Aprendizados com a história de vida da personagem bíblica Débora, a profetisa e juíza de Israel. Ela incentivou Baraque, livrou seu povo e trouxe um avivamento à sua nação. Quais foram os doze juízes de Israel?

Lessons from the life story of the biblical character Deborah, the prophetess and judge of Israel. She encouraged Barak, freed his people and brought revival to her nation. Who were the twelve judges of Israel?


Personagens bíblicos – Débora




Textos de referência: Jz 2: 1-18; Jz 4; Jz 5

Resumo:

O período dos juízes (Com início em 1375 AC) compreende o período depois que o povo entrou em Canaã e depois que morreram Josué e todos os anciãos de Israel, que viram todas as grandes obras de Deus no meio deles (Jz 2: 7-10; 16), e se estende por um tempo de trezentos e cinqüenta anos. A outra geração que se levantou depois de Josué ter morrido não conhecia o Senhor, tampouco as obras que fizera a Israel. Fizeram o que era mau perante o Senhor, pois serviram os baalins (plural de Baal = ‘Senhor, possuidor, marido’; Astarote ou Aserá era sua consorte), que eram os deuses cananeus cultuados em cada localidade da terra. Deus já tinha se desagradado do Seu povo por não tê-la tomado toda, deixando os antigos moradores ficarem, pois conhecia o risco que os israelitas corriam de aderir à idolatria. Por isso, o Anjo do Senhor veio e os advertiu (Jz 2: 1-5), entretanto, não mudaram de atitude. Assim, Ele os entregou nas mãos dos seus inimigos e não puderam resistir a eles. Deus suscitou juízes que os livraram dos seus adversários, mas quando o juiz falecia, eles reincidiam no pecado e voltavam à condição anterior.

Juízes que julgaram Israel

Otniel (Da tribo de Judá – Jz 3: 7-11)
Eúde (Da tribo de Benjamim – Jz 3: 12-30)
Sangar (Jz 3: 31; Jz 5: 6 – tribo desconhecida). Na verdade, alguns historiadores vêem Sangar não como um juiz, mas como um cananeu procedente da cidade de Bete-Anate do sul, ou Bete-Anote – ARA – cf. Js 15: 59), que venceu 600 filisteus e deu alívio temporário aos israelitas, com uma aguilhada ou aguilhão de bois (Jz 3: 31), que tinha uma ponta de metal afiada (fonte: O Novo Dicionário da Bíblia – J. D. Douglas – edições vida nova, 2ª edição 1995). A aguilhada devia ter cerca de 2,44 metros de comprimento. Em uma das pontas havia um ferrão e na outra uma lâmina com a forma de uma talhadeira, que se usava na limpeza do arado. Quando necessário, a aguilhada servia de substituto da espada.
Débora (julgava em Ramá de Efraim – Jz 4: 1-5; Jz 5: 7; 31)
Gideão (Da tribo de Manassés – Jz 6: 1-8)
Tola (Da tribo de Issacar – Jz 10: 1-2)
Jair (Gileadita da tribo de Manassés – Jz 10: 3-5; Gileade foi filho de Maquir, o primogênito de Manassés, filho de José – Js 17: 1)
Jefté (Da tribo de Manassés – Jz 11: 1-2;32-33; Jz 12: 7)
Ibsã (Da cidade de Belém, provavelmente em Zebulom, pois Belém de Judá é normalmente conhecida como Belém Efrata – Jz 12: 8-10)
Elom (Da tribo de Zebulom – Jz 12: 11-12)
Abdom (Da tribo de Efraim – Jz 12: 13-15)
Sansão (Da tribo de Dã – Jz 13: 1-5; Jz 15: 20; Jz 16: 31)

Depois da morte de Jair (por volta de 1103 AC) houve um período de 40 anos quando Israel foi entregue nas mãos dos filisteus (Jz 13: 1) e o sacerdote Eli estava como líder do Senhor sobre Seu povo, e no período em que o profeta Samuel foi criado pelo sacerdote e cresceu em estatura perante o Senhor (1 Sm 4: 18).

Abaixo, um tabela do tempo dos juízes (início: 1375 AC), mostrando os anos de paz ou opressão descritos na bíblia, os eventos, as referências bíblicas e os juízes da época. Nota: alguns juízes podem ter atuado concomitantemente.


