Isaías 41: Deus lhes promete a libertação do cativeiro na Babilônia (ocorreu 150 anos depois). Cedro, acácia, murta e oliveira são símbolos da generosidade divina para com eles. Como era o trilho (Is 41: 15) ou o trenó de debulha nos tempos de Jesus?
Isaiah 41: God promises them the liberation from captivity in Babylon (it occurred 150 years later). Cedar, acacia, myrtle and olive tree are symbols of divine generosity. What did a threshing sledge (Isa. 41: 15) look like in the times of Isaiah and Jesus?
Deus suscita o Redentor de Israel – v. 1-7.
• Is 41: 1-7: “Calai-vos perante mim, ó ilhas, e os povos renovem as suas forças; cheguem-se e, então, falem; cheguemo-nos e pleiteemos juntos [NVI: ‘Que elas se apresentem para se defender; vamos encontrar-nos para decidir a questão’]. Quem suscitou do Oriente aquele a cujos passos segue a vitória [no original: ‘Com quem a vitória se encontra a cada passo’]? Quem faz que as nações se lhe submetam, e que ele calque aos pés os reis, e com a sua espada os transforme em pó, e com o seu arco, em palha que o vento arrebata? Persegue-os e passa adiante em segurança [NVI: ‘avança com segurança’], por uma vereda que seus pés jamais trilharam. Quem fez e executou tudo isso? Aquele que desde o princípio tem chamado as gerações à existência, eu, o Senhor, o primeiro, e com os últimos eu mesmo. Os países do mar [NVI: ‘As ilhas’] viram isto e temeram, os fins da terra tremeram, aproximaram-se e vieram. Um ao outro ajudou e ao seu próximo disse: Sê forte. Assim, o artífice anima ao ourives, e o que alisa com o martelo, ao que bate na bigorna, dizendo da soldadura: Está bem feita. Então, com pregos fixa o ídolo para que não oscile”.
Nestes versículos nós vemos a presença de Deus como o libertador e o Redentor do Seu povo, a quem ninguém mais pode resistir. Ele se coloca definitivamente como o único Deus, que tem o domínio sobre todos os acontecimentos e sobre todas as pessoas. No versículo 1 Ele diz para todos se calarem e que venham se defender e expressar suas razões para que a questão fique decidida de uma vez por todas. A palavra ‘ilhas’ usada aqui se refere aos países distantes da Judéia, habitados por gentios idólatras; todas as regiões além do mar (Jeremias 25: 22), regiões marítimas ou regiões costeiras, não meramente ilhas no sentido estrito. Deus lhes dirigia a palavra: ‘venham e se defendam perante mim’. Mas a que causa Ele estava se referindo? Qual era a questão que precisava ficar de decidida de uma vez por todas? No capítulo 40 (Is 40: 12-26), como foi dito, Deus havia declarado a Sua majestade e soberania diante de todos, não apenas diante do Seu próprio povo, como também diante de todos os povos, mostrando que o mundo foi criado por Ele, e os ídolos das nações nada fizeram para impedir todos os acontecimentos mundiais até aquele momento. Mais do que ídolos, Ele se referia aos idólatras dessas nações, como os sábios, adivinhos e agoureiros, que ‘disputavam poder’ com Ele, tentando prever o futuro e os acontecimentos e movimentos de outros povos para poderem se posicionar ou evitar algum tipo de catástrofe. Todos os impérios estavam debaixo de Suas mãos, e tudo o que aconteceu com Israel não foi por acaso nem pela força de nenhum exército, mas porque Ele havia determinado e permitido tal coisa. Todas as nações viram os sinais naturais e sobrenaturais que Ele fizera diante delas, escolhendo Seus instrumentos de punição e juízo. Nenhum outro deus de madeira, pedra, ouro ou prata pôde agir em favor dos seus adoradores ou livrá-los das mãos dos seus opressores. Ele, sim, tinha o poder de fazer o que bem queria, pois era o Deus verdadeiro, o mesmo que um dia havia tirado Seu povo do Egito e, agora, também os livraria do cativeiro na Babilônia, em Seu devido tempo. Por isso, Ele já havia escolhido Seu instrumento de libertação: Ciro, mas que nesta profecia não tem o seu nome revelado, bem como em Is 46: 11, onde Deus o chama de ‘a ave de rapina’ [em outras profecias seu nome é revelado: Is 44: 28; Is 45: 1-4; Is 45: 13-14; Is 48: 14].
