas o interior por Ele formado em nós: em outras palavras, Ele não leva em conta nossas fraquezas nem nossos argumentos, mas a força do nosso espírito e a disposição da nossa alma ao Seu serviço. Como aconteceu com Davi quando foi ungido, Deus não olhou para a aparência, e sim para o coração, e o escolheu dentre os oito filhos de Jessé. Como Moisés argumentou com Ele baseado nas suas impossibilidades, nós até podemos colocar diante dEle as nossas opiniões, sentimentos, argumentos e limitações; porém, Ele nos faz olhar com Seus olhos, não com os nossos. Ele nos faz enxergar a capacidade do Seu Espírito em nós e crer na Sua direção e ajuda para desempenharmos com sucesso nossa missão.

7) Deus está no controle de todas as coisas e, mesmo que o inimigo pareça ter poder, o Senhor faz prevalecer a Sua vontade para proteger e salvar os que são Seus. Nós podemos ver isso através das pragas que enviou ao Egito. Nem os poderes dos magos nem a autoridade de Faraó foram capazes de impedir a saída do povo da escravidão. Deus mostrou Sua forte mão em favor dos oprimidos e dos Seus escolhidos.

8) A palavra de Deus abre o mar das impossibilidades: Moisés é o símbolo da palavra profética na Igreja, além de simbolizar a Lei. Assim, a palavra profética de Deus abre o mar das impossibilidades (o Mar Vermelho) e derrota o inimigo. O milagre se torna possível. Quando o povo atravessou o mar, experimentou uma nova condição de vida. Deixou de ser escravo para ser um futuro líder e um conquistador. Da mesma forma, a passagem pelo Mar Vermelho é um marco importante na vida do crente, pois prefigura o batismo nas águas, onde Deus nos separa da antiga vida como escravos do mundo (Egito) e nos prepara para nos dar o Seu reino. A palavra Egito, em hebraico, Mizraim, significa: terra de escravidão, dilema, conflito, confusão, aflição, problema, perturbação.

9) O louvor e a gratidão ao Senhor pela vitória: depois que atravessaram o Mar Vermelho, a bíblia diz que Moisés e Miriã entoaram um cântico como gratidão pela vitória que o Senhor lhes tinha dado.

10) Mansidão, paciência, disciplina e capacidade de administrar as circunstâncias adversas e as vontades humanas: logo que atravessou o Mar Vermelho e entrou no deserto, Moisés teve que se deparar com as murmurações do povo, o que aconteceu praticamente por quarenta anos. Muitas vezes, teve que usar a disciplina para deixar clara a sua posição de autoridade. Ele teve que exercitar a fé em Deus, sabendo que Ele estava no controle de tudo, e Sua vontade, no final, haveria de prevalecer.

11) O socorro de Deus vem, muitas vezes, do improvável: podemos ver isso nas passagens onde Deus supre a sede do povo através de uma rocha. É improvável é que se consiga água de pedra, mas Deus quis ser glorificado nesses milagres. Figuradamente, a Rocha é Jesus e é dEle que manam as águas vivas para nos refazer na nossa caminhada espiritual. É tocando na Rocha que conseguimos vida eterna (Dt 32: 15; Ez 47: 1; Zc 14: 8; Jo 7: 38; Jo 3: 36).

12) Às vezes, uma luta inesperada é o início de um treinamento, mesmo que não tenhamos condições aparentes: podemos ver isso quando tiveram que enfrentar Amaleque. Ainda não era um exército treinado; na verdade, eles eram recém-saídos da escravidão, não tinham condições aparentes de vencer. A vitória veio pela fé. Com essa situação, Deus já os estava preparando para serem conquistadores, estava fazendo com que eles se vissem como vencedores.

13) Deus cumpriu a promessa feita a Moisés quando lhe falou na sarça, de que ele seria confirmado como líder do Senhor. O sinal é que ele voltaria àquele lugar com o povo e adoraria o Senhor ali. O interessante é que, muitas vezes, o nome Horebe é usado como Sinai, embora no sentido estrito, o Monte Horebe seja um Monte na Cordilheira do Sinai. Muitos acham que o Monte Sinai recebeu este nome por se encontrar no deserto de Sim, portanto, ‘sim-nai’ (Sim significa: ‘pântano’). Horebe quer dizer: ‘seco, deserto’, aparentemente um contraste com Sinai, que quer dizer: ‘bosque do Senhor’. Quando pensamos num bosque não o associamos a um deserto, mas a um lugar fértil e cheio de vida. Assim, a promessa de Deus que é feita quando nos encontramos num deserto se cumpre trazendo vida e abundância. Da primeira vez que Deus se manifestou a Moisés ali foi de uma maneira inusitada, mas simples, como uma sarça. Quando voltou com o povo ao Sinai, a manifestação de Deus foi portentosa, com relâmpagos e trovões, fogo e nuvens.

