Isaías 15: a destruição de Moabe pelos babilônios. ‘Moabe’ significa ‘desejo’, ‘família de um pai’, e era o filho do relacionamento incestuoso de Ló com a filha mais velha. Pano de saco, cinzas, rapar o cabelo e a barba eram habituais em grandes lutos.
Isaiah 15: The destruction of Moab by the Babylonians. ‘Moab’ means ‘desire’, ‘family of a father’, and was the son of Lot’s incestuous relationship with his eldest daughter. Sackcloth, ashes, shaving the hair and beard were common in great mourning.
A Destruição de Moabe – v. 1-9
• Is 15: 1-9: “Sentença contra Moabe. Certamente, numa noite foi assolada Ar de Moabe e ela está destruída; certamente, numa noite foi assolada Quir de Moabe e ela está destruída. Sobe-se ao templo e a Dibom, aos altos [NVI: ‘a seus altares idólatras’], para chorar; nos montes Nebo e Medeba, lamenta Moabe [NVI: ‘por causa de Nebo e de Medeba Moabe pranteia’]; todas as cabeças se tornam calvas [NVI: ‘rapadas’], e toda barba é rapada. Cingem-se de panos de saco nas suas ruas; nos seus terraços e nas suas praças, andam todos uivando e choram abundantemente. Tanto Hesbom como Eleale andam gritando; até Jaza [NVI: ‘Jaaz’] se ouve a sua voz; por isso, os armados de Moabe clamam; a sua alma treme dentro dele. O meu coração clama por causa de Moabe, cujos fugitivos vão até Zoar, novilha de três anos [NVI: ‘até Eglate-Selisia’]; vão chorando pela subida de Luíte e no caminho de Horonaim levantam grito de desespero; porque as águas de Ninrim desaparecem (Jr 48: 34); seca-se o pasto, acaba-se a erva, e já não há verdura alguma, pelo que o que pouparam, o que ganharam e depositaram eles mesmos levam para além das torrentes dos salgueiros; porque o pranto rodeia os limites de Moabe; até Eglaim chega o seu clamor, e ainda até Beer-Elim, o seu lamento; porque as águas de Dimom [no texto Massorético; na Septuaginta, na Vulgata e nos manuscritos do Mar Morto está escrito ‘Dibom’] estão cheias de sangue; pois ainda acrescentarei a Dimom: leões contra aqueles que escaparem de Moabe e contra os restantes da terra”.
Essa profecia de Isaías provavelmente se refere à invasão da Babilônia, se confrontarmos com a semelhança que há entre ela e a de Jeremias 48 e seguindo a profecia contra os filisteus, fazendo alusão ao seu último destruidor, que seria Nabucodonosor.
A profecia de Is 15 se refere à queda de Moabe. Moabe era o nome da terra do descendente de Ló (Gn 19: 37), de seu relacionamento incestuoso com a filha mais velha. Moabe significa ‘desejo’, ‘família de um pai’. Era irmão de Ben-Ami ou Amom, descendente do incesto de Ló com a filha mais nova e significa ‘filho de meu povo’ (Ben-Ami) e ‘artesão’ (Amom). Eram, portanto, povos aparentados com Israel. O casamento entre moabitas e judeus não era proibido pelo Senhor; apenas, os moabitas e amonitas eram proibidos de entrar no tabernáculo (Dt 23: 3-4), não propriamente pelo pecado de incesto dos seus ancestrais, e sim porque alugaram Balaão para amaldiçoar os israelitas (Nm 22: 1-6).
Geograficamente falando, Moabe é o nome histórico de uma faixa de terra montanhosa no que é atualmente a Jordânia, ao longo da margem oriental do Mar Morto. Os principais rios de Moabe mencionados na bíblia são o Arnom, o Dibom ou Dimom (‘Águas de Dimom’ – Is 15: 9) e o Ninrim (‘Águas do Ninrim’ – Is 15: 6; Jr 48: 34). Moabe era uma terra de cidades fortificadas e com muitos rios e correntes de água para regar os campos, propícios a pastos e cultivo de uvas e muitas espécies de árvores, como o bálsamo.
Por isso, Ló escolheu aquela região para morar (Gn 13: 10-12); mais especificamente numa caverna perto de Zoar, antes chamada Bela (Gn 14: 8), na planície localizada ao longo do vale do Jordão inferior e da planície do Mar Morto. Devido às águas que descem das montanhas de Moabe, Zoar era um oásis florescente. Zoar significa ‘pequeno’. Este lugar, provavelmente, pode ser atualmente identificado como Safi (uns dizem que se chama Tell Esh-Shaghur), por detrás do qual o terreno se vai elevando pelo espaço de três ou cinco quilômetros, existindo ali muitas cavernas. Há outra cidade mencionada nesta profecia de Isaías, chamada Horonaim (Is 15: 5), cujo nome significa, em hebraico, ‘cidade de duas cavernas’, o que vem a confirmar a afirmação anterior. Zoar era uma das cinco cidades descritas em Gn 14: 8 [Sodoma, Gomorra, Admá, Zeboim, Bela (Zoar – Gn 19: 20; 22)], a qual foi poupada na destruição de Sodoma e Gomorra (Gn 19: 23-25; 29; 30; Dt 29: 23).
Na última metade do século VIII AC Moabe foi subjugada pela Assíria, e compelida a pagar tributo, mas depois da queda da Assíria, Moabe ficou novamente livre. Foi subjugada por Nabucodonosor e caiu sucessivamente debaixo do controle dos persas e vários grupos do norte da Arábia. Nos tempos pós-exílicos, os Moabitas continuaram a ser reconhecidos como uma raça (Ed 9: 1; Ne 13: 1; 23). Alexandre Janeu (103-76 AC), rei da Judéia de linhagem sacerdotal Hasmoneana, os subjugou no final do segundo século AC, anexando seu território aos de Samaria e de Iduméia, que já estavam sob o controle de Jerusalém. Mais tarde, a antiga terra de Moabe foi ocupada pelos Nabateus.
As águas de Ninrim são mencionadas em Is 15: 6 e Jr 48: 34. A seqüência de localidades que são citadas por ambos os profetas, principalmente por Jeremias, sugere que Ninrim era um lugar ao sul de Moabe, atualmente identificado como o Wadi en-Numeirah, a dezesseis quilômetros da extremidade sul do Mar Morto. Wadis são leitos de riachos que só exibem água na estação chuvosa (árabe: wadï; hebraico, nahal). Ninrim não deve ser confundido com Nimra (Ninra – Nm 32: 3) ou Bete-Ninra (Nm 32: 36) cerca de dezesseis quilômetros ao Norte do Mar Morto. Esta última cidade era uma cidade fortificada da Transjordânia, dada à tribo de Gade por Moisés na distribuição da Terra Prometida. Ninrim (‘Nimriym’) significa ‘águas claras’, ao passo que Dibom ou Dimom (‘Diymown’) significa ‘caminho devastado’. Outros pesquisadores traduzem como ‘sangue’ (Is 15: 9).
Outra cidade importante de ser mencionada é Hesbom. Hesbom significa ‘fortaleza’. Estava localizada no território da tribo de Rúben, antes pertencente aos Amorreus, terra chamada ‘de ferro’ por ser de basalto, portanto, de cor negra e escura. As piscinas naturais deixavam a água com aparência negra e misteriosa, pois não se podia ver o que havia no fundo (Ct 7: 4). Hesbom foi a principal cidade de Seom, rei dos Amorreus (Nm 21: 26; Dt 4: 46). As suas ruínas ainda se podem ver numa colina que está na orla ocidental de uma alta planície a trinta e três quilômetros ao oriente da extremidade norte do Mar Morto, nos confins de Rúben e Gade. Foi conquistada por Moisés (Nm 21: 21-26), e cedida a Rúben (Nm 32: 27), que a mandou reedificar, sendo depois transferida a sua posse para os filhos de Merari (Uma das cidades dos levitas – Js 21: 39). Mais tarde os Moabitas (Nm 21: 26) a retomaram (Is 15: 3-4), e também os Amonitas (Jr 48: 2). Ainda se acham cisternas e depósitos de água nas ruínas de Hesbom. O seu nome atual é Hisban ou Hesbân, cerca de 20 km a sudoeste Amã (em árabe, ‛Ammān, na Jordânia; a cidade bíblica de Rabá).