Aqui em Is 41: 2 a bíblia só diz que ele viria do Oriente (Pérsia) e seria um homem vitorioso, a quem as nações se submeteriam. Ele esmagaria reis e os destruiria com sua espada e com seu arco, e eles seriam comparados com pó e palha que voa ao vento. O arco fazia parte do armamento dos povos da Média e da Pérsia, como Elão, por exemplo, que vimos em Is 22: 6. Ele perseguiria seus inimigos, avançaria com segurança por terras antes desconhecidas por ele. Mas o Senhor deixava muito bem claro que este homem seria apenas Seu instrumento de redenção para Israel, não porque ele fosse maior ou melhor do que qualquer outro guerreiro que houve antes dele, mas pela unção que o Santo de Israel derramaria sobre ele. Todas as nações veriam isso e tremeriam diante dele. Um homem daria força ao seu companheiro para os dois poderem ficar de pé e terem confiança, como um artesão que trabalha com um ídolo precisa da confirmação de outro colega para se certificar que a imagem está firme e bem feita, que não vai cair. Deus reafirmava o que havia dito no capítulo 40: a confiança em outros deuses era vã.
Ciro prefigura o Messias, como rei e conquistador ungido. Em outros lugares, é também chamado de servo. Nesta parte ainda, fica bem entendido que somente Ele, o Santo de Israel, é capaz de livrar Seu povo.
Israel encorajado por promessas de segurança e libertação – v. 8-20.
• Is 41: 8-20: “Mas tu, ó Israel, servo meu, tu, Jacó, a quem elegi, descendente de Abraão, meu amigo (2 Cr 20: 7; Tg 2: 23), tu, a quem tomei das extremidades da terra, e chamei dos seus cantos mais remotos, e a quem disse: Tu és o meu servo, eu te escolhi e não te rejeitei, não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou o teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a minha destra fiel [NVI: ‘com a minha mão direita vitoriosa’]. Eis que envergonhados e confundidos serão todos os que estão indignados contra ti; serão reduzidos a nada, e os que contendem contigo perecerão. Aos que pelejam contra ti, buscá-los-ás, porém não os acharás; serão reduzidos a nada e a coisa de nenhum valor os que fazem guerra contra ti. Porque eu, o Senhor, teu Deus, te tomo pela tua mão direita e te digo: Não temas, que eu te ajudo. Não temas, ó vermezinho de Jacó, povozinho de Israel; eu te ajudo, diz o Senhor, e o teu Redentor é o Santo de Israel. 15 Eis que farei de ti um trilho cortante e novo, armado de lâminas duplas; os montes trilharás, e moerás, e os outeiros reduzirás a palha. 16 Tu os padejarás, e o vento os levará, e redemoinho os espalhará; tu te alegrarás no Senhor e te gloriarás no Santo de Israel [NVI: 15 Veja, eu o tornarei um debulhador novo e cortante, com muitos dentes. Você debulhará os montes e os esmagará e reduzirá as colinas a palha. 16 Você irá peneirá-los, o vento os levará, e uma ventania os espalhará. Mas você se regozijará no SENHOR e no Santo de Israel se gloriará]. Os aflitos e necessitados buscam águas, e não as há, e a sua língua se seca de sede; mas eu, o Senhor, os ouvirei, eu, o Deus de Israel, não os desampararei. Abrirei rios nos altos desnudos e fontes no meio dos vales; tornarei o deserto em açudes de águas e a terra seca, em mananciais. Plantarei no deserto o cedro, a acácia, a murta e a oliveira; conjuntamente, porei no ermo o cipreste, o olmeiro e o buxo [NVI: ‘o cipreste, o abeto e o pinheiro’], para que todos vejam e saibam, considerem e juntamente entendam que a mão do Senhor fez isso, e o Santo de Israel o criou”.