14) Delegar funções: um líder tem que aprender a delegar certas funções para que não se sobrecarregue com as coisas menores que possam tirar o tempo de estar em um relacionamento mais íntimo com Deus; só assim, pode receber direções maiores e mais importantes para o ministério. Moisés teve que atender às orientações de Jetro para estar mais livre para ouvir a voz de YHWH, ao invés de julgar causas sem importância no meio do povo.

15) Para se ter intimidade com Deus é necessário subir a um lugar alto, longe da multidão: Moisés recebeu as leis e os estatutos de Deus em contato particular com Ele no cimo do Sinai, longe da multidão, para que pudesse estar à frente da sua missão. Quando queremos receber revelações divinas importantes, temos que nos afastar da multidão, da presença daqueles que estão na carne e não têm nenhum compromisso com Ele.

16) Submissão e entrega trazem as diretrizes corretas para o líder: Moisés ficou quarenta dias e quarenta noites na presença do Senhor e podemos imaginar que estava em jejum, com a alma e o espírito totalmente voltados para Deus, a fim de receber dEle as diretrizes importantes para a nação. Da mesma forma, quando somos chamados por Ele para um propósito especial, devemos nos colocar numa posição de submissão e entrega, sem nos preocuparmos com a carne ou com outras distrações que possam ocupar Seu lugar como Senhor da situação.

17) Falta de compromisso com Deus gera insegurança, inconstância e idolatria: é o que podemos ver quando o povo, sem a presença do líder, pois Moisés simbolizava a presença de Deus com eles, construiu o bezerro de ouro. Eles se sentiram afastados da comunhão com o Senhor, o que os colocou numa posição desfavorável de fraqueza e pecado.

18) Ser intercessor: Moisés, como Abraão e Isaque, por exemplo, foi um intercessor. Deus pode adaptar Seus métodos às nossas escolhas, mas Suas leis pré-estabelecidas são imutáveis, pois Sua justiça jamais deixará de ser realizada. Várias vezes, Moisés impediu o próprio Deus de consumir o povo pelo seu pecado e começar tudo de novo apenas com ele (Moisés). Entretanto, podemos ver que Ele nunca deixou de executar Sua justiça, punindo o pecado individual para deixar intocada a Sua santidade. Da mesma forma, Ele usou o próprio Moisés com autoridade e disciplina para ensinar a verdade, o que era correto, não acobertando o erro nem o pecado. Podemos notar que, em várias ocasiões, a atitude de Moisés foi até dura para preservar os inocentes de um dano maior.

19) O líder tem que ter ousadia e não pode ter medo de conhecer mais de Deus: Moisés teve muita ousadia em pedir a Deus para deixá-lo ver Sua glória. Ele queria mais dEle, precisava conhecê-lO em profundidade para poder avançar na sua caminhada. O Senhor atendeu o seu pedido, o que aumentou nele a fé e a segurança. Assim, não precisamos ter medo de pedir mais de Deus, pois isso aumentará nossa fé nEle e nos colocará num novo patamar de relacionamento com Ele.

20) Visão distorcida, não dar valor à liberdade de Deus, não dar valor ao alimento espiritual nos leva à murmuração e nos afasta de dEle: foi o que aconteceu com o povo quando desprezou tudo o que o Senhor já havia feito em seu favor e passou a reclamar do alimento (Maná), desejando a comida do Egito. O povo, simbolicamente, desprezou o alimento espiritual de Deus para alimentar os desejos pecaminosos da carne. Não deu valor à liberdade que Ele lhes havia trazido, foi ingrato.

21) Muitas vezes, o líder também experimenta a fragilidade humana, o que deve levá-lo a buscar auxílio no Senhor. Moisés se viu impotente diante das reclamações constantes do povo, mas apresentou sua queixa ao Senhor e fez o que outros homens na bíblia fizeram: a estafa quase o levou a se esquecer das vitórias que tinha conquistado e do poder sustentador de Deus sobre sua vida e desejou morrer. O mesmo aconteceu com Elias, depois que obteve uma grande vitória sobre os profetas de Baal: desejou a morte devido à estafa psicológica e espiritual. Nenhum dos dois morreu, mas foram confortados e vivificados pelo Senhor.

22) Deus não sobrecarrega ninguém, pois conhece o nosso limite: Jetro, sogro de Moisés, já o tinha aconselhado a delegar funções e arranjar auxiliares para julgar o povo. Mas, aqui, foi o próprio Deus que distribuiu o Seu Espírito sobre setenta homens dos anciãos de Israel para carregarem a liderança espiritual junto com Moisés. Ele reconheceu o seu limite humano e o supriu com Sua força.

23) Devemos orar de acordo com a vontade Deus: nem sempre nossos pedidos de oração são bons. Foi o que aconteceu quando o povo se rebelou contra Deus e contra Moisés, pedindo carne para comer e vieram as codornizes do deserto para alimentá-los, mas quando ainda estavam comendo, a ira do Senhor os destruiu. Eles não tinham pedido de acordo com Sua vontade. Eram ingratos e murmuradores e O provocavam constantemente. A bíblia fala na epístola de Tiago 4: 3: “pedis e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes nos vossos prazeres”, e nos Sl 78: 24-31 e Sl 106: 14-15 o salmista repete o episódio ocorrido no deserto e a reação de Deus. Aqui Ele satisfez a vontade do povo, vontade má visando à sua própria carne; pediram mal, como diz Tiago. Isso nos ensina que Ele nos faz ver onde erramos e as conseqüências do nosso pedido errado.

24) Inveja entre irmãos gera pecado (lepra), feridas emocionais e isolamento: podemos ver isso quando Miriã e Arão conspiraram contra Moisés porque invejaram a liderança que Deus lhe tinha dado. O resultado foi que Ele confirmou Sua escolha e ainda puniu os invejosos, mostrando claramente diante deles o seu pecado (lepra), levando-os ao isolamento e afastando-os de Sua presença.

25) Covardia, incredulidade e fraquezas de caráter podem roubar a fé dos mais fracos e acarretar retardo da bênção: foi o que aconteceu quando os dez espias voltaram e contaminaram os israelitas com sua visão distorcida dos fatos. Sua covardia e sua ação errada geraram conseqüências sérias para toda uma nação, fazendo-os peregrinar pelo deserto por quarenta anos, portanto, retardando a posse da bênção. Nossas fraquezas de caráter não podem de forma alguma ser pedra de tropeço para os novos na fé, pois podem desanimar e desistir; mesmo que nos sintamos incapazes, às vezes, nossa boca deve proclamar com fé a palavra de Deus. Dar ouvidos a palavras mentirosas acarreta injustiças (Josué e Calebe quase foram apedrejados pelo povo que se viu desanimado e desesperado).

26) Os que conseguem enxergar com os olhos de Deus ganham o direito de herança: ao contrário dos dez espias, Josué e Calebe viram a Terra Prometida com os olhos de Deus, portanto, foram os únicos daquela geração que ganharam dEle o direito à herança de Canaã.

27) Paciência: os quarenta anos no deserto desenvolveram a paciência e a perseverança, além do que foi um tratamento emocional e espiritual, não só para Moisés, Josué e Calebe, mas principalmente, para aquela nação. Quarenta, na bíblia, se refere a um tempo de aprendizado, tempo de deserto ou ao tempo de uma geração. Moisés passou quarenta anos sendo treinado como príncipe do Egito, quarenta anos em Midiã como pastor de ovelhas, e quarenta anos no deserto conduzindo o povo até a Terra Prometida. Moisés ficou na presença de Deus no Sinai, em jejum por 40 dias. Todos os israelitas precisaram aprender a paciência, pois não estavam prontos para receber a bênção. Três que já estavam, tiveram que exercitá-la e aperfeiçoá-la por causa do erro dos outros. Não só a paciência foi aperfeiçoada, como também a fé em Deus. Lembremo-nos do número 40 no livro de Juízes onde, muitas vezes, está escrito que houve um descanso da opressão do inimigo (“E a terra ficou em paz por quarenta anos” – Jz 5: 31 b). Jesus passou 40 dias em jejum no deserto, assim como Elias, desde o deserto até o monte Horebe. O coxo que foi curado na porta Formosa do templo por Pedro e João também tinha mais de quarenta anos quando recebeu a cura (At 4: 22). O reinado de Davi e Salomão foi de 40 anos. O Dilúvio durou 40 dias, e Noé viu isso. Todos eles aprenderam neste período de tempo.