Mais uma cidade importante mencionada pelo profeta é Medeba (meydba’ ou mêdhebhã’, ‘água de calma’). Era uma cidade situada num planalto no território de Rúben (Js 13: 9; 16), no lado direito do ribeiro de Arnom. Inicialmente foi uma cidade Moabita, depois conquistada pelos Amorreus (Nm 21: 30), e depois para a tribo de Rúben, após Moisés ter derrotado Seom, rei dos Amorreus. Ela passou a ser uma cidade dos filhos de Amom, que se aliaram aos Siros, mas Davi a tomou (1 Cr 19: 6-15, em especial v. 7). Daí por diante parece que trocou de mão por diversas vezes. Voltou aos Moabitas, mas tornou a ser recuperada por Israel nos dias de Jeroboão II (782-753 AC). Quando Isaías escreveu a profecia, ela já tinha voltado a ser domínio dos Moabitas. A localidade atualmente chamada de Madaba (Mãdabã) fica a cerca de dez quilômetros ao sul de Hesbom e trinta quilômetros a sudoeste da capital da Jordânia, Amã.
• Em Is 15: 2-3 está escrito: “Sobe-se ao templo e a Dibom, aos altos, para chorar [em Inglês é: ‘Ele subiu a Bajith’ – KJV; ‘ele’ pode se referir a Moabe, o rei ou o povo de Moabe; ou ‘Dibom subiu ao templo, até os lugares altos para chorar’ – NRSV]; nos montes Nebo e Medeba, lamenta Moabe; todas as cabeças se tornam calvas, e toda barba é rapada. Cingem-se de panos de saco nas suas ruas; nos seus terraços e nas suas praças, andam todos uivando e choram abundantemente”.
A palavra hebraica Bajith, que significa ‘uma casa’, aqui se trata de uma casa de idolatria, provavelmente o templo de Quemos, o mesmo chamado Bete-Baal-Meon (Js 13: 17), ‘a casa da habitação de Baal’, e é mencionado com Dibom e Bamote-Baal. Se escrevermos esta palavra (Bajith) com letra maiúscula, pode se tratar de um lugar da Palestina. Mas como em Hebraico as letras maiúsculas ou minúsculas não fazem diferença, podemos ver pela Concordância Lexicon Strong que ‘Bajith’ (Strong #1006) é o mesmo que ‘bayith’ (Strong #1004), também escrito como bah’-yith, que significa (entre outras coisas): uma casa (na maior variação de aplicações, especialmente de família, etc.), masmorra, família, dentro (do lado de dentro), palácio, lugar, prisão, templo. Isso nos faz pensar que, provavelmente, se tratava de uma casa eminente ou templo de seus ídolos (como foi explicado acima), pois o versículo menciona a palavra ‘templo’ juntamente com a expressão ‘seus altos’. Dibom (ou Dimom) também deveria estar num monte ou num planalto onde havia altares aos deuses Moabitas, onde eles deveriam chorar e se lamentar por causa do seu infortúnio, e fazer suas súplicas com lágrimas aos seus ídolos, para que os ajudassem.
Também deveriam se lamentar em Medeba e no Monte Nebo, o mesmo que Deus pediu a Moisés para subir e, assim, ter uma visão da Terra Prometida (Dt 32: 49; Dt 34: 1). É o mais alto cume da cordilheira de Pisga, na terra de Moabe, em frente Jericó. A cidade moabita que levava o seu nome havia sido tomada pelos Amorreus, antes dos Israelitas derrotarem Seom, seu rei. Quando Moisés os derrotou, Nebo passou a ser herança da tribo de Rúben (Nm 32: 3; 38; 1 Cr 5: 8). Não se sabe como, a cidade foi recuperada pelos Moabitas – Is 15: 2; Jr 48: 1; 22. Nebo (em hebraico transliterado, ‘nbow’) era também o nome de uma divindade Babilônica, também cultuada pelos Assírios. Em Babilônico, o nome significa: ‘elevação’; deus da erudição e, por conseguinte, da escrita, da astronomia e de todas as ciências; por isso, poderia corresponder ao deus romano Mercúrio. Seu símbolo consistia de uma cunha no alto de um poste, o que significava ou a escrita cuneiforme ou algum instrumento visor empregado na astronomia. Era a principal divindade de Borsipa, cidade a onze quilômetros a sudoeste de Babilônia, mas havia um templo chamado Ezida, ‘Casa do Conhecimento’, que lhe era dedicado em cada uma das cidades maiores da Babilônia e da Assíria. O nome ‘Nebo’ (ou ‘Nabu’) forma parte das palavras Nebu-cadenezar (Nabucodonosor, em Português; Nebuchadnezzar, em Inglês; na ortografia babilônia Nabu-kudur-uzur, ‘Nebo, proteja a coroa’ ou ‘Nebo, proteja as fronteiras’, ou ‘defensor dos limites’) e Nebuzaradã (‘Nebo deu geração’). Borsipa foi completamente reedificada por Nabucodonosor.