Neste trecho, o Senhor volta a dar uma palavra de esperança para Seu povo a quem Ele tinha elegido, e que eram descendentes de Abraão. Se Deus chamou Abraão de amigo, eles também receberiam o privilégio de serem chamados Seus amigos se eles voltassem a ter a obediência de Abraão e a intimidade que ele teve com o Deus Altíssimo. Aqui, Ele também chama Israel (Jacó) de servo, como faz em outros versículos: Is 44; 1-2; 21; Is 45: 4; Is 48: 20; Is 49: 3; Jr 30: 10; Jr 46: 27-28; isso para lembrá-los da importância de servir somente a Ele, ao invés de servirem outros deuses, e do privilégio que isso significava. Era um privilégio ser escolhido como Seu instrumento na terra. Israel estava sendo novamente encorajado pelas promessas de segurança e libertação, por isso não mais deveria temer a assolação ou a destruição. Deus assegurava ao Seu povo que Ele não o estava rejeitando; pelo contrário, estava com eles neste momento no cativeiro. Porém, Ele era a sua força, sua ajuda e seu sustento, pois Sua mão era poderosa, e estava agindo em favor deles. Todos os povos que estavam indignados contra eles seriam envergonhados, confundidos e já tinham um dia marcado pelo próprio Deus para sua destruição. Israel não mais veria seus opressores.
Pela segunda vez, Ele repete: “Não temas, que eu te ajudo. Não temas, ó vermezinho de Jacó, povozinho de Israel”. Parece estranho dizer aquilo, mas o Senhor chamava Seu povo de um povozinho, um vermezinho, de tão pequeno em número e humilhado diante de todos os gentios, mas teve que ser assim para que eles aprendessem a seguir os caminhos de Deus, ao invés de seguirem os estrangeiros. Ao segui-los, eles se afastaram do Senhor, que aqui diz ser o seu Redentor, o Santo de Israel.
Deus fará com que Israel destrua seus inimigos, dos grandes aos pequenos, como se debulha o cereal e depois os tritura ou mói. Aqui, o Senhor usa a figura de linguagem de um instrumento agrícola muito conhecido deles, que era o trilho. O trilho (cf. Is 28: 24; Os 10: 11) era um instrumento dotado de ganchos, puxado sobre o terreno para esfarelar os torrões de terra depois da passagem do arado. Embora a forma exata do instrumento seja incerta, sabe-se que ele era puxado por um boi (Jó 39: 10). Ele até pode ter a mesma finalidade do ‘rastelo’ ou da ‘grade do agricultor’, porém não há como representá-lo, pelo menos na época em que eles o usavam. O que Deus lhes diz é que Ele faria deles um trilho (um debulhador) cortante e novo, com lâminas duplas e muitos dentes. Assim, eles moeriam, triturariam e esmagariam os poderosos (‘montes e outeiros’), reduzindo-os a palha.
O Senhor também mostra o que mais eles farão com seus inimigos: “Tu os padejarás [NVI: Você irá peneirá-los], e o vento os levará, e redemoinho os espalhará; tu te alegrarás no Senhor e te gloriarás no Santo de Israel”. Padejar é um método de peneirar o cereal ou jogá-lo para cima com a pá, a fim de limpá-lo na eira (cf. Mt 3: 12). Eles causariam terror ao inimigo e este se espalharia pelos quatro cantos da terra, por assim dizer, como a palha ou o excesso de pó da farinha que sobrou sobre um pão e é levada para longe pelo vento. Com a vitória dada pelo Senhor, eles se alegrariam e voltariam a crer nEle, pois entenderiam que a glória pertencia ao seu Deus.
