As outras visões de Zacarias: o rolo voante (6ª); a mulher e o efa (7ª); os quatro carros (8ª). Outros assuntos: a coroação de Josué (‘O Renovo’, como uma figura do Messias); o jejum que não agrada a Deus e os quatro jejuns instituídos pós-exílio.
Other visions of Zechariah’s: the flying scroll (6th); the woman and the ephah (7th); the four chariots (8th). The coronation of Joshua (‘The Branch’, as a figure of the Messiah); the fast that doesn’t please God and the four fasts established post-exile.
Nesta página darei continuidade às visões de Zacarias: o rolo voante (6ª); a mulher e o efa (7ª); os quatro carros (8ª), assim como a coroação de Josué ‘O Renovo’, como uma figura do Messias), o jejum que não agrada a Deus, e os quatro jejuns instituídos pós-exílio. Zacarias significa ‘O Senhor se lembra’. Ele profetizou no período de 520-480 AC, durante o reinado de Dario I (522-486 AC), e era jovem quando começou a profetizar (Zc 2: 4). Era sacerdote e nasceu no exílio; veio para Jerusalém junto com Ageu, Zorobabel e Josué, o sumo sacerdote, motivando o povo a restaurar o templo.
A segunda parte do livro de Zacarias se refere às suas profecias no período em que já era idoso (Zc 9–14). Em relação aos antigos judeus, temos aqui a impressão que o primeiro entusiasmo cedera lugar à frieza, à formalidade, à liderança fraca e ao temor de ataque da Grécia. Em algumas profecias, também há alusão aos eventos escatológicos.
A sexta visão é a de um imenso pergaminho que voa e leva as palavras de Deus que condenam o pecado (Zc 5: 1-4). A sétima visão é uma mulher em um efa, simbolizando o pecado. A mulher é removida para a terra imunda da Babilônia, o lugar do exílio (Zc 5: 5-11).
• Zc 5: 1-4: “Tornei a levantar os olhos e vi, e eis um rolo voante [NVI: e vi diante de mim um pergaminho que voava]. Perguntou-me o anjo: Que vês? Eu respondi: vejo um rolo voante, que tem vinte côvados de comprimento e dez de largura [NVI: um pergaminho voando, com nove metros de comprimento por quatro e meio de largura]. Então, me disse: Esta é a maldição que sai pela face de toda a terra, porque qualquer que furtar será expulso segundo a maldição, e qualquer que jurar falsamente será expulso também segundo a mesma [NVI: porque tanto o ladrão como o que jura falsamente serão expulsos, conforme essa maldição]. Fá-la-ei sair [NVI: Eu lancei essa maldição], diz o Senhor dos Exércitos, e a farei entrar na casa do ladrão e na casa do que jurar falsamente pelo meu nome; nela, pernoitará [NVI: ela ficará em sua casa] e consumirá a sua madeira e as suas pedras [NVI: Ela ficará em sua casa e destruirá tanto as vigas como os tijolos]”.
O pergaminho continha o juízo de Deus sobre o pecado, em especial, o roubo e o juramento falso. Ele voava, o que significa a rapidez com que Seu juízo seria feito. O seu tamanho também indica o tamanho da iniqüidade, pois ela era grande diante de Deus. O Senhor faria chegar Sua maldição em toda a terra (a terra da Judéia). O fato de estar escrito: ‘jurar falsamente pelo meu nome’, muito provavelmente se referia ao povo de Deus que conhecia a Sua lei, pois um ímpio não tinha costume nem motivo de jurar pelo nome do Senhor. Neste capítulo, na visão do rolo, parece que Ele estava lidando com o Seu povo, e na visão da mulher e do efa, com outras nações; em especial, a terra da Babilônia.
Quanto aos dois pecados citados (roubo e juramento falso) parece que eram os mais urgentes de serem tratados (Ml 3: 5), uma vez que eram os pecados de sacrilégio que estavam sendo cometidos, ou seja, a Casa de Deus estava sendo negligenciada em favor de suas próprias casas e isso significava roubar a Deus. Por isso, Ageu, Neemias e Malaquias se queixaram disso e denunciaram essa atitude: Ag 1: 3; 8-9; Ne 13: 10-12; Ml 3: 8-9.
A profecia também diz: “Fá-la-ei sair [NVI: Eu lancei essa maldição], diz o Senhor dos Exércitos, e a farei entrar na casa do ladrão e na casa do que jurar falsamente pelo meu nome; nela, pernoitará [NVI: ela ficará em sua casa] e consumirá a sua madeira e as suas pedras [NVI: Ela ficará em sua casa e destruirá tanto as vigas como os tijolos!]” (v. 4). Em inglês (NRSV), a última frase é: ‘e permanecerá naquela casa e consumirá, tanto madeira como pedras’ – a maldição de Deus ficaria ali (‘pernoitar’) e agiria e destruiria tanto as vigas de madeira daquela casa como suas pedras (NVI: tijolos).
Isso lembra as orientações sobre a lepra na casa (Lv 14: 45), onde a casa com ‘lepra maligna’ (Lv 14: 44) era destruída; tanto a madeira como as pedras eram levadas para fora da cidade para um lugar imundo e, muito provavelmente, eram queimadas. Além de casa, templo ou santuário serem símbolos do nosso corpo (1 Co 6: 19-20; 2 Co 6: 16b-18), a palavra ‘casa’ também é usada, muitas vezes, na bíblia como sinônimo de família, descendência (1 Cr 17: 7-10; 1 Cr 17: 16-17; 23). Dessa forma, o que o Senhor quer nos dizer é que, quando alguém na família cometeu um grave pecado, seja no presente ou no passado, o mal tende a se alastrar e a se perpetuar em toda a descendência. É o que acontece com as maldições hereditárias, onde, muitas vezes, se repete os mesmos pecados cometidos há gerações, causando morte e destruição a todos os descendentes daquele ‘leproso’. E quando alguém é chamado por Jesus à verdade, tem que fazer um esforço para se purificar, para não repetir os erros do passado e, então, começar tudo de novo da maneira santa de Deus. Aí surgem grandes lutas e grandes barreiras a serem enfrentadas porque as antigas estruturas precisam ser arrancadas do modo de agir de toda aquela casa. Este tipo de trabalho é necessário e urgente para que a descendência também não seja comprometida e venha a perder a salvação. As pedras são as estruturas espirituais e morais presentes numa geração, que estão firmes e imóveis há anos, assim como a aparência externa (o ‘revestimento’, a ‘argamassa’) diante do mundo. É como ‘marca registrada’ presente na família, que o mundo natural e o espiritual reconhecem. Tudo precisa ser mudado numa nova estrutura para salvar o resto. Isso significa que quando se detecta algo realmente maligno, não se pode ter dó; derruba-se toda a estrutura até o pó para que se erga tudo de novo. O pecado precisa ser extirpado pela raiz.
