Estudo e a orientação bíblica quanto à prática do jejum, baseado em Mc 9: 14-29 (a cura do jovem possesso). Qual o propósito do jejum? Os jejuns pós-exílio e a tentação de Jesus. Palavra Logos e Rhema. O que é o jejum de Daniel?

Study and biblical guidance regarding the practice of fasting, based on Mk. 9: 14-29 (the healing of a boy with evil spirit). What is the purpose of fasting? The fasts instituted post-exile and the temptation of Jesus. Word Logos and Rhema. What is Daniel’s Fast?


Jejum – estudo bíblico


Mc 9
14 Quando eles se aproximaram dos discípulos, viram numerosa multidão ao redor e que os escribas discutiam com eles.
15 E logo toda a multidão, ao ver Jesus, tomada de surpresa, correu para ele e o saudava.
16 Então, ele interpelou os escribas: Que é que discutíeis com eles?
17 E um, dentre a multidão, respondeu: Mestre, trouxe-te o meu filho, possesso de um espírito mudo;
18 e este, onde quer que o apanha, lança-o por terra, e ele espuma, rilha os dentes e vai definhando. Roguei a teus discípulos que o expelissem, e eles não puderam.
19 Então, Jesus lhes disse: Ó geração incrédula, até quando estarei convosco? Até quando vos sofrerei? [NVI: Até quando terei que suportá-los?] Trazei-mo.
20 E trouxeram-lho; quando ele viu a Jesus, o espírito imediatamente o agitou com violência, e, caindo ele por terra, revolvia-se espumando.
21 Perguntou Jesus ao pai do menino: Há quanto tempo isto lhe sucede? Desde a infância, respondeu;
22 e muitas vezes o tem lançado no fogo e na água, para o matar; mas, se tu podes alguma coisa, tem compaixão de nós e ajuda-nos.
23 Ao que lhe respondeu Jesus: Se podes! Tudo é possível ao que crê.
24 E imediatamente o pai do menino exclamou [com lágrimas]: Eu creio! Ajuda-me na minha falta de fé!
25 Vendo Jesus que a multidão concorria, repreendeu o espírito imundo, dizendo-lhe: Espírito mudo e surdo, eu te ordeno: Sai deste jovem e nunca mais tornes a ele.
26 E ele, clamando e agitando-o muito, saiu, deixando-o como se estivesse morto, a ponto de muitos dizerem: Morreu.
27 Mas Jesus, tomando-o pela mão, o ergueu, e ele se levantou.
28 Quando entrou em casa, os seus discípulos lhe perguntaram em particular: Por que não pudemos nós expulsá-lo?
29 Respondeu-lhes: Esta casta não pode sair senão por meio de oração e jejum [Em Mt 17: 20-21 está escrito: “E ele lhes respondeu: Por causa da pequenez da vossa fé. Pois em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele passará. Nada vos será impossível. Mas esta casta não se expele senão por meio de oração e jejum”].


Jesus fala com o pai do jovem possesso Jesus expulsou o demônio


Precisamos entender o que se passava por detrás da possessão do menino e o que o impedia verdadeiramente de ser curado. Podemos ver que Jesus não o curou imediatamente, mas levou um tempo conversando com o pai, pois nele estava o impedimento à cura que era sua falta de fé. Por isso, ao chorar e dizer “Eu creio! Ajuda-me na minha falta de fé” ele recebeu a cura e liberou o filho para ser curado também. O jovem foi curado pela palavra de autoridade de Jesus repreendendo o espírito imundo e a carne do pai seria curada através de jejum e oração, pois precisava se dobrar ao poder de Deus e se deixar encher do Espírito.


O jovem possesso foi liberto


Dessa forma, demônio não se expele com jejum nem com oração, mas em nome de Jesus, o qual tem autoridade e está acima de todo o nome: “Estes sinais hão de acompanhar aqueles que crêem: em meu nome, expelirão demônios; falarão novas línguas; pegarão em serpentes; e, se alguma coisa mortífera beberem, não lhes fará mal; se impuserem as mãos sobre os enfermos, eles ficarão curados” (Mc 16: 17-18).

O jejum é para santificar a carne e colocá-la sob o domínio do Espírito Santo, só assim a pessoa se fortalece espiritualmente; em outras palavras, o jejum é para quebrar as barreiras da carne: “Disseram-lhes eles: Os discípulos de João e bem assim os dos fariseus freqüentemente jejuam e fazem orações; os teus, entretanto, comem e bebem. Jesus, porém, lhes disse: Podeis fazer jejuar os convidados para o casamento, enquanto está com eles o noivo? Dias virão, contudo, em que lhes será tirado o noivo; naqueles dias, sim, jejuarão” (Lc 5: 33-35). Por isso, Jesus disse aos fariseus que Seus discípulos não precisavam jejuar como os outros enquanto Ele estivesse com eles, pessoalmente, porque a luz do Espírito estava ali sobrepujando a carne, mas quando Ele se fosse, teriam que buscá-la por si mesmos através do Consolador que deixaria com eles.