Mesmo que não saibamos como era um trilho na época de Isaías, nós podemos ver abaixo como era o trenó de debulhar cereais usado nos tempos de Jesus para separar a palha do trigo e os outros instrumentos usados pelos agricultores, como a foice, o garfo e a pá. O trenó era como uma prancha de madeira com pedras embaixo, atrelado ao boi ou ao jumento. Geralmente um garotinho subia em cima dela e batia no animal para que esse começasse a andar em círculos sobre o trigo que estava na eira. Dessa maneira se fazia a separação entre o grão e os outros detritos. Depois, com paus ou varas eles batiam no cereal já debulhado. Com a pá, o grão era jogado para o ar e o vento levava o resquício da palha. Numa segunda etapa, o trigo já quase limpo era colocado numa peneira, e se fazia um movimento circular com ela; eles jogavam o cereal pra cima para deixar a palha ir embora com o vento. Esse processo era chamado de cirandagem ou joeiramento.
O profeta continua falando em nome do Senhor. Ele sabe que o Seu povo está aflito e sedento, passa fome e sede, mas Ele jamais os abandonará. Seus milagres serão vistos, como aqueles realizados no passado, quando o povo saiu do Egito e, estando sedento, foi dessedentado no deserto por fontes de águas que o Senhor fez brotar de uma rocha. Essa parte da profecia nos remete aos tempos do evangelho, onde Jesus seria como rios, açudes e fontes de água viva para os sedentos de libertação e de salvação de Deus, através da palavra que saía dos Seus lábios. Não que fosse impossível realizar materialmente essas coisas como Ele fez no passado, mas a profecia tem a intenção de aumentar a capacidade espiritual daquele povo e fazê-lo ver qual era a sua sede real, ou seja, que tipo de sede era mais importante de ser saciada. Jesus disse várias vezes no evangelho que Ele era a fonte de águas vivas, e essas águas fluiriam de todo aquele que nEle cresse. Também disse que Ele era o maná que veio do céu, o pão da vida.
• Is 41: 18-20: “Abrirei rios nos altos desnudos e fontes no meio dos vales; tornarei o deserto em açudes de águas e a terra seca, em mananciais. Plantarei no deserto o cedro, a acácia, a murta e a oliveira; conjuntamente, porei no ermo o cipreste, o olmeiro e o buxo [NVI: ‘o cipreste, o abeto e o pinheiro’], para que todos vejam e saibam, considerem e juntamente entendam que a mão do Senhor fez isso, e o Santo de Israel o criou”.
Um alto desnudo significa uma encosta de uma montanha sem nenhuma árvore, totalmente lisa, pois a vegetação não cresce ali por falta de condições favoráveis (Jeremias 14: 6). Em montanhas não existem rios, no entanto, o Senhor diz que abriria rios nesses lugares altos. Ele também diz que abriria fontes nos vales. Na Palestina, onde a chuva cai somente durante certo período do ano, a paisagem é recortada por muitos vales estreitos e leitos de riachos (em hebraico, nahal; ou em árabe, wadïs), que só exibem água durante a estação chuvosa. Freqüentemente pode ser encontrada água subterrânea nesses wadis durante os meses de estiagem (Gn 26: 17-19). Os rios perenes atravessam vales (no hebraico, ‘emeq = vales) e planícies mais largas, ou então cortam gargantas estreitas através da rocha. O vocábulo hebraico shephelâ denota terreno baixo, especialmente a planície marítima da Filístia na terra de Judá, terra agrícola de Sefelá (Shephelah). Assim, voltando a Isaías, é mais provável haver leitos secos num vale; no máximo, pequenas correntes de águas, ou poços cavados (Gn 26: 17; 19 – Isaque), mas é muito diferente de uma nascente ou fonte de água que dá origem a um rio. Jesus faria de um deserto um açude de água, e de uma terra seca, um manancial; isso significa que vidas estéreis e improdutivas, secas e carentes, em todos os sentidos, seriam transformadas pela Sua presença, e poderiam matar a sede de outros que também sofriam por falta de consolo e forças para vencer suas dificuldades (‘vales’). Seu Espírito flui com abundância do coração de todos os que se dispõem a ser Seus servos, e livres do pecado de antes.