Tanto os exilados que retornaram quanto seus pais que rejeitaram a justiça e a palavra de Deus sofreram, mas se eles se arrependessem Ele enviaria o Seu juízo sobre os Caldeus e sobre seus antigos inimigos. Talvez por isso o Senhor tenha dado a Zacarias a sétima visão sobre a mulher e o efa:
• Zc 5: 5-11 – A sétima visão: a mulher e o efa: “Saiu o anjo que falava comigo e me disse: Levanta, agora, os olhos e vê que é isto que sai [NVI: Olhe e veja o que vem surgindo]. Eu perguntei: que é isto? Ele me respondeu: É um efa [NVI: uma vasilha] que sai. Disse ainda: Isto é a iniqüidade em toda a terra [NVI: Aí está o pecado (ou ‘aparência’, no original) de todo o povo desta terra]. Eis que foi levantada a tampa de chumbo, e uma mulher estava sentada dentro do efa. Prosseguiu o anjo: Isto é a impiedade [NVI: Esta é a Perversidade]. E a lançou para o fundo do efa, sobre cuja boca pôs o peso de chumbo [NVI: e a fechou de novo com a tampa de chumbo]. Levantei os olhos e vi, e eis que saíram duas mulheres; havia vento em suas asas, que eram como de cegonha [NVI: vi chegarem à minha frente duas mulheres com asas como de cegonha]; e levantaram o efa entre a terra e o céu. Então, perguntei ao anjo que falava comigo: para onde levam elas o efa? Respondeu-me: Para edificarem àquela mulher uma casa na terra de Sinar (ou Shinear, Shin`ar – Strong #8152 – Babilônia), e, estando esta acabada, ela será posta ali em seu próprio lugar [NVI: Para a Babilônia, onde vão construir um santuário para ela. Quando ficar pronto, a vasilha será colocada lá, em seu pedestal]”.
A sétima visão de Zacarias, portanto, é uma mulher em um efa, simbolizando o pecado e a impiedade, a perversidade dos judeus. A mulher é removida para a terra imunda da Babilônia, o lugar do exílio (Zc 5: 5-11). O efa era uma unidade de medida (por isso, o uso da palavra ‘vasilha’ na NVI. O peso de chumbo significa o limite da iniqüidade imposto por Deus, ou seja, havia uma medida de iniqüidade suportada por Deus, antes de começar a fazer Seu juízo. O pecado dos antepassados não mais estaria presente no povo que voltou do exílio, nem os pecados que eles trouxeram da Babilônia por causa de sua convivência demorada com a cultura daquele lugar. Por isso, está escrito no v. 6: ‘Isto é a iniqüidade em toda a terra (da Judéia)’ ou ‘Aí está o pecado de todo o povo desta terra’ (da Judéia), ou ainda, no original: ‘Aí está a aparência de todo o povo desta terra’ (da Judéia).
No v. 9 está escrito: “Levantei os olhos e vi, e eis que saíram duas mulheres; havia vento em suas asas, que eram como de cegonha [NVI: vi chegarem à minha frente duas mulheres com asas como de cegonha]; e levantaram o efa entre a terra e o céu”. O vento e as asas como de cegonha simbolizam a rapidez do julgamento de Deus devolvendo a impiedade à Babilônia, de onde veio a aflição sobre Jerusalém. A cegonha é uma ave capaz de viajar longas distâncias, assim, a impiedade seria levada para fora da Terra Prometida, num lugar simbólico como a Babilônia (lugar de impiedade). A terra de Sinar era a terra de Sîn (deus mesopotâmico da lua), cujo templo mais alto localizava-se em Ur dos caldeus. Assim, Babilônia, corrompida pelo mercantilismo, riqueza e luxo, cai sob julgamento de Deus para Ele remover a aflição do cativeiro e a iniqüidade presente naquela terra (mercantilismo, riqueza, luxo, impiedade, idolatria etc.) e que vieram com os judeus. O julgamento severo era também para deixar a iniqüidade lá com os que tinham permanecido na Babilônia, apesar do Senhor ter ordenado a volta deles (Is 52: 11-12), mas que preferiram permanecer no conforto pecaminoso daquela terra. O Senhor puniria tanto os Caldeus como os judeus impenitentes: v. 11 – “Respondeu-me: Para edificarem àquela mulher uma casa na terra de Sinar (ou Sinear – Shin`ar – Strong #8152, Babilônia), e, estando esta acabada, ela será posta ali em seu próprio lugar [NVI: Para a Babilônia, onde vão construir um santuário para ela. Quando ficar pronto, a vasilha será colocada lá, em seu pedestal]”. A frase ‘estando esta acabada’ significa: ‘até o Senhor terminar de dar o pago aos Seus adversários’. Humanamente falando, Dario I ainda estava agindo naquela terra e naquela cidade, sufocando as revoltas provenientes de antigos descendentes da linhagem real de Nabonido e Belsazar.
No momento (520 AC), ele estava terminando com uma rebelião de Nabucodonosor III (Nidintu-Bel) e que se iniciou em 522 AC, quando assumiu o trono da Pérsia. Logo no início do seu reinado houve revoltas na Assíria, no Elão, na Média, na Pártia e no Egito. Dentro de 1 ano ele conseguiu suprimi-las com o auxílio de seu exército, liderado por seus conselheiros e nobres. Mas só recentemente tinha conseguido tomar a Babilônia. Durante essa revolta da Babilônia, os nômades citas (um grupo de tribos nômades iranianas do norte) aproveitaram a desordem e o caos e se revoltaram também, ameaçando perturbar o comércio entre a Ásia Central e as margens do Mar Negro. Já haviam invadido a Pérsia antes, no tempo de Ciro. Dario I demorou um pouco mais de 1 ½ ano para conseguir tomar a cidade de Babilônia.