Tipos de jejum

a) Jejum parcial: se abster de apenas alguns alimentos.
b) Jejum normal: a abstinência de alimentos, mas com ingestão de água (nos jejuns regulares, como o de um dia); como foi o caso de Daniel em Dn 9: 3, quando confessou os pecados da nação. Jesus provavelmente fez jejum normal de 40 dias no deserto (Lc 4: 2 diz que nada comeu; mas não escreve que nada bebeu. A bíblia não deixa isso claro).
c) Jejum total: abstinência de tudo, inclusive de água. No caso de Ester, foi no máximo três dias (Et 4: 16). Também, de Paulo (At 9: 9), quando se converteu na estrada de Damasco. A medicina confirma ser nocivo um período de mais de três dias sem água.

Exemplos de jejuns na bíblia

Muitos servos de Deus na bíblia fizeram jejum em momentos difíceis de suas vidas para receberem a direção, a revelação e a libertação de Deus: Moisés ficou em jejum quarenta dias e quarenta noites no Monte Sinai para receber os mandamentos de Deus (Êx 24: 18 – as primeiras tábuas da Lei; Êx 34: 28 – as segundas tábuas da Lei). Elias caminhou quarenta dias e quarenta noites até o Monte Horebe, onde se escondeu numa caverna e ouviu a voz de Deus (1 Rs 19:8-9). Ester fez um jejum de três dias antes de ir à presença do rei Assuero para suplicar pela sua vida e pela de seu povo (Et 4: 16-17; Et 5: 1). Neemias também jejuou por alguns dias e orou a Deus quando soube da destruição em que Jerusalém se encontrava (Ne 1: 4). Esdras jejuou junto ao rio Aava pedindo a ajuda de Deus em sua jornada até Jerusalém para ministrar no templo que havia sido construído (Ed 8: 21-23). Daniel ficou em jejum por vinte e um dias até receber a revelação sobre uma visão que tivera e que envolvia grande conflito (Dn 10: 1-3; 13), pois falava de tempos longínquos e de poderosos reinos que viriam. Jesus foi o maior exemplo, quando ficou no deserto em jejum de quarenta dias e quarenta noites sendo tentado por Satanás.

Duração de jejuns na bíblia

A Bíblia mostra vários exemplos de jejuns de duração diferente:
1 dia – O jejum do Dia da Expiação (Lv 23: 27; Jr 36: 6; At 27: 9). Provavelmente foi este o caso de Daniel quando confessou os pecados da nação (Dn 9: 3). Provavelmente o de Esdras (Ed 8: 21-23).
3 dias – O jejum de Ester (Et 4: 16) e o de Paulo (At 9: 9).
7 dias – O jejum de Davi por luto pela morte de Saul (1 Sm 31: 13) e pelo filho de Bate-Seba (2 Sm 12: 16-23).
14 dias – O jejum involuntário de Paulo e os que com ele estavam no navio (At 27: 33).
21 dias – O jejum de Daniel buscando a revelação (Dn 10: 3).
40 dias – O jejum do Senhor Jesus no deserto (Lc 4: 1-2) e de Moisés (Êx 34: 28) e Elias (1 Rs 19: 8). Eles estavam sob o poder sobrenatural de Deus, Moisés sendo envolvido pela glória divina e Elias, na força do alimento que o anjo lhe trouxe.

Em Isaías e Zacarias temos também um comentário interessante sobre o jejum que agrada e o que não agrada a Deus, nos mostrando que, na verdade, o objetivo do jejum não é para mortificar a carne nem para conquistar bênçãos, muito menos para cobrar algo de Deus, porém, para nos aproximarmos dEle, para avivá-lO em nós:

• Is 58: 2-7: “Mesmo neste estado [NVI: ‘dia a dia’], ainda me procuram dia a dia, têm prazer em saber os meus caminhos; como povo que pratica a justiça e não deixa o direito do seu Deus [NVI: ‘parecem desejosos de conhecer os meus caminhos, como se fossem uma nação que faz o que é direito e que não abandonou os mandamentos do seu Deus’], perguntam-me pelos direitos da justiça, têm prazer em se chegar a Deus [NVI: ‘parecem desejosos de que Deus se aproxime deles’], dizendo: Por que jejuamos nós, e tu não atentas para isso? Por que afligimos a nossa alma, e tu não o levas em conta? Eis que, no dia em que jejuais, cuidais dos vossos próprios interesses e exigis que se faça todo o vosso trabalho [NVI: ‘no dia do seu jejum vocês fazem o que é do agrado de vocês, e exploram os seus empregados’]. Eis que jejuais para contendas e rixas e para ferirdes com punho iníquo [NVI: ‘Seu jejum termina em discussão e rixa, e em brigas de socos brutais’]; jejuando assim como hoje, não se fará ouvir a vossa voz no alto. Seria este o jejum que escolhi, que o homem um dia aflija a sua alma, incline a sua cabeça como o junco e estenda debaixo de si pano de saco e cinza? Chamarias tu a isto jejum e dia aceitável ao Senhor? Porventura, não é este o jejum que escolhi: que soltes as ligaduras da impiedade, desfaças as ataduras da servidão, deixes livres os oprimidos e despedaces todo jugo? Porventura, não é também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres desabrigados, e, se vires o nu, o cubras, e não te escondas do teu semelhante?”