Ele termina o trecho dizendo que plantaria cedro, acácia, murta e oliveira no deserto. Isso quer dizer que na vida daquele povo não haveria mais desolação e esterilidade, mas a unção, a força e a bênção de Deus (oliveira), a sensação de nobreza e o despertar do seu potencial (acácia), a dignidade e a honra (cedro) e a generosidade divina, pois nos capítulos anteriores de Isaías quando os assírios vieram assolando a terra, as profecias diziam que na terra cresceriam espinheiros e abrolhos. Deus estava, agora, revertendo a situação.
• O cedro do Líbano (Cedrus libani) é uma majestosa conífera de madeira durável, por isso Davi construiu sua casa com cedro e Salomão, o templo, assim como o segundo templo de Esdras também foi reconstruído com essa madeira. O cedro pode atingir quarenta metros de altura e os escritores antigos usavam-no como símbolo da estatura de um homem (Ez 31: 3; Am 2: 9), igualmente de força, majestade e poder (Ct 3: 9), altivez, dureza, inflexibilidade (Sl 29: 5), dignidade e honra (Is 41: 19).
• A acácia (no hebraico: shittah) é uma árvore de muitas espécies, disseminada no Egito, Arábia e Palestina. Era a árvore que fornecia sua madeira aos povos hebreus, a sagrada e aromática madeira de Sitim e foi muito empregada na construção do tabernáculo. A acácia era muito encontrada no Sinai onde Deus falou com Moisés. A palavra para sarça, em hebraico é Sneh (da mesma raiz do nome próprio ‘Sinai’), que significa, literalmente: ‘arbusto’, ‘espinheiro’. A planta encontrada no Sinai, onde Deus falou com Moisés é a Seneh, também conhecida como Shittah (no singular; ou Shittim, no plural; em português, Sitim – Joel 3: 18) e se refere à Acacia nilotica (ou Vachellia nilotica), uma planta espinhosa da família das fabaceas, gênero acacia. Todo o mobiliário do Tabernáculo e do Templo de Salomão (inclusive a arca da Aliança) foi construído com madeira de acácia (Acacia nilotica), como foi indicado a Moisés nas revelações divinas. A acácia significa: potencial, nobreza.
• A murta é um arbusto (Myrtus communis L.) de origem mediterrânea, cultivado para compor cercas vivas e que se caracteriza pelas folhas pequeninas, compactas e fragrantes. As flores são brancas e perfumadas e eram usadas como perfumaria. Seu nome em hebraico é hadas, e Hadassa (nome hebraico de Ester) se deriva dele. O arbusto chega a dez metros de altura. A murta é uma planta sempre verde. A bíblia descreve a murta como símbolo da generosidade divina. Isaías previu a murta substituindo o espinheiro no deserto (Is 41: 19; Is 55: 13).
• A oliveira (Olea europaea; no hebraico, oliveira é: shemen ets עץ שמן; e, no grego, elaia, ελιά) é símbolo de beleza, força, bênção, prosperidade, amizade, frutificação e paz. Com o azeite se ungiam os reis e sacerdotes, por isso, representa, igualmente, soberania e força divina (a unção de Deus). A oliveira pode crescer até sete metros de altura, tem tronco retorcido e numerosos galhos. Seu desenvolvimento é lento, chegando a atingir até séculos de idade. As azeitonas (azeitona: zayit זית) amadurecem no início de outono, mas são colhidas no fim de novembro (quase perto do inverno em Israel). Nos tempos antigos, uma cisterna rasa era cavada na pedra e em seguida as azeitonas eram esmagadas com uma grande pedra de moinho.
A última frase do texto diz: “... conjuntamente, porei no ermo o cipreste, o olmeiro e o buxo [NVI: ‘o cipreste, o abeto e o pinheiro’]”. Aqui, nós temos um provável erro de tradução em relação ao olmeiro.