Em 521 AC a Babilônia se revoltou novamente, sob Nabucodonosor IV. Dario I a privou de suas fortificações; as muralhas foram parcialmente destruídas.
Por sua vez, seu filho Xerxes I teria que sufocar mais uma insurreição por parte de Bel-shimani e Shamash-eriba, em 482 AC, chegando quase a destruí-la totalmente em 478 AC. Quando essas rebeliões foram reprimidas a Babilônia permaneceu sob o domínio persa até a entrada de Alexandre, o Grande (331 AC). Seus generais acabaram mudando a capital para Selêucia, levando junto com eles os cidadãos babilônicos e as riquezas daquele lugar. Assim se cumpriu a profecia de Jeremias (Jr 50: 39; 46), sobre a extinção total de Babilônia ser gradual (‘de geração em geração’ – ARA). Esta profecia de Zacarias, muito provavelmente, diz respeito a isso.
Quanto ao fato de serem duas mulheres, não há nada simbólico em relação a isso; talvez, pelo peso que tinham de carregar, por isso duas. Mas em relação ao fato de serem mulheres e não homens, não parece ter nenhum significado bíblico.
A oitava visão mostra quatro carruagens que saem pela terra afora como executoras de Deus (Zc 6: 1-8). Josué é coroado como símbolo do Messias-Renovo que edifica o templo e governa na qualidade de Rei-Sacerdote (Zc 6: 9-15).
• Zc 6: 1-8: “Outra vez, levantei os olhos e vi, e eis que quatro carros saíam dentre dois montes, e estes montes eram de bronze [NVI: duas montanhas de bronze]. No primeiro carro, os cavalos eram vermelhos, no segundo, pretos, no terceiro, brancos e no quarto, baios [cavalo castanho ou amarelo torrado; NVI: cavalos malhados]; todos eram fortes. Então, perguntei ao anjo que falava comigo: que é isto, meu senhor? Respondeu-me o anjo: São os quatro ventos do céu, que saem donde estavam perante o Senhor de toda a terra [NVI: Estes são os quatro espíritos (ou ventos) dos céus, que acabam de sair da presença do Soberano de toda a terra]. O carro em que estão os cavalos pretos sai para a terra do Norte; o dos brancos, após eles [NVI: em direção ao ocidente (Hebraico: vai atrás deles)]; o dos baios [cavalos malhados], para a terra do Sul. Saem, assim, os cavalos fortes [NVI: Os vigorosos cavalos], forcejando por andar avante, para percorrerem a terra [NVI: impacientes por percorrer a terra]. O Senhor lhes disse: Ide, percorrei a terra. E percorriam a terra. E me chamou e me disse: Eis que aqueles que saíram para a terra do Norte fazem repousar o meu Espírito na terra do Norte [NVI: deram repouso ao meu Espírito (espírito) naquela terra]”.
O profeta tem mais uma visão: a de cavalos e carruagens que saem pela terra para exercer a vontade de Deus, mais precisamente o Seu juízo, pois o profeta menciona o bronze. Bronze é símbolo do juízo e do julgamento de Deus sobre o pecado, o que implica arrependimento por parte do pecador e justiça por parte de Deus. ‘Montes’ ou ‘montanhas’ simbolizam os decretos e propósitos de Deus: sólidos, firmes e inabaláveis. Assim, o Senhor já tinha dado Seu julgamento, Seu propósito já estava determinado. Carros e cavalos simbolizam os mensageiros rápidos de Deus para executar Sua vontade; também simbolizam guerra.
Depois, a bíblia diz (v. 2-3): “No primeiro carro, os cavalos eram vermelhos, no segundo, pretos, no terceiro, brancos e no quarto, baios [baio = cavalo castanho ou amarelo torrado, amarelo-acastanhado; NVI: cavalos malhados]; todos eram fortes”. Os cavalos vermelhos simbolizam a guerra (Ap 6: 4); os cavalos pretos simbolizam escassez de alimentos ou fome, representados pela cevada e pelo trigo pesados na balança (Ap 6: 5); os cavalos brancos simbolizam vitória (Ap 6: 2), conquista, justiça. Os cavalos baios [cavalo castanho ou amarelo torrado; NVI: cavalos malhados] representam doenças, peste ou uma mistura de calamidades.
A bíblia fala em quatro juízos de Deus:
• Ez 14: 21 (cf. v.13; 15; 17; 19): “Porque assim diz o Senhor Deus: Quanto mais, se eu enviar os meus quatro maus juízos (cf. Ap 6: 8), a espada, a fome, as bestas-feras e a peste, contra Jerusalém, para eliminar dela homens e animais?” A punição é cumulativa, quando uma nação pecar contra Ele: primeiro, a fome (v. 13); segundo, as bestas-feras (v. 15); terceiro, a espada (v. 17); por último, a peste (v. 19).
• Ez 5: 12; 17: “Uma terça parte de ti morrerá de peste e será consumida de fome no meio de ti; outra terça parte cairá à espada em redor de ti; e a outra terça parte espalharei a todos os ventos (espalhar por todas as nações) e desembainharei a espada atrás dela... Enviarei sobre vós a fome e bestas-feras que te desfilharão; a peste e o sangue passarão por ti, e trarei a espada sobre ti. Eu, o Senhor, falei”.
• 1 Cr 21: 12: “ou três anos de fome, ou que por três meses sejas consumido diante dos teus adversários, e a espada de teus inimigos te alcance, ou que por três dias a espada do Senhor, isto é, a peste na terra, e o Anjo do Senhor causem destruição em todos os territórios de Israel; vê, pois, agora, que resposta hei de dar ao que me enviou”.
• 2 Sm 24: 13: “Veio, pois, Gade a Davi e lho fez saber, dizendo: Queres que sete anos de fome te venham à tua terra? Ou que, por três meses, fujas diante de teus inimigos, e eles te persigam? Ou que, por três dias, haja peste na tua terra? Delibera, agora, e vê que resposta hei de dar ao que me enviou”.
A espada (Dt 28: 25), a fome (Dt 28: 23-24), as bestas-feras (Ez 34: 28) e a peste (Dt 28: 21; Ez 28: 23) são os quatro juízos descritos. As bestas-feras (ou as feras do campo, os animais do campo) podem ser entendidas, literalmente, como: leões, lobos, hienas, chacais etc. (Êx 23: 29; Lv 26: 22; Dt 28: 26; Ez 34: 28), que foram enviados pelo Senhor (2 Rs 17: 25; 1 Rs 13: 26). Às vezes, ‘bestas-feras’ podem ser entendidas figuradamente como ‘conquistadores destrutivos’, como em Dn 7: 4-7.