O povo em questão parecia sentir prazer em ir ao templo, oferecer sacrifícios, ouvir a palavra de Deus e procurar saber qual a Sua vontade, mas não colocavam em prática as orientações que eram dadas através dos profetas. Assim, nós podemos pensar que a frase acima ‘Mesmo neste estado’ signifique: ‘mesmo que eles continuem em pecado, com dupla prática religiosa, ainda me buscam todo o dia, dia após dia’ (o Senhor estava falando). Subiam aos altos para prestar culto idólatra e ofereciam sacrifícios debaixo de terebintos ou carvalhos.

• Zc 7: 3-5: “... perguntaram os sacerdotes, que estavam na Casa do Senhor dos Exércitos aos profetas: Continuaremos nós a chorar, com jejum, no quinto mês, como temos feito por tantos anos? Então, a palavra do Senhor dos Exércitos me veio a mim, dizendo: Fala a todo o povo desta terra e aos sacerdotes: Quando jejuastes e pranteastes, no quinto e no sétimo mês, durante estes setenta anos, acaso foi para mim que jejuastes, com efeito, para mim?”

Em Zc 8: 19, nós podemos ver quatro meses de jejum observados pelos Judeus, instituídos pós-exílio, que marcavam os desastres da história judaica. A bíblia diz: “Assim diz o Senhor dos Exércitos: O jejum do quarto mês, e o do quinto mês, e o do sétimo, e o do décimo serão para a casa de Judá regozijo, alegria e festividades solenes; amai, pois, a verdade e a paz”.

Vamos explicar a qual situação Deus estava se referindo:
Quarto mês (2 Rs 25: 3 – a cidade de Jerusalém foi tomada pelos Babilônios)
Quinto mês (2 Rs 25: 8 – o templo foi queimado)
Sétimo mês (Jr 41: 1 – Gedalias foi morto). Gedalias (Jr 40: 5), filho de Aicão, filho de Safã, foi a quem o rei da Babilônia nomeou governador das cidades de Judá. Este jejum não deve ser confundido com o jejum da Expiação (Êx 30: 10; Lv 16: 29-34; Lv 23: 26-32), ‘Yom Kippur’.
Décimo mês (2 Rs 25: 1; Ez 24: 1 – quando o exército Babilônico sitiou a cidade) – o 1º dos quatro.

Agora eu pergunto com relação ao texto de Isaías escrito acima (Is 58: 2-7):

— Onde estão a impiedade (não crer nas coisas de Deus), a servidão ao diabo, a opressão e o jugo, a avareza, a indiferença, a falta de compaixão e solidariedade e o egoísmo? Não estão na carne dando brecha para Satanás agir? Por isso, ela precisa ser purificada de tudo isso através do jejum. O jejum não deve ser feito como um ato religioso, mas espiritual. É ele que derruba as barreiras que nos impedem de ouvir a voz do Espírito. Também precisamos ficar atentos à Sua voz para saber quando devemos fazer um jejum.

Quando pensamos em jejum, logo nos lembramos de comida. É o caso do chocolate, do sorvete, das massas, do churrasco e de outras “coisinhas” que achamos que não podem faltar na nossa alimentação. Entretanto, o jejum é uma abstinência de algo que gostamos e, aparentemente, nos faz muita falta (Digo isso por uma experiência que tive com o Espírito Santo), como certos hábitos que são danosos à nossa vida (um hábito gostoso que serve de alimento para a carne): maledicência, mexerico, inveja, consumismo, cigarro, bebidas, certos programas de rádio e televisão, sexo etc. Trata-se da abstinência de algo que já se tornou um hábito, em particular o alimento, e que nos afasta da comunhão com o Senhor. Durante o período em que nos abstemos de alguma coisa, devemos ler a Palavra, orar, procurar revelação espiritual, nos “desligar”, nos “desconectar” das coisas mundanas para podermos estar no trono. Não é o tempo de jejum que traz resultado e sim a postura correta. Mesmo porque quando jejuamos (especialmente de alimentos), devemos conhecer o limite do nosso corpo. Essa prática exige certo treinamento espiritual e corporal que não vem de uma hora para a outra, mas se desenvolve à medida que vamos nos submetendo ao domínio do Espírito Santo. Quando caminhamos verdadeiramente com Ele, sabemos perfeitamente o momento correto de fazermos um jejum. A regra básica é: se a carne está prevalecendo (carne aqui = a parte da nossa alma que tende ao pecado, com desejos e vontades irresistíveis e incontroláveis, opostas à palavra de Deus) e nem lembramos que temos um espírito que também necessita ser alimentado através da oração e da conversa diária com o Criador, essa é uma boa hora para jejuar.