Nós precisamos entender que as plantas designadas na bíblia nem sempre eram as mesmas às quais nós damos os mesmos nomes nas diversas partes do mundo atual. Em segundo lugar, as que vemos hoje na Palestina nem sempre são as plantas nativas narradas nos tempos bíblicos. Em terceiro lugar, nem todas as versões bíblicas as identificam de maneira correta. Isso acontece porque os escritores bíblicos não estavam muito interessados em questões botânicas e não sabiam, na verdade, seus nomes científicos como sabemos hoje. Por exemplo, o damasco é muitas vezes chamado de maçã; o terebinto, de olmo ou olmeiro; o acanto, de urtiga, e assim por diante.
Vamos ver as seguintes traduções:
[ARA]: ‘Porei no ermo o cipreste, o olmeiro e o buxo’.
[KJV]: ‘Porei juntos no ermo o abeto, e o pinheiro e o buxo’.
[NVI]: ‘Colocarei juntos no ermo o cipreste, o abeto e o pinheiro’.
Se verificarmos a Concordância Lexicon Strong para estas palavras em hebraico, teremos:
• Cipreste [berôsh ou browsh – Strong #1265 – uma árvore de cipreste; portanto, uma lança ou um instrumento musical (como feito dessa madeira): abeto (árvore); cipreste, na nossa tradução]. Na verdade, este termo hebraico se refere às árvores que pertencem ao gênero Pinus (hebraico, berôsh, berôthïm).
• Olmeiro [tidhar – Strong #8410 – Uma espécie de madeira dura ou árvore duradoura (talvez carvalho): pinho (árvore)].
• Buxo [te’ashshür ou t’ashshuwr – Strong #8391 – Uma espécie de cedro; buxo (árvore)].
• Os pinheiros (hebraico, ’oren), em muitas versões, têm sua palavra traduzida como cipreste ou cedro. O cipreste (hebraico, tirzâ, Cupressus sempervirens L., o conhecido cipreste italiano) e o pinheiro (Pinus brutia Tenore ou o Pinus halepensis Mill ou o Pinus pinaster), botanicamente, pertencem ao gênero Pinus (hebraico, berôsh, berôthïm). O abeto é o nome popular das diversas espécies do gênero Abies: uma árvore de conífera da família das Pináceas (hebraico, berôsh, berôthïm) com cones na posição vertical (como velas), folhas planas em forma de agulha, pequenas e aromáticas, tipicamente dispostas em duas filas. Os abetos produzem pólen abundante durante o período de reprodução. O abeto é uma árvore grande, atingindo 10-80 metros de altura. É nativa de florestas temperadas da Europa, Ásia e América do Norte. Os abetos são usados como fonte de madeira, e das suas folhas extrai-se resinas e óleos essenciais para farmacologia e algumas medicinas alternativas. Têm um efeito decorativo, por isso são usados como árvores de Natal e como proteção contra o vento. Grande parte dos instrumentos de cordas (violino, violoncelo e contrabaixo, por exemplo) utiliza tradicionalmente o abeto em sua parte superior (tampo harmônico) e em algumas partes localizadas no interior do instrumento, pois esta madeira confere uma característica peculiar de ressonância que é muito apreciada. O cipreste e o pinheiro são coníferas perenemente verdes, nativas nas colinas da Palestina e do Líbano. O cipreste (Is 41: 19; 55: 13) é símbolo de fertilidade. Também é uma madeira excelente para construção. Salomão, por exemplo, construiu o templo não apenas com cedro, mas com madeira de cipreste e oliveira (1 Rs 6: 31-36). Portanto, também simboliza imponência, realeza e reverência a Deus.
• O Buxo é um arbusto ou pequena árvore (até nove metros de altura), originária da Europa e da Ásia, dotada de flores pequenas e alvas, frutos capsulares, e de madeira útil para marchetaria (arte de incrustar peças de marfim, madeira, bronze etc., em alguma obra de marcenaria), torno, instrumentos musicais de sopro e instrumentos de desenho. Buxo (em hebraico, te’ashshür ou t’ashshuwr – Is 41: 19; 60: 13) tem o nome botânico de Buxus longifolia Boiss., uma pequena árvore com até seis metros de altura, com folhas perenemente verdes. A madeira é extremamente dura e de fina granulação. É nativo das ilhas do Mediterrâneo e do Líbano (Buxo, te’ashshür – Is 41: 19; 60: 13), mas não presente em Israel. Por outro lado, o Buxus sempervirens é nativo do oeste e sul da Europa, noroeste da África e sudoeste da Ásia (inclui Israel), do sul da Inglaterra ao sul até o norte de Marrocos, e leste através da região do norte do Mediterrâneo até a Turquia.