• Zc 6: 4-5; 7: “Então, perguntei ao anjo que falava comigo: que é isto, meu senhor? Respondeu-me o anjo: São os quatro ventos do céu, que saem donde estavam perante o Senhor de toda a terra [NVI: Estes são os quatro espíritos (ou ventos) dos céus, que acabam de sair da presença do Soberano de toda a terra]... Saem, assim, os cavalos fortes [NVI: Os vigorosos cavalos], forcejando por andar avante, para percorrerem a terra [NVI: impacientes por percorrer a terra]. O Senhor lhes disse: Ide, percorrei a terra. E percorriam a terra”.
A palavra ‘vento’ em hebraico é Ruwach (Strong #7307) que significa, entre outras coisas: ventos, espíritos (poderes destrutivos), anjos – Ap 7: 1. No v. 7 os cavalos estão ansiosos para partir e esperam uma palavra de liberação vinda do Senhor para começarem a agir.
• Zc 6: 6; 8: “O carro em que estão os cavalos pretos sai para a terra do Norte; o dos brancos, após eles [NVI: em direção ao ocidente (Hebraico: vai atrás deles)]; o dos baios [cavalos malhados], para a terra do Sul... E me chamou e me disse: Eis que aqueles que saíram para a terra do Norte fazem repousar o meu Espírito na terra do Norte [NVI: deram repouso ao meu Espírito (espírito) naquela terra]”.
A terra do norte se referia à Babilônia, agora sob domínio persa, mas ainda manifestando insurreições.
No momento (520 AC), Dario I estava terminando com uma rebelião de Nabucodonosor III (Nidintu-Bel) e que se iniciou em 522 AC, quando aquele assumiu o trono da Pérsia. Logo no início do seu reinado houve revoltas na Assíria, no Elão, na Média, na Pártia e no Egito. Dentro de 1 ano ele conseguiu suprimi-las com o auxílio de seu exército, liderado por seus conselheiros e nobres. Mas só recentemente tinha conseguido tomar a Babilônia. Durante essa revolta da Babilônia, os nômades citas (um grupo de tribos nômades iranianas do norte) aproveitaram a desordem e o caos e se revoltaram também, ameaçando perturbar o comércio entre a Ásia Central e as margens do Mar Negro. Já haviam invadido a Pérsia antes, no tempo de Ciro. Dario I demorou um pouco mais de 1 ½ ano para conseguir tomar a cidade de Babilônia.
Em 521 AC a Babilônia se revoltou novamente, sob Nabucodonosor IV. Dario I a privou de suas fortificações; as muralhas foram parcialmente destruídas.
Por sua vez, seu filho Xerxes I teria que sufocar mais uma insurreição por parte de Bel-shimani e Shamash-eriba, em 482 AC, chegando quase a destruí-la totalmente em 478 AC. Quando essas rebeliões foram reprimidas a Babilônia permaneceu sob o domínio persa até a entrada de Alexandre, o Grande (331 AC). Seus generais acabaram mudando a capital para Selêucia, levando junto com eles os cidadãos babilônicos e as riquezas daquele lugar. Assim se cumpriu a profecia de Jeremias (Jr 50: 39; 46), sobre a extinção total de Babilônia ser gradual (‘de geração em geração’ – ARA). Esta profecia de Zacarias, muito provavelmente, diz respeito a isso.
Parece ser sobre essas duas primeiras revoluções da Babilônia, enfrentadas por Dario I, que Zacarias, o profeta, estava falando. Toda guerra prolongada causa a escassez de alimento e a fome. Esse era o juízo de Deus contra aquela terra, como havia sido profetizado por Isaías e Jeremias. Mas a bíblia também diz que o cavalo branco seguia o primeiro, ou seja, a guerra que Dario estava empreendendo era uma guerra vitoriosa, pois a revolta desses dois reis babilônicos seria debelada. Entretanto, o cavalo branco pode se referir ao filho de Dario I, Xerxes ou Assuero, que continuou a política de expansão do reino iniciada pelos seus antepassados e, em 478 AC, destruiu a cidade quase que completamente, dando um período de paz à Pérsia naquela satrapia por quase dois séculos. Assim, quando a bíblia diz: “Eis que aqueles que saíram para a terra do Norte fazem repousar o meu Espírito na terra do Norte [NVI: deram repouso ao meu Espírito (espírito) naquela terra]”, ela pode estar se referindo a essa situação, ou seja, a ira de Deus contra aquela terra de iniqüidade estava propiciada. Historicamente falando, entretanto, Babilônia só se tornou uma completa ruína no tempo do imperador Romano Adriano (117-138 DC).
O cavalo baio (ou castanho, ou castanho-amarelado) que sai para o sul, provavelmente, se dirige à terra do Egito, Arábia, talvez Etiópia, onde a mão do Senhor também puniu. A Etiópia foi uma satrapia persa no reinado de Xerxes (Et 1: 1; Et 8: 9). Não se sabe se houve pestes ou doenças naqueles lugares, alguns anos ou décadas depois dessa profecia. Mas, com certeza, houve outro tipo de calamidades como juízo divino (guerras civis, rebeliões contra o governo, desacordos, interferência no comércio entre nações etc.). O que se sabe é que antes de Dario I, no governo de Cambises II (530-522 AC), o Egito sofreu bastante. Ele foi bastante cruel na sua invasão e no seu controle daquela nação, talvez cumprindo a profecias de Isaías (Is 19: 3-4), quando o Senhor falou sobre entregá-los nas mãos de um senhor duro, e um rei feroz. Cambises tomou a cidade de Pelúsio com uma estratégia bastante manhosa: na frente do seu exército ele colocou gatos, cães, ovelhas e o pássaro íbis, considerados deuses pelos egípcios. Para não ferir os animais, os egípcios não atiraram nos persas, facilitando assim a captura da cidade. Outras versões dizem que, durante o cerco, sabendo de como os gatos eram sagrados lá, Cambises ordenou aos seus soldados que os capturassem e os lançassem com as catapultas. Quando os egípcios viram que os animais corriam perigo de vida, seus habitantes se renderam. Capturando Pelúsio, Cambises II invadiu o Egito. Destronou Psamético III (Ankhkaen-re – 526-525 AC) e humilhou a filha de Faraó e outras jovens da nobreza, fazendo-as trazer água do rio. Depois matou o jovem filho de Faraó e mais 2.000 jovens de forma vergonhosa por vingança aos homens de Mênfis que haviam assassinado os embaixadores que Cambises havia enviado.
Também não se sabe se esta profecia de Zacarias tem relação com a de Isaías (Is 19: 5-7: “As águas do rio vão secar-se; o leito do rio ficará completamente seco. Os canais terão mau cheiro; os riachos do Egito vão diminuir até secar-se; os juncos e as canas murcharão. A relva que está junto ao Nilo, junto às suas ribanceiras, e tudo o que foi semeado junto dele se secarão, serão levados pelo vento e não subsistirão”).
Sob Dario I (522-486 AC), o domínio foi justo e firme; porém, com as rebeliões egípcias que se seguiram (como a que aconteceu no início do seu reinado, junto com a da Assíria, Babilônia e outras nações), inclusive influenciando a Grécia, a política persa para com o Egito se endureceu.
O Egito continuou vassalo da Pérsia (400-341 AC), até que Alexandre o Grande entrou no Egito como ‘libertador’ em 332 AC. Dali por diante, o Egito foi uma monarquia helenista sob os Ptolomeus, e então caiu sob o domínio romano e bizantino.
É interessante perceber que os cavalos que são descritos no capítulo 1 de Zacarias têm as mesmas cores, mas não é descrito o cavalo preto; e seu comportamento nos dois capítulos é diferente. Vamos nos lembrar do que está escrito em Zc 1: 8-11: “Tive de noite uma visão, e eis um homem [provavelmente, Jesus antes de Sua encarnação humana, o Senhor dos Exércitos, o Anjo do Senhor cf. v.11, embora ‘anjo’ esteja escrito com letra minúscula] montado num cavalo vermelho; estava parado entre as murteiras que havia num vale profundo [NVI: entre as murtas num desfiladeiro]; atrás dele se achavam cavalos vermelhos, baios [ou seja, castanho-amarelado] e brancos. Então, perguntei: meu senhor, quem são estes? Respondeu-me o anjo que falava comigo [um servo angélico do Senhor, não o primeiro anjo]: Eu te mostrarei quem são eles. Então, respondeu o homem [Jesus] que estava entre as murteiras [NVI: murtas] e disse: São os que o Senhor tem enviado para percorrerem a terra [NVI: que o Senhor enviou por toda a terra]. 11 Eles responderam ao anjo do Senhor, que estava entre as murteiras, e disseram: Nós já percorremos a terra, e eis que toda a terra está, agora, repousada e tranqüila”.
No capítulo 1 eles estão numa missão de paz para dar ao profeta o consolo de uma restauração de sua cidade; simbolicamente, eles voltaram de uma guerra sangrenta (vermelhos), mas vitoriosa (brancos), e derrotaram as doenças, a peste e outros tipos de calamidades (baios ou castanho-amarelados) enviadas por Deus como uma forma de executar Seu juízo contra o pecado e todos os inimigos do Seu povo. A terra de Israel estava repousada e tranqüila.
O cavalo preto está aqui no capítulo 6, pois além de significar a escassez de alimento e a fome, ele significa luto, pesar. Portanto, a 1ª visão de Zacarias é uma visão diferente dessa do capítulo 6 (Zc 6: 6: “O carro em que estão os cavalos pretos sai para a terra do Norte; o dos brancos, após eles [NVI: em direção ao ocidente]; o dos baios [cavalos malhados], para a terra do Sul”).
• Zc 6: 9-15 – A coroação de Josué. O renovo: “A palavra do Senhor veio a mim, dizendo: 10 Recebe dos que foram levados cativos, a saber, de Heldai [Heldai, na versão Siríaca; No Texto Massorético: Helém], de Tobias e de Jedaías, e vem tu no mesmo dia e entra na casa de Josias* [Hem, v. 14], filho de Sofonias, para a qual vieram da Babilônia [NVI: Tome prata e ouro dos exilados Heldai, Tobias e Jedaías, que chegaram da Babilônia. No mesmo dia vá à casa de Josias, filho de Sofonias]. Recebe, digo, prata e ouro, e faze coroas, e põe-nas na cabeça de Josué, filho de Jozadaque, o sumo sacerdote. E dize-lhe: Assim diz o Senhor dos Exércitos: Eis aqui o homem cujo nome é Renovo; ele brotará do seu lugar [NVI: ele sairá do seu lugar] e edificará o templo do Senhor. Ele mesmo edificará o templo do Senhor e será revestido de glória [NVI: majestade]; assentar-se-á no seu trono, e dominará [NVI: para governar], e será sacerdote no seu trono; e reinará perfeita união entre ambos os ofícios. 14 As coroas serão para Helém [na versão Siríaca: Heldai], para Tobias, para Jedaías e para Hem [nota NVI: ‘o bondoso’, se referindo a Josias*, v. 10], filho de Sofonias, como memorial no templo do Senhor. Aqueles que estão longe virão e ajudarão no edificar o templo do Senhor [NVI: Gente de longe virá ajudar a construir o templo do Senhor], e sabereis que o Senhor dos Exércitos me enviou a vós outros. Isto sucederá se diligentemente ouvirdes a voz do Senhor, vosso Deus”.
• Heldai (ou Helém), Tobias, Jedaías e Josias (ou Hem), filho de Sofonias, eram homens de autoridade que vieram do cativeiro, embora não relatados no livro de Esdras.
O profeta Zacarias foi instruído por Deus a ir à casa de Josias (ou Hem) e receber o ouro e a prata das mãos desses homens para fazer uma coroa para Josué, filho de Jozadaque, o sumo sacerdote. Josué, mais uma vez, é chamado de Renovo e prefigura Jesus, no Seu ofício de sacerdote [Zorobabel era a figura de Jesus, no seu ofício de rei]. Está escrito que haverá ‘perfeita união entre ambos os ofícios’. Outras coroas serão feitas para Helém [ou Heldai], Tobias, Jedaías e Hem [ou Josias], e serão colocadas como um memorial no templo do Senhor, por causa da liberalidade e da generosidade desses homens que ajudaram a construir o templo.