Quanto ao assunto sobre o nosso metabolismo durante o jejum dos alimentos, gostaria de dizer em primeiro lugar que, quando falamos de derrubar barreiras espirituais ou de entrar em contato com o mundo espiritual, estamos na realidade, nos referindo ao que acontece na nossa mente com todo esse processo, porque é pela nossa mente que entramos no mundo espiritual e nos relacionamos com ele. Quando a pessoa se propõe a fazer um jejum alimentar a taxa de açúcar no sangue começa a cair e ela passa a experimentar sintomas disso: sonolência, taquicardia (aceleração dos batimentos cardíacos), irritabilidade ou estado de alerta mais acentuado, tontura, zumbidos no ouvido, sudorese abundante (suor “frio”), tremor fino de extremidades, confusão mental e até sensação de desmaio. Caso ela tenha alguma doença pré-existente que agrave a queda de açúcar ou este chegue a níveis inferiores a 45 mg/dl, pode ocorrer, inclusive, uma convulsão ou coma. Esses são sinais que o cérebro emite para dizer que está faltando alimento (glicose). É nessa hora que a pessoa se torna mais vulnerável ao mundo espiritual, pois suas defesas orgânicas caem. Outras sensações físicas e emocionais começam a aparecer decorrentes da “brecha espiritual” que foi aberta. Por isso, o jejum acaba revelando o que estava no fundo de uma situação, pois a barreira protetora do consciente para o inconsciente cai e o que estava escondido vem à tona.

Nessa fase é que o discernimento do Espírito nos ajuda a distinguir o que procede da carne da pessoa (seus conteúdos emocionais e mentais) e o que é decorrente de ação espiritual externa. Dessa forma, o jejum vem quebrando as barreiras da carne para que a própria pessoa conheça o que se passa no seu interior e comece a orar convenientemente em relação a isso. A partir daí, Deus começa a trabalhar.

Como Jesus, Moisés e Elias conseguiram passar tantos dias em jejum completo? A bíblia fala de quarenta dias.
Eles conseguiram porque já estavam acostumados com a prática do jejum prolongado e a sua carne já estava mais trabalhada por Deus, por isso, a força do Espírito veio sobrepujando a necessidade do corpo. Moisés  (Êx 34: 28) e Elias (1 Rs 19: 8) estavam sob o poder sobrenatural de Deus, Moisés sendo envolvido pela glória divina e Elias, na força do alimento que o anjo lhe trouxe. Não é aconselhável esse tipo de procedimento, a não ser que seja orientado espiritualmente por Ele para fortalecer a pessoa para um possível combate futuro com as trevas. Enquanto o corpo parece desfalecer, o espírito dela se fortalece no contato com o Espírito Santo, mas também fica sujeita às forças espirituais ao redor como eu comentei anteriormente. Lembre-se do estado de Daniel após vinte e um dias de jejum, até receber a revelação que necessitava pela boca do anjo Gabriel. A bíblia diz que ele não tinha mais forças (Dn 10: 17). O que sustenta a pessoa nesses momentos é a oração. A maior prova de que o jejum abre a porta para o combate espiritual é Jesus. A bíblia diz que Ele ficou sem comer nada, no deserto, por quarenta dias, no final dos quais teve fome (Lc 4: 1-2). Quando estava quase desfalecendo é que o diabo apareceu de fato. Este foi o maior momento de tentação para o Filho de Deus, pois Suas forças físicas já tinham se esgotado. Só a presença do Espírito Santo com Ele lhe deu vitória (Lc 4: 1-13; Mt 4: 1-11).


A tentação de Jesus

A tentação de Jesus

Antes de falar de novo sobre o pai do menino epilético, quero dizer algo sobre a tentação de Jesus. Está escrito:

• Mt 4: 1-11: “A seguir, foi Jesus levado pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo. E, depois de jejuar quarenta dias e quarenta noites, teve fome. Então, o tentador, aproximando-se, lhe disse: Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães. Jesus, porém respondeu: Está escrito: Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus. Então, o diabo o levou à Cidade Santa, colocou-o sobre o pináculo do templo e lhe disse: Se és Filho de Deus, atira-te abaixo, porque está escrito: Aos seus anjos ordenará a teu respeito que te guardem; e: Eles te sustentarão nas suas mãos, para não tropeçares nalguma pedra. Respondeu-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor, teu Deus. Levou-o ainda o diabo a um monte muito alto, mostrou-lhe todos os reinos do mundo e a glória deles e lhe disse: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares. Então, Jesus ordenou: Retira-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a ele darás culto. Com isto, o deixou o diabo, e eis que vieram os anjos e o serviram”. Em Lc 4: 13 está escrito: “Passadas que foram as tentações de toda sorte, apartou-se dele o diabo, até momento oportuno”.

Depois do batismo de Jesus, quando o Espírito Santo desceu sobre Ele em forma de pomba e a voz do Pai disse dos céus: “Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo” (Mc 1: 11; Lc 3: 22), Ele foi levado pelo mesmo Espírito para o deserto da Judéia (Mt 3: 1; 13), onde seria tentado pelo diabo por quarenta dias. Lucas diz (Lc 4: 13) que o Senhor foi tentado de várias maneiras (“tentações de toda sorte”), o que nos faz pensar que não foram apenas essas três apresentadas pelo diabo, no fim das forças de Jesus. Podemos imaginar que durante os quarenta dias, o Senhor foi tentado desde as coisas mínimas até culminar com o embate final entre Ele e Satanás. Jesus estava ali como homem e não fez uso de Seu poder divino para se livrar das provas. Mas vamos falar um pouco das três situações apresentadas por Mateus e Lucas. Satanás usou com Jesus as estratégias que ainda usa hoje em dia, distorcendo a própria palavra de Deus para seu benefício e os argumentos sujos para fragilizar ainda mais os crentes nos pontos em que são mais vulneráveis, com o intuito de minar sua fé em Deus e no que Ele lhes diz.

A primeira frase que disse foi: “Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães”. Aqui ele quis pôr em dúvida a verdadeira identidade e divindade de Jesus. Depois de quarenta dias sem comer, o Senhor estava enfraquecido e, logicamente, gostaria de abreviar Sua fome transformando aquelas pedras em pão. Era tentadora a proposta. Mas o intuito do inimigo ia um pouco mais além do que ver Jesus fazer milagres; ele queria pôr em dúvida a divindade de Jesus: “Se és Filho de Deus”, ele disse. Ele usou a conjunção condicional “se” para ver se Jesus tinha ainda a convicção de que Ele era o Filho de Deus; porque se Ele fosse realmente, poderia acabar com aquela dura prova ali mesmo. O sofisma tinha o propósito confundir Jesus para que Ele começasse a questionar o Pai. Mas Jesus sabia, tinha certeza de que Ele era o Filho de Deus, e que não era necessário recorrer ao Pai para saciar Sua fome naquele momento. Ele o livraria daquela prova. Então, percebendo a armadilha, respondeu: “Está escrito: Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus”. E aqui temos um comentário interessante: Ele poderia dar qualquer resposta, mas respondeu com as palavras das Escrituras, ou seja, “Está escrito”; para não deixar dúvida de que a palavra de Deus era soberana e tinha vida em si mesma, estava viva dentro dEle. O termo grego usado para “palavra” neste texto (“Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus”) é rhēmati (ρήματι).

Em grego existem dois vocábulos para “palavra”. Um deles é Logos, que significa qualquer tipo de palavra formatada, a palavra escrita, como é usada para designar a mensagem do evangelho cristão (Jo 1: 1; 10; Fp 2: 16; Ef 1: 13; At 13: 26; 2 Co 5:19; 1 Co 1: 18). Na Septuaginta (a versão grega do AT) o termo ‘logos’ é usado para traduzir a palavra hebraica dãbhãr. Em Jo 1:1;10, o evangelista usou a palavra “Verbo” para designar Jesus, o Verbo, a Palavra entre os homens. Portanto, Logos (Strong #g3056 – Λόγος) significa “razão, discurso, a palavra como a expressão de um pensamento, algo que é dito expressando os pensamentos do Pai através do Espírito, o raciocínio expresso por palavras”. O segundo vocábulo, e que foi usado por Jesus neste texto, é ‘rhēma’ (Strong #g4487 – ρήμα), que significa: toda palavra pronunciada, exalada pela boca; uma coisa falada, uma palavra ou ditado de qualquer tipo, como comando, relatório ou promessa; a palavra especial que Deus pronuncia de Sua própria boca. Foi isso que Jesus quis transmitir: Ele não tinha apenas dentro dele uma palavra que Ele havia lido ou que Lhe dizia que Ele era o Messias, o Filho de Deus; pelo contrário, Ele tinha ouvido uma palavra da boca do próprio Pai que dizia quem Ele era: “Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo”. Isso Lhe deu força para resistir às dúvidas que o diabo tentou colocar em Sua mente. Além disso, Ele respondeu usando a palavra da Escritura (Dt 8: 3): “Está escrito: Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus”.

Assim, não conseguindo derrotá-lo com este estratagema, o diabo tentou o segundo: abalar Jesus no âmbito religioso, com as profecias das Escrituras a respeito da Sua autoridade como Messias. Portanto, o diabo o levou à Cidade Santa, colocou-o sobre o pináculo do templo e Lhe disse: “Se és Filho de Deus, atira-te abaixo, porque está escrito: Aos seus anjos ordenará a teu respeito que te guardem; e: Eles te sustentarão nas suas mãos, para não tropeçares nalguma pedra” (Mt 4: 6 cf. Sl 91: 11-12). E então, Jesus lhe respondeu novamente com a palavra das Escrituras: “Também está escrito: Não tentarás o Senhor, teu Deus” (Mt 4: 7 cf. Dt 6: 16).

Uma antiga tradição judaica dizia que quando o Messias viesse, Ele colocaria os pés sobre o pináculo do templo. Uns dizem que o pináculo é o ponto mais alto do muro no lado sudeste, de frente para o vale de Cedrom, a 50 metros de altura acima da rocha e onde um sacerdote ficava tocando o shofar para chamar o povo à adoração; outros acham que o pináculo ficava um pouco mais acima, no telhado do chamado Pórtico Real Stoa, um pórtico com quatro fileiras de colunas, dentro dos muros. Na sua frente havia duas passagens para a muralha sul do templo que se abria para a cidade pelas Portas de Hulda. Nesse caso, as palavras do inimigo eram como que levassem Jesus a cumprir as profecias, mas Lhe mostrando que Ele não estava vestido apropriadamente para isso, nem como sacerdote, nem como um rei, em glória, e sim como um homem comum, faminto e sujo, e como tal poderia profanar o santuário estando ali desse jeito. Ele tentou colocar culpa em Jesus, a culpa de estar desgostando a Deus; e até o provocou a pular de lá de cima. Mas o Senhor lhe respondeu: “Também está escrito: Não tentarás o Senhor, teu Deus”. Novamente, Ele citou as Escrituras.

Enfim, falhando na sua tentativa de pôr dúvidas no coração de Jesus quanto à Sua identidade divina e falhando em fazê-lO se sentir indigno e culpado espiritualmente diante de Deus e indigno como o Messias, Satanás tentou comprá-lO em relação à autoridade que Jesus poderia ter sobre as coisas materiais e ao poder de rei sobre o mundo. Então, levou Jesus a um monte muito alto, mostrou-Lhe todos os reinos do mundo e a glória deles e lhe disse: “Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares” (Mt 4: 9). Lucas escreve: “Disse-lhe o diabo: Dar-te-ei toda esta autoridade e a glória destes reinos, porque ela me foi entregue, e a dou a quem eu quiser. Portanto, se prostrado me adorares, toda será tua” (Lc 4: 6-7). Adão, ao pecar, deu o que tinha recebido de Deus ao diabo, por isso Jesus disse que Satanás é o príncipe do mundo. E por isso, este Lhe propôs a restituição da autoridade em troca da adoração à sua pessoa, como se ele fosse o dono de todas as coisas ao invés do Pai. Mais uma vez, brincou com a Palavra de Deus que diz: “o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens e o dá a quem quer” (Dn 4: 32b) ou “Deus, o Altíssimo, tem domínio sobre o reino dos homens e a quem quer constitui sobre ele” (Dn 5: 21b). Jesus, então, lhe ordenou: “Retira-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a ele darás culto” (Mt 4: 10 cf. Dt 6: 13). Com isto, o deixou o diabo, e eis que vieram os anjos e o serviram. Em Lc 4: 13 está escrito: “Passadas que foram as tentações de toda sorte, apartou-se dele o diabo, até momento oportuno”.


Jesus venceu a tentação no deserto


De volta ao pai do menino epilético, ele vivia ‘na carne’, sequer com a consciência de que era a sua falta de fé que atrapalhava a cura do filho. As amarras sentimentais doentes e inconscientes deveriam falar mais alto ali do que a vontade consciente de ver a cura do menino. Em outras palavras: a velha luta entre carne e Espírito, por isso Jesus não expulsou demônio algum dele, pois era a sua carne que precisava de tratamento. Ele mesmo desprotegia espiritualmente o filho pela incredulidade, dando brecha ao demônio. Quando ele creu, os dois foram curados. Só o Espírito Santo em nós pode realmente nos transformar e nos levar a fazer a vontade de Deus (Rm 7: 15-25; Gl 5: 16-21; Fp 2: 13-16a)

Um último comentário sobre jejum: muitos irmãos, na vontade de ajudar o outro, se propõem a fazer um jejum para que o problema deste se resolva. Entretanto, se falamos que o jejum é para derrubar as barreiras da carne, não adianta fazer jejum por outra pessoa, pois são as suas próprias barreiras que precisam ser derrubadas. É ele (ela) que precisa jejuar.

Nós dissemos também que demônio se expulsa em nome de Jesus e que a carne se vence pelo jejum. Para terminar, vamos ver que o mundo, ou seja, tudo o tem a ver com o tempo, com as pessoas e com as coisas naturais da existência humana, se vence pela fé: “porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé. Quem é o que vence o mundo, senão aquele que crê ser Jesus o Filho de Deus?” (1 Jo 5: 4-5).

Um comentário sobre o jejum de Daniel


O jejum de Daniel


A bíblia descreve três episódios distintos onde Daniel se absteve de certos alimentos:
• “Experimenta, peço-te, os teus servos dez dias; e que se nos dêem legumes a comer e água a beber” (Dn 1: 12).
• “Manjar desejável não comi, nem carne, nem vinho entraram na minha boca, nem me ungi com óleo algum, até que passaram as três semanas inteiras” (Dn 10: 3).
• “Voltei o rosto ao Senhor Deus, para o buscar com oração e súplicas, com jejum, pano de saco e cinza” (Dn 9: 3), quando faz sua oração pelo povo, ele estava em jejum completo. Oração, súplicas, jejum, pano de saco e cinzas eram comuns quando se tratava de uma oração especial pedindo livramento (2 Rs 19: 1-2; Dn 9: 3; Jn 3: 5-8).

O 1º acima (Dn 1: 12) não foi exatamente um jejum com propósito espiritual, mas uma questão de não se contaminar com a comida pagã da Babilônia, pois Daniel e seus amigos tinham acabado de chegar lá é haviam feito um acordo de se consagrar a Deus, de ser fiel a Ele, não importa o que acontecesse com eles. E, é claro, os judeus não podiam comer porco nem qualquer comida consagrada a outros deuses nem beber o vinho das libações feitas a eles. A bíblia diz: “Resolveu Daniel firmemente, não contaminar-se com as finas iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia; então, pediu ao chefe dos eunucos que lhe permitisse não contaminar-se” (Dn 1: 8). Por isso, eu não chamo isso exatamente de um jejum, foi uma dieta que iniciou com dez dias de teste e se prolongou por três anos, o tempo de seu treinamento para assistir diante do rei (Dn 1: 16, 18 cf. v. 5). Poderíamos chamar isso de “A dieta de Daniel”. A bíblia não menciona a palavra “jejum” aqui.