• Olmo ou Olmeiro ou Ulmeiro é uma árvore de grande porte, própria da Europa (gênero Ulmus L., família Ulmaceae, sobretudo o Ulmus minor, nativo da Península Ibérica), ausente nos trópicos, alcançando trinta metros de altura. Tem folhas simples em duas fileiras, denteadas, plissadas, flores pequenas, de fruto carnoso com um caroço muito duro, mas que pode ser bem pequeno; sua madeira é empregada para vários fins, principalmente para a fabricação de móveis, pequenas obras de marcenaria e pela indústria naval.
Como podemos ver, a tradução da KJV (‘Porei juntos no ermo o abeto, e o pinheiro e o buxo’) parece ser mais compatível com as palavras usadas em hebraico, mesmo porque o olmeiro não é árvore nativa da Palestina, mas é mais freqüente na Península Ibérica. A árvore [tidhar – Strong #8410] descrita pelo profeta é, botanicamente falando, mais parecida com o carvalho (do gênero Quercus, da família Fagaceae) ou uma espécie de pinheiro, árvores duradouras e de madeira dura, e que existem na Palestina. Ou ainda, como sugerido por alguns autores (O Novo Dicionário da Bíblia – J. D. Douglas – edições vida nova, 2ª edição 1995), trata-se do terebinto [’elâ ou elah; Strong #424], uma vez que estas duas palavras são usadas para ‘terebinto’ e ‘carvalho’, ao invés de olmo ou olmeiro.
A vaidade dos ídolos – v. 21-24.
• Is 41: 21-24: “Apresentai a vossa demanda, diz o Senhor; alegai as vossas razões, diz o Rei de Jacó. Trazei e anunciai-nos as coisas que hão de acontecer [NVI: ‘Tragam os seus ídolos para nos dizerem o que vai acontecer’]; relatai-nos as profecias anteriores, para que atentemos para sabermos se elas se cumpriram; ou fazei-nos ouvir as coisas futuras. Anunciai-nos as coisas que ainda hão de vir, para que saibamos que sois deuses; fazei bem ou fazei mal, para que nos assombremos, e juntamente o veremos [NVI: ‘Façam alguma coisa, boa ou má, para que nos rendamos, cheios de temor’]. Eis que sois menos do que nada, e menos do que nada é o que fazeis; abominação é quem vos escolhe”.
Aqui Deus apresenta um novo desafio aos idólatras, como fez em Is 40: 18-26, mostrando Sua majestade a eles e dizendo que foi Ele quem fez todas as coisas. Aqui fica bem claro também (cf. Is 41: 1-7) que Ele estava se dirigindo não apenas aos ídolos das nações, que nada fizeram para impedir todos os acontecimentos mundiais até aquele momento, mas também aos idólatras dessas nações, como os sábios, adivinhos e agoureiros, que disputavam poder com Ele, tentando prever o futuro e o rumo dos acontecimentos atuais.
Redenção por Cristo – v. 25-29.
• Is 41: 25-29: “Do Norte suscito a um, e ele vem, a um desde o nascimento do sol [NVI: ‘desde o nascente’], e ele invocará o meu nome [NVI: ‘proclamará o meu nome’]; pisará magistrados como lodo [NVI: ‘Pisa em governantes como em argamassa’] e como o oleiro pisa o barro. Quem anunciou isto desde o princípio, a fim que o possamos saber, antecipadamente, para que digamos: É isso mesmo? Mas não há quem anuncie, nem tampouco quem manifeste, nem ainda quem ouça as vossas palavras. Eu sou o que primeiro disse a Sião: Eis! Ei-los aí! E a Jerusalém dou um mensageiro de boas-novas. Quando eu olho, não há ninguém; nem mesmo entre eles há conselheiro a quem eu pergunte, e me responda. Eis que todos são nada; as suas obras são coisa nenhuma; as suas imagens de fundição, vento e vácuo”.
Deus continua dizendo que é Ele quem vai levantar um libertador para Seu povo, e este homem virá do Oriente. Por ‘mensageiro’, Ele dá a entender que se trata de um profeta ou alguém que possa prever com exatidão quando se dará a libertação do povo do cativeiro na Babilônia. Nenhum dos adivinhos idólatras pôde dizer o que aconteceria. Deus não pôde encontrar nenhum conselheiro que desse ou dê resposta às Suas perguntas, ou seja, não há alguém que se possa comparar a Ele. Quanto mais as imagens fundidas dos ídolos! Para Deus, elas são nada.
No versículo 25 o Senhor fala que o defensor de Israel virá do norte, e logo depois, Ele diz que ele virá do oriente (‘desde o nascimento do sol’ ou ‘desde o nascente’). Trata-se da mesma pessoa: Ciro, que por parte de mãe, era de ascendência Meda (ao norte), e por parte de pai, de ascendência Persa (a leste). Quando a bíblia fala aqui em Norte ou Leste, ela está se referindo à terra de Israel como ponto de referência geográfica. Seu pai, Cambises I, também reuniu o reino da Média à nação persa, e o império passou a ser chamado Medo-Persa.
A libertação de Israel do jugo Babilônico por Ciro ocorreu mais de um século depois desta profecia (mais ou menos cento e cinqüenta anos).
Mesmo que Ciro não conheça o Deus de Israel, ele Lhe obedecerá, e isso será uma forma de proclamar o Seu nome, pois só Ele pode mudar o coração dos homens e lhes capacitar a realizar a Sua soberana vontade. Ciro, embora não sendo judeu, admitiu a existência do Deus de Israel e lhe creditou o sucesso dos seus feitos:
• Ed 1: 1-2: “No primeiro ano de Ciro, rei da Pérsia, para que se cumprisse a palavra do Senhor, por boca de Jeremias, despertou o Senhor, o espírito de Ciro, rei da Pérsia, o qual fez passar pregão por todo o seu reino, como também por escrito, dizendo: Assim diz Ciro, rei da Pérsia: O Senhor, Deus dos céus, me deu todos os reinos da terra e me encarregou de lhe edificar uma casa em Jerusalém de Judá”.
• 2 Cr 36: 23: “Assim diz Ciro, rei da Pérsia: O Senhor, Deus dos céus, me deu todos os reinos da terra e me encarregou de lhe edificar uma casa em Jerusalém, que está em Judá; quem entre vós é de todo o seu povo, que suba, e o Senhor, seu Deus, seja com ele” cf. Is 44: 28: “que digo de Ciro: Ele é meu pastor e cumprirá tudo o que me apraz; que digo também de Jerusalém: Será edificada; e do templo: Será fundado”.
Deus também diz que Ciro não fará caso do poder de reis de outras nações ou de seus nobres; ele os pisará como se pisa em lodo ou em argamassa, ou como um oleiro pisa o barro.
• Principal fonte de pesquisa: Douglas, J.D., O novo dicionário da bíblia, 2ª ed. 1995, Ed. Vida Nova.
• Fonte de pesquisa para algumas imagens: wikipedia.org e crystalinks.com
O livro do profeta Isaías vol. 1 (PDF)
O livro do profeta Isaías vol. 2
O livro do profeta Isaías vol. 3
The book of prophet Isaiah vol. 1 (PDF)
The book of prophet Isaiah vol. 2
The book of prophet Isaiah vol. 3
Profeta, o mensageiro de Deus (PDF)
Prophet, the messenger of God (PDF)
Table about the prophets (PDF)
Autora: Pastora Tânia Cristina Giachetti
PIX: relacionamentosearaagape@gmail.com