• Também está escrito que ‘aqueles que estão longe virão e ajudarão no edificar o templo do Senhor [NVI: Gente de longe virá ajudar a construir o templo do Senhor]’, o que me parece ser relacionado a um futuro próximo, à construção do segundo templo, pois muitos persas vieram junto com os judeus nesta primeira etapa para ajudá-los, ao contrário de alguns persas e povos da Mesopotâmia e da Caldéia como Reum e Sinsai, Bislão, Mitredate (Ed 1: 8) e Tabeel (Ed 4: 7-10), que retardaram a reconstrução.
• Zc 7: 1-14: “No quarto ano do rei Dario (518 AC), veio a palavra do Senhor a Zacarias, no dia quarto do nono mês, que é quisleu [Novembro-Dezembro]. Quando de Betel foram enviados Sarezer, e Regém-Meleque, e seus homens, para suplicarem o favor do Senhor, perguntaram aos sacerdotes, que estavam na Casa do Senhor dos Exércitos, e aos profetas: Continuaremos nós a chorar, com jejum, no quinto mês, como temos feito por tantos anos? Então, a palavra do Senhor dos Exércitos me veio a mim, dizendo: Fala a todo o povo desta terra e aos sacerdotes: Quando jejuastes e pranteastes, no quinto e no sétimo mês, durante estes setenta anos, acaso, foi para mim que jejuastes, com efeito, para mim? Quando comeis e bebeis, não é para vós mesmos que comeis e bebeis? [NVI: E quando comiam e bebiam, não era para vocês mesmos que o faziam?] Não ouvistes vós as palavras que o Senhor pregou pelo ministério dos profetas que nos precederam, quando Jerusalém estava habitada e em paz com as suas cidades ao redor dela, e o Sul [NVI: Neguebe] e a campina [NVI: Sefelá] eram habitados? A palavra do Senhor veio a Zacarias, dizendo: Assim falara o Senhor dos Exércitos: Executai juízo verdadeiro, mostrai bondade e misericórdia, cada um a seu irmão [NVI: Administrem a verdadeira justiça, mostrem misericórdia e compaixão uns para com os outros]; não oprimais a viúva, nem o órfão, nem o estrangeiro, nem o pobre, nem intente cada um, em seu coração, o mal contra o seu próximo. Eles, porém, não quiseram atender e, rebeldes, me deram as costas e ensurdeceram os ouvidos, para que não ouvissem. Sim, fizeram o seu coração duro como diamante, para que não ouvissem a lei, nem as palavras que o Senhor dos Exércitos enviara pelo seu Espírito, mediante os profetas que nos precederam (cf. Is 58: 3-7); daí veio a grande ira do Senhor dos Exércitos. Visto que eu clamei, e eles não me ouviram, eles também clamaram, e eu não os ouvi, diz o Senhor dos Exércitos. Espalhei-os com um turbilhão por entre todas as nações que eles não conheceram; e a terra foi assolada atrás deles, de sorte que ninguém passava por ela, nem voltava; porque da terra desejável fizeram uma desolação [NVI: A terra que deixaram para trás ficou tão destruída que ninguém podia atravessá-la. Foi assim que transformaram a terra aprazível em ruínas]”.
Essa profecia ocorreu dois anos depois da que foi escrita no capítulo 1, ou seja, em 518 AC. O nono mês, quisleu, corresponde a Nov.–Dez.
Betel, antes do exílio, pertencia ao reino do norte: Samaria.
Sarezer e Regém-Meleque eram chefes do povo.
Os dois meses de jejum que estavam em questão eram os do quinto e do sétimo, jejuns instituídos pós-exílio, por isso, o Senhor disse: “Fala a todo o povo desta terra e aos sacerdotes: Quando jejuastes e pranteastes, no quinto e no sétimo mês, durante estes setenta anos, acaso, foi para mim que jejuastes, com efeito, para mim?”
O jejum do quinto mês se referia ao mês que o templo foi queimado (2 Rs 25: 8).
E o do sétimo mês se referia ao mês que Gedalias foi morto (Jr 41: 1). Gedalias (Jr 40: 5), filho de Aicão, filho de Safã, foi quem o rei da Babilônia nomeou governador das cidades de Judá. Este jejum não deve ser confundido com o jejum da Expiação (Êx 30: 10; Lv 16: 29-34; Lv 23: 26-32), ‘Yom Kippur’.
O que o Senhor estava questionando com eles eram as verdadeiras intenções do jejum que eles faziam, como Ele fez com o povo no tempo de Isaías (Is 58: 3-7), que jejuavam por hipocrisia, mas não largavam seus interesses particulares; não pensavam no seu semelhante. E aqui o Senhor os lembrava do verdadeiro motivo do jejum para Ele: ser imparcial no juízo, mostrar bondade e misericórdia para com o semelhante; não oprimir a viúva, nem o órfão, nem o estrangeiro, nem o pobre, nem intentar o mal contra o próximo. Os antepassados deles se recusaram a ouvir os profetas (cf. Is 58: 3-7) e a obedecer; por isso foram levados ao cativeiro, e a terra onde viviam ficou em ruínas.
• Zc 8: 1-8: “Veio a mim a palavra do Senhor dos Exércitos, dizendo: Assim diz o Senhor dos Exércitos: Tenho grandes zelos de Sião e com grande indignação tenho zelos dela [NVI: Tenho muito ciúme de Sião; estou me consumindo de ciúmes por ela]. Assim diz o Senhor: Voltarei para Sião e habitarei no meio de Jerusalém; Jerusalém chamar-se-á a cidade fiel [NVI: Cidade da Verdade], e o monte do Senhor dos Exércitos, monte santo [NVI: será chamado monte Sagrado]. Assim diz o Senhor dos Exércitos: Ainda nas praças de Jerusalém sentar-se-ão velhos e velhas, levando cada um na mão o seu arrimo [NVI: sua bengala], por causa da sua muita idade. As praças da cidade se encherão de meninos e meninas, que nelas brincarão. Assim diz o Senhor dos Exércitos: Se isto for maravilhoso aos olhos do restante deste povo naqueles dias, será também maravilhoso aos meus olhos? [NVI: será impossível para mim?] – diz o Senhor dos Exércitos. Assim diz o Senhor dos Exércitos: Eis que salvarei o meu povo, tirando-o da terra do Oriente e da terra do Ocidente; eu os trarei, e habitarão em Jerusalém; eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus, em verdade e em justiça”.
