Hebraico e o Aramaico, os dialetos falados na Antiguidade e na época de Jesus. Lashon haKodesh, o Livro de Ben-Siraque (Eclesiástico), Mishná, Talmude, Tosefta, Guemará, Targum, Halachá, Cabala; diferença entre Judeu, Israelita e Hebreu; Mitzvot.
Hebrew and Aramaic, the dialects spoken in Antiquity and at the time of Jesus. Lashon haKodesh, the Book of Ben-Sirach (Ecclesiasticus), Mishnah, Talmud, Tosefta, Gemara, Targum, Halakha, Kabbalah; Jew, Israelite and Hebrew; Mitzvot.
Aramaico é a designação que recebem os diferentes dialetos de um idioma com alfabeto próprio e com uma história de mais de três mil anos, utilizado por povos que habitavam o Oriente Médio (estes todos descendentes dos filhos de Noé, na verdade). Foi a língua administrativa e religiosa de diversos impérios da Antiguidade, além de ser o idioma original de muitas partes dos livros bíblicos de Daniel e Esdras, assim como do Talmude. O Aramaico já era entendido e falado por muitos povos, inclusive os judeus, principalmente pelas pessoas ligadas à corte, que necessitavam dessa língua comercial e administrativa para fazer seus acordos políticos e comercializar seus produtos com outras nações. Pertencendo à família de línguas afro-asiáticas, é classificada no subgrupo das línguas semíticas, à qual também pertencem o Árabe e o Hebraico. A língua formal do império babilônico era o aramaico (cujo nome deriva de Aram Naharayim, “Mesopotâmia”, ou de Aram, “terras altas” em Cananeu, e o antigo nome da Síria). O Império Persa, que conquistou o Império Babilônico poucas décadas depois do início do exílio judeu, adotou o Aramaico como língua oficial. O Aramaico é também uma língua semítica Norte-Ocidental bastante semelhante ao Hebraico. O Aramaico emprestou muitas palavras e expressões ao Hebraico, principalmente devido a ser a língua utilizada no Talmude e em outros escritos religiosos. O Aramaico foi, possivelmente, a língua falada por Jesus. A partir do séc. VII DC o Aramaico que era utilizado como língua oficial no Oriente Médio foi substituído pelo Árabe. Entretanto, o Aramaico continua sendo usado, literária e liturgicamente, entre os judeus e alguns cristãos.
A história do Aramaico pode ser dividida em três períodos:
Arcaico (1100 AC-200 DC) incluindo:
O Aramaico bíblico, do hebraico.
O Aramaico de Jesus.
O Aramaico do Targum.
Aramaico Médio (200-1200 DC), incluindo:
Língua Siríaca literária.
O Aramaico do Talmude e dos Midrashim.
Aramaico Moderno (1200 DC até o presente século).
O siríaco é um dialeto do aramaico médio (200 – 1200 DC) falado historicamente em boa parte do Crescente Fértil. Surgido por volta do século I DC o siríaco clássico se tornou um dos principais idiomas literários em todo o Oriente Médio do século IV ao VIII. Tornou-se o principal veículo da cultura e do cristianismo ortodoxo oriental, espalhando-se por toda a Ásia, chegando até Malabar (ao sul da Índia) e a China oriental, e foi um importante meio de comunicação e disseminação cultural entre os árabes e, em menor escala, os persas. Primordialmente um meio de expressão cristão, o siríaco teve uma influência cultural e literária fundamental no desenvolvimento do árabe, que o substituiu na região no fim do século VIII. O siríaco continua a ser a língua litúrgica do cristianismo siríaco. Escrito no alfabeto siríaco, derivado do alfabeto aramaico, o siríaco pertence ao ramo ocidental da família lingüística semita (fonte: wikipedia.org).
A língua hebraica está mais diretamente relacionada ao idioma da antiga Ugarite, a capital de um reino ao norte da costa da Síria (atualmente chamado Ras Shamra), bem como ao fenício e o moabita. No AT é chamado de “a língua de Canaã” (Is 19: 18) ou “Judaico” (2 Rs 18: 26-30; Is 36: 11-13; Ne 13: 24) – “The language of Canaan” or “The language of Judah”. A designação “Hebraico” ocorre pela primeira vez no livro de Ben-Siraque (livro apócrifo). Assim, a escrita hebraