Explicação sobre as profecias do livro de Zacarias cap.9-10. Ele profetiza a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém (Zc 9: 9) e fala sobre Alexandre o Grande (o castigo da Síria, de Tiro, Sidom e Filístia). O que é uma pedra angular?
Explanation of the book of Zechariah ch 9-10. He prophesies the triumphal entry of Jesus into Jerusalem (Zech. 9: 9) and about Alexander the Great (the punishment of Syria, Tyre, Sidon and Philistia). What is cornerstone?
A partir do capítulo 9 se inicia a segunda parte do livro de Zacarias, o qual se refere às suas profecias no período em que já era idoso (Zc 9–14). No capítulo 9, além de profetizar o castigo de diversos povos, ele faz uma profecia messiânica sobre a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém (Zc 9: 9 cf. Mt 21: 5). No capítulo 10 há uma promessa de bênção sobre Judá e Israel.
Em relação aos antigos judeus, temos aqui a impressão que o primeiro entusiasmo cedera lugar à frieza, à formalidade, à liderança fraca e ao temor de ataque da Grécia. Em algumas das profecias também há alusão aos eventos escatológicos.
A segunda parte do livro de Zacarias se refere às suas profecias no período em que já era idoso (Zc 9-14). Algumas falam sobre a vinda do Messias com Sua Salvação para o povo verdadeiramente arrependido. Em relação aos antigos judeus, temos aqui a impressão que o primeiro entusiasmo cedera lugar à frieza, à formalidade, à liderança fraca e ao temor de ataque da Grécia. Em algumas delas também há alusão aos eventos escatológicos. Há diversas referências a Zacarias no Novo Testamento: Mt 21: 5 cf. Zc 9: 9 – a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém; Mt 27: 9-10 cf. Zc 11: 13 – Judas devolve o dinheiro da traição; o campo do oleiro descrito por Zacarias, em At 1: 19, chamado de Aceldama (‘Campo de sangue’); Ap 1: 7 cf. Zc 12: 10 – os judeus verão Aquele a quem traspassaram; o momento do arrependimento.
• Zc 9: 1-8 – O castigo de diversos povos: “A sentença pronunciada pelo Senhor é contra a terra de Hadraque e repousa sobre Damasco [NVI: cairá sobre Damasco], porque o Senhor põe os olhos sobre os homens e sobre todas as tribos de Israel; também repousa sobre Hamate, que confina com ele [NVI: Hamate que faz fronteira com Damasco], sobre Tiro e Sidom, cuja sabedoria é grande [NVI: embora sejam muito sábias]. Tiro edificou para si fortalezas e amontoou prata como o pó e ouro, como a lama das ruas. Eis que o Senhor a despojará e precipitará no mar a sua força [NVI: Mas o Senhor se apossará dela e lançará no mar suas riquezas]; e ela será consumida pelo fogo. Asquelom o verá e temerá; também Gaza e terá grande dor; igualmente Ecrom, porque a sua esperança será iludida [NVI: a sua esperança fracassou]; o rei de Gaza perecerá, e Asquelom não será habitada [NVI: ficará deserta]. Povo bastardo habitará em Asdode, e exterminarei a soberba dos filisteus. Da boca destes tirarei o sangue dos sacrifícios idólatras e, dentre os seus dentes, tais abominações [NVI: Tirarei o sangue de suas bocas, e a comida proibida dentre os seus dentes]; então, ficarão eles como um restante para o nosso Deus [NVI: Aquele que restar pertencerá ao nosso Deus]; e serão como chefes em Judá [NVI: e se tornará chefe em Judá], e Ecrom, como jebuseu [NVI: e Ecrom será como os jebuseus]. Acampar-me-ei ao redor da minha casa para defendê-la contra forças militantes [NVI: Defenderei a minha casa contra os invasores], para que ninguém passe, nem volte; que não passe mais sobre eles o opressor [NVI: Nunca mais um opressor passará por cima do meu povo]; porque, agora, vejo isso com os meus olhos”.
• v. 1-2: “A sentença pronunciada pelo Senhor é contra a terra de Hadraque e repousa sobre Damasco [NVI: cairá sobre Damasco], porque o Senhor põe os olhos sobre os homens e sobre todas as tribos de Israel; também repousa sobre Hamate, que confina com ele [NVI: Hamate que faz fronteira com Damasco], sobre Tiro e Sidom, cuja sabedoria é grande [NVI: embora sejam muito sábias]”.
Aqui o Senhor pronuncia Sua sentença contra Damasco, e menciona as cidades de Hadraque, Hamate (v.2) juntamente com essa advertência. Hadraque era uma cidade ao norte da Síria, chamada Hatarikka, em Assírio, ao sul de Alepo. Era uma cidade importante da Celessíria. A Celessíria ou Coele-Síria é a região ao norte da Síria, mais tarde tomada pelos Romanos e Partas. Damasco, Hamate e Arpade eram aliadas. Isaías havia profetizado sobre Damasco (Is 17: 1-3; Is 7: 8), assim como Amós (Am 1: 3-5), se referindo à Assíria entre os reinados de Tiglate-Pileser III (745-727 AC), Salmaneser V (727-722 AC) e Sargom II (722-705 AC). Tiglate-Pileser III a capturou em 732 AC e a cidade foi reduzida a cidade subsidiária dentro da província Assíria de Hamate. Salmaneser V sitiou Samaria por três anos (2 Rs 17: 5; 2 Rs 18: 9-11), enquanto seu sucessor Sargom II a capturou no ano em que subiu ao trono (Exílio de Israel para a Assíria – 722 AC). Damasco continuava sob jugo assírio. O reino de Damasco foi destruído pela Assíria, mas a cidade permaneceu, e é para ela que Jeremias profetiza (Jr 49: 23-27). O cumprimento da profecia de Jeremias se deu, provavelmente em 581 AC, cerca de cinco anos após a destruição de Jerusalém (586 AC) por Nabucodonosor. Daí por diante perdeu sua influência política, ficando apenas com a influência econômica (Ez 27: 18). Portanto, a profecia de Zacarias aqui já se referia ao que tinha restado da cidade de Damasco após a destruição Babilônica, recuperando parcialmente seu poder econômico durante o período persa. Mas sofreria depois, sob Alexandre o Grande e o estabelecimento do Império Selêucida naquele território, tentando disputar o poder da região da Celessíria. Só passou novamente a ser capital em 111 AC, durante o governo selêucida de Antíoco IX de Cízico (155-96 AC). Aretas (um rei Nabateu) conquistou a cidade em 85 AC, entregando-a depois para Tigranes II da Armênia (83-69 AC). A partir de 64 AC até 30 DC foi domínio Romano.
Hamate, ‘Fortaleza ou recinto sagrado’, foi uma cidade e reino da alta Síria, no vale de Orontes. Era o limite do vale Sírio e um território cedido aos israelitas (Nm 13: 21), mas eles não chegaram a tomar posse dessa terra. Hamate teve muita importância e prosperidade no tempo de Davi (2 Sm 8: 9-10) e Salomão, sendo que este edificou ali cidades-armazéns (2 Cr 8: 4; 2 Rs 14: 28). Depois da morte de Salomão, Hamate se tornou, outra vez, estado livre, e conservou a sua independência até que o rei Jeroboão II de Israel (782-753 AC) a tomou de Judá, destruindo as suas fortificações (2 Rs 14: 28). Mais tarde, Hamate fez parte do império da Assíria (2 Rs 18: 34; Is 10: 9), passando depois para o poder dos caldeus no tempo de Zedequias (Jr 39: 5; Jr 49: 23; Jr 52: 9; 27). Não somente era um importante centro comercial, mas também se tornara notável em virtude do seu sistema de irrigação por meio de grandes rodas (‘norias’), que faziam subir a água do rio Orontes para ser levada à cidade alta. É hoje conhecida pelo nome de Hamãh ou Hama. Também foi incorporada ao império persa e grego.
Ainda nos versículos 1 e 2, o profeta menciona as cidades da Fenícia: Tiro e Sidom, e diz que sua sabedoria é grande. Sidom era uma grande cidade perto de Tiro, fortemente unida a ela por comércio e chamada por alguns a mãe de Tiro, pois se supõe que esta foi construída e habitada pela primeira vez por uma colônia dos sidônios. ‘O mar’ (Is 23: 4) era aquela parte do mar onde Tiro estava, e de que os navios e os homens foram enviados a todos os países. Tiro era conhecida como ‘a fortaleza do mar’ por causa não apenas da sua força e poder comercial, mas porque defendia essa parte do mar das piratarias e dos invasores que tentassem dominar o continente. O comércio de todo o mundo estava reunido nos armazéns de Tiro. Seus mercadores foram os primeiros a navegar através do Mediterrâneo, fundando colônias na costa e ilhas vizinhas do mar Egeu (Grécia), na costa do norte de África (em Cartago), na Sicília, na Córsega e na península Ibérica.
Em 539 AC Ciro conquistou a cidade para o império persa e ela se manteve sob seu domínio. Os habitantes de Tiro supriram Israel com madeira de cedro para a reconstrução do templo de Jerusalém (Esdras 3: 7). Neste momento da História, Tiro era uma cidade arrogante e orgulhosa que confiava em si mesma, achando-se inexpugnável por causa de suas fortalezas; também se vangloriava em suas riquezas e no poder do seu comércio (Zc 9: 3).
• v. 3-4: Zacarias diz que a sabedoria de Tiro consistia na construção de fortalezas na Velha Tiro do continente e na cidade da ilha (a Nova Tiro), e na capacidade de acumular ouro e prata; e Ezequiel confirma a sabedoria do seu rei de adquirir não somente ouro e prata, como de chegar ao poder. Também tinha a sabedoria do comércio e a diplomacia de lidar com as nações. Em Ez 28: 1-7, isso pode ser visto e, segundo historiadores antigos, Josefo e Filóstrato (Lúcio Flávio Filóstrato, um filósofo ateniense, 150-250 DC), o rei de Tiro em questão era Ithobal III (ou Etbaal III – 591-573 AC). Em Is 23: 8, o profeta fala que Tiro era distribuidora de coroas, e que seus mercadores eram príncipes e seus negociantes eram os mais nobres da terra. Diz-se que Tiro era distribuidora de coroas porque sempre houve uma grande sucessão de reis nesta cidade; ou, então, porque, servindo a muitas nações, a cidade dava honra a muitos reis de várias nações. Seus mercadores (comerciantes) eram tão conceituados como se fossem príncipes e nobres. Mas o Senhor planejou sua queda para destruir a soberba e a beleza de Tiro, e humilhar seus ‘príncipes’, seus mercadores. Também há referência a Tiro em: Is 23: 1-18; Ez 26: 1—28: 26; Am 1: 9-10; Mt 11: 21-22; Lc 10: 13-14.
Amós os repreendia por terem entregado prisioneiros hebreus aos edomitas (Am 1: 9-10), e Joel, por terem vendido prisioneiros hebreus como escravos aos gregos (Jl 3: 6-8). Ezequiel (Ez 27: 13) também fala do comércio de Tiro com Javã (Os antepassados dos gregos), Meseque e Tubal envolvendo escravos. Isaías, assim como Ezequiel, profetizou sua queda.
Enquanto que as profecias de Isaías (Is 13: 1-18) e Ezequiel (Ez 27: 1-36) foram dirigidas contra a Velha cidade de Tiro no continente e foram cumpridas pelos assírios e por Nabucodonosor, a profecia de Zacarias parece ser contra a Nova Tiro, na ilha, e que era aparentemente inexpugnável, pois era protegida por uma muralha dupla e de uma altura considerável, e era cercada pelo mar em toda a sua extensão. Tiro estava na rota de Alexandre o Grande, do Mediterrâneo para o Egito.
Ela fechou os portões para os gregos, mas depois do cerco de sete meses e da construção de um novo molhe (um istmo artificial) até a fortaleza da ilha, Alexandre a conquistou em 332 AC. Assim a profecia de Ezequiel (Ez 26—28) foi cumprida plenamente. A grande e arrogante Tiro finalmente tornou-se um lugar para os pescadores secarem as suas redes. A profecia de Zacarias 9: 4 também pode ser encaixada aqui: “Eis que o Senhor a despojará e precipitará no mar a sua força [NVI: Mas o Senhor se apossará dela e lançará no mar suas riquezas]; e ela será consumida pelo fogo”.
• v. 5-7: “Asquelom o verá e temerá; também Gaza e terá grande dor; igualmente Ecrom, porque a sua esperança será iludida [NVI: a sua esperança fracassou]; o rei de Gaza perecerá, e Asquelom não será habitada [NVI: ficará deserta]. Povo bastardo habitará em Asdode, e exterminarei a soberba dos filisteus. Da boca destes tirarei o sangue dos sacrifícios idólatras e, dentre os seus dentes, tais abominações [NVI: Tirarei o sangue de suas bocas, e a comida proibida dentre os seus dentes]; então, ficarão eles como um restante para o nosso Deus [NVI: Aquele que restar pertencerá ao nosso Deus]; e serão como chefes em Judá [NVI: e se tornará chefe em Judá], e Ecrom, como jebuseu [NVI: e Ecrom será como os jebuseus]” – cf. Is 14: 20-31; Jr 47: 1-7; Ez 25: 15-17; Jl 3: 4-8; Am 1: 6-8; Sf 2: 4-7.
Zacarias fala aqui sobre o juízo divino sobre os filisteus, e esse juízo seria feito por Alexandre, o Grande, e, mais tarde, terminado pelos descendentes dos Macabeus.
Gate é omitida aqui, talvez por estar um pouco afastada da rota de Alexandre, o Grande, para o Egito. Em Joel (Jl 3: 8) está escrito: “Venderei vossos filhos e vossas filhas aos filhos de Judá, e estes, aos sabeus, a uma nação remota [NVI: ‘e eles os venderão à distante nação dos sabeus’], porque o Senhor o disse” – ou seja, vender os filhos dos tírios e dos filisteus para os sabeus. Dario II e Artaxerxes II (404-358 AC), seu filho, e principalmente Alexandre, o Grande, reduziram os poderes fenícios e filisteus. Após a captura de Tiro e Gaza por este último conquistador, multidões de filisteus e trinta mil tírios e foram vendidos como escravos. Assim, Deus fala para os judeus, da mesma forma, venderem estes escravos estrangeiros para os sabeus. Os sabeus (Shba’iy ou Shba’) foram aos primeiros progenitores de um distrito da Etiópia. Shba’iy é uma variação da palavra hebraica Cba’iy, ou Cba’ (Is 45: 14), se referindo aos descendentes de Cuxe, filho de Cam, que estabeleceu sua nação (Seba ou Sebá; em hebraico: Sheba), que mais tarde veio a ser a Etiópia. Seba está relacionado com Sabá, também filho de Cuxe, que se estabeleceu ao sul da Arábia. Seba (sebha’) e Sabá (shebha’) são as formas (árabe antiga e hebraica) do povo do reino de Sabá.
Da mesma forma, Zacarias prediz a derrota de Asquelom, Ecrom e Gaza, cujo rei perecerá. Alexandre o Grande tomou Gaza após cinco meses de cerco. Dez mil dos seus habitantes morreram e os demais foram vendidos como escravos. Gaza ocupava uma importante posição nas rotas comerciais entre o Egito e a Ásia ocidental. A cidade foi finalmente desolada por Alexandre Janeu, em 93 AC, conforme havia sido profetizado por Am 1: 6-7; Sf 2: 4 e Zc 9: 5. Por isso, Deus disse através do profeta Zacarias: ‘ficarão eles como um restante para o nosso Deus [NVI: Aquele que restar pertencerá ao nosso Deus]; e serão como chefes em Judá [NVI: e se tornará chefe em Judá]’, porque foi finalmente tomada por Alexandre Janeu, de linhagem hasmoneana e que governou como sumo sacerdote em Judá no período de 103-76 AC. Em 57 AC, Aulo Gabínio (procônsul romano na Síria – 57-55 AC) reedificou a cidade num novo local, ao sul da antiga localização, mais próximo do mar, que continua ocupado até hoje, mas os sítios arqueológicos pouco descobriram.
• ‘Povo bastardo habitará em Asdode’ – Em 604 AC Asdode havia recusado pagar tributo para Nabucodonosor e foi saqueada por ele. A cidade já havia sido saqueada em 711 AC por Sargom II (Is 20: 1; Is 14: 29). No caso da profecia de Zacarias, o termo ‘povo bastardo’ pode se referir aos gregos ou aos Macabeus, que empreenderam vários ataques a essa cidade por sua contínua idolatria. Herodes a restaurou e lhe deu o nome de Azoto (At 8: 40).
• ‘Da boca destes tirarei o sangue dos sacrifícios idólatras e, dentre os seus dentes, tais abominações; então, ficarão eles como um restante para o nosso Deus; e serão como chefes em Judá], e Ecrom, como jebuseu’ (v. 7) – quanto às abominações, o profeta está se referindo às comidas consagradas aos ídolos, e diz que Deus removeria essa idolatria. Mas um remanescente dos filisteus será convertido e receberá honra e dignidade da parte do Senhor, como se fossem chefes em Judá, mesmo porque essas cinco cidades filistéias estavam no território de Judá na divisão de terra feita por Josué.
• ‘... e Ecrom, como jebuseu [NVI: e Ecrom será como os jebuseus]’ – quando houve a distribuição da terra de Canaã por Josué, os jebuseus não foram conquistados pelos israelitas (Js 15: 63; Jz 1: 21). Foi Davi que invadiu sua fortaleza em Sião e os subjugou (Jerusalém era chamada Jebus), e os incorporou à nação judaica, colocando-os como servos (2 Sm 5: 10; 2 Sm 24: 16; 1 Cr 11: 4-9; 1 Cr 21: 18; 20-25), ou seja, numa posição civil inferior. Salomão impôs-lhes trabalhos forçados ao construir o templo: 1 Rs 9: 20-21. Assim, os filisteus, mesmo sendo estrangeiros, seriam aceitos pelo Senhor, da mesma forma que todos os gentios, mas seriam servos dos israelitas, como os jebuseus o foram no passado. Ecrom é o símbolo das suas cidades, assim como de todo o povo filisteu remanescente, colocado como um tributário dos israelitas.
• v. 8: “Acampar-me-ei ao redor da minha casa para defendê-la contra forças militantes [NVI: Defenderei a minha casa contra os invasores], para que ninguém passe, nem volte; que não passe mais sobre eles o opressor [NVI: Nunca mais um opressor passará por cima do meu povo]; porque, agora, vejo isso com os meus olhos”.
• ‘Minha casa’ aqui é mais do que o templo, é a cidade de Jerusalém. Essa profecia seria para tranqüilizar os judeus envolvidos na construção do templo, que temiam um novo ataque por parte dos povos ao redor e até dos persas no momento. Se pensarmos na parte emocional daqueles que voltaram do cativeiro, nós podemos supor que eles estavam desmotivados, desmoralizados e com medo, por isso Deus levantou Seus profetas, Ageu e Zacarias, para incentivá-los (Ed 5: 1-2; Ed 3: 3; Ne 2: 17-18; Zc 1: 1-3; Ag 1: 1-4; 8; 12-15; Ag 2: 6-9). Com a força do Espírito Santo eles conseguiram reconstruir o altar, o templo e a cidade de Jerusalém. A fé de Esdras e Neemias foi um grande ponto de apoio para eles.
• ‘Forças militantes’ – parece estar relacionada com o avanço futuro de Alexandre, o Grande, desde a Turquia (onde ocorreu a batalha de Isso ou Issus em 333 AC, quando derrotou Dario III pela primeira vez) até o Egito, passando pela Fenícia, Filístia e Judéia.
Não parece se tratar dos persas, uma vez que Ciro foi usado por Deus para ajudar na repatriação dos judeus e, com exceção de Cambises II (que estava mais interessado na conquista do Egito), os governantes persas que se seguiram (Dario I e Artaxerxes I) supriram os exilados, as cidades de Judá e a Jerusalém, com bens, gado e dádivas voluntárias não só para a reconstrução do templo (Ed 1: 6-11), como também com coisas básicas para reconstruírem suas casas e suas vidas.
• Xerxes I, filho de Dario I, é mencionado no livro de Ester como um favorecedor dos judeus. Na Bíblia é mencionado como Assuero (em Hebraico), sendo escrito como Ahashuerus, em Caldeu. Axashverosh é a transliteração em grego deste último nome. Ele reprimiu revoltas no Egito e na Babilônia imediatamente após subir ao trono.
• Seu filho, Artaxerxes I, favoreceu a vinda de Esdras e Neemias com o segundo e o terceiro grupos de exilados e, portanto, não invadiu Jerusalém.
Os reis persas em seqüência não tiveram interesse na Judéia:
• Dario II se ocupou com intrigas palacianas e revoltas na Média.
• Artaxerxes II esteve envolvido nas guerras contra a Grécia. Seu maior problema foi o Egito, que se revoltou contra ele desde o início do seu reinado. Não teve sucesso na sua 1ª tentativa de conquista nesta nação.
• Artaxerxes III ou Ochus começou duas grandes campanhas contra o Egito. A 1ª falhou e surgiram rebeliões na parte ocidental do império, pois Filipe II da Macedônia (pai de Alexandre o Grande) começou a se fortalecer na Grécia. Venceu a 2ª campanha contra o Egito, exercendo um rígido controle ali e saqueando templos.
• Artaxerxes IV ou Arses (filho mais novo de Artaxerxes III) subiu ao trono depois do assassinato de seu pai e da maioria de sua família por Bagoas, o principal príncipe da Pérsia. Arses foi um marionete em suas mãos, até que com a ajuda dos nobres matou Bagoas. As hostilidades com a Macedônia recomeçaram sob Felipe II da Macedônia e Alexandre o Grande.
• Dario III, o primo e sucessor de Arses, passou seu reinado em batalhas contra Alexandre, que acabou por tomar o império persa.
• ‘Para que ninguém passe, nem volte; que não passe mais sobre eles o opressor [NVI: Nunca mais um opressor passará por cima do meu povo]’ – como todas essas profecias, este tipo de promessa se torna realmente cumprida na consumação do século, como disse Jesus, e em relação à Sua primeira vinda, pois nos trouxe a revelação sobre as coisas espirituais e nos colocou acima delas para exercermos a autoridade que Ele também nos delegou. Espiritualmente falando, o inimigo não pode mais destruir um filho de Deus que é selado com Seu sangue e que anda em Seus caminhos. Nós somos o Israel de Deus, nosso espírito é o templo onde Ele habita; e Jerusalém corresponde à nossa alma, que necessita ser reconstruída e protegida pelo Seu sangue.
Se olharmos do ponto de vista humano, temporal, o profeta Zacarias não poderia estar falando de uma paz eterna a partir dali, pois muitos opressores passaram por Jerusalém, antes e depois do cativeiro na Babilônia, mas esta profecia está colocada num momento da história onde Deus estava dando uma chance ao Seu povo de ser restaurado e preparado para a vinda do Messias. A desmotivação após o retorno, agravada pelas oposições dos povos ao redor, os impedia não só de reconstruir o templo do Senhor, mas a sua honra diante das nações. Por isso, neste momento (520-518 AC), o profeta logicamente estava falando de coisas mais próximas no tempo. Nós vimos que os persas (especialmente, Dario I), nesse momento, estavam mais preocupados em reprimir as revoluções das nações poderosas que se levantavam contra eles para tirar seu poderio do que se preocupar novamente com judeus, ferindo-os, quando por ordem de Deus eles mesmos haviam sido levantados para restaurar Seu povo.
Podemos pensar também, que logo em seguida aos dias de Alexandre, quando os Ptolomeus e os Selêucidas começaram a reinar e disputar muitas terras no Levante, Jerusalém não viu paz, pois Antíoco IV, por exemplo, invadiu a cidade, matou um porco sobre o altar e provocou a revolta dos Macabeus. Quando Roma se manifestou como o próximo império a dominar o mundo, Pompeu entrou na cidade santa e violou o templo com sua presença pagã lá dentro, embora não exercendo a agressividade de Tito.
Portanto, o versículo acima pode dizer respeito a alguns eventos no tempo de Alexandre o Grande, uma vez que se segue aos que falam sobre a destruição das cidades da Filístia por este conquistador.
Vamos analisar alguns eventos do reinado de Alexandre, o Grande (Alexandre III da Macedônia), naquele momento da História:
Em 332 AC, Alexandre cercou a cidade de Tiro, matou todos os homens em idade militar e vendeu as mulheres e crianças como escravas. Permaneceu na Fenícia e na Síria por aproximadamente três meses. As colheitas eram armazenadas e os suprimentos eram levados ao Eufrates. O sátrapa da Síria deixou de coletar os suprimentos necessários e Alexandre o substituiu. Então os judeus de Samaria se rebelaram e mataram o sátrapa, sofrendo retaliação por parte de Alexandre devido à atitude deles. Ele removeu a maior parte da população e fez de Samaria uma cidade mista, como Gerasa (em Decápolis). Após esmagar a resistência persa em Tiro, Alexandre seguiu pela linha costeira até o Egito, tomando as cidades da Filístia. O historiador Flávio Josefo relatou que quando os macedônios entraram em Jerusalém os judeus mostraram a Alexandre uma profecia do livro de Daniel (Dn 8: 21 e Dn 11: 3), que descrevia um poderoso rei grego que conquistaria o Império Persa. Ele, então, poupou Jerusalém da destruição e avançou rumo ao Egito.
Ao passar por Gaza, encontrou resistência. A cidade era fortificada e construída perto de montanhas, e os macedônios a cercaram. Alexandre foi ferido durante a batalha, mas seu exército destruiu a cidade, matando civis e vendendo milhares de outros como escravos. Alexandre seguiu pela costa do Mediterrâneo e, em 332 AC, entrou no Egito, saudado como libertador do povo. Até mesmo depois de sua morte ele era tratado como uma divindade. Ali ele fundou a cidade de Alexandria em 332 AC, que foi um dos centros urbanos mais prósperos da Antiguidade e capital do Egito Ptolomaico. Com o Egito sob seu controle, Alexandre não voltou pelo caminho de Jerusalém, mas seguiu em direção à Babilônia, na Mesopotâmia (atual Iraque), o centro do Império Persa. Pela segunda vez, ele confrontou Dario III, agora na batalha de Gaugamela, também chamada de Batalha de Arbela (Gaugamela é a atual cidade de Tel Gomel perto de Erbil ou Arbil, no Iraque – 331 AC), e o venceu, submetendo o Império Persa ao seu controle. Dario III fugiu como tinha feito na primeira derrota em Isso (ou Issus, na parte oriental da Cilícia, na Ásia Menor). Desta vez, ele fugiu para Ecbátana (antiga capital da Média, e atual cidade de Hamadã). A cidade da Babilônia deixou que o exército macedônico entrasse livremente pelos seus portões para que não fosse destruída. Depois de conquistar a Babilônia, Alexandre foi para Susã, na Pérsia, que foi uma das principais capitais da dinastia Aquemênida (a primeira capital do Elão), e saqueou seus tesouros.
Maior parte do seu exército foi enviada através da estrada real persa até Persépolis, outra cidade importante da Pérsia (junto com Pasárgada), enquanto Alexandre conduziu a vanguarda com um grupo de soldados, atravessando os ‘Portões Persas’ na Cordilheira de Zagros (uma alta e extensa cordilheira no Irã e no Iraque, desde o noroeste do Irã até o estreito de Ormuz). Os ‘Portões Persas’ era um desfiladeiro estreito na montanha, agora chamado Tang-e Meyran, ligando a costa à parte central da Pérsia, e era controlado pelas tropas Aquemênidas do sátrapa Ariobarzan (Ariobarzanes). Era uma rota perigosa no início do inverno, e estavam fortemente defendidos, mas foram derrotados pelos macedônios (330 AC), e a cidade de Persépolis teve seus grandes tesouros saqueados. Ali, Alexandre ficou por cinco meses. Dario III foi morto (330 AC) por um de seus próprios comandantes, um sátrapa que pretendia ser seu sucessor no trono, mas que também foi morto pelo conquistador grego. O próprio Alexandre enterrou o corpo de Dario e lhe deu um funeral digno. A morte de Dario é considerada como o evento final do Império Aquemênida. Em 323 AC Alexandre morreu no antigo palácio de Nabucodonosor II aos 32 anos de idade. Os historiadores Diodoro e Plutarco divergem quanto à causa da sua morte, sendo que uma das hipóteses é o envenenamento. Seu vinho poderia estar envenenado com uma planta bastante conhecida dos gregos, o heléboro, que produzia sintomas similares aos que foram descritos: febre e dores fortes. Também sua morte foi atribuída a muitas causas naturais, como malária e febre tifóide, pois seu estado geral havia declinado bastante devido a anos de bebedeiras e feridas pelo corpo devido às batalhas. A Índia foi o limite de conquista de Alexandre o Grande, que intentava conquistar um pouco mais do oriente da Ásia e do ocidente da Grécia.
• ‘Porque, agora, vejo isso com os meus olhos’ (v. 8) – Deus sempre teve olhos voltados para o Seu povo, desde o seu cativeiro no Egito (Êx 2: 25; Êx 3: 7). Ele viu como Jerusalém foi oprimida por muitos povos, em especial os assírios e os babilônios. Ele tinha consciência dos erros deles. Mas agora via a construção da Sua cidade e do Seu templo; via Seu povo livre, protegido por Ele mesmo, ao mesmo tempo em que contemplava o julgamento dos seus inimigos e manifestava ao mundo a Sua justiça e a Sua força.
• Zc 9: 9-17 – O Rei vem de Sião: “Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém: eis aí te vem o teu Rei, justo e salvador [NVI: justo e vitorioso], humilde, montado em jumento, num jumentinho, cria de jumenta. Destruirei os carros de Efraim e os cavalos de Jerusalém [NVI: Ele destruirá os carros de guerra de Efraim e os cavalos de Jerusalém], e o arco de guerra será destruído. Ele anunciará paz às nações; o seu domínio se estenderá de mar a mar [NVI: dominará de um mar a outro] e desde o Eufrates até às extremidades da terra [No original: ‘da nação’]. Quanto a ti, Sião, por causa do sangue da tua aliança [NVI: por causa do sangue da minha aliança com você], tirei os teus cativos da cova em que não havia água [NVI: libertarei os seus prisioneiros de um poço sem água]. Voltai à fortaleza, ó presos de esperança [NVI: Voltem à sua fortaleza, ó prisioneiros da esperança]; também, hoje, vos anuncio que tudo vos restituirei em dobro. Porque para mim curvei Judá como um arco e o enchi de Efraim; suscitarei a teus filhos, ó Sião, contra os teus filhos, ó Grécia! E te porei, ó Sião, como a espada de um valente [NVI: Quando eu curvar Judá como se curva um arco e usar Efraim como flecha, levantarei os filhos de Sião contra os filhos da Grécia, e farei Sião semelhante à espada de um guerreiro]. O Senhor será visto sobre os filhos de Sião, e as suas flechas sairão como o relâmpago [NVI: Então o Senhor aparecerá sobre eles; sua flecha brilhará como o relâmpago]; o Senhor Deus fará soar a trombeta e irá com os redemoinhos do Sul [NVI: marchará em meio às tempestades do sul]. O Senhor dos Exércitos os protegerá; eles devorarão os fundibulários e os pisarão [NVI: Eles pisotearão e destruirão as pedras das atiradeiras]; também beberão deles o sangue como vinho [NVI: Eles beberão o sangue do inimigo como se fosse vinho]; encher-se-ão como bacias do sacrifício e ficarão ensopados como os cantos do altar [NVI: estarão cheios como a bacia usada para aspergir água nos cantos do altar]. O Senhor, seu Deus, naquele dia, os salvará, como ao rebanho do seu povo [NVI: os salvará como rebanho do seu povo]; porque eles são pedras de uma coroa e resplandecem na terra dele [NVI: e como jóias de uma coroa brilharão em sua terra]. Pois quão grande é a sua bondade! E quão grande, a sua formosura! [NVI: Ah! Como serão belos! Como serão formosos!] O cereal fará florescer os jovens, e o vinho, as donzelas [NVI: O trigo dará vigor aos rapazes, e o vinho novo às moças]”.
• v. 9: “Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém: eis aí te vem o teu Rei, justo e salvador [NVI: justo e vitorioso], humilde, montado em jumento, num jumentinho, cria de jumenta” – o profeta faz uma transição repentina aos tempos da primeira vinda de Jesus, o Messias, o Rei, que entra em Jerusalém de uma maneira muito diferente dos conquistadores do passado. Essa é uma alusão à entrada triunfal em Jerusalém, montado num jumento, relatada em Mt 21: 5; Jo 12: 15:
• “Quando se aproximaram de Jerusalém e chegaram a Betfagé, ao monte das Oliveiras, enviou Jesus dois discípulos, dizendo-lhes: Ide à aldeia que aí está diante de vós e logo achareis presa uma jumenta e, com ela, um jumentinho. Desprendei-a e trazei-mos. E, se alguém vos disser alguma coisa, respondei-lhe que o Senhor precisa deles. E logo os enviará. Ora, isto aconteceu para se cumprir o que foi dito por intermédio do profeta: 5 Dizei à filha de Sião: Eis aí te vem o teu Rei, humilde, montado em jumento, num jumentinho, cria de animal de carga. Indo os discípulos e tendo feito como Jesus lhes ordenara, trouxeram a jumenta e o jumentinho. Então, puseram em cima deles as suas vestes, e sobre elas Jesus montou. E a maior parte da multidão estendeu as suas vestes pelo caminho, e outros cortavam ramos de árvores, espalhando-os pela estrada. E as multidões, tanto as que o precediam como as que o seguiam, clamavam: Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana nas maiores alturas!” (Mt 21: 1-9).
• “No dia seguinte, a numerosa multidão que viera à festa, tendo ouvido que Jesus estava de caminho para Jerusalém, tomou ramos de palmeiras e saiu ao seu encontro, clamando: Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor e que é Rei de Israel! E Jesus, tendo conseguido um jumentinho, montou-o, segundo está escrito: 15 Não temas, filha de Sião, eis que o teu Rei aí vem, montado em um filho de jumenta. Seus discípulos a princípio não compreenderam isto; quando, porém, Jesus foi glorificado, então, eles se lembraram de que estas coisas estavam escritas a respeito dele e também de que isso lhe fizeram” (Jo 12: 12-16).
O profeta fala em nome do Senhor que é para Jerusalém se alegrar com isso porque eis que vem o seu verdadeiro Rei e Senhor, trazendo uma vitória maior do que Seu povo esperava: a Sua justiça e a Sua salvação. E esse conquistador viria de forma humilde, montado num jumento, não num cavalo de guerra. Jesus viria como um rei manso e humilde, ao contrário do que os judeus sempre esperaram em relação ao seu Messias. Esse versículo de Zacarias também pode ser aplicado aos judeus, que verão o Senhor vindo para salvá-los na Sua segunda vinda: Rm 11: 26.
Os antigos patriarcas (Gn 22: 3; Gn 42: 27; Gn 44: 3), profetas (1 Rs 13: 23) e juízes (Jz 5: 10 – ‘jumentas brancas’; Jz 10: 4; Jz 12: 14 – ‘jumentos’), costumavam montar em jumentos (jumentas), antes da introdução e multiplicação de cavalos no tempo de Salomão, proibidos pela lei de Deus (Dt 17: 16). É óbvio que um país necessitava de cavalos como um equipamento necessário para sua defesa em caso de guerra ou para uso do governo, mas o que Deus falava em Dt 17: 16 era para não multiplicar cavalos, levando o rei a cometer certos erros como, por exemplo: o aumento do intercâmbio com nações estrangeiras (especialmente o Egito), o estabelecimento de um despotismo militar, ostentação de poder do rei e seu exército perante os súditos (paradas militares) e até uma dependência do Egito em tempo de guerra, deixando de lado a confiança em Deus. Davi não poderia ter vitória em suas campanhas militares apenas com mulas. Jesus, como os antigos patriarcas e reis e profetas, entrou em Jerusalém montado num jumento.
Um parêntesis aqui – o texto de Dt 17: 17 também dá outras orientações a um rei: “Tampouco para si multiplicará mulheres, para que o seu coração se não desvie; nem multiplicará muito para si prata ou ouro”. Isso seria para não imitar a prática da poligamia dos países vizinhos, cujos reis tinham numerosos haréns. Um rei deveria conter suas paixões, diferentemente de um homem comum do povo. A bíblia escreve “para que o seu coração se não desvie”, isso porque a mulher tem um grande poder de influência sobre o homem; muitas mulheres influenciariam negativamente um rei no exercício de suas funções. E a orientação para não multiplicar para si muita prata ou ouro significa que os reis foram proibidos de acumular dinheiro para fins privados. Isso demonstraria que ele também tinha um comportamento diferente de um homem perverso, que era ganancioso; se usasse mal seu dinheiro, poderia ser um mau exemplo para os súditos.
Voltando ao caso do jumento e da mula: Davi deu ordens para prepararem uma mula para Salomão e conduzi-lo até Giom, onde seria ungido rei de Israel (1 Rs 1: 33; 38; 44). A mula é uma palavra aplicada ao cruzamento do cavalo e do jumento, e esse cruzamento, ao que parece, foi iniciado no final do reinado de Davi (2 Sm 13: 29; 1 Rs 10: 25; 2 Cr 9: 24: ‘mulos’, ‘mulas’), pois antes, não era costume entre os judeus (Lv 19: 19). A mula (ou o mulo, animal macho) é sempre estéril. As mulas combinam a força do cavalo com a resistência e o passo firme do jumento e têm bastante vigor; mas são símbolo de teimosia ou algo difícil de mover, emperrado, empacado, sem entendimento (Sl 32: 9). Da mesma forma que o jumento, a mula também é um animal de carga e transporte (Is 66: 20).
Por outro lado, o jumento é o símbolo de docilidade, humildade, servidão ou serviço (Gn 22: 3; 5; Gn 42: 26-27; Gn 44: 13; Gn 49: 14; Êx 23: 5; Nm 22: 27; 32; Dt 22: 10; Js 9: 4; 1 Sm 16: 20; 1 Sm 25: 18; 2 Sm 16: 1-2; 1 Rs 13: 29; 1 Cr 12: 40; 2 Cr 28: 15; Pv 26: 3; Is 1: 3; Is 30: 6; Is 30: 24; Is 32: 20; Zc 9: 9), e era o meio de transporte mais comum (Êx 4: 20; Nm 22: 21-23; 25; Js 15: 18; Jz 1: 14; Jz 19: 3; Jz 19: 10; 19; 21; 28; 1 Sm 25: 20; 23; 42; 2 Sm 17: 23; 2 Sm 19: 26; 1 Rs 2: 40; 1 Rs 13: 13; 23; 24; 27; 28; 2 Rs 4: 22; 24; Zc 9: 9); também era um animal usado para os trabalhos domésticos (Gn 22: 3; 5; Gn 36: 24; Êx 23: 12; Dt 5: 14; 1 Sm 10: 2; 14; 16; Jó 1: 14) e levado em conta na avaliação da riqueza de um homem, como sua propriedade, ou como um despojo de guerra (Gn 12: 16; Gn 24: 35; Gn 30: 43; Gn 32: 5; Gn 32: 15; Gn 34: 28; Gn 43: 18; 24; Gn 44: 3; Gn 45: 23; Gn 47: 17; Gn 49: 11; Êx 9: 3; Êx 20: 17; Êx 21: 33; Êx 22: 4; 9; 10; Êx 23: 4; Nm 16: 15; Nm 31: 28; Nm 31: 30; 34; 39; 45; Dt 5: 14; 21; Dt 22: 3; 4; Dt 28: 31; Js 6: 21; Js 7: 24; Jz 6: 4; Jz 10: 4; Jz 12: 14; 1 Sm 8: 16; 1 Sm 9: 3; 5; 20; 1 Sm 12: 3; 1 Sm 15: 3; 1 Sm 22: 19; 1 Sm 27: 9; 2 Rs 7: 7; 10; 1 Cr 5: 21; 1 Cr 27: 30; Ed 2: 67; Ne 7: 69; Jó 1: 3; Jó 24: 3; Jó 42: 12; Is 1: 3; Is 21: 7; Zc 14: 15).
• v. 10-12: “Destruirei os carros de Efraim e os cavalos de Jerusalém [NVI: Ele destruirá os carros de guerra de Efraim e os cavalos de Jerusalém], e o arco de guerra será destruído. Ele anunciará paz às nações (no original: ‘pagãos, gentios’); o seu domínio se estenderá de mar a mar (cf. Sl 72: 8) [NVI: dominará de um mar a outro] e desde o Eufrates até às extremidades da terra [No original: ‘da nação’]. Quanto a ti, Sião, por causa do sangue da tua aliança [NVI: por causa do sangue da minha aliança com você], tirei os teus cativos da cova em que não havia água [NVI: libertarei os seus prisioneiros de um poço sem água]. Voltai à fortaleza, ó presos de esperança [NVI: Voltem à sua fortaleza, ó prisioneiros da esperança]; também, hoje, vos anuncio que tudo vos restituirei em dobro”.
O Messias virá em paz e trará esta paz ao Seu povo, fazendo cessar a guerra entre as nações e entre as pessoas, a começar por Israel, onde Efraim, o reino do Norte, não mais levantará a mão contra Judá (o reino do sul), nem este contra Efraim, como sempre fizeram nos tempos dos reis, quando os dois reinos estavam divididos. Ele anunciará paz às nações, aos povos gentios.
• ‘O seu domínio se estenderá de mar a mar e desde o Eufrates até às extremidades da terra’ – do Mar Vermelho ao Mar Mediterrâneo (‘mar a mar’). O Messias também ‘estenderá o Seu domínio desde o rio Eufrates até as extremidades da terra’, ou seja, desde o Eufrates, o limite da terra prometida a Abraão, até o oeste, para as partes mais remotas da terra (Gn 15: 18; Dt 1: 7; Dt 11: 24; Js 1: 4). Os rubenitas ocuparam o país até à entrada do deserto que os separa do Eufrates (1 Cr 5: 9: ‘também habitaram do lado oriental, até à entrada do deserto, o qual se estende até ao rio Eufrates, porque o seu gado se tinha multiplicado na terra de Gileade’; a frase ‘do lado oriental, até à entrada do deserto’ sugere que se estenderam até o lado ocidental da Mesopotâmia, onde começa a região que conduz até o rio Eufrates, no Oriente). O Eufrates foi visitado por Jeremias (Jr 13: 4-7). Foi também possuído por Davi (2 Sm 8: 3, dando a entender aqui a parte norte do Eufrates, na região da Síria), tendo o Eufrates o nome de ‘o Rio’. A palavra Eufrates, em hebraico, em todos esses textos (Gn 15: 18; Dt 1: 7; Dt 11: 24; Js 1: 4; 1 Cr 5: 9; Jr 13: 4-7) é Prath (Strong #6578), que significa: abrir, correr, Perath (ou seja, Eufrates), um rio do Oriente: Eufrates. Também foi o limite do território no tempo de Salomão: 1 Rs 4: 21; 2 Cr 9: 26 – aqui nestes versículos a palavra usada é: ‘nahar’ – Strong #5104, um substantivo comum para ‘rio’, mas há uma nota na KJV: o Eufrates.
Em Zc 9: 10, a palavra usada também é ‘nahar’, substantivo comum para ‘rio’, mas supõe-se que se refere mesmo ao Eufrates, uma vez que foi a para lá que os exilados foram, e muitos ainda não tinham retornado daquela terra pagã, mas deixaram ali a semente da cultura judaica. Assim, o v. 10 de Zacarias deixa claro que o Messias viria tanto para judeus e gentios e Sua doutrina alcançaria todas as nações e povos da terra: ‘erets – Strong #776 – ser firme; a terra (o planeta); no sentido comum: uma porção de terra, país, terra, campo, nações, região selvagem, mundo. Até os lugares mais remotos do mundo seriam iluminados por Sua doutrina, e conheceriam a redenção, tipificada pela libertação dos judeus fora do seu cativeiro na Babilônia.
• ‘Quanto a ti, Sião, por causa do sangue da tua aliança [NVI: por causa do sangue da minha aliança com você], tirei os teus cativos da cova em que não havia água [NVI: libertarei os seus prisioneiros de um poço sem água]’ (v. 11) – o Senhor se dirige agora ao Seu povo, lembrando-o que foi por causa do sangue da Sua aliança com eles é que eles foram redimidos do cativeiro. O cativeiro na Babilônia figura o cativeiro do pecado, do qual o Messias virá resgatá-los também. É interessante lembrar, não só da aliança da circuncisão dada a Abraão (Gn 17: 7-14), mas também da que foi feita com Moisés. Quando este foi chamado por Deus para subir o Sinai para receber as tábuas com a lei (ele, Arão e os setenta anciãos), ele erigiu um altar ao pé do monte e doze colunas, uma para cada tribo de Israel; e o sangue dos sacrifícios dos novilhos foi aspergido sobre o altar e sobre o povo, como um sinal de que eles estavam aceitando aquela aliança feita com o Senhor (Êx 24: 1-11). Era parte da aliança que, se na terra do seu cativeiro, eles buscassem o Senhor, Ele seria achado por eles: Lv 26: 41-42; 44-45; Dt 30: 4. Deus se lembrava desta aliança, e por causa dela Ele estava libertando Seus filhos do cativeiro, de um ‘poço’ de aflição, onde eles se sentiam como se não houvesse água. Da mesma forma, o Messias viria para fazer o sacrifício definitivo, removendo-os do cativeiro do pecado, da cova onde não havia a ‘água’ do Seu Espírito.
• ‘Voltai à fortaleza, ó presos de esperança [NVI: Voltem à sua fortaleza, ó prisioneiros da esperança]; também, hoje, vos anuncio que tudo vos restituirei em dobro’ (v. 12) – o Senhor se referia aqui à fortaleza de Sião, à cidade de Jerusalém, à qual os cativos que ainda estavam na Babilônia deveriam retornar, pois talvez não tivessem mais esperança de poder vê-la de novo. Mas Ele lhes garantia que ainda havia essa esperança, através de Esdras e Neemias, que voltariam em poucos anos para ministrar no templo reconstruído e para reconstruir os muros da cidade. Mesmo os que voltaram com Neemias, ainda se sentiam sem esperança de ter o que um dia tiveram (Ne 9: 36; Ed 9: 8-9), e se sentiam inseguros em relação aos persas, assim como os reinos poderosos que estavam ao redor: Síria, Egito e Grécia, mas o Senhor lhes dava uma promessa de livramento e libertação (v. 12-17). Essa promessa teve sua principal realização nos tempos dos Macabeus, quando os judeus se levantaram contra seus inimigos, mantiveram sua força e, após muitas lutas e dificuldades, passaram a dominá-los.
Transpondo para os tempos do Messias (A primeira vinda de Jesus), Ele era a fortaleza para os que não tinham mais esperança na salvação, não tinham mais esperança de conhecer a luz e reatar sua comunhão com Deus.
• ‘tudo vos restituirei em dobro’ (v. 12) – uma promessa muito parecida com a de Is 61: 7, onde a palavra hebraica é mishneh (Strong #4932), que significa, mais exatamente: uma repetição, ou seja, uma duplicata (cópia de um documento) ou uma dupla porção (em quantidade); por implicação, uma posição secundária, o próximo, segundo (ordem), o dobro, duas vezes mais.
Em Is 61: 7 está escrito: ‘Em lugar da vossa vergonha, tereis dupla honra; em lugar da afronta, exultareis na vossa herança [NVI: ‘Em lugar da vergonha que sofreu, o meu povo receberá porção dupla, e ao invés da humilhação, ele se regozijará em sua herança’]; por isso, na vossa terra possuireis o dobro e tereis perpétua alegria’ – no lugar da vergonha que eles haviam passado durante o cativeiro (e até antes, por causa dos julgamentos de Deus contra a idolatria do Seu povo), eles teriam honra dobrada, assim como o regozijo de voltar a possuir a terra de Canaã. A ‘alegria perpétua’, passou a ser algo espiritual para os que entenderam o projeto de Deus através de Jesus. Apesar das circunstâncias externas, os crentes saberiam o que é a alegria da salvação e da companhia eterna do Espírito Santo. O que havia sido roubado deles seria restituído em dobro pelo Senhor.
‘O dobro’ corresponderia a uma repetição, uma cópia do que tinham com Deus no início, antes de começarem a pecar e idolatrar imagens (como as tábuas da Lei foram escritas pela segunda vez para refazer o pacto). Seria uma aliança que estava sendo refeita entre eles e Deus; ou, então, uma porção dobrada (como a unção de Eliseu em relação a Elias) como uma maneira de compensar uma perda, uma necessidade ou um desejo de algo que foi conquistado com muita dedicação e esforço.
Na lei de Moisés está escrito: Êx 22: 1; 4; 9: “Se alguém furtar boi ou ovelha e o abater ou vender, por um boi pagará cinco bois, e quatro ovelhas por uma ovelha... Se aquilo que roubou for achado vivo em seu poder, seja boi, jumento ou ovelha, pagará o dobro... Em todo negócio frauduloso, seja a respeito de boi, ou de jumento, ou de ovelhas, ou de roupas, ou de qualquer coisa perdida, de que uma das partes diz: Esta é a coisa, a causa de ambas as partes se levará perante os juízes; aquele a quem os juízes condenarem pagará o dobro ao seu próximo”.
Dessa forma, isso seria uma dupla recompensa para eles por todo roubo e vexame que sofreram nas mãos dos babilônios, como uma causa na justiça, onde se paga a indenização pelos danos morais sofridos pela vítima, ou seja, o litigante que primeiro deu entrada no pedido legal.
• Zc 9: 12 diz: ‘tudo vos restituirei em dobro’, o que significa a restituição na área material e espiritual. A dupla riqueza que eles receberiam seria não apenas a posição de filhos de Deus, mas a bênção do primogênito (Êx 4: 22), que recebia a porção dobrada da herança do pai, em relação aos outros filhos.
• v. 13: “Porque para mim curvei Judá como um arco e o enchi de Efraim; suscitarei a teus filhos, ó Sião, contra os teus filhos, ó Grécia! E te porei, ó Sião, como a espada de um valente [NVI: Quando eu curvar Judá como se curva um arco e usar Efraim como flecha, levantarei os filhos de Sião contra os filhos da Grécia, e farei Sião semelhante à espada de um guerreiro]”.
Isso significa que o Senhor prepararia os judeus para uma guerra (‘arco’, ‘espada’, ‘flecha’, ‘guerreiro’), e isso aconteceu no tempo do governo selêucida sobre a Palestina (198-167 AC), quando Antíoco IV invadiu Israel, cometeu sacrilégio, matando um porco sobre o altar. Os judeus tementes a Deus, como os da família Hasmon, entre eles Judas Macabeu, se levantaram contra os invasores e empreenderam uma revolta (167-160 AC), que foi bem sucedida, expulsando o governante ímpio de Israel. O templo e o altar foram purificados e consagrados. A vitória veio pela espada, pela guerra.
• v. 14 – “O Senhor será visto sobre os filhos de Sião, e as suas flechas sairão como o relâmpago [NVI: Então o Senhor aparecerá sobre eles; sua flecha brilhará como o relâmpago]; o Senhor Deus fará soar a trombeta e irá com os redemoinhos do Sul [NVI: marchará em meio às tempestades do sul]”.
O Senhor se manifestará a eles. As flechas são símbolo do Seu juízo rápido. As trombetas são símbolo de convocação, como os israelitas foram convocados para as guerras santas do Senhor desde o tempo de Moisés (Nm 10: 2; 9), ou para as festas solenes (Nm 10: 10).
A expressão ‘redemoinhos do Sul’ ou ‘ventos do Neguebe’ [NVI: tempestades do sul] é semelhante ao que está escrito em Is 21: 1 [‘Como os tufões vêm do Sul’ ou ‘Como um vendaval em redemoinhos que varre todo o Neguebe’ (NVI)]. Fogo, carros, torvelinho ou turbilhão e espada são símbolos do juízo de Deus sobre os que rejeitam Sua correção e o desprezam.
Em Is 21: 1, o sul se refere à parte sul da Judéia, onde havia muitos e grandes desertos, como o Neguebe, por exemplo. Neguebe (significa: ‘seco’) é um deserto bem ao sul de Israel, próximo à península do Sinai e do Mar Mediterrâneo e que só experimenta vida quando as chuvas enchem os leitos dos seus ribeiros secos. Os rios se enchem com as águas, as plantas são regadas e os animais são dessedentados. Os tufões ou turbilhões do sul vêm de repente, sopram fortemente, carregam tudo diante deles e não há nada que resista a eles. A bíblia diz que, dessa maneira, isto é, com força e poder irresistíveis como os turbilhões do sul, ‘ele’ (se referindo a Ciro e ao seu exército) viria do deserto da Média e da Pérsia até a Babilônia. Havia um grande deserto entre eles e a Caldéia.
Em Zc 9: 14, o profeta diz: ‘o Senhor Deus fará soar a trombeta e irá com os redemoinhos do Sul [NVI: marchará em meio às tempestades do sul]’. Isso quer dizer que, da mesma forma que os tufões ou turbilhões do sul vêm de repente, sopram fortemente, carregam tudo diante deles e não há nada que resista a eles, Ele, Deus, não mais Ciro, viria para ajudá-los contra os gregos, e lhes daria força para o combate.
• v. 15: “O Senhor dos Exércitos os protegerá; eles devorarão os fundibulários e os pisarão [NVI: Eles pisotearão e destruirão as pedras das atiradeiras]; também beberão deles o sangue como vinho [NVI: Eles beberão o sangue do inimigo como se fosse vinho]; encher-se-ão como bacias do sacrifício e ficarão ensopados como os cantos do altar [NVI: estarão cheios como a bacia usada para aspergir água nos cantos do altar]”.
O profeta continua dizendo que naqueles dias de guerra, Deus protegerá Seus filhos e eles destruirão as pedras das atiradeiras (fundas) e derrotarão seus inimigos. Esses se encharcarão com o sangue dos ímpios como as bacias do altar ficavam cheias com o sangue dos animais dos sacrifícios, ou como a bacia se enchia de água para lavar o altar depois de feitos os sacrifícios. O juízo de Deus sobre os inimigos do Seu povo será como uma expiação pelo pecado e Sua casa ficará limpa novamente. Seu povo habitará seguro e se preparará para a vinda do Messias. Por isso, o próximo versículo parece remetê-los de novo aos tempos do evangelho, à primeira vinda de Jesus:
• v. 16-17: “O Senhor, seu Deus, naquele dia, os salvará, como ao rebanho do seu povo [NVI: os salvará como rebanho do seu povo]; porque eles são pedras de uma coroa e resplandecem na terra dele [NVI: e como jóias de uma coroa brilharão em sua terra]. Pois quão grande é a sua bondade! E quão grande, a sua formosura! [NVI: Ah! Como serão belos! Como serão formosos! KJV: Pois quão grande é a sua bondade! Quão grande é a sua beleza! – ‘sua = dEle = Deus’]. O cereal fará florescer os jovens, e o vinho, as donzelas [NVI: O trigo dará vigor aos rapazes, e o vinho novo às moças]”.
Estes versículos dão continuidade aos que falam sobre a vitória dos Macabeus sobre os gregos. Portanto, para o povo da antiga Aliança, ‘naquele dia’ se refere ao dia que Israel tivesse se livrado dos gregos (selêucidas) e estabelecido o sacerdócio em Sua terra (os judeus da linhagem Hasmoneana lideraram a nação até a chegada de Roma). Os remanescentes fiéis eram pérolas de uma coroa para o Senhor, pois tinham vencido as tentações e não negaram Seu nome.
Em seguida, vem a frase: ‘Pois quão grande é a sua bondade! E quão grande, a sua formosura!’ (ARA), ou ‘Pois quão grande é a sua bondade! Quão grande é a sua beleza!’ (KJV), onde ‘sua’ se refere a Ele, Deus, ao passo que na NVI nos dá a entender que os vencedores é que são belos, pois não consta a primeira frase sobre a ‘sua bondade’: ‘Ah! Como serão belos! Como serão formosos!’ (NVI). De qualquer forma, a bondade de Deus é infinita, e grande é a Sua formosura, assim como são belos os filhos que lavam suas vestes no sangue do Cordeiro. Se pensarmos nestes versículos como referência à primeira vinda de Cristo (‘naquele dia – v. 16), nós podemos entender que, da mesma forma que Ele deu um livramento para o Seu povo (AT), ainda que pela guerra e pela espada, agora Ele viria trazendo a maior vitória, a da salvação, se fazendo o pastor fiel que cuidaria do seu rebanho, e o tornaria belo, com a lã branca da santidade, pois Ele os justifica.
‘O cereal fará florescer os jovens, e o vinho, as donzelas [NVI: O trigo dará vigor aos rapazes, e o vinho novo às moças]’ – pensando-se no caso da vitória dos Macabeus, isso significava uma promessa de prosperidade e alegria, de graça e bênção divina sobre Seus filhos, que não precisariam temer mais a escassez nem a opressão. E isso se estende aos tempos do NT, onde temos a certeza da Sua provisão e da Sua alegria em nossas vidas, através do Espírito Santo.
• Zc 10: 1-12: “Pedi ao Senhor chuva no tempo das chuvas serôdias [NVI: chuva de primavera], ao Senhor, que faz as nuvens de chuva, dá aos homens aguaceiro e a cada um, erva no campo. Porque os ídolos do lar falam coisas vãs [NVI: mentiras], e os adivinhos vêem mentiras [NVI: têm falsas visões], contam sonhos enganadores e oferecem consolações vazias; por isso, anda o povo como ovelhas, aflito, porque não há pastor [NVI: Por isso o povo vagueia como ovelhas aflitas pela falta de um pastor]. Contra os pastores se acendeu a minha ira, e castigarei os bodes-guias [NVI: os líderes]; mas o Senhor dos Exércitos tomará a seu cuidado o rebanho, a casa de Judá, e fará desta o seu cavalo de glória na batalha [NVI: ele fará dele o seu vigoroso cavalo de guerra]. De Judá sairá a pedra angular [NVI: Dele virão a pedra fundamental]; dele, a estaca da tenda; dele, o arco de guerra; dele sairão todos os chefes juntos [NVI: Dele virão... os governantes; governará, todos eles juntos]. E serão como valentes que, na batalha, pisam aos pés os seus inimigos na lama das ruas; pelejarão, porque o Senhor está com eles, e envergonharão os que andam montados em cavalos [NVI: Lutarão e derrubarão os cavaleiros porque o Senhor estará com eles]. Fortalecerei a casa de Judá [NVI: a tribo de Judá], e salvarei a casa de José [Efraim], e fá-los-ei voltar, porque me compadeço deles [NVI: Eu os restaurarei porque tenho compaixão deles]; e serão como se eu não os tivera rejeitado, porque eu sou o Senhor, seu Deus, e os ouvirei [NVI: e lhes responderei]. Os de Efraim serão como um valente [NVI: como um homem poderoso], e o seu coração se alegrará como pelo vinho; seus filhos o verão e se alegrarão; o seu coração se regozijará no Senhor. Eu lhes assobiarei e os ajuntarei, porque os tenho remido [NVI: pois eu já os resgatei]; multiplicar-se-ão como antes se tinham multiplicado. Ainda que os espalhei por entre os povos, eles se lembram de mim em lugares remotos [NVI: terras distantes]; viverão com seus filhos e voltarão [NVI: Criarão seus filhos e voltarão]. Porque eu os farei voltar da terra do Egito e os congregarei da Assíria; trá-los-ei à terra de Gileade e do Líbano, e não se achará lugar para eles [NVI: e mesmo assim não haverá espaço suficiente para eles]. Passarão o mar de angústia, as ondas do mar serão feridas, e todas as profundezas do Nilo se secarão [NVI: Vencerei o mar da aflição, ferirei o mar revoltoso, e as profundezas do Nilo se secarão]; então, será derribada a soberba da Assíria, e o cetro do Egito se retirará [NVI: O orgulho da Assíria será abatido e o poder do Egito será derrubado]. Eu os fortalecerei no Senhor, e andarão no seu nome, diz o Senhor”.
• v. 1: ‘Pedi ao Senhor chuva no tempo das chuvas serôdias [NVI: chuva de primavera], ao Senhor, que faz as nuvens de chuva, dá aos homens aguaceiro e a cada um, erva no campo! – o profeta ora ao Senhor e exorta o povo a orar também, pedindo a chuva serôdia, que é a chuva que cai antes da colheita, para amadurecer os grãos. Isso pode ser entendido num sentido físico, porque pelo pecado deles veio a fome e a seca, tanto antes do cativeiro como depois do retorno (Ag 1: 10-11; Ne 5: 3), mas pode se tratar de uma metáfora, pois o v. 2 fala sobre idolatria e sobre o estado de trevas espirituais em que o povo se encontra, por falta de uma liderança fiel. Em relação aos antigos judeus, temos aqui a impressão que o primeiro entusiasmo cedera lugar à frieza, à formalidade, à liderança fraca e ao temor de ataque da Grécia. Assim, sem a palavra de Deus como luz para iluminar os caminhos do Seu povo, eles estavam aflitos e vagueando como ovelhas sem pastor. Por isso, o profeta está clamando por avivamento para que eles não pereçam, além do que ele os lembra do seu passado.
• v. 2: ‘Porque os ídolos do lar (em hebraico, Traphiym; Strong # 8655: ídolos domésticos, ídolos familiares) falam coisas vãs [NVI: mentiras], e os adivinhos vêem mentiras [NVI: têm falsas visões], contam sonhos enganadores e oferecem consolações vazias; por isso, anda o povo como ovelhas, aflito, porque não há pastor [NVI: Por isso o povo vagueia como ovelhas aflitas pela falta de um pastor]’ – no passado, a idolatria de Israel e Judá atraiu o juízo de Deus sobre eles. Confiaram em seus ídolos, feiticeiros e falsos profetas, por isso foram levados ao cativeiro.
• v. 3: ‘Contra os pastores se acendeu a minha ira, e castigarei os bodes-guias [NVI: os líderes]; mas o Senhor dos Exércitos tomará a seu cuidado o rebanho, a casa de Judá, e fará desta o seu cavalo de glória na batalha [NVI: ele fará dele o seu vigoroso cavalo de guerra]’ – o Senhor dá resposta à oração do Seu profeta dizendo que Sua ira se acendeu contra os líderes. Um rebanho de cabras, embora pequeno (no máximo vinte animais), tem por condutor um bode e é metaforicamente empregado por ‘guia’ ou ‘líder’. Tanto Zacarias quanto Jeremias usam esta metáfora para os líderes religiosos e civis de Israel, que estavam negligenciando seu cargo. Em Jr 50: 8 está escrito: “Fugi do meio da Babilônia e saí da terra dos caldeus; e sede como os bodes que vão adiante do rebanho”, e em Zc 10: 3, o Senhor diz: “Contra os pastores se acendeu a minha ira, e castigarei os bodes-guias”. Mas Ele promete tomar o rebanho sob Seu cuidado, e se apresenta aqui como ‘o Senhor dos Exércitos’, ou seja, como o defensor do Seu povo e o guerreiro vencedor sobre Seus inimigos. Ele usará a força da casa de Judá para isso, como um cavalo de guerra.
• v. 4-5: ‘De Judá sairá a pedra angular; dele, a estaca da tenda; dele, o arco de guerra; dele sairão todos os chefes juntos [NVI: Dele (Judá) virão a pedra fundamental e a estaca da tenda, o arco da batalha e os governantes]. E serão como valentes que, na batalha, pisam aos pés os seus inimigos na lama das ruas; pelejarão, porque o Senhor está com eles, e envergonharão os que andam montados em cavalos [NVI: Juntos serão (‘governará, todos eles juntos’, ou ‘eles serão’) como guerreiros que pisam a lama das ruas na batalha. Lutarão e derrubarão os cavaleiros porque o Senhor está com eles]’:
A tribo de Judá foi escolhida por Deus para a liderança governamental, enquanto a primogenitura foi dada a José (1 Cr 5: 2), e a bíblia diz que isso permaneceu depois de Davi para honrar a promessa de Deus de que jamais faltaria um descendente dele no trono, mesmo porque o Messias, como Rei do Seu povo, nasceria da tribo de Judá. A princípio, esta profecia tem um sentido espiritual, onde ‘a pedra angular’ (Is 28: 16 – em hebraico פנת – pinnah, Strong #6438: canto, um ângulo; por implicação, um pináculo; figurativamente, um chefe; baluarte, chefe, canto, apoio, torre) diz respeito a Jesus, e ‘a estaca da tenda’ é o que prende a tenda ao chão, simbolizando estabilidade; também pode se referir à profecia de Is 22: 23, onde a estaca (ou prego) ficava firmemente fincada na parede da casa (Jz 4: 21), e nela se penduravam os utensílios domésticos, da mesma forma que um governante firmemente colocado em seu trono sustenta os súditos; ou, em outras palavras, seus súditos se ‘penduram’ nele, pois ele é a sua força e segurança. Assim, a esperança do povo estava no Messias. Outra profecia que pode estar ligada ao mesmo termo está em Am 9: 11 sobre levantar ‘o tabernáculo caído de Davi’ ou ‘a tenda caída de Davi’ (cf. At 15: 16-18). Pedra angular (Mc 12: 10-11; Mt 21: 42; Lc 20: 17-18) na KJV, em inglês, ‘the head of the corner’, pode ser literalmente traduzida como ‘a cabeça do canto’, o que explica as palavras gregas: κεφαλή, kephalé (cabeça), Strong #2776: a cabeça, uma pedra angular, unindo duas paredes; cabeça, governante, senhor; e γωνία, gónia (canto), Strong #1137: um canto; um lugar secreto; Provavelmente semelhante a ‘gonu’: um ângulo. Em outras versões em inglês, a expressão, ‘pedra angular’ é traduzida por ‘cornerstone’ (pedra angular ou pedra de esquina na nossa tradução, também conhecida por pedra fundamental ou pedra de assentamento, que é a primeira pedra colocada na construção de uma fundação de alvenaria. Todas as outras pedras serão colocadas em referência a esta pedra, determinando assim a posição de toda a estrutura); ou ‘capstone ou keystone’ (uma pedra central no cume de um arco, fechando o conjunto). Assim, Pedra Angular é aquela pedra, pequena, cortada em triângulo e que é colocada mesmo no ponto mais alto de um arco, ou de uma ogiva, e que agüenta e junta as duas partes de uma porta ou de um teto em arco. É uma pedra que não faz força, não precisa ser grande, mas se alguém a tirar cai tudo. Há pessoas assim: parece que não fazem nada e, contudo, nada funciona sem elas. Ou pode ser aquela pedra colocada de forma a unir duas paredes.
Nas imagens acima, nós temos o exemplo de uma pedra angular no alto de uma ogiva (‘pinnah ou kephalé’ – foto: Karniesbogen) ou de forma a unir duas paredes. Esta segunda foto foi feita por Norbert Schnitzler e é uma pedra com letras em relevo de bronze em Aachen (no norte da Alemanha), na igreja de São Bonifácio (Bonifatiuskirche).
Nos textos proféticos, a pedra de esquina ou pedra angular pode ser uma referência aos governantes (Is 19: 13), mas o maior governante que Judá precisaria para se reerguer seria o Messias, Jesus, não mais como foi no passado. No momento de Sua vinda, a Casa de Davi estava desmoralizada; o governante atual (Herodes Antipas) era descendente de um Idumeu, Herodes o Grande, indicado por Roma. Jesus era a pedra de esquina que ligaria Sua igreja (judeus e gentios), levantando o tabernáculo caído de Davi, o que significa Seu reino espiritual, onde Israel e Judá estariam juntos e poderiam viver livres diante do Senhor, adorando-o sem rituais desnecessários e vazios, e um reinado do qual os gentios também poderiam ter o direito de participar, pois Jesus seria o pastor de todos.
‘O arco de guerra’ no sentido espiritual da profecia pode simbolizar que no Messias está a defesa do seu povo; Ele é o seu defensor.
‘Dele (de Judá) sairão todos os chefes juntos [NVI: governantes]’ – pode simbolizar os primeiros ministros do evangelho, na igreja que se iniciou em Jerusalém no momento do Pentecostes, pois se pensarmos da maneira humana, a maioria dos apóstolos veio da Galiléia, não da Judéia. Espiritualmente falando, eles foram os ‘chefes’, os ‘governantes’ do rebanho do Senhor. E a bíblia continua dizendo que ‘serão como valentes que, na batalha, pisam aos pés os seus inimigos na lama das ruas; pelejarão, porque o Senhor está com eles, e envergonharão os que andam montados em cavalos’ – os seguidores de Jesus tiveram uma guerra diferente para lutar, mas foram vitoriosos porque Ele estava com eles, e envergonharam os ‘que andavam montados em cavalos’, ou seja, os que lutavam na força do próprio braço, fazendo a guerra do jeito mundano. Eles andaram na contramão do mundo, mas mostraram o poder de Deus sobrepujando as tradições e regras daquela época, no âmbito religioso e secular.
A palavra diz:
‘De Judá sairá a pedra angular; dele, a estaca da tenda; dele, o arco de guerra; dele sairão todos os chefes juntos [NVI: Dele (Judá) virão a pedra fundamental e a estaca da tenda, o arco da batalha e os governantes]. E serão como valentes que, na batalha, pisam aos pés os seus inimigos na lama das ruas; pelejarão, porque o Senhor está com eles, e envergonharão os que andam montados em cavalos [NVI: Juntos serão (‘governará, todos eles juntos’, ou ‘eles serão’) como guerreiros que pisam a lama das ruas na batalha. Lutarão e derrubarão os cavaleiros porque o Senhor está com eles]’.
Se interpretarmos esta profecia do ponto de vista físico, humano, ela aconteceu num futuro mais próximo para os judeus, se referindo aos Macabeus, pois seu vilarejo era Modiín, na terra de Judá, a trinta e dois quilômetros a oeste de Jerusalém, mais ou menos. A pedra angular, se referindo a um governante, pode ser simbolizada por Judas Macabeu e sua família, que ‘firmaram’ o povo daquela época na lei de Deus, mesmo estando já dividido em facções, e lutaram fisicamente para manter a liberdade de Israel e a santidade do templo. Lutaram ferozmente contra os cavaleiros inimigos, pois a cavalaria foi a principal força, não apenas dos egípcios (Ptolomeus), mas dos Sírios (Selêucidas) – Dn 11: 40.
• v. 6-7: ‘Fortalecerei a casa de Judá [NVI: a tribo de Judá], e salvarei a casa de José [Efraim], e fá-los-ei voltar, porque me compadeço deles [NVI: Eu os restaurarei porque tenho compaixão deles]; e serão como se eu não os tivera rejeitado, porque eu sou o Senhor, seu Deus, e os ouvirei [NVI: e lhes responderei]. Os de Efraim serão como um valente [NVI: como um homem poderoso], e o seu coração se alegrará como pelo vinho; seus filhos o verão e se alegrarão; o seu coração se regozijará no Senhor’.
Aqui o profeta fala distintamente sobre a casa de José, ou Efraim, ou seja, as dez tribos, e a casa de Judá, mostrando que ainda há uma separação entre elas, mesmo após o retorno do exílio na Babilônia. Deus diz que se compadece deles e não mais os rejeitará. Os de Efraim serão como um guerreiro vitorioso em batalha (‘como um valente’ ou ‘como um homem poderoso’) e se alegrará pela bênção do Senhor, que também será para os seus descendentes. Deus os colocará de novo em sua própria terra, onde habitarão em segurança.
Durante o reinado de Tiglate-Pileser III e de seus descendentes, principalmente de Sargom II (722-705 AC), que invadiu Samaria e levou o reino do norte em cativeiro para a Assíria (722 AC), os israelitas fugiram, principalmente para o Egito, que também caiu nas mãos deste último conquistador em 716 AC. Durante a invasão de Senaqueribe, rei da Assíria, muitos habitantes da Judéia e Jerusalém fugiram para o Egito com tudo o que tinham, bem antes do domínio Babilônico (Jr 24: 8b: ‘Como aos que habitam na terra do Egito’ – a visão do cesto de figos); eles haviam fugido com suas riquezas sobre jumentos e camelos jovens, em busca de abrigo; na verdade, eles buscaram refúgio em um povo também impotente, que em nada os ajudaria, pois eles mesmos eram súditos da Assíria naquela época (Is 30: 6: ‘levam a lombos de jumento as suas riquezas e sobre as corcovas de camelos, os seus tesouros, a um povo que de nada lhes aproveitará’). A comunidade judaica se instalou no Egito depois da tomada de Jerusalém por Nabucodonosor em 586 AC, inclusive levando o profeta Jeremias (Jr 43: 6-7; Jr 43: 8; Jr 44: 1). Muito provavelmente, alguns deles também desceram para o sul até a Etiópia (Jr 44: 1 – Patros é o nome hebraico para Alto Egito e Cuxe ou Etiópia). Ainda, em Is 18: 1 está escrita a expressão ‘além dos rios da Etiópia’ (Sf 3: 10), que talvez se refira ao norte da Abissínia (como era conhecido o império Etíope do Alto Nilo que ocupava os atuais territórios da Etiópia e Eritréia), onde colonos judeus aparentemente se haviam estabelecido juntamente com outros povos semíticos vindos do sul da Arábia.
• v. 8-10: ‘Eu lhes assobiarei e os ajuntarei, porque os tenho remido [NVI: pois eu já os resgatei]; multiplicar-se-ão como antes se tinham multiplicado. Ainda que os espalhei por entre os povos, eles se lembram de mim em lugares remotos [NVI: terras distantes]; viverão com seus filhos e voltarão [NVI: Criarão seus filhos e voltarão]. Porque eu os farei voltar da terra do Egito e os congregarei da Assíria; trá-los-ei à terra de Gileade e do Líbano, e não se achará lugar para eles [NVI: e mesmo assim não haverá espaço suficiente para eles]’ – aqui o Senhor confirma os lugares da dispersão do Seu povo, e diz que Ele os ajuntará novamente, e os trará à terra de Gileade (na Transjordânia – limite nordeste de Israel) e ao Líbano (o limite norte da Terra Santa), pois serão muitos os que serão congregados e precisarão de espaço para habitar (cf. Is 49: 20; Is 54: 3).
É interessante que todos os profetas escrevem as palavras do Senhor, em especial, os verbos, se referindo ao um tempo futuro, mas colocando-os no passado como se os eventos já tivessem ocorrido (‘porque os tenho remido’ ou ‘pois eu já os resgatei’). Isso nos mostra que a visão de Deus é diferente da nossa e, quando Ele determina algo, é como se já tivesse acontecido, pois o que Ele diz se realiza.
‘Ainda que os espalhei por entre os povos, eles se lembram de mim em lugares remotos; viverão com seus filhos e voltarão’ – cf. Dt 30: 1-5; 2 Cr 6: 37-39; Sl 22: 27; Lc 15: 17-18.
Is 11: 10-16 também fala de um retorno para aqueles que foram dispersos. Como se segue a um texto que se refere ao reino do Messias, ou seja, à primeira vinda de Jesus, a meu ver ele pode ser encaixado nesta profecia de Zacarias, embora muitos achem que está de acordo apenas com a visão da restauração futura. O texto diz: “Naquele dia, recorrerão as nações à raiz de Jessé que está posta por estandarte dos povos; a glória lhe será a morada. Naquele dia, o Senhor tornará a estender a mão para resgatar o restante do seu povo, que for deixado, da Assíria, do Egito, de Patros, da Etiópia (em hebraico, Cuxe), de Elão, de Sinar, de Hamate, e das terras do mar [NVI: ‘nas ilhas do mar’]. Levantará um estandarte para as nações, ajuntará os desterrados de Israel e os dispersos de Judá recolherá desde os quatro confins da terra. Afastar-se-á a inveja de Efraim [NVI: ‘o ciúme de Efraim’], e os adversários de Judá serão eliminados [NVI: ‘a hostilidade de Judá será eliminada’]; Efraim já não invejará a Judá, e Judá já não oprimirá a Efraim [NVI: ‘será hostil a Efraim’]. Antes, voarão para sobre os ombros dos filisteus ao Ocidente [NVI: ‘Eles se infiltrarão pelas encostas da Filístia’]; juntos, despojarão os filhos do Oriente; contra Edom e Moabe lançarão as mãos, e os filhos de Amom lhes serão sujeitos. O Senhor destruirá totalmente o braço do mar do Egito, e com a força do seu vento moverá a mão contra o Eufrates, e, ferindo-o, dividi-lo-á em sete canais [NVI: ‘riachos’], de sorte que qualquer o atravessará de sandálias. Haverá caminho plano para e restante do seu povo, que for deixado, da Assíria, como o houve para Israel no dia em que subiu da terra do Egito”.
Isaías diz que o Messias será colocado na terra por um estandarte para os povos e todas as nações deverão recorrer a Ele. No dia que Ele vier, haverá um resgate de todos os do Seu povo que foram espalhados pelas nações por causa do exílio. Judá e Efraim, ou seja, o reino do sul e o reino do norte não mais serão duas nações divididas; pelo contrário, como foi no reinado de Davi elas voltarão a ser uma só nação sob o Messias. As nações que antes os oprimiram estarão sujeitas aos israelitas, como Moabe, Edom e os filhos de Amom. Os filisteus também se submeterão a Israel.
Em Is 11: 11, o profeta menciona algumas nações como: Assíria, Egito, Patros, Etiópia, Elão, Sinar, Hamate, e as terras do mar (ou ‘ilhas do mar’). A expressão ‘ilhas do mar’ se refere aos países distantes da Judéia, habitados por gentios idólatras; as partes mais remotas do mundo, bem como na Arábia, que estava perto deles; ou todas as regiões além do mar (Jr 25: 22), regiões marítimas ou regiões costeiras, não meramente ilhas no sentido estrito. Patros é o nome hebraico para Alto Egito e Cuxe ou Etiópia; Elão é o nome antigo da planície de Cuzistão, na baixa Mesopotâmia, no atual Irã, banhada pelos rios Karkheh (ou Karkhen) e Karun (Kārūn), que deságuam no Tigre justamente ao norte do Golfo Pérsico. O Karkheh ou Karkhen é talvez o rio conhecido na bíblia como o Giom, um dos quatro rios do Éden. Outros cientistas acham que o Giom é o próprio rio Karun. Cuzistão ou Khuzistão ou Khuzestão (árabe transliterado, Khūzestān) é hoje uma das províncias ao sudoeste do Irã, fazendo fronteira com o sul do Iraque. A sua capital é Ahvaz. Khuzestan significa ‘a terra dos Khuz’ ou ‘Kuzi’, se referindo aos habitantes originais desta província, o povo ‘Susian’ (em persa antigo, ‘Huza’ ou ‘Huja’; Shushan, em Hebraico). Senaqueribe e Assurbanipal sujeitaram os elamitas e deportaram alguns deles para Samaria, transferindo alguns israelitas para o Elão (Is 11: 11; Ed 4: 9). O Elão foi anexado por um ancestral de Ciro, e Susã acabou por se tornar uma das três principais cidades do império Medo-Persa. Sinar (ou Sinear) é o nome hebraico da terra da Babilônia; Hamate é uma cidade da Síria (Hoje conhecida pelo nome de Hamãh ou Hama). Em Is 11: 15 está escrito: “O Senhor destruirá totalmente o braço do mar do Egito, e com a força do seu vento moverá a mão contra o Eufrates, e, ferindo-o, dividi-lo-á em sete canais [NVI: ‘riachos’], de sorte que qualquer o atravessará de sandálias. Haverá caminho plano para o restante do seu povo, que for deixado, da Assíria, como o houve para Israel no dia em que subiu da terra do Egito” – da mesma forma que o Mar Vermelho foi um impedimento no caminho dos Israelitas no Êxodo, o Eufrates era uma obstrução no caminho de Israel para o seu retorno da Assíria. Entretanto, o Senhor, pela força do Seu vento, igualmente dividiria o Eufrates por onde os exilados pudessem passar a pé. Ele faria o impossível para libertar Seu povo. Isso pode ser visto também como uma visão da restauração futura de Israel no final dos tempos.
Voltando para Zacarias, essas profecias todas convergem para a primeira vinda de Jesus, quando Seu povo foi rebanhado para a terra de Israel por causa da Sua pregação. Assim, as dez tribos seriam unidas a Judá sob o reinado de Cristo. A sua dispersão foi por um propósito especial (Os 2: 23; Mq 5: 7-8); portanto, não era um fator de todo mau, pois as colônias judaicas em várias nações facilitariam a pregação do evangelho nas sinagogas em todo o mundo e, conseqüentemente, o florescimento da Igreja. Não significa que todos voltariam à Palestina, mas estariam unidos em uma fé pela doutrina do Evangelho. Assíria e Egito são apresentados como nomes simbólicos de todos os opressores do povo de Deus.
• v. 11-12: ‘Passarão o mar de angústia, as ondas do mar serão feridas, e todas as profundezas do Nilo se secarão [NVI: Vencerei o mar da aflição, ferirei o mar revoltoso, e as profundezas do Nilo se secarão]; então, será derribada a soberba da Assíria, e o cetro do Egito se retirará [NVI: O orgulho da Assíria será abatido e o poder do Egito será derrubado]. Eu os fortalecerei no Senhor, e andarão no seu nome, diz o Senhor’.
Este trecho parece dar continuidade aos versículos 8-10, e pode se referir aos anos que se seguem com Dario I e os demais reis persas, vencendo as revoltas na Assíria e favorecendo o retorno dos exilados com Esdras e Neemias, ou pode se referir à Grécia, na pessoa de Alexandre o Grande, tomando o Egito, e, conseqüentemente, aos eventos do Período Intertestamentário, quando o Senhor realizaria milagres de libertação como havia feito no passado com o Mar Vermelho. A menção do Egito aqui pode se referir ao domínio de Alexandre o Grande sobre aquela terra ou aos anos seguintes à divisão do seu império, quando os Ptolomeus dominaram sobre Israel. Os Ptolomeus os dominaram, mas foram vencidos pelos Sírios (Selêucidas), que quebrariam o poder do Egito mais uma vez. Deus dizia a eles que haveria um tempo de aflição (‘mar’), mas na Sua força, os judeus superariam isso também e voltariam à Palestina.
‘Eu [Deus Pai] os fortalecerei no Senhor [i.e. a Sua manifestação no Senhor, o Messias, Jesus, o Filho], e andarão no seu nome, diz o Senhor’ – quando Ele fala ‘andarão no seu nome’, Ele quer dizer que eles viverão continuamente debaixo da Sua proteção e de acordo com a Sua vontade (Gn 5: 22; Mq 4: 5).
Os profetas menores vol. 1 (PDF)
The minor prophets vol. 1 (PDF)
Profeta, o mensageiro de Deus (PDF)
Prophet, the messenger of God (PDF)
Table about the prophets (PDF)
Autora: Pastora Tânia Cristina Giachetti
PIX: relacionamentosearaagape@gmail.com