Nos versículos 2-3, Senhor diz que é zeloso com Jerusalém, que tem ciúmes dela. Ele voltará a habitar no meio dela, e não pecará contra Ele novamente, adorando ídolos e se rebelando contra Sua palavra. Ela será fiel, e o monte onde se encontra o templo será chamado de ‘monte santo’ porque a santidade do Senhor será vista ali (cf. Ob 17; Jl 3: 17). Seus sacerdotes não mais se desviarão da Sua lei e ensinarão a verdade ao povo.
Nos versículos 4-5 há uma promessa para idosos e jovens: o Senhor tinha um tempo de paz e bem-estar para eles, sem doença, fome ou guerra, impedindo Seu povo de chegar a uma idade avançada. Também era um tempo de prosperidade e fertilidade. Ele estava prometendo novos nascimentos e segurança para as crianças que já nasceram; elas encheriam as praças da cidade. Essas eram as promessas de Deus para o povo que havia voltado do cativeiro, mas ainda se sentia frágil e inseguro no seu relacionamento com Ele, e ameaçado pelos povos da terra, que tentavam impedir a reconstrução do templo e da cidade.
Então, Ele diz: “Se isto for maravilhoso aos olhos do restante deste povo naqueles dias, será também maravilhoso aos meus olhos? [NVI: será impossível para mim?] – diz o Senhor dos Exércitos. Assim diz o Senhor dos Exércitos: Eis que salvarei o meu povo, tirando-o da terra do Oriente e da terra do Ocidente; eu os trarei, e habitarão em Jerusalém; eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus, em verdade e em justiça”.
Isso quer dizer que não haveria nada impossível para Ele, e que Ele salvaria o Seu povo que ainda estava em cativeiro no Oriente (Média e Pérsia, agora senhores da Babilônia), e que ainda viriam com o segundo e o terceiro grupo de exilados, liderados por Esdras e Neemias, em 458 AC e 445 AC.
O Senhor também prometia trazer Seu povo da terra do Ocidente, o que, provavelmente, está relatado em Jl 3: 6-7, onde o profeta repreendia os tírios por terem vendido prisioneiros hebreus como escravos aos gregos. Deus mesmo realizaria vingança contra Tiro, libertando os escravos. Segundo o historiador Flávio Josefo, Alexandre e seus sucessores rejeitaram os escravos judeus da Grécia e os deixaram retornar ao seu país. Foi o cumprimento da profecia, libertando os judeus que haviam sido vendidos aos gregos pelos filisteus e tírios. Por sua vez, a cidade de Tiro foi invadida em 332 AC por Alexandre, o Grande, quando ele tomou o império persa e estabeleceu o seu (‘farei cair a vossa vingança sobre a vossa própria cabeça’ – Jl 3: 7). No v. 8 Ele confirma que os trará de volta a Jerusalém, e eles serão o Seu povo, e Ele será o seu Deus, em verdade e em justiça. ‘Em verdade e em justiça’ significa que Ele está falando a verdade e fazendo a justiça para com eles; e eles responderão a essa justiça com a obediência à Sua justa lei.
• Zc 8: 9-23: “Assim diz o Senhor dos Exércitos: Sejam fortes as mãos de todos vós que nestes dias ouvis estas palavras da boca dos profetas, a saber, nos dias em que foram postos os fundamentos da Casa do Senhor dos Exércitos, para que o templo fosse edificado. Porque, antes daqueles dias, não havia salário para homens, nem os animais lhes davam ganho [NVI: Pois antes daquele tempo não havia salários para os homens nem para os animais], não havia paz para o que entrava, nem para o que saía, por causa do inimigo [NVI: Ninguém podia tratar dos seus negócios com segurança por causa de seus adversários], porque eu incitei todos os homens, cada um contra o seu próximo. Mas, agora, não serei para com o restante deste povo como nos primeiros dias, diz o Senhor dos Exércitos. Porque haverá sementeira de paz [NVI: Haverá uma rica semeadura]; a vide dará o seu fruto, a terra, a sua novidade, e os céus, o seu orvalho [NVI: a terra produzirá suas colheitas e o céu derramará o orvalho]; e farei que o resto deste povo herde tudo isto. E há de acontecer, ó casa de Judá, ó casa de Israel, que, assim como fostes maldição entre as nações, assim vos salvarei, e sereis bênção; não temais, e sejam fortes as vossas mãos. Porque assim diz o Senhor dos Exércitos: Como pensei fazer-vos mal [NVI: eu havia decidido castigar vocês sem compaixão], quando vossos pais me provocaram à ira, diz o Senhor dos Exércitos, e não me arrependi, assim pensei de novo em fazer bem a Jerusalém e à casa de Judá nestes dias; não temais. Eis as coisas que deveis fazer: Falai a verdade cada um com o seu próximo, executai juízo nas vossas portas, segundo a verdade, em favor da paz [NVI: julguem retamente em seus tribunais]; nenhum de vós pense mal no seu coração contra o seu próximo, nem ame o juramento falso, porque a todas estas coisas eu aborreço [NVI: Porque eu odeio todas essas coisas], diz o Senhor. A palavra do Senhor dos Exércitos veio a mim, dizendo: Assim diz o Senhor dos Exércitos: O jejum do quarto mês, e o do quinto, e o do sétimo, e o do décimo serão para a casa de Judá regozijo, alegria e festividades solenes [NVI: serão ocasiões alegres e cheias de júbilo, festas felizes para o povo de Judá]; amai, pois, a verdade e a paz. Assim diz o Senhor dos Exércitos: Ainda sucederá que virão povos e habitantes de muitas cidades; e os habitantes de uma cidade irão à outra, dizendo: Vamos depressa suplicar o favor do Senhor e buscar ao Senhor dos Exércitos; eu também irei. Virão muitos povos e poderosas nações buscar em Jerusalém ao Senhor dos Exércitos e suplicar o favor do Senhor. Assim diz o Senhor dos Exércitos: Naquele dia [NVI: Naqueles dias], sucederá que pegarão dez homens, de todas as línguas das nações, pegarão, sim [NVI: agarrarão firmemente], na orla da veste de um judeu e lhe dirão: Iremos convosco, porque temos ouvido que Deus está convosco [NVI: Nós vamos com você porque ouvimos dizer que Deus está com o seu povo]”.