A expressão hebraica ‘legumes’ dizia respeito a grãos, leguminosas e os frutos de todas as sementes. A palavra hebraica usada neste texto é zeroa ou zerason – Strong #2235, זֵרֹעִים, que quer dizer, literalmente: pulso, pulsar, pulsação, batimento, cadência, palpitação, palpitar, vida, vibrar, bater, movimento rítmico, ter pulsações. Ela vem da raiz hebraica zara, que significa: algo semeado (apenas no plural, zero’im ou zar’im), ou seja, um vegetal (como alimento); sementes (ou seja, alimentos que vêm de uma semente). Ele bebeu água e comeu verduras, frutas, legumes e grãos, provavelmente, a cevada ou o trigo torrado, que era costume entre os judeus.

No 2º texto (Dn 10: 3) já houve um propósito mais específico da parte de Daniel de buscar a revelação de Deus sobre uma visão que o perturbou. Aqui, nós podemos chamar realmente, o jejum de Daniel. No v. 4, o 24º dia do primeiro mês caiu logo após as festas da Páscoa (14º dia de Nisã) e dos Pães sem Fermento (do 15º até o 21º dia), com o que o seu jejum pode ter estado associado. A bíblia diz que ele não comeu pão ou qualquer alimento com trigo fermentado ou que parecesse mais apetitoso: “Manjar desejável não comi, nem carne, nem vinho entraram na minha boca, nem me ungi com óleo algum, até que passaram as três semanas inteiras” (Dn 10: 3). Daniel se absteve de comer certos alimentos e ungir-se, o que era comum em dias de luto, não de festa. Ele estava de luto porque queria entender a visão (v. 12).

A Festa dos Pães Asmos iniciava no 15º dia do primeiro mês (no dia seguinte à Páscoa) e durante sete dias era comido o pão sem fermento (Lv 23: 6), o que inclui o pão feito com a cevada, trigo ou espelta (um trigo de qualidade inferior). O primeiro e o último dia da festa eram convocações santas e sacrifícios eram oferecidos (Nm 9: 1-5; Nm 28: 16-25 e Dt 16: 1-8). Os judeus continuam a fazer isso hoje: come-se o pão sem fermento (matzá) e durante estes dias, todos os produtos com fermento são removidos da casa: aveia, pão, bolachas, bolos, biscoitos, macarrões e qualquer coisa feita com um agente de fermentação ou farinha. Sua dieta é composta de: arroz, que se enquadra na categoria de leguminosas (kitniyot), e que inclui feijões, ervilhas, lentilhas e vários tipos de sementes. Embora o vinho kosher seja uma parte importante da celebração da refeição da Páscoa judaica, outros tipos de álcool são proibidos (pelo menos para os judeus tradicionais. Alguns judeus bebem tequila, um licor mexicano feito de agave). Eles usam maionese em suas refeições, e às vezes temperam com alho. Também comem carne de vaca ou cordeiro. Isso nos faz pensar que a festa dos pães asmos tinha o propósito espiritual de santificação (= pão asmo), pois o fermento simboliza a carne, a maldade e a malícia humana em contraposição com a santidade do Espírito. Em 1 Co 5: 6-8, o apóstolo Paulo escreve: “Não é boa a vossa jactância. Não sabeis que um pouco de fermento leveda a massa toda? Lançai fora o velho fermento, para que sejais nova massa, como sois, de fato, sem fermento. Pois também Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi imolado. Por isso, celebremos a festa não com o velho fermento, nem com fermento da maldade e da malícia, e sim com os asmos da sinceridade e da verdade”.

Na verdade, na lei de Moisés os judeus tinham um único dia de jejum instituído: o jejum do Dia da Expiação (Lv 23: 27), que também ficou conhecido como “o Dia do Jejum” (Jr 36: 6; At 27: 9). Servos de Deus fizeram jejum voluntário para se aproximar dEle em determinadas situações onde Sua unção de fazia necessária.

Voltando a Daniel, ele se absteve de alimentos como carne ou vinho e se absteve de ungüentos que tornavam a vida mais confortável em um clima seco e desértico: “Manjar desejável não comi, nem carne, nem vinho entraram na minha boca, nem me ungi com óleo algum, até que passaram as três semanas inteiras” (Dn 10: 3). Na verdade, ele começou seu jejum no dia 1º do mês de Nisã, mas aproveitou o feriado da Páscoa e dos pães asmos, terminando no 21º dia, quando também terminava a celebração do feriado da Páscoa. Se ele deixou de comer carne e beber vinho, é porque isso não era proibido de se comer na Festa dos Pães Asmos, mesmo porque se tratava de uma festa e não de uma ordenança de luto.

Quando analisando o texto de Dn 10: 3, usando a KJV com Concordância de Strong, nós podemos notar o seguinte: “Manjar desejável não comi, nem carne, nem vinho entraram na minha boca, nem me ungi com óleo algum, até que passaram as três semanas inteiras”; em inglês está escrito: “I ate no pleasant bread, neither came flesh nor wine in my mouth, neither did I anoint myself at all, till three whole weeks were fulfilled”. “Manjar desejável” é escrito como ‘nenhum pão agradável’ (‘no pleasant bread’), em hebraico lechem לחם, Strong #3899, que significa: comida (para homem ou animal), especialmente pão ou grãos para fazê-lo; comer, comida, fruta, pão, carne, víveres; Pães da Proposição. Isso fala a favor de pão com fermento e outras coisas gostosas, incluindo carnes e vinho.