Ainda nos versículos 2-3, Isaías fala: “... todas as cabeças se tornam calvas, e toda barba é rapada. Cingem-se de panos de saco nas suas ruas; nos seus terraços e nas suas praças, andam todos uivando e choram abundantemente”.
O ato de arrancar o cabelo e rapar a barba era habitual em grandes lutos; vestia-se de pano de saco e jogavam-se cinzas sobre a cabeça. No oriente, de modo geral, e também entre os Judeus, a barba tinha uma grande importância, pois era um sinal de civilidade, varonilidade e respeitabilidade (Sl 133: 2). Não havia maior ofensa para o homem do que deixar alguém tratá-la com indignidade. Se a mão de alguém a tocava mostrando desprezo, isso era um grande insulto (1 Cr 19: 4; 2 Sm 10: 4-5; 2 Sm 20: 9). Por outro lado, beijar a barba de alguém era uma forma de saudação e simpatia pela outra pessoa. Raspá-la ou arrancá-la era manifestação de luto e dor (2 Sm 19: 24; Ed 9: 3; Is 15: 2; Jr 41: 5; Jr 48: 37). A lei mosaica proibia cortar a barba à maneira dos egípcios (Lv 19: 27; Lv 21: 5). Diferentemente das nações circunvizinhas, os egípcios se barbeavam, exceto o queixo, onde se permitia haver um molho de cabelos, que se conservava bem cuidado. Algumas vezes, em lugar do seu próprio cabelo, usavam barba postiça, trançada, com formas diferentes, segundo a categoria do indivíduo; da mesma forma que usavam suas perucas. Os leprosos, pela lei judaica, deveriam rapar a barba, o cabelo e as sobrancelhas no sétimo dia de sua purificação (Lv 14: 9).
No AT, o cabelo, tanto para homens quanto para mulheres, costumava ser comprido até certo comprimento (Absalão tinha cabelo comprido: 2 Sm 14: 25-26; 2 Sm 18: 9). Geralmente o cabelo não era cortado, apenas aparado, e devia ser bem tratado, pois deixá-lo sem cuidado era sinal de lamentação. O cabelo comprido era uma honra e um sinal de beleza para a mulher (Ct 4: 1b). No NT parece que o costume se inverte em relação aos homens (1 Co 11: 14), entretanto, continuou sendo uma honra para a mulher (1 Co 11: 15). Os leprosos, pela lei judaica, deveriam rapar a barba, o cabelo e as sobrancelhas no sétimo dia de sua purificação (Lv 14: 9). Quando alguém fazia voto de Nazireado, o cabelo era rapado e queimado no final do voto (Nm 6: 5; 9; 19), exceto Sansão, que por ser Nazireu vitalício não poderia cortá-lo (Jz 13: 5). A lei proibia que se cortasse o cabelo nas têmporas (Lv 19: 27; Lv 21: 5), pois esta parte da cabeça era considerada como a fonte da vida para os judeus, e só os pagãos rapavam as costeletas. Em Jr 9: 26; Jr 25: 23 e Jr 49: 32, onde está escrito ‘os que cortam os cabelos nas têmporas’ pode-se ler, em hebraico, ‘ter o cabelo barbeado (ou cortado) em ângulos’, ou seja, ter a barba na bochecha estreitada ou cortada, que era um costume cananeu, proibido aos israelitas. Jr 25: 23-24 diz respeito aos árabes, pois está escrito: “a Dedã, a Tema, a Buz e a todos os que cortam os cabelos nas têmporas; a todos os reis da Arábia e todos os reis do misto de gente que habita no deserto”, bem como em Jr 49: 31-32, pois o título da passagem bíblica é “Profecia a respeito da Arábia” (significando sua invasão por Nabucodonosor): “Levantai-vos, ó babilônios, subi contra uma nação que habita em paz e confiada, diz o Senhor; que não tem portas, nem ferrolhos (o que significa a vida nômade, ao ar livre, em tendas); eles habitam a sós. Os seus camelos serão para presa, e a multidão dos seus gados, para despojo; espalharei a todo vento aqueles que cortam os cabelos nas têmporas e de todos os lados lhes trarei a ruína, diz o Senhor”.
