Isaías 47: a queda de Babilônia por Ciro II; o cilindro de Ciro; a descrição e os achados arqueológicos da cidade de Babilônia. O Senhor abate os orgulhosos e altivos como fez com a suntuosa cidade de Babilônia.

Isaiah 47: the fall of Babylon by Cyrus II; the cylinder of Cyrus; the description and archaeological findings of the city of Babylon. The Lord strikes down the proud and haughty as He did with the sumptuous city of Babylon.


Isaías cap. 47 – A queda da Babilônia




Capítulo 47

A queda de Babilônia – v. 1-15.
• Is 47: 1-15 (cf. Is 13: 1 – 14: 23; Jr 50: 1 – 51: 64): “Desce e assenta-te no pó, ó virgem filha de Babilônia; assenta-te no chão, pois já não há trono, ó filha dos caldeus, porque nunca mais te chamarás a mimosa e delicada. Toma a mó e mói a farinha; tira o teu véu, ergue a cauda da tua vestidura, desnuda as pernas e atravessa os rios [NVI: ‘Apanhe pedras de moinho e faça farinha; retire o seu véu. Levante a saia, desnude as suas pernas e atravesse os riachos’]. As tuas vergonhas serão descobertas, e se verá o teu opróbrio; tomarei vingança e não pouparei a homem algum [NVI: ‘não pouparei ninguém’]. Quanto ao nosso Redentor, o Senhor dos Exércitos é seu nome, o Santo de Israel. Assenta-te calada e entra nas trevas, ó filha dos caldeus, porque nunca mais serás chamada senhora de reinos. Muito me agastei contra o meu povo, profanei a minha herança e a entreguei na tua mão, porém não usaste com ela de misericórdia e até sobre os velhos fizeste mui pesado o teu jugo. E disseste: Eu serei senhora para sempre! Até agora não tomaste a sério estas coisas, nem te lembraste do seu fim [NVI: ‘Mas você não ponderou estas coisas, nem refletiu no que poderia acontecer’]. Ouve isto, pois, tu que és dada a prazeres, que habitas segura, que dizes contigo mesma: Eu só, e além de mim não há outra; não ficarei viúva, nem conhecerei a perda de filhos. Mas ambas estas coisas virão sobre ti num momento, no mesmo dia, perda de filhos e viuvez; virão em cheio sobre ti, apesar da multidão das tuas feitiçarias e da abundância dos teus muitos encantamentos [NVI: ‘de todas as suas poderosas palavras de encantamento’]. Porque confiaste na tua maldade e disseste: Não há quem me veja. A tua sabedoria e a tua ciência, isso te fez desviar, e disseste contigo mesma: Eu só, e além de mim não há outra. Pelo que sobre ti virá o mal que por encantamentos não saberás conjurar [NVI: ‘A desgraça a alcançará e você não saberá como esconjurá-la’]; tal calamidade cairá sobre ti, da qual por expiação não te poderás livrar; porque sobre ti, de repente, virá tamanha desolação, como não imaginavas. Deixa-te estar com os teus encantamentos e com a multidão das tuas feitiçarias em que te fatigaste desde a tua mocidade; talvez possas tirar proveito, talvez, com isso, inspirar terror. Já estás cansada com a multidão das tuas consultas! Levantem-se, pois, agora, os que dissecam os céus e fitam os astros [os seus astrólogos, é o que quer dizer], os que em cada lua nova te predizem o que há de vir sobre ti. Eis que serão como restolho, o fogo os queimará; não poderão livrar-se do poder das chamas; nenhuma brasa restará para se aquentarem, nem fogo, para que diante dele se assentem. Assim serão para contigo aqueles com quem te fatigaste; aqueles com quem negociaste desde a tua mocidade [NVI: ‘com quem teve negócios escusos desde a infância’]; dispersar-se-ão, cambaleantes [NVI: ‘Cada um deles prossegue em seu erro’], cada qual pelo seu caminho; ninguém te salvará”.

A palavra ‘Babilônia’, em Sumeriano, é escrito como kà-dingir-ra, que significa “porta de Deus”; e em hebraico é escrito como Bãbhel (Strong #894; Gn 10: 10; Gn 11: 9 – a torre de Babel), que provém da raiz hebraica bãlal (Strong #1101), significando “confusão” ou “mistura”.

Nesta profecia Deus repreende a Babilônia por causa da sua hostilidade contra Israel e também por causa da sua idolatria. Mais adiante, eu vou escrever como era a cidade da Babilônia, e aí sim, nós poderemos ver porque o profeta Isaías e outros criticaram tanto a idolatria naquela cidade e naquele reino; porque os profetas zombaram tanto dos ídolos e porque repreenderam tão insistentemente o povo de Deus a respeito deste assunto. Se compararmos este capítulo de Isaías com Jr 50: 1 – Jr 51: 64 nós veremos que a destruição da Babilônia não veio de uma só vez através de Ciro. Ele tirou sua supremacia. Os governantes que se seguiram, tanto os persas quanto gregos (Alexandre) e os selêucidas (da Síria), partos e romanos, terminaram o que já havia sido profetizado e a transformaram em ruínas através das gerações, se aproveitando das rebeliões dos descendentes dos seus reis a partir de Belsazar. Apesar da política preservadora de Ciro, segundo foi iniciado pela Dinastia Aquemênida, os persas eram também um povo guerreiro e cruel como está descrito nas profecias de Jeremias citadas acima (Jr 50: 41-42).