Anos Eventos | Referências bíblicas | Juízes
8 Cusã-Risataim, rei da Mesopotâmia, dominou os Israelitas por 8 anos (1375-1367 AC) | Jz 3: 7-10 | Otniel (de Judá) os livrou.
40 40 anos de paz | Jz 3: 11
18 18 anos de opressão. Serviram a Eglom, rei moabita (Jz 3: 12-14), aos amonitas e amalequitas (Jz 3: 13) | Eúde (de Benjamim; Jz 3: 15-30) julgou. Depois Sangar derrotou os filisteus (Jz 3: 31; Jz 5: 6)
80 80 anos de paz | Jz 3: 30
20 20 anos de opressão sob Jabim, o Cananeu (Jz 4: 1-3 ) | Débora (de Ramá de Efraim) os julgou: Jz 4: 1-5; Jz 5: 7; 31
40 40 anos de paz (Período do exercício de Débora – 1209–1169 AC) | Jz 5: 31
7 7 anos de opressão dos midianitas (Jz 6: 1-8) | Coincide com o período de Rt 1: 1 (1170 ou 1169 AC) | Gideão (de Manassés) os vence – Jz 6: 32; Jz 7: 19-25; 8: 10-12
40 40 anos de paz (Gideão julgou Israel: 1162–1122 AC) | Jz 8: 28 | Coincide com o período de Rt 1: 22; Rt 2: 1
3 Abimeleque julgou Israel por 3 anos, mas não foi escolhido por Deus – Jz 9: 22
23 Tola (de Issacar) julgou por 23 anos | Jz 10: 1-2 (c. 1126-1103 AC)
22 Jair (de Manassés) julgou por 22 anos | Jz 10: 3-5 (c. 1125-1103 AC)
18 18 anos de opressão concomitante pelos Filisteus e pelos filhos de Amom | Jz 10: 6-8
6 Jefté (de Manassés) foi juiz e venceu os Amonitas | Jz 11: 1-2;32-33; Jz 12: 7
7 Ibsã (de Belém de Zebulom) foi juiz e continuou lutando ainda contra os filisteus | Jz 12: 8-10
10 Elom (de Zebulom) foi juiz e continuou lutando ainda contra os filisteus | Jz 12: 11-12
8 Abdom (de Efraim) foi juiz e continuou lutando ainda contra os filisteus | Jz 12: 13-15
40 anos nas mãos dos filisteus (Jz 13: 1 – 1103-1063 AC) – O sacerdote Eli viveu durante esses 40 anos (1 Sm 4: 18)
Sansão: Jz 13: 1-5; Jz 15: 20; Jz 16: 31 (Da tribo de Dã – Jz 13–16). Sansão nasceu por volta de 1090 AC e julgou por 20 anos: 1075-1055 AC (O Novo Dicionário da Bíblia – J. D. Douglas – edições vida nova, 2ª edição 1995)

Samuel (Da tribo de Efraim – 1 Sm 1—25) julgou concomitantemente com Sansão em Betel, Mispa e Gilgal (1 Sm 7: 15-16) como profeta e juiz itinerante. Samuel foi reconhecido como profeta (1 Sm 3: 20), e depois da morte de Eli (1 Sm 4: 18) ele assumiu o ofício de sacerdote em Israel também, embora não fosse de linhagem aarônica (em 1063 AC – O Novo Dicionário da Bíblia – J. D. Douglas – edições vida nova, 2ª edição 1995 – pg. 889 – Livro de juízes), quando os filisteus roubaram a arca da Aliança em Ebenézer e os filhos de Eli também foram mortos (1 Sm 4: 1; 11; 17; 22; 1 Sm 5: 1). É interessante que quando Samuel conseguiu reunir o povo em Mispa e o exortou ao arrependimento (1 Sm 7: 3; 6), eles mesmos pelejaram contra os filisteus e os venceram (1 Sm 7: 10-11; 13), e Samuel tomou uma pedra como memorial da vitória e lhe deu o nome de Ebenézer, que significa ‘pedra de ajuda’ (1 Sm 7: 12), o mesmo nome que o lugar onde tinham sido anteriormente derrotados e onde a arca da Aliança foi tomada.