Também não se podia cortar o cabelo na testa, pois era característica de certos cultos idólatras (Lv 19: 27; Lv 21: 5; Dt 14: 1). Em relação aos sacerdotes, Deus fala com Ezequiel (Ez 44: 20): “Não raparão a cabeça, nem deixarão crescer o cabelo; antes, como convém, tosquiarão a cabeça”.
Era costume ungir os cabelos de um hóspede em sinal de hospitalidade (Lc 7: 46); ou eram ungidos em ocasião de festas (Sl 45: 7).
O pano de saco era um tecido grosseiro [em hebraico: saq – Strong #8242: Uma malha (como permitindo que um líquido traspasse), isto é, um pano grosso (usado em luto e para ensacamento); portanto, um saco (para grãos, etc.): saco (roupa de cama, roupas); em grego, sakkos (Strong #g4526), de onde se deriva nosso vocábulo em português – Mt 11: 21; Lc 10: 13], usualmente feito de pêlo de cabras ou de pêlo do camelo e de cor negra (Ap 6: 12). A mesma palavra hebraica algumas vezes significa ‘saco’ (de se guardar dinheiro ou mantimento – Gn 42: 27), que evidentemente era feito do mesmo material. O pano de saco era um sinal de lamentação pelos mortos (Gn 37: 34; 2 Sm 3: 31; Jl 1: 8), ou de lamentação por desastre nacional ou pessoal (Jó 16: 15; Lm 2: 10 – palavra que, na nossa versão em Português, é traduzida como ‘cilício’, embora não seja exatamente a mesma coisa; Et 4: 1), ou de penitência pelos pecados (1 Rs 21: 27; Ne 9: 1; Jn 3: 5; Mt 11: 21), ou de oração especial pedindo livramento (2 Rs 19: 1; 2; Dn 9: 3). A forma do pano de saco, como símbolo da humilhação diante de Deus, era freqüentemente uma faixa ou saiote preso ao redor da cintura (1 Rs 20: 31; 32; Is 3: 24 – traduzido como cilício; Is 20: 2; Ez 27: 31). Era usualmente usado pegado à pele (2 Rs 6: 30; Jó 16: 15), e às vezes era usado durante uma noite inteira (1 Rs 21: 27; Jl 1: 13). Em certo caso substituía um manto presumivelmente por cima de outras roupas (Jn 3: 6). Algumas vezes o pano de saco era estendido no chão para deitar-se em cima (2 Sm 21: 10; Is 58: 5). Os pastores da Palestina usavam pano de saco por ser barato e durável. Algumas vezes os profetas usavam-no como símbolo do arrependimento que pregavam (Is 20: 2; Ap 11: 3). Conforme Jn 3: 8, até mesmo os animais eram vestidos em pano de saco como sinal de súplica nacional. O uso de pano de saco como lamentação e penitência era praticado não somente em Israel, mas também em Damasco (1 Rs 20: 31), em Moabe (Is 15: 3), em Amom (Jr 49: 3 – traduzido como cilício), em Tiro (Ez 27: 31) e em Nínive (Jn 3: 5). A NVI costuma traduzir ‘pano de saco’ por ‘vestes de lamento’. O ‘cilício’ se trata de uma peça de penitência medieval.
Quanto à palavra ‘cinza’ ou ‘cinzas’ (esparramadas sobre a cabeça, como parte do pranto), em hebraico é: ’epher (Strong #665) = ‘produto da queima’; de uma raiz não utilizada que significa ‘espalhar’; cinzas, pó, poeira. A cinza é uma metáfora do que não tem valor (Is 44: 20) e nojento (Jó 30: 19); miséria (Sl 102: 9; Jr 6: 26); vergonha (2 Sm 13: 19); aviltamento perante Deus (Gn 18: 27; Jó 42: 6); contrição (Dn 9: 3; Mt 11: 21); purificação (Nm 19: 9; 10; 17; Hb 9: 13). Quando a bíblia fala sobre jogar ‘cinzas’ sobre a cabeça ou as vestes como sinal de luto ou arrependimento, ela não está falando necessariamente sobre as cinzas decorrentes da queima de animais (como era nos sacrifícios do templo), mas está se referindo a poeira, o pó da terra, que muitas vezes era esparramado sobre a cabeça dos arrependidos ou enlutados (cf. Ne 9: 1).
Há outra palavra hebraica usada para ‘cinza’, que é: deshen, e significa ‘gordura’ ou ‘cinza’ – resíduo de animais sacrificados.