Caldéia
Mapa da Caldéia

Vamos falar um pouco sobre a cidade de Babilônia:
Grandes monumentos foram construídos na Babilônia, assim como suas grandes e espessas muralhas, mas não se encontrou evidência concreta até hoje sobre os ‘Jardins Suspensos’, cuja localização ainda não foi identificada. Além dos ‘Jardins Suspensos’, outro monumento babilônico era o Zigurate, que deu origem às suposições sobre a aparência da torre de Babel, citada na bíblia (Gn 11: 1-9). O Zigurate era um tipo de templo para os deuses, criado pelos sumérios, os antepassados dos babilônios e assírios, e construído na forma de pirâmide terraplanada. O formato era o de vários andares construídos um sobre o outro, com plataformas ovais, retangulares ou quadradas, que iam diminuindo de tamanho como uma pirâmide até o topo. O número de andares variava de dois a sete. Havia vários Zigurates na Babilônia.

O centro do zigurate era de tijolos queimados (Gn 11: 3), mais resistentes do que os tijolos cozidos ao sol e que eram colocados no exterior da construção. Do lado de fora também eram colocados alguns adornos, geralmente envidraçados de cores diferentes. Para se chegar ao topo, subia-se por uma série de rampas ao lado da construção ou por uma rampa espiralada da base ao topo. Os primeiros zigurates de que se tem notícia foram construídos por volta de 3.000 AC. Alguns deles construídos no século VI AC são famosos, como o de Chorsabad na Mesopotâmia, e o de Ur na Caldéia. Chorsabad (ou Khorsabad) é o nome atual de um vilarejo no norte do Iraque conhecido na Antiguidade como Dur Sharrukin (‘Fortaleza de Sargom’), pois Sharrukin é o nome Acadiano de Sargom, escrito como Šarru-kin ou Šarru-kinu, que significa: ‘o verdadeiro rei’ ou ‘o legítimo rei’; e em cuneiforme, ŠAR.RU.KI.IN; LUGAL.GIN. Dur Sharrukin foi uma antiga capital da Assíria (713 AC) construída por Sargom II em 717 AC. Depois de sua morte, Senaqueribe transferiu a capital para Nínive. O zigurate de Ur dos Caldeus era dedicado a Sin (Sîn), o deus Acadiano da lua, chamado Nanna, em Sumério. Os zigurates não eram lugar de cerimônias públicas ou de idolatria. Na Mesopotâmia eles eram considerados a morada dos deuses, onde eles se colocavam perto da humanidade; por isso, em cada cidade, as pessoas adoravam seus próprios deuses ou deusas. Apenas os sacerdotes entravam ali e cuidavam da adoração aos deuses e intercediam pela comunidade. Os zigurates também eram locais de armazenamento de cereais, moradia dos governantes, biblioteca e um lugar de onde se observavam o céu, as estrelas e as enchentes dos rios Tigre e Eufrates. Um dos zigurates maiores e mais sólidos é o Etemenanki, dedicado a Marduque. Etemenanki (É.TEMEN.AN.KI) é um termo Sumério que significa ‘A fundação do céu e da terra’. Ele foi construído por Hamurabi (1792-1750 AC), um rei Babilônico que conquistou a Suméria e a Acádia, e foi estendendo seu reino para o norte, chegando a conquistar Assur. Depois, vários reis construíram no local até que a estrutura foi finalizada por Nabucodonosor. Não sobrou mais nada dela, nem mesmo a base, mas os achados arqueológicos e as fontes históricas sugerem que ele era composto de camadas de várias cores, em especial o azul anil, e, no topo, havia um templo de proporções consideráveis, sendo que três andares de escada levavam ao templo; duas delas subiam só até a metade do zigurate. No início, parece ter sido construído com sete andares, atingindo uma altura de noventa e um metros.


Zigurate de Ur-desenho Zigurate de Ur
Zigurate de Ur dos Caldeus / à direita: Fachada reconstruída do zigurate de Ur

Jardins Suspensos da Babilônia Ruínas da Babilônia
Jardins suspensos da Babilônia (hipotético) / Ruínas da Babilônia (wikipedia.org)

Torre de Babel
Torre de Babel – Pieter Bruegel, o velho, 1563 (pintor holandês) – museu de Viena


O sistema defensivo de muralhas da cidade de Babilônia era constituído várias muralhas: uma ao redor da cidade exterior, em forma triangular, na margem oriental do Eufrates, e uma ao redor da cidade interior (do tempo de Nabucodonosor II) com vinte e sete quilômetros de comprimento. Também havia muralhas e torres nos arredores da cidade exterior para o lado sudeste que levava à cidade de Kish e para o norte até a cidade de Sipar (citada na bíblia com o nome de Sefarvaim – ver mapa da Caldéia colocado acima). As muralhas, extremamente altas (mais ou menos 15-20 metros), eram constituídas por três paredes sucessivas, das quais a do meio era a mais sólida, separadas por fossos. O fosso exterior fora das muralhas tinha cinqüenta metros de largura e era cheio de água. A muralha interior (a que protegia o palácio de Nabucodonosor) era constituída por dois muros paralelos, e foram construídos por Esar-Hadom, Assurbanipal, Nabopolassar e Nabucodonosor, muros fortes e espessos bastante para as carruagens passarem sobre eles. O muro externo desta muralha interior tinha seis metros e meio de espessura e estava à distância de sete metros e vinte centímetros do muro interno, com três metros e setenta centímetros de espessura. A fileira externa desses dois muros era protegida por torres de defesa a cada trinta ou cinqüenta metros e tinha oito portas. O muro interior é denominado ‘Imgur-Enlil’ (‘Enlil mostrou o seu favor’), e o exterior, mais espesso, é denominado ‘Nimit-Enlil’ (‘muralha de Enlil’). Durante as décadas de 1960 e 1970, as equipes arqueológicas iraquianas empreenderam a restauração de monumentos antigos no país, com objetivos turísticos, paralelamente com novas escavações. Entre essas restaurações, encontram-se as muralhas da antiga cidade de Babilônia. A cada trinta ou cinqüenta metros havia torres defensivas. Havia dezenas de torres na cidade.