Note que depois de Sansão a bíblia escreve: “Naqueles dias, não havia rei em Israel; cada qual fazia o que achava mais reto” (Jz 17: 6; Jz 21: 25), pois Saul ainda não tinha sido ungido rei de Israel (1050 AC). Isso corresponde ao tempo em que Samuel, como juiz itinerante, tomava as decisões religiosas e resolvia as disputas.

Débora

Os israelitas haviam se desviado dos caminhos do Senhor depois da morte do juiz Eúde e foram entregues nas mãos de Jabim, rei de Canaã, descendente dos heveus e que reinava em Hazor, ao norte da Terra Prometida. O comandante do seu exército era Sísera e comandava os novecentos carros de ferro de Jabim. Sua opressão já durava vinte anos sobre Israel.

Então, Débora se levantou ‘por Mãe em Israel’. Era profetisa e atendia debaixo da palmeira de Débora entre Ramá e Betel, na região montanhosa de Efraim (Jz 4: 4-5). Seu nome (debhôrâ) significa abelha; mas procede de duas raízes hebraicas: Davah (dizer, falar), Ledabet (qualquer coisa). A bíblia se refere a ela como mulher de Lapidote (lappïdhôth, ‘tochas’). Outros acham que o comandante dos exércitos de Israel, Baraque (bãrãq, ‘relâmpago’), era o marido de Débora. Outros ainda acham que ‘mulher de Lapidote’ era uma descrição dela (‘mulher de tochas’ ou ‘mulher de relâmpagos’).

Os filhos de Israel subiram a Débora. Foi, então, que ela chamou Baraque, filho de Abinoão, de Quedes (ou Cades), de Naftali, tribo do Norte, e o mandou ao Monte Tabor com dez mil homens de Naftali e Zebulom. O Senhor levaria Sísera ao ribeiro de Quisom e o entregaria em suas mãos. Baraque se sentiu inseguro e pediu a Débora que os acompanhasse nessa campanha. Ela concordou em ir com eles, mas lhe revelou que a honra da vitória não seria dele, pois o inimigo pereceria nas mãos de uma mulher.

Héber, o queneu, descendente do cunhado de Moisés, Hobabe (Nm 10: 29 cf. Jz 4: 11; Jz 1: 16), morava junto a Quedes e era aliado de Sísera. Este levou seus novecentos carros para o ribeiro de Quisom e foram derrotados por Baraque. Sísera fugiu para a tenda de Jael, mulher de Héber, o queneu. Entretanto, ela sabia que os ancestrais de Héber eram aparentados dos israelitas por parte de Moisés e, provavelmente, a família de Jael tinha sofrido nas mãos de Sísera (heveu), pois ela tinha consciência do seu erro e de sua maldade e porque ela vivia na terra de Israel. Queneu (Jz 4: 11) era o integrante de uma tribo quenita-midianita, localizada a sudeste do Golfo de Aqaba (parte do Mar Vermelho, a leste, entre da península do Sinai e a região de Midiã, correspondente à Arábia Saudita). O nome queneu significa ferreiro, por causa do cobre existente nessa região (Gn 15: 19; Nm 10: 29-33; Jz 1: 16; Jz 4: 11; 1 Sm 15: 6; 1 Sm 27: 10; 1 Sm 30: 29; 1 Cr 2: 55). Reuel (Jetro), sogro de Moisés, era queneu-midianita. Os recabitas (Jr 35: 2, 3, 5, 18) pertenciam à tribo dos queneus (1 Cr 2: 55; 2 Rs 10: 15; Jr 35: 6-19). Os recabitas rejeitavam a vida civilizada agrícola e fixa. Seguiam a vida nômade, conforme sucedeu a Israel durante o período que andou pelo deserto em fidelidade a Deus. O ancestral era Caim que trazia a marca de YHWH (Gn 4: 15-22). Node (nôdh – o nome nôdh é o mesmo que o infinitivo do verbo nüdh (nwd) que significa: andar para lá e para cá, vaguear), a terra de Caim, era uma terra para o oriente do Éden. Esse nome (Node) é desconhecido fora da bíblia, porém, sua forma e o contexto sugerem que se tratava de uma região onde se tornava necessária uma existência nômade, local depois do Dilúvio reputado ao Oriente Médio, provavelmente Midiã, a terra do sogro de Moisés. Os midianitas eram descendentes de Midiã (‘contenda’), filho de Abraão com Quetura (Gn 25: 2), e viviam como seminômades, habitando no deserto, nas fronteiras da Transjordânia com Moabe e Edom.