• v. 9: “Assim diz o Senhor dos Exércitos: Sejam fortes as mãos de todos vós que nestes dias ouvis estas palavras da boca dos profetas, a saber, nos dias em que foram postos os fundamentos da Casa do Senhor dos Exércitos, para que o templo fosse edificado” – mais uma vez o Senhor incentiva o Seu povo a reconstruir, pois eles têm ouvido as palavras de Seus profetas Ageu e Zacarias, agora em 520 AC, ao recomeçarem a construção do templo, depois de 16 anos de estagnação.
• v. 10: “Porque, antes daqueles dias, não havia salário para homens, nem os animais lhes davam ganho [NVI: Pois antes daquele tempo não havia salários para os homens nem para os animais], não havia paz para o que entrava, nem para o que saía, por causa do inimigo [NVI: Ninguém podia tratar dos seus negócios com segurança por causa de seus adversários], porque eu incitei todos os homens, cada um contra o seu próximo” – isso significa os 16 anos de estagnação (‘antes daqueles dias’), onde o templo não pôde ser construído por causa da ameaça dos povos ao redor. Não havia recompensa nenhuma de trabalho (Ag 1: 5-6; 9-11), nem para homens nem animais, pois não havia segurança nem paz para trabalhar, além do que trabalhavam mais pelas suas coisas particulares do que pelo templo do Senhor, e Ele retinha a chuva e o resultado das colheitas deles. Agora, eles recebiam de Deus a aprovação e a força para reconstruir, não apenas o templo, mas suas vidas também.
• v. 11-12: “Mas, agora, não serei para com o restante deste povo como nos primeiros dias [NVI: como fiz no passado], diz o Senhor dos Exércitos. Porque haverá sementeira de paz [NVI: Haverá uma rica semeadura]; a vide dará o seu fruto, a terra, a sua novidade, e os céus, o seu orvalho [NVI: a terra produzirá suas colheitas e o céu derramará o orvalho]; e farei que o resto deste povo herde tudo isto”.
‘Como nos primeiros dias [NVI: como fiz no passado]’ – quer dizer: com aqueles que retornavam da Babilônia (Ag 1: 5-6; 9-11). Agora haverá paz e a terra dará o seu fruto. Haverá chuva para as colheitas, e o povo se sentirá realmente o herdeiro da terra de Israel. Sua promessa de bênção e graça é reafirmada para que eles comecem a reconstruir (v. 13-15). Eles deixarão de ser maldição entre as nações, e passarão a ser bênção porque o Senhor trabalhará ao lado deles.
A partir do v. 16, Ele lhes dá as orientações para serem abençoados e bem sucedidos na obra que eles têm pela frente e para que seus jejuns e orações sejam aceitos: falar a verdade cada um com o seu próximo, julgar retamente em seus tribunais, não pensar mal contra o seu próximo, nem jurar falsamente, amar a verdade e a paz.
Então, o Senhor volta a falar sobre os quatro jejuns instituídos pós-exílio, e que têm agora a Sua bênção. Serão dias de festa para Judá: o jejum do quarto e o do quinto mês, o do sétimo e o do décimo mês. Em Zc 8: 19, nós podemos ver quatro meses de jejum observados pelos Judeus, instituídos pós-exílio, que marcavam os desastres da história judaica. A bíblia diz: “Assim diz o Senhor dos Exércitos: O jejum do quarto mês, e o do quinto mês, e o do sétimo, e o do décimo serão para a casa de Judá regozijo, alegria e festividades solenes; amai, pois, a verdade e a paz”.
Vamos explicar a qual situação Deus estava se referindo:
Quarto mês (2 Rs 25: 3 – a cidade de Jerusalém foi tomada pelos Babilônios) – (Tamuz = Jun-Jul).
Quinto mês (2 Rs 25: 8 – o templo foi queimado) – (’Abh = Jul-Ago).
Sétimo mês (Jr 41: 1 – Gedalias foi morto). Gedalias (Jr 40: 5), filho de Aicão, filho de Safã, foi a quem o rei da Babilônia nomeou governador das cidades de Judá. Este jejum não deve ser confundido com o jejum da Expiação (Êx 30: 10; Lv 16: 29-34; Lv 23: 26-32), ‘Yom Kippur’ – (’Ethãnïm ou Tisri = Set-Out).
Décimo mês (2 Rs 25: 1; Ez 24: 1 – quando o exército Babilônico sitiou a cidade; 1 ½ ano antes de arrombá-la) – o 1º dos quatro – (Tebete = Dez-Jan).
• v. 20-21: “Assim diz o Senhor dos Exércitos: Ainda sucederá que virão povos e habitantes de muitas cidades; e os habitantes de uma cidade irão à outra, dizendo: Vamos depressa suplicar o favor do Senhor e buscar ao Senhor dos Exércitos; eu também irei”. Aqui já temos uma transição para os tempos do evangelho, quando povos de muitas nações vinham para conhecer Jesus e ser sarados por Ele.
• v. 22-23: “Virão muitos povos e poderosas nações buscar em Jerusalém ao Senhor dos Exércitos e suplicar o favor do Senhor. Assim diz o Senhor dos Exércitos: Naquele dia [NVI: Naqueles dias], sucederá que pegarão dez homens, de todas as línguas das nações, pegarão, sim [NVI: agarrarão firmemente], na orla da veste de um judeu e lhe dirão: Iremos convosco, porque temos ouvido que Deus está convosco [NVI: Nós vamos com você porque ouvimos dizer que Deus está com o seu povo]”.
Aqui fica bem claro que se trata dos tempos do evangelho, durante o ministério de Jesus e durante o Pentecostes, quando judeus que vieram de todas as nações para a Páscoa em Jerusalém se converteram após o discurso de Pedro (At 2: 10-11; 37-41). Com certeza não havia somente judeus ali na festa, mas gentios também que vieram para adorar o Deus de Israel em Jerusalém.
• v. 23 – ‘dez homens’ ou ‘muitos homens’, no original.
‘De todas as línguas das nações’ – isso significa que os gentios já estavam nos planos de Deus com respeito à salvação. Nenhuma nação será mais excluída.
Os profetas menores vol. 1 (PDF)
The minor prophets vol. 1 (PDF)
Profeta, o mensageiro de Deus (PDF)
Prophet, the messenger of God (PDF)
Table about the prophets (PDF)
Autora: Pastora Tânia Cristina Giachetti
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