A cidade possuía oito portas, todas com nomes de divindades (com exceção da ‘Porta do Rei’), protegendo as respectivas portas. Além do nome da divindade havia uma frase, que enfatizava essa proteção, por exemplo, ‘o inimigo lhe é repugnante’ na porta da deusa Uras (Urash ou Uraš), deusa da terra e uma das esposas do deus do céu Anu; ‘odeia o seu agressor’ na porta de Zababa, o deus guerreiro, patrono de Kish; ‘Istar derruba o seu assaltante’ na porta de Istar, a deusa babilônica do amor e da fertilidade. Quatro portas foram escavadas e identificadas na parte oriental: a de Istar, a de Marduque, a de Zababa e a de Urash. Marduque (anteriormente chamado ‘Bel’) foi considerado o deus supremo porque derrotou a deusa Tiamate (‘o dragão-caos’ dos oceanos). As outras portas da parte ocidental, localizadas de forma imprecisa, eram: a porta do Rei; a porta de Adade (também conhecido como Ada, Ande, Hadade ou Adu; era o deus que estava ligado ao trovão); a porta de Shamash ou Samas (o deus-sol acadiano) e a porta de Enlil (tio de Marduque). Enlil (em sumério, chamado ‘En’ ou ‘Enlil’), era o deus do ar e dos ventos. A tradução precisa do seu nome em sumério é ‘Senhor do Vento’ (‘En’ = ‘Senhor’; ‘Lil’ = Vento, Ar).


Ruínas de Babilônia Muralhas de Babilônia
Ruínas de Babilônia em 1932 / Muralhas da Babilônia – reconstruídas em 1970 pelo governo do Iraque


A porta de Istar (do lado leste do rio Eufrates, e colocada na muralha norte) era maciça e conduzia à via sagrada das procissões (a ‘Via Processional’ ou ‘Ay-ibur-šabu’, ‘que o inimigo arrogante não passe’). A porta de Istar era construída com tijolos vitrificados e decorada com leões e rosáceas. A via sagrada das procissões prosseguia para o sul até o zigurate de Etemenanki e a fortaleza de Esagila (ambos são identificados com o templo de Marduque, sendo o zigurate um monumento maior para ele). Esagila, em Sumério, É-SAĞ-ÍL.LA, significa: ‘templo cujo topo é elevado’ ou ‘templo de teto alto’. A presença da estátua de Marduque em Esagila era sinal de vitória, e era carregada para a capital do inimigo que a conquistasse. A Via Processional era uma avenida pavimentada, de um quilômetro de comprimento, e cujas paredes eram revestidas de tijolos decorados com 120 leões (símbolo de Istar) e 575 dragões (‘mushrishu’, mušhuššu, símbolo de Marduque ou Bel, seu nome mais antigo) e touros (símbolo de Adade; na verdade, ‘auroques’, um ancestral já extinto do gado), enfileirados alternadamente (no sentido vertical). Ela virava para o oeste, atravessando o Eufrates por meio de uma ponte que ligava a Cidade Nova, da margem ocidental, com a antiga capital, a leste. Cinqüenta e três templos foram recuperados em vários bairros da cidade, mas as sucessivas destruições ali deixaram muito pouco do conteúdo desses templos no seu lugar de origem.


Portão de Istar Ladrilhos originais da Via Processional
Portão de Istar / Ladrilhos originais da Via Processional da antiga cidade de Babilônia, no Iraque

Na primeira imagem abaixo: Porta de Istar e Muros da Via Processional reconstruídos com tijolos vitrificados e decorados com rosáceas, 120 leões e 575 dragões e touros, enfileirados alternadamente, no sentido vertical (museu de Pérgamo, em Berlim).

Na segunda imagem abaixo: Detalhe da reconstrução da porta de Istar.


Porta de Istar e muros da Via Processional Portão de Istar
Portão de Istar (museu de Pérgamo, em Berlim)

Um dos dragões na Porta de Istar
Um dos dragões (‘mushrishu’) na Porta de Istar (museu de Pérgamo) – wikipedia.org

Tijolos da Porta de Istar Decoração de tijolos da Sala do Trono
Um detalhe do leão na Porta de Istar / Decoração de tijolos da Sala do Trono

Touro na Porta de Istar Dragão e touro na porta de Istar

Imagens acima:
À esquerda, um detalhe do touro e à direita o touro e o dragão (‘mushrishu’, mušhuššu, símbolo de Marduque), vistos na Porta de Istar, na Babilônia – wikipedia.org.

Nabucodonosor tinha três palácios reais na área do Kasr (Kasr = ‘Palácio ou Castelo’), o setor dos palácios, na parte leste da cidade, ao lado das muralhas: o ‘Palácio Sul’ e o ‘Palácio Norte’; e outro isolado mais ao norte, conhecido como o ‘Palácio de Verão’. O ‘Palácio Sul’ (Südburg, ‘Fortaleza do sul’, na denominação dos arqueólogos alemães que escavaram a cidade), chamado ‘Palácio do Maravilhamento do Povo’ nas inscrições de Nabucodonosor II, é o palácio real mais conhecido da Babilônia (o rei também o chamava de ‘A maravilha da humanidade’, ‘o centro da terra’, ‘a residência brilhante’, ‘a morada da majestade’). Ele era constituído de cinco prédios separados por grandes pátios que comunicavam uns com os outros. É provável que as divisões da parte norte tinham uma função administrativa; e as da parte sul era onde se encontravam os palácios reais.