Sísera entrou na tenda de Jael e lhe pediu água. Ela lhe abriu um odre de leite, deu-lhe de beber e o cobriu. Então, tomou uma estaca da tenda e, com um martelo, cravou-lhe a estaca na cabeça, traspassando-lhe as fontes (região temporal do crânio, onde estão os ouvidos) e o matou enquanto ele dormia. Saiu da tenda e contou a Baraque onde estava Sísera. Assim, os filhos de Israel prevaleceram contra Jabim, rei de Canaã, até que exterminaram todo o seu exército.

O cântico de Débora (Jz 5: 1-31) confirma a história descrita no capítulo anterior (Jz 4) e diz que ela se levantou por mãe (líder) em Israel para julgar seu povo no meio de tanta idolatria, pois ninguém mais o fez e as aldeias estavam desertas. Baraque, um dos comandantes do exército de Israel, dirigiu o ataque contra Jabim. Efraim, Manassés, Benjamim, Naftali, Zebulom e Issacar ajudaram na guerra. Na tribo de Rúben ouve discussão. As tribos de Gade, Dã e Aser não vieram em socorro dos irmãos. Na verdade, Israel já não se via como um único povo, mas como muitas tribos separadas. Aí veio uma grande chuva por parte do Senhor, que fez transbordar o Ribeiro de Quisom, atolando os carros e os cavaleiros, e o exército cananeu foi vencido pelas espadas dos israelitas. O cântico também rememora a morte de Sísera por Jael e narra a expectativa de sua mãe, esperando-o voltar da batalha e buscando consolo na esperança de ele estar repartindo os despojos, por isso se demorava a chegar. O cântico termina como uma prece ou como uma profecia sobre a derrota dos inimigos e a vitória dos justos, que amam o Senhor.

A bíblia relata que a terra ficou em paz por quarenta anos (Período do exercício de Débora): 1209–1169 AC.

Aprendizados importantes com Débora

1) Mesmo vendo Seu povo em pecado, Deus não o abandona, mas procura meios de resgatá-lo: podemos ver isso por toda a Palavra, sobretudo neste livro de juízes, onde o Senhor atentava para a opressão do Seu povo e levantava líderes para libertá-los. A bíblia diz: “Eu, o Senhor, não mudo”, por isso, até os dias de hoje, Deus continua atento aos que são Seus, mesmo estando eles em caminhos errados, esperando o momento certo de resgatá-los das veredas do erro e do pecado.

2) Uma única pessoa que esteja na presença de Deus pode estimular os outros que não estão: Débora tomou, na verdade, uma iniciativa de avivamento naquela nação. Em Jz 5: 7 está escrito: “eu me levantei por mãe em Israel” e em Jz 5: 12, onde está escrito a palavra “desperta” (em português), no original está escrito: “Tu te levantaste”. Assim, ela se ofereceu como instrumento de Deus. A partir da sua atitude, Baraque foi avivado e levou consigo todo o exército e todo o povo para destronar seus opressores. Nós também devemos nos colocar como instrumentos nas mãos do Senhor para que Seu plano de salvação se cumpra nas vidas de uma forma geral, assim como Seu projeto individual se cumpra naqueles que Ele deseja trazer para o Seu reino.

3) Nem sempre Deus escolhe os mais capacitados, mas os humildes e fracos, em quem pode despertar ousadia e coragem para envergonhar os fortes. Baraque estava tecnicamente mais capacitado que Jael, pois era comandante militar, entretanto, o Senhor deixou que Jael, uma mulher aparentemente frágil, recebesse a honra por derrotar o líder inimigo. Foi o próprio Deus que, provavelmente, infundiu em Jael a coragem para tomar a decisão que tinha que tomar usando, talvez, sua vontade interior de ver Sua justiça prevalecer sobre as marcas deixadas pelos anos de opressão que experimentara nas mãos de Jabim. Nós podemos nos sentir incapacitados para certas missões ou tomadas de posição, porém, quando reconhecemos a mão de Deus sobre o projeto, adquirimos ousadia para seguir em frente. O importante não é ter recursos e capacidades humanas, e sim estar na dependência dEle.