28) Tempo para renovar a mente e aprender a dar valor às promessas e ao sonho de Deus: o tempo de quarenta anos no deserto não só aperfeiçoou a paciência; foi um tempo de aprendizado para todos eles, ensinando-os a renovar a mente e a pensar, não da maneira da carne, mas da maneira de Deus. Precisavam se enxergar como conquistadores, não como escravos derrotados. A auto-estima ainda precisava ser curada.

29) A ganância e a competição não fazem parte do reino de Deus e a escolha do líder é divina, não humana: a ganância e a competição são as armas do mundo, não as armas de Deus. Foi o que aconteceu com Coré, Datã e Abirão que cobiçaram a liderança de Moisés e Arão. O resultado disso foi a punição do Senhor e a confirmação da Sua escolha sobre quem estava na liderança. Não são homens que elegem líderes, mas o próprio Deus. Ele coloca a autoridade espiritual sobre quem Ele quer e deixa isso bem claro. Com o Senhor não há disputa de poder.

30) Desobediência é barreira à bênção e Deus nunca repete as mesmas estratégias conosco: a desobediência de Moisés e Arão às ordens de Deus sobre falar à rocha, não feri-la com a vara, os impediu de tomar posse da terra. Eles pensaram que o Senhor usaria as mesmas estratégias que tinha usado no passado, mas dessa vez Ele queria fazer diferente para mostrar a eles que é um Deus criativo e que detém todo o poder; além disso, Suas diferentes estratégias nos colocam dependentes dEle para que a glória sempre seja Sua e não nossa. Porém, não podemos nos esquecer que Moisés e Arão estavam se sentindo muito pressionados pelo povo, e a fraqueza da carne prevaleceu sobre a força do espírito.

31) O pecado gera brecha para o diabo (serpente): aqui, mais uma vez, o pecado de rebeldia e incredulidade do povo abriu brecha para a assolação e a morte. Deus enviou serpentes venenosas, ou seja, Ele os entregou, novamente, nas mãos do inimigo para aprenderem que a desobediência e o pecado geram morte. Entretanto, deu uma estratégia de escape e salvação: mandou que Moisés fizesse uma serpente de bronze e a pendurasse numa haste e todo aquele que olhasse para ela seria salvo. A serpente de bronze prefigura a CRUZ, a redenção através do sangue de Jesus, nos livrando da morte e do pecado (Jo 3: 14-15).

32) Deus nos dá uma experiência real para confirmar Sua cura sobre nossa vida: quando estavam terminando sua jornada no deserto e prontos para entrar na terra de Canaã, Deus lhes deu uma experiência prática para mostrar a eles que estavam sarados e transformados, que não eram mais escravos, mas conquistadores. Ele os ajudou a tomar a região de Basã e Amom, antes de acamparem nas campinas de Moabe, perto de Jericó. Estavam prestes a entrar na Terra Prometida.

33) A bênção de Deus permanece de pé, mesmo que dada há muito tempo atrás: Deus tinha dado a Abraão a bênção de ser protegido por Ele dizendo: “Benditos os que te abençoarem e amaldiçoados os que te amaldiçoarem”. A palavra continuava valendo (Nm 24: 9b), por isso Balaão não foi capaz de amaldiçoar o povo escolhido. O Senhor continuava zelando sobre a Sua promessa. Contra o povo de Deus não vale encantamento nem adivinhação (Nm 23: 23a).


A rota do Êxodo

Vídeo de ensino

Esse vídeo está em compartilhamento com meu Google Drive. Se estiver assistindo pelo celular, abra com o navegador, em modo paisagem e com tela cheia. Ele é parte do curso bíblico (ver link em dourado no alto das páginas).

Moisés

Este texto se encontra no livro:

livro evangélico: Curso para ensino bíblico – nível 1

Curso para Ensino Bíblico – nível 1 (PDF)

Biblical Teaching Course – first level (PDF)

Sugestão para download:

Genealogias bíblicas (PDF)

Genealogias bíblicas (PDF)

Biblical Genealogies (PDF)


Autora: Pastora Tânia Cristina Giachetti

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