Dadas as condições de enfraquecimento em que ele se encontrou depois dos 21 dias (Dn 10: 8-10; 16-19), podemos imaginar que deve ter comido muito menos do que legumes, como descrito em Dn 1: 12. Deve ter sido água e, no máximo, o pão asmo da Páscoa, pois geralmente, os judeus jejuavam de maneira bem mais intensa quando se tratava de um caso de se humilhar diante de Deus pedindo uma revelação ou um livramento (ver Et 4: 16; ela fez um jejum total). Em outras palavras, este jejum foi um período de luto para Daniel e também parte do modo como ele se dispôs a adquirir entendimento e a humilhar-se perante o seu Deus (Dn 10: 12). Daniel jejuou por causa de uma revelação mais difícil. O anjo lhe declarou que desde o primeiro dia de oração o profeta já fora ouvido (Dn 10: 12), mas que uma batalha estava sendo travada no reino espiritual, tentando impedir a revelação (v. 13) e que continuaria contra os Principados da Pérsia e da Grécia (v. 20-21).

Também era comum durante os jejuns de luto, a pessoa não ungir os cabelos e não cuidar muito de sua aparência. Talvez, por isso é que Jesus nos ensinou a maneira certa de jejuar, para ser visto por Deus, não por homens: “Quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas; porque desfiguram o rosto com o fim de parecer aos homens que jejuam. Em verdade vos digo que eles já receberam a sua recompensa. Tu, porém, quando jejuardes, unge a cabeça e lava o rosto, com o fim de não parecer aos homens que jejuas, e sim ao teu Pai, em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará” (Mt 6: 16-18).

O AT mostra diferentes propósitos para o jejum: luto (1 Sm 31: 13; 2 Sm 1: 12; 2 Sm 3: 35), arrependimento de pecados (1 Sm 7: 6; Ne 9: 11; Dn 9: 3), aflição e enfermidade (2 Sm 12: 16-23; 2 Cr 20: 3; Sl 35: 13), buscar proteção (Ed 8: 21-23; Et 4: 16); intercessão (Dn 9: 3, Dn 10: 2-3); consagração (o Nazireado – Nm 6: 3-4); nos momentos de guerra espiritual, onde se necessita de fortalecimento e revelação de Deus (Dn 10: 1-3; 12; 13; 20-21).

O que podemos comer quando fazemos o jejum de Daniel? O que precisamos remover?

Hoje, ao fazer um jejum de Daniel, a pessoa deve ter em mente que é um ato de penitência que dura 21 dias, em que se deve abster de certos alimentos, com o objetivo de se aproximar de Deus e se purificar da contaminação mundana que ela vive, deixando as vontades da sua carne em segundo plano. Assim, ela deve se abster de carne e produtos de origem animal (de vaca, frango, peixe, ovos e laticínios), doces e adoçantes naturais como mel (inclui frutas como tâmaras, ameixas, e outras preparadas com açúcar, uva etc.), pão e alimentos saborosos (com gorduras), fermento, bebidas alcoólicas, refrigerantes, cafeína, aditivos e alimentos processados.

É permitido comer:
• Verduras, legumes, frutas e grãos integrais (granola, aveia, soja, trigo torrado), nozes e sementes.
• Água mineral e água de coco; chás de erva-doce, camomila, hortelã, erva-cidreira.
• Temperos como alho, cebola, sal, pimentão, cheiro verde, azeite de oliva, pimenta, canela, orégano, manjericão, azeitona e farelo de linhaça.

Como eu falei nas orientações iniciais sobre jejum, é bom se ‘desconectar’ de outras coisas que possam distrair a mente do foco de buscar a Deus: internet (sites de lojas, por exemplo, que estimulam o consumismo; jogos, tipo videogame, futebol; e tudo que traz distrações), músicas seculares, whatsapp, redes sociais, TV (cortar todo consumo de informações inúteis: as notícias do mundo, séries na TV), sexo etc., ou seja, o que a pessoa ‘ingere’ com os olhos e ouvidos. E, logicamente, se dedicar mais à oração, à leitura e à meditação da palavra de Deus; ouvir louvor e mensagens que edifiquem a alma e fortaleçam o espírito; ler livros com conteúdo cristão. Em resumo: manter a mente conectada com Deus (o espírito em constante conversa com Ele).

Dependendo da profissão da pessoa, até certas opções deveriam ser feitas, levando-se em conta o motivo específico do jejum e da fraqueza da carne que está se tentando extirpar. Ela só vai acessar informações deste mundo que sejam, realmente, necessárias para o trabalho e o estudo. São dias em que se desliga do mundo e se desintoxica das informações inúteis, conectando-se mais com Deus para ouvir a Sua voz.

Este texto se encontra no livro:


livro evangélico: Curiosidades e revelações

Curiosidades e revelações (PDF)

Curiosities and revelations (PDF)


Autora: Pastora Tânia Cristina Giachetti

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