4) Deus é Soberano sobre toda a criação: mais uma vez na história de Israel, Deus usa as forças da natureza para livrar Seu povo. Ele pode usar o comum, como uma chuva de pedras, ou o improvável, como separar as águas do mar ou do rio, pois é o soberano sobre todas as coisas. Ainda hoje, Ele é o mesmo e pode usar de todas as maneiras para trazer Sua bênção às nossas vidas; dessa forma, a honra e a glória pela vitória serão exclusivamente dEle.

5) Não deixar o inimigo se esconder em nossa casa e não colocar a fidelidade aos homens acima da fidelidade a Deus: Jael, aparentemente, deixou o inimigo entrar na tenda dela, mas não o deixou permanecer lá, ou seja, o inimigo das nossas almas pode até tentar deixar sua marca, todavia, cabe a nós colocá-lo para fora da nossa terra para não incorrermos no mesmo erro de Israel quando entrou em Canaã. Mesmo porque se nos acostumarmos com o mal dentro de nós, não poderemos mostrar ao mundo a luz de Jesus nem viver Sua santidade, o que nos afasta da comunhão verdadeira com Ele. Jael tomou também outra decisão importante: ela não colocou a obediência ao seu marido ou a Jabim acima da obediência a Deus, pois embora Héber tenha feito pactos e acordos com os heveus e cananeus, talvez por alguma compensação pessoal, ela decidiu obedecer à voz do Senhor em seu coração e destruir o inimigo de Israel; provavelmente, se lembrou do parentesco longínquo existente entre os queneus e os israelitas e do quanto as duas nações foram beneficiadas por terem se unido no projeto do verdadeiro Deus (Moisés e seu sogro Jetro, midianita). Nós não devemos colocar nossa fidelidade aos homens acima da nossa fidelidade ao Senhor. Pedro e os demais apóstolos entenderam essa verdade, por isso disseram: “Antes importa obedecer a Deus do que aos homens” (At 5: 29).

6) Quando o povo de Deus deixa outros deuses reinarem no seu meio, a visão do todo deixa de existir: aqui, podemos nos lembrar da reação das tribos em relação à batalha; umas aderiram e ajudaram, outras fugiram da luta, pois preferiram cuidar de si mesmas. Nós podemos identificar muitos deuses neste texto e que permanecem atuando no meio do povo de Deus: comodismo, doutrinas, egoísmo, idolatria, individualismo, conforto material etc. Se dermos um pouco de atenção às bênçãos proféticas de Jacó aos seus filhos em Gn 49: 1-33 e ao significado dos seus nomes, talvez possamos entender a atitude das tribos. Efraim e Manassés (filhos de José) ajudaram na batalha. O significado dos seus nomes são: frutífero (Efraim) e aquele que fez esquecer (Manassés) e Jacó (Gn 49: 24) exaltou o poder militar de José (sua bênção era profética sobre o filho). Benjamim significa: filho da minha mão direita (Gn 49: 27), o que, simbolicamente, fala de lealdade e da disposição de ajudar. Naftali (Gn 49: 21) significa: lutador, característica necessária ao combate em Quisom. Zebulom (Gn 49: 13) significa: exaltar. Débora exaltou sua coragem e sua capacidade de luta quando fez seu cântico. Issacar também ajudou. Seu nome significa: trabalhador alugado (Gn 49: 14-15) e já estava acostumado com a posição de servo e carregador de cargas. Talvez, as tribos de Judá e Simeão também ajudaram. Se olharmos, agora, para os que não ajudaram, veremos uma característica em Rúben, descrita em Gn 49: 3 nas bênçãos de Jacó: altivez e poder que, provavelmente, causou disputa entre os componentes da tribo, dificultando a ajuda aos irmãos. Em outras palavras, a altivez do ego e a disputa de poder são deuses que competem com a diretriz divina de interação e cooperação. Gileade era a terra ocupada pela tribo de Gade, a leste do Jordão, fértil e apropriada para o gado. Gade significa: afortunado, boa sorte. O bem-estar de que esta tribo desfrutava e a abundância em que vivia podem tê-la desestimulado da guerra, mantendo-a no comodismo e no individualismo. Aser (Gn 49: 20) significa: feliz, bem-aventurado, tesouro e a característica principal desta tribo era a prosperidade, outro deus que pode ocupar o coração do povo do Senhor, fazendo-o se esquecer dos menos favorecidos. (Gn 49: 16-17) tem uma característica descrita por Jacó parecida com a astúcia e a traição (serpente). Talvez, por isso, negasse ajuda quando seus irmãos mais precisavam dela. Resumidamente: quando se goza de certo bem-estar, mesmo sendo este bem-estar sustentado por um mau hábito, torna-se mais difícil se identificar com os que sofrem. Por outro lado, aqueles que já estão mais acostumados com a vida difícil ou com o trabalho árduo respondem mais prontamente a um pedido de socorro, pois experimentaram a necessidade por si mesmos.