Fonte: O Novo Dicionário da Bíblia – J. D. Douglas – edições vida nova, 2ª edição 1995.
Em Is 15: 4-6 nós podemos ler: “Tanto Hesbom como Eleale andam gritando; até Jaza [NVI: ‘Jaaz’] se ouve a sua voz; por isso, os armados de Moabe clamam; a sua alma treme dentro dele. O meu coração clama por causa de Moabe, cujos fugitivos vão até Zoar, novilha de três anos [NVI: ‘até Eglate-Selisia’]; vão chorando pela subida de Luíte e no caminho de Horonaim levantam grito de desespero; porque as águas de Ninrim desaparecem; seca-se o pasto, acaba-se a erva, e já não há verdura alguma” (ARA).
Nesta profecia de Isaías, clamores de angústia sobem das cidades de Moabe, e as águas de Ninrim desaparecem. As águas de Ninrim desaparecem ou secam por uma grande seca que virá sobre a terra nesse momento ou serão misturadas com o sangue dos mortos ou, ainda, por ação do exército inimigo com os seus cavalos pisando-as com as patas, e sujando-as. Quanto à expressão ‘novilha de três anos’, pode ser lida: ‘cujos fugitivos vão até Zoar, [como uma] novilha de três anos’. Na NVI (Is 15: 5) está escrito: “O meu coração clama por causa de Moabe! Os seus fugitivos vão até Zoar, até Eglate-Selisia. Sobem pelo caminho de Luíte, caminhando e chorando. Pela estrada de Horonaim levantam clamor em face da destruição”.
A mesma profecia é escrita em Jr 48: 34 como: “O grito de Hesbom é ouvido em Eleale e Jaaz, desde Zoar até Horonaim e Eglate-Selisia, pois até as águas do Ninrim secaram” (NVI), ou “Ouve-se o grito de Hesbom até Eleale e Jasa, e de Zoar se dão gritos até Horonaim e Eglate-Selisias; porque até as águas do Ninrim se tornam em assolação” (ARA). Assim, entende-se que ‘Eglate-Selisia’, traduzida como ‘novilha de três anos’, é o nome próprio de um lugar. Em Hebraico transliterado, a palavra para ‘novilha’ é Eglah (`eglah). Salisa (shliyshiy – Strong #7992) significa: a terça parte, o que confirma a afirmação de alguns estudiosos judeus sobre haver mais duas cidades com o nome de Selisia ou Salisa; por isso, a tradução ‘novilha de três anos’, pois essa era uma das três cidades com este nome. Sua localização é desconhecida.
Eleale (em Hebraico, `el‘ãleh, ‘Deus é exaltado’), pertenceu à tribo de Rúben (Nm 32: 37) e mais tarde foi tomada pelos moabitas (Is 15: 4; Is 16: 9; Jr 48: 34). Atualmente, corresponde a uma pequena cidade da Jordânia chamada el-‘Al, localizada a um quilômetro e meio ao norte de Hesbom. Quanto a Luíte, Eglaim e Beer-Elim, sua localização é desconhecida. Eglaim (’eghlayim, Is 15: 8) é uma aldeia em Moabe, diferentemente de En-Eglaim (‘ên-‘eghlayim, ‘fonte das duas novilhas’ ou ‘fonte dos dois bezerros’), mencionada em Ez 47: 10.
Resumindo Is 15: 1-9: o clamor dos angustiados de Moabe está em toda a parte, passando por todas as suas cidades, por causa dos seus rios e da fertilidade da sua terra, que deixarão de existir após a invasão Babilônica. Eles se cingirão de panos de saco e manifestarão abertamente o seu pranto.
• Principal fonte de pesquisa: Douglas, J.D., O novo dicionário da bíblia, 2ª ed. 1995, Ed. Vida Nova.
• Fonte de pesquisa para algumas imagens: wikipedia.org e crystalinks.com
O livro do profeta Isaías vol. 1 (PDF)
O livro do profeta Isaías vol. 2
O livro do profeta Isaías vol. 3
The book of prophet Isaiah vol. 1 (PDF)
The book of prophet Isaiah vol. 2
The book of prophet Isaiah vol. 3
Profeta, o mensageiro de Deus (PDF)
Prophet, the messenger of God (PDF)
Table about the prophets (PDF)
Autora: Pastora Tânia Cristina Giachetti
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