Entre esses edifícios está a Sala do Trono, com cinqüenta e dois a cinqüenta e seis metros de comprimento por dezessete de largura e que, talvez, tenha sido usada no tempo de Daniel. No ângulo nordeste do Kasr se encontra os remanescentes de pilares abobadados, que Koldewey (Robert Johann Koldewey, 1855-1925, arqueólogo alemão que fez uma profunda escavação no sítio da antiga cidade de Babilônia) julgou serem os suportes para os ‘jardins suspensos’, edificados por Nabucodonosor em honra de sua esposa, Amitis, para que ela se lembrasse de sua terra de origem, a Média, com muita vegetação. As decorações em tijolos vitrificados das paredes da sala do trono do Palácio Sul eram: palmeiras, flores (rosáceas) e leões, e datam da época do império Neo-Babilônico (626–539 AC), mais especificamente, do reinado de Nabucodonosor II (605-562 AC). A Sala do Trono se achava no terceiro pátio do palácio real. No museu de Pérgamo, em Berlim, foi colocada uma reconstrução dessas paredes, e colocadas à esquerda do Portão de Istar. A parte inferior da fachada, com a representação dos leões, foi reconstruída a partir dos fragmentos originais de tijolos cozidos. Os leões se voltavam para a entrada principal da sala, ou seja, estavam de frente para a entrada. Koldewey fez a escavação da sala do trono por volta de 1899-1917. Ela foi usada como sala de recepção oficial.


Mapa da cidade de Babilônia
Mapa da cidade de Babilônia no século VI AC, segundo os sítios arqueológicos

Tumba do profeta Daniel Interior da tumba de Daniel
Tumba do profeta Daniel em Susã, Irã (wikipedia.org, photo: Shahryar.seven) / Interior da tumba


Ciro iniciou o processo da queda da Babilônia, tirando sua supremacia. Por isso, Jeremias (Jr 50: 39; 46) diz que a extinção total da Babilônia não se cumpriria imediatamente, mas gradualmente (‘de geração em geração’ – ARA).
Antigos governantes babilônicos levantaram insurreições, tentando reaver o trono:
• Nabucodonosor III (Nidintu-Bel) contra Dario I (522-486 AC) – 522 AC. Dario I demorou um pouco mais de 1 ano e ½ para conseguir tomar a cidade.
• Nabucodonosor IV contra Dario I – 514 AC. Dario I a privou de suas fortificações; as muralhas foram parcialmente destruídas.
• Bel-shimani e Shamash-eriba, no reinado de Xerxes I (486-465 AC), o filho de Dario I – 482 AC.

Por causa dessas insurreições foi que Xerxes destruiu a cidade quase que totalmente em 478 AC. Os reis citados acima eram reis babilônicos nativos que recuperaram brevemente independência, mas quando essas rebeliões foram reprimidas a Babilônia permaneceu sob o domínio persa por dois séculos, até a entrada de Alexandre, o Grande, em 331 AC. Alexandre patrocinou a restauração de canais e do Esagila (templo de Marduque; Esagila, em sumério É-SAĞ-ÍL.LA, ‘templo de teto alto’, literalmente: ‘casa da cabeça erguida’). Depois da sua expedição à Índia, instalou-se na cidade durante alguns meses e residiu por um tempo num dos palácios de Nabucodonosor, mas faleceu em junho de 323 AC, antes que a obra de restauração da cidade estivesse terminada. Os selêucidas, que se seguiram a Alexandre, mudaram a capital para Selêucia, na margem ocidental do rio Tigre, levando junto com eles os cidadãos babilônicos e as riquezas daquele lugar. Selêucia foi uma grande cidade mesopotâmica dos impérios Selêucida (323-63 AC), Parta (247 AC-224 DC) e Sassânida (224-651 DC). Ela ficava na margem oeste do rio Tigre, oposta a Ctesifonte, dentro da Babilônia, atual Iraque. Assim, em 312 AC, a cidade de Babilônia uma vez mais caiu na destruição e na ruína por causa da invasão selêucida, embora o templo de Bel tivesse permanecido até 75 DC. Depois dos Selêucidas, a cidade de Babilônia, quase que totalmente destruída, passou para as mãos dos partas, que também mudaram a capital do império de Selêucia para Ctesifonte na margem oriental do Tigre, defronte do local onde esteve a antiga cidade grega de Selêucia, e a nordeste da antiga cidade da Babilônia. Ctesifonte (perto da moderna Al-Mada’in, Iraque) foi a capital dos impérios parta (247 AC-224 DC) e sassânida (224-651 DC). O imperador Romano Adriano (117-138 DC) nada deixou de Babilônia além de ruínas.