7) A sabedoria de Deus gera respeito, confiabilidade e segurança: Débora tinha a sabedoria de Deus, não a humana, por isso o que ela falava era acatado e reconhecido como verdadeiro. Baraque confiou nela para subir ao Tabor com os dez mil homens. Débora, como vimos, tem o significado hebraico de: “falar qualquer coisa”. Na verdade, ela não falava qualquer coisa; ela falava com Deus e Ele era com a boca de Débora. Ele lhe deu sabedoria para julgar e isso lhe garantiu o respeito da nação. A sabedoria é um dom que concede à pessoa que a possui a capacidade de agir da maneira correta e de usar os conhecimentos que tem da forma acertada em qualquer situação.

8) Dar exemplo através das atitudes: o judeu dá muito valor ao significado do nome de alguém, pois isso não só o descreve, mas dá forma à sua personalidade. Débora também significa abelha e, como uma abelha, ela agiu no meio de Israel. Esse inseto vive em enxame, em uma comunidade com a qual se importa. Seu trabalho produz coisas boas. A abelha trabalha fora da colméia para depois trazer o fruto do seu trabalho para o bem da comunidade (pólen para produção de mel). Débora, por estar na presença de Deus, foi um instrumento útil aos seus compatriotas e o trabalho que desempenhou trouxe benefícios para todos, mesmo para aqueles que se conservaram à margem do conflito. Ela soube usar o que tinha de melhor com sabedoria e deu exemplo aos seus irmãos, avivou seu povo e o lembrou da importância da união e do serviço.

9) Semelhança com Moisés e Miriã: à semelhança dos seus antepassados, que ergueram um cântico ao Senhor após a vitória, Débora também entoou um cântico. Naquela época o cântico era um recurso didático muito comum: ele contava uma história, celebrava a vitória com a intenção de inspirar louvor e adoração a Deus, reavivava a fé e o cuidado do Senhor por Seu povo e era um alívio para quem tinha sofrido por tantos anos debaixo de jugo. Além disso, era uma forma de ensinar as pessoas e deixar gravado na sua memória algo importante para as futuras gerações. Débora deixou registrada a glória de Deus sobre Sísera e Jabim. Da mesma maneira nós devemos fazer após uma vitória que o Senhor nos concede: agradecer e deixar registradas, de alguma forma, a honra e a glória devidas a Ele.


Juízes-mapa
JUÍZES DE ISRAEL

A terra das doze tribos
A TERRA DAS DOZE TRIBOS

Nações de Canaã no tempo de Josué
AS SETE NAÇÕES DE CANAÃ NO TEMPO DE JOSUÉ
(Cananeus, Heteus, Girgaseus, Amorreus, Jebuseus, Fereseus, Heveus

Monte Tabor Ribeiro de Quisom
Monte Tabor e Ribeiro de Quisom

Vídeo de ensino

Esse vídeo está em compartilhamento com meu Google Drive. Se estiver assistindo pelo celular, abra com o navegador, em modo paisagem e com tela cheia. Ele é parte do curso bíblico (ver link em dourado no alto das páginas).

Débora

Este texto se encontra no livro:


livro evangélico: Curso para ensino bíblico – nível 1

Curso para Ensino Bíblico – nível 1 (PDF)

Biblical Teaching Course – first level (PDF)

Sugestão de leitura:


livro evangélico: Uma porta para a vida

Uma porta para a vida – Alegoria (PDF)

A door to life – Allegory (PDF)


Autora: Pastora Tânia Cristina Giachetti

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