Selêucia, Ctesifonte e Babilônia

A tomada de Babilônia por Ciro

Voltando a Ciro, em uma noite de 5 para 6 de outubro de 539 AC, ele acampou em volta de Babilônia com seu exército. As muralhas eram consideradas impenetráveis. O único caminho para a cidade era através de uma de suas muitas portas ou através do rio Eufrates. As grades de metal dos portões chegavam até debaixo d’água, permitindo que o rio fluísse através das muralhas da cidade, ao mesmo tempo em que evitava invasões. Os persas elaboraram um plano para entrar na cidade através do rio. As tropas de Ciro desviaram engenhosamente as águas do Eufrates rio acima para um lago artificial e, enquanto os babilônios festejavam (no banquete de Belsazar), o exército persa sob comando do general de Ciro, Gobrias (em grego; Gaubaruva ou Gubaru, em Persa antigo), passou com a água na altura da coxa de um homem (Jr 51: 36), pois os portões estavam abertos. De surpresa eles atacaram a cidade em 07 de outubro de 539 AC (Jr 51: 41). Às margens do Eufrates havia grandes quantidades de juncos grandes e altos, que os persas queimaram na base das muralhas exteriores, e depois as demoliram (Jr 51: 58). O exército persa conquistou as áreas periféricas da cidade, enquanto a maioria dos babilônios no centro dela desconhecia a invasão.

Assim, o general de Ciro capturou a cidade (Jr 51: 31-32) e Nabonido. Os combates foram breves, mas muitas pessoas foram mortas (Jr 51: 53-56), em especial quando Belsazar foi surpreendido no decorrer do seu banquete. Foram mortos os representantes do mal que realizavam opressão sobre os indefesos, ou seja, Belsazar, os príncipes babilônicos, os seus sábios, os seus governantes, os seus vice-reis e os seus valentes (Jr 51: 57), ou seja, os soldados que se opuseram à sua entrada lá e todos os magos e assessores reais.


Ciro entrando na Babilônia
Ciro entrando na Babilônia


Alguns dias depois, os exércitos persas sob seu comando entraram na cidade (16 de outubro de 539 AC) sob os aplausos do povo, fato incomum na Antiguidade. A corrupção e as imoralidades vividas na corte de Nabonido, seu último rei, provocaram o descontentamento do povo, facilitando a conquista persa. Em Dn 5: 30 está escrito que Belsazar, filho de Nabonido, foi morto no mesmo dia da declaração do enigma na parede (MENE, MENE, TEKEL, PARSIM). Nabonido (reinado: 556-539 AC) reinou em co-regência com seu filho Belsazar, pois de 554 a 544 AC ele havia sido expulso pelo seu próprio povo por causa de suas atitudes de governo, desdenhando o clero de Marduque; aparentemente, ele se desinteressou deste deus em favor do deus-lua Sîn. Então, viveu por dez anos em Tema (ou Temá) na Arábia. Tema ou Temá (hebraico transliterado: tẽmã’ ou têymâ’) é o nome do nono filho de Ismael (Gn 25: 15; 1 Cr 1: 30) bem como do distrito onde seus descendentes habitavam (Jó 6: 19). Temá é mencionado juntamente com Dedã e Buz, como um lugar remoto (Jr 25: 23), e como um oásis no deserto que ficava dentro da rota comercial que atravessava a Arábia (Is 21: 14), no noroeste da Arábia. A cidade (em babilônico, Tema’), hoje em ruínas (Taima), também figura em documentos que registram sua ocupação por Nabonido, rei da Babilônia, durante o seu exílio. Ele voltou para a Babilônia em 544 AC, mas já encontrou um país enfraquecido e dividido. Após a captura da cidade pelo general de Ciro, Belsazar foi morto e Nabonido permaneceu vivo por algum tempo ainda, sendo morto mais tarde.

O Cilindro de Ciro

Ciro II expressou o seu desejo de preservar a cidade e ganhou os favores do clero local proclamando um decreto que lhes era muito favorável, que se encontra escrito no Cilindro de Ciro, descoberto nas ruínas de Babilônia. O Cilindro de Ciro é um cilindro de argila em cujo interior há grandes pedras de cor cinza, atualmente dividido em vários fragmentos, no qual está escrita uma declaração em escrita cuneiforme acadiana, listando sua genealogia como um rei de uma linhagem de reis, e relatando a sua captura de Babilônia em 539 AC.

O cilindro mede 22,5 cm de comprimento por 10 cm no seu diâmetro máximo. O texto diz que o vitorioso Ciro foi recebido pelo povo da Babilônia como seu novo governante e entrou na cidade em paz. Ele exalta os esforços de Ciro como um benfeitor dos cidadãos da Babilônia e responsável por melhorar suas vidas, repatriar os povos deslocados e restaurar templos e santuários religiosos pela Mesopotâmia e em outros lugares na região. Ele conclui com uma descrição do trabalho de Ciro de reparar as muralhas da Babilônia. O texto do cilindro também denuncia o rei babilônico deposto Nabonido como ímpio e retrata Ciro como agradável ao deus principal Marduque. Provavelmente, ele data do século VI AC (539 AC). Há muita controvérsia entre os estudiosos sobre alguma coisa escrita no cilindro de Ciro sobre a repatriação dos judeus (Ed 1: 1-4; 2 Cr 36: 23). Embora não seja mencionado especificamente no texto, a repatriação dos judeus de seu cativeiro babilônico foi interpretada como parte desta política geral.


O cilindro de Ciro
O cilindro de Ciro


Na verdade, seu reinado seguiu a política de toda a dinastia Aquemênida, com sua tolerância para com as diversas religiões e culturas, reconstruindo templos antes destruídos e permitindo que seus súditos estivessem sob a administração de líderes locais, e assim, muitos daqueles povos se viram em melhor situação sob os persas do que independentes deles. Os governantes da dinastia Aquemênida construíram estradas ligando as principais cidades, e o seu sistema de correios era bastante eficiente. As estradas também facilitavam o comércio do Egito e da Europa com a Índia e a China, do qual a Pérsia se beneficiou grandemente. A habilidade política de Ciro, seguida pelos seus sucessores imediatos, assegurou a força e a unidade do seu grande império, composto por uma miríade de povos diferentes, algo que jamais havia sido conseguido na história da humanidade até então (Média, Irã, Lídia, Síria, Babilônia, Palestina, Armênia e Turquistão).

Aqui já podemos ver a mão de Deus sobre alguém que Ele ungiu por Sua soberana vontade, mas que não O conhecia. A História diz que Ciro não tinha uma religião específica; inclusive diz que, quando ele entrou na Babilônia, consagrou-se rei no templo de Marduque. Mas ele reconheceu a existência do nosso Deus e Lhe creditou o sucesso dos seus feitos (Ed 1: 1-2; 2 Cr 36: 23 cf. Is 44: 28).
Ele ordenou que tudo o que tivesse sido roubado por Nabucodonosor, inclusive os utensílios do templo de Jerusalém fosse devolvido e colocado sob a guarda de Sesbazar, a quem constituiu príncipe de Judá. Os persas e todos os cidadãos do reino ajudaram os judeus dando-lhes prata, ouro, bens e gado, coisas preciosas, afora as dádivas voluntárias para a Casa de Deus. Assim, os judeus voltaram e reconstruíram o templo do Senhor.
É interessante perceber que essa entrada repentina na cidade foi, realmente, pela ajuda providencial de Deus. Segundo alguns historiadores, Ciro recebeu uma inspiração divina sobre a estratégia da invasão.

Quando lemos a bíblia e prestamos atenção a todas as vitórias milagrosas que o Senhor deu ao Seu povo, podemos perceber que nenhuma delas se repetiu em milhares de anos, por mais incrível e absurda que possa parecer (lembre-se de Moisés, Josué, Gideão, Davi e tantos outros). Isso nos leva a pensar sobre a criatividade de Deus e Sua visão como um guerreiro e estrategista. Se Ele fez isso no passado com coisas naturais e físicas, quanto mais Ele pode fazer hoje com o nosso inimigo espiritual, pegando-o de surpresa quando tenta colocar armadilhas no nosso caminho ou impedir nossas conquistas! Nós também vemos que só Ele move o coração humano segundo a Sua vontade, e isso nós podemos perceber através da maneira como a cidade foi conquistada. Apesar da crueldade persa e da sua agressividade em guerra, essa vitória foi como uma ‘guerra santa’, ou seja, Ciro matou ‘quem precisava’, os representantes do mal que realizavam opressão sobre os indefesos; ele destruiu a cidade com a violência controlada por Deus, podemos dizer assim, pois o objetivo maior era fazer a justiça, destruindo o mal, não simplesmente para satisfazer um desejo carnal de poder e conquista. A bíblia diz em Pv 21: 1: “Como ribeiros de águas assim é o coração do rei na mão do Senhor; este, segundo o seu querer, o inclina”. Quando analisamos esta profecia de Isaías nós percebemos que há uma diferença em relação à de Jeremias, onde a descrição da destruição da Babilônia parece ser mais detalhada, talvez até mais violenta (Jr 51: 35; 52-58). Porém, há alguns versículos em Is 13: 1-22 (em especial nos v. 11-19) que nos dão uma idéia da ação violenta dos Medos e Persas, não poupando nada nem ninguém, independentemente da idade, e o desespero dos babilônios querendo fugir para algum lugar, mas sem sucesso... Muitos homens serão mortos; poucos serão os que forem deixados (‘mais raros do que o ouro de Ofir’ – Is 13: 12).

Alguns versículos aqui em Isaías (Is 47: 1-15) são interessantes de se comentar:

• ‘Desce e assenta-te no pó, ó virgem filha de Babilônia; assenta-te no chão’ – isso pode significar um sinal de humilhação para uma cidade que se achava extremamente poderosa e invencível, o símbolo de um reino imperecível, orgulhosa por causa da sua riqueza, do seu poder comercial, das suas capacidades científicas como, por exemplo, seus conhecimentos de astronomia, e das suas divindades e práticas religiosas, como astrologia, adivinhação e ciências ocultas favorecidas pelo seu panteão de deuses. É como se Deus dissesse para ela, ‘Desce do seu orgulho e da sua soberba e assenta-te nas cinzas pranteando a sua derrota’. Pó e cinzas eram sinal de profundo pesar e tristeza.

• Depois, vem outra expressão interessante: ‘ó virgem filha de Babilônia’. Apesar de ter sido muito assolada e invadida pelos povos da Antiguidade, como os hititas, e até o tempo do império assírio por causa de muitas revoltas entre os governantes locais da cidade e seus dominadores, a Babilônia passou por uma grande restauração, quase uma reconstrução, nos tempos do Império Neobabilônico iniciado por Nabopolassar (626-605 AC). Por isso, ele e seu filho, Nabucodonosor, a transformaram numa cidade extremamente bela e rica, como uma cidade que tinha acabado de ser fundada, ou como uma menina mimada ou uma filha virgem que sempre esteve protegida por um pai muito cuidadoso.

• ‘Pois já não há trono, ó filha dos caldeus, porque nunca mais te chamarás a mimosa e delicada’ – já não haveria governante nem um trono que proporcionasse à cidade os mimos e as futilidades de quem vive com todas as facilidades da corte. Não poderia mais se chamar a rainha das nações.

• ‘Apanhe pedras de moinho e faça farinha; retire o seu véu. Levante a saia, desnude as suas pernas e atravesse os riachos [NVI]. As tuas vergonhas serão descobertas, e se verá o teu opróbrio; tomarei vingança e não pouparei a homem algum [NVI: ‘não pouparei ninguém’]’ – isso significa: ‘trabalhe como todo mundo e lute ou fuja se quiser, pois as suas más ações já podem ser vistas por todos e eu estou pronto para agir com rigor’. Ninguém vai escapar do julgamento de Deus. Quanto ao povo dEle, eles bem sabem quem é o seu Deus (‘Quanto ao nosso Redentor, o Senhor dos Exércitos é seu nome, o Santo de Israel’).

• Is 47: 5-7: “Assenta-te calada e entra nas trevas, ó filha dos caldeus, porque nunca mais serás chamada senhora de reinos. Muito me agastei contra o meu povo, profanei a minha herança e a entreguei na tua mão, porém não usaste com ela de misericórdia e até sobre os velhos fizeste mui pesado o teu jugo. E disseste: Eu serei senhora para sempre! Até agora não tomaste a sério estas coisas, nem te lembraste do seu fim [NVI: ‘Mas você não ponderou estas coisas, nem refletiu no que poderia acontecer’]” – Deus a repreende pela violência e pela crueldade com que ela tratou Seu povo, mas nem cogitou que poderia haver uma punição por isso.

• Is 47: 8-9: “Ouve isto, pois, tu que és dada a prazeres, que habitas segura, que dizes contigo mesma: Eu só, e além de mim não há outra; não ficarei viúva, nem conhecerei a perda de filhos. Mas ambas estas coisas virão sobre ti num momento, no mesmo dia, perda de filhos e viuvez; virão em cheio sobre ti, apesar da multidão das tuas feitiçarias e da abundância dos teus muitos encantamentos [NVI: ‘de todas as suas poderosas palavras de encantamento’]” cf. Ap 18: 7-8 (O anúncio da queda da Babilônia): “O quanto a si mesma se glorificou e viveu em luxúria, dai-lhe em igual medida tormento e pranto, porque diz consigo mesma: Estou sentada como rainha. Viúva, não sou. Pranto, nunca hei de ver! Por isso, em um só dia, sobrevirão os seus flagelos: morte, pranto e fome; e será consumida no fogo, porque poderoso é o Senhor Deus, que a julgou”.

No livro de Isaías Deus fala à Babilônia que, ao contrário do que ela pensa, Ele lhe tirará toda a sua segurança, pois ela enviuvará dos seus deuses, ‘dos seus amantes’, como a bíblia se refere aos ídolos, e ficará destituída dos seus habitantes, principalmente dos seus filhos bajuladores, e que ela desencaminhou com a multidão dos seus encantamentos e feitiçarias. Aqui é mais provável que se refira mais exatamente aos sacerdotes idólatras, aos sábios, magos e todos os que fizeram uso dessas coisas para seduzir pessoas e levá-las por caminhos de trevas.

• Is 47: 10-15: “Porque confiaste na tua maldade e disseste: Não há quem me veja. A tua sabedoria e a tua ciência, isso te fez desviar, e disseste contigo mesma: Eu só, e além de mim não há outra. Pelo que sobre ti virá o mal que por encantamentos não saberás conjurar [NVI: ‘A desgraça a alcançará e você não saberá como esconjurá-la’]; tal calamidade cairá sobre ti, da qual por expiação não te poderás livrar [NVI: ‘você não poderá proteger-se com um resgate’]; porque sobre ti, de repente, virá tamanha desolação, como não imaginavas. Deixa-te estar com os teus encantamentos e com a multidão das tuas feitiçarias em que te fatigaste desde a tua mocidade; talvez possas tirar proveito, talvez, com isso, inspirar terror. Já estás cansada com a multidão das tuas consultas! [NVI: ‘Todos os conselhos que você recebeu só a deixaram extenuada’] Levantem-se, pois, agora, os que dissecam os céus [NVI: ‘Deixe seus astrólogos se apresentarem’] e fitam os astros [os seus astrólogos, é o que quer dizer], os que em cada lua nova [NVI: ‘de mês a mês’] te predizem o que há de vir sobre ti. Eis que serão como restolho, o fogo os queimará; não poderão livrar-se do poder das chamas; nenhuma brasa restará para se aquentarem, nem fogo, para que diante dele se assentem. Assim serão para contigo aqueles com quem te fatigaste; aqueles com quem negociaste desde a tua mocidade [NVI: ‘com quem teve negócios escusos desde a infância’]; dispersar-se-ão, cambaleantes [NVI: ‘Cada um deles prossegue em seu erro’], cada qual pelo seu caminho; ninguém te salvará”.

‘A desgraça a alcançará e você não saberá como esconjurá-la’. Esconjurar significa tomar juramento, fazer imprecações contra, amaldiçoar, exorcizar. Assim, por mais entendida que ela se achasse nas coisas espirituais, por nenhum meio esta cidade poderia se livrar do decreto que Deus já tinha dado contra ela. Desde o princípio dos tempos (‘desde a sua mocidade’) ela se entregara à idolatria; agora, o Senhor faria o ajuste.

‘Seus astrólogos serão como restolho, o fogo os queimará; não poderão livrar-se do poder das chamas’ pode significar a morte e a destruição física daqueles feiticeiros durante a invasão dos persas, como a sua destruição eterna no lago de fogo. Assim acontecerá nos últimos dias com todos os que praticam a feitiçaria (Ap 21: 8; 22: 15).

Nós podermos fazer uma pergunta:
— Quando isso realmente foi cumprido, uma vez que Ciro manteve sua política de preservar religiões estrangeiras, e seus sucessores de todos os impérios que se seguiram se mantiveram nas mesmas condições de idolatria de uma forma ou de outra? Devem ter sido bem poucas as pessoas que conseguiram enxergar a verdade e se voltaram para o Deus de Israel.

A resposta pode ser:
— Embora a destruição material da cidade tenha ocorrido nas gerações seguintes e hoje só restem ruínas daquilo que um dia foi uma das sete maravilhas do mundo antigo, e as entidades espirituais das trevas só tenham mudado de nome, continuando a seduzir seres humanos em todo o planeta, a misericórdia de Deus continua disponível até hoje para quem quer se arrepender e ser salvo. A queda da Babilônia mencionada no Apocalipse vai pôr um fim e um cumprimento à profecia em questão, pois naquele dia não mais haverá chance de redenção para ninguém, e sim o juízo de Deus sobre homens e demônios. Essa resposta pode ser endossada pela profecia de Oséias que, através da decepção que passou com sua esposa infiel, encontrou a misericórdia de Deus, principalmente nos versículos 16 e 17 do capítulo 2, onde o Senhor diz: “Naquele dia, diz o Senhor, ela me chamará: Meu marido e já não me chamará: Meu Baal. Da sua boca tirarei os nomes dos baalins, e não mais se lembrará desses nomes”; e em Os 3: 4-5: “Porque os filhos de Israel ficarão por muitos dias sem rei, sem príncipe, sem sacrifício, sem coluna, sem estola sacerdotal ou ídolos do lar [Hebr.: sem ephod ou teraphim]. Depois, tornarão os filhos de Israel, e buscarão ao Senhor, seu Deus, e a Davi, seu rei; e, nos últimos dias, tremendo, se aproximarão do Senhor e da sua bondade”.


Vestes da Mesopotâmia Traje de homem Meda
Vestes da Mesopotâmia e Traje de homem Meda


No capítulo 19 de Isaías, eu comentei sobre alguns dos motivos de orgulho do Egito: extensões tão grandes de água, em rios e lagos, aliadas à fertilidade do país na área da agricultura, pois eram poucas as nações com essas bênçãos naturais; além disso, sua origem remota, seus conhecimentos, suas dinastias fortes e tão grandes exércitos, com tantas vitórias ao longo dos séculos, davam aos egípcios a sensação de poder. Mas eles creditavam tudo isso aos seus ídolos e à sua própria força. Por isso, o Senhor não se agradava deles.

Da mesma forma, nós podemos imaginar como Nabucodonosor deveria se sentir orgulhoso de ver uma cidade como aquela, tão rica (Dn 4: 30), e uma terra tão fértil e tão conhecida pelos povos da Antiguidade, como era a terra da Babilônia e o império Babilônico. Como ele deve ter se sentido quando Deus revelou o seu sonho (‘com a árvore’ – Dn 4: 1-37) ao profeta Daniel lhe dizendo que durante sete tempos, ele passaria por um período de loucura, sentindo-se como um animal, até que reconhecesse o Deus Altíssimo tinha domínio sobre o reino dos homens (Dn 4: 23-25), e era capaz de humilhar aos que andam na soberba (Dn 4: 37)? Como ele se sentiria se ainda estivesse vivo na época da queda da sua cidade tão magnificente? Muitos teólogos concordam que os sete tempos em que ele foi privado de sua consciência racional, se afastou da convivência com os homens e se comportou como um animal se referem a sete anos (o tempo da sua loucura), já no final da sua vida, e que ele não viveu mais de um ano após a sua restauração. Seu neto Belsazar, mesmo sabendo de tudo isso, tentou a Deus dando uma festa em seu palácio e usando os utensílios do templo de Jerusalém para dar de beber aos seus convidados.

Em Is 26: 5 nós vimos o que o profeta escreveu: “porque ele [Deus] abate os que habitam no alto, na cidade elevada [NVI: a cidade altiva]; abate-a, humilha-a até à terra e até ao pó”. O Senhor abate os orgulhosos e altivos como fez com a suntuosa cidade de Babilônia, com seus edifícios altos como montanhas querendo alcançar o céu, e com largos muros que a faziam se sentir inexpugnável. Ele a humilhou e a destinou à ruína. Assim, Ele faz com os que se acham poderosos e auto-suficientes, atribuindo suas grandes conquistas a si mesmos e à sua própria força.


• Principal fonte de pesquisa: Douglas, J.D., O novo dicionário da bíblia, 2ª ed. 1995, Ed. Vida Nova.
• Outras fontes de pesquisa: wikipedia.org e crystalinks.com


Nabucodonosor

Este texto se encontra no 2º volume do livro:


livro evangélico: O livro do profeta Isaías

O livro do profeta Isaías vol. 1 (PDF)

O livro do profeta Isaías vol. 2

O livro do profeta Isaías vol. 3

The book of prophet Isaiah vol. 1 (PDF)

The book of prophet Isaiah vol. 2

The book of prophet Isaiah vol. 3

Sugestão de leitura:


livro evangélico: Profeta, o mensageiro de Deus

Profeta, o mensageiro de Deus (PDF)

Prophet, the messenger of God (PDF)

Sugestão para download:


tabela de profetas AT

Tabela dos profetas (PDF)

Table about the prophets (PDF)


Autora: Pastora Tânia Cristina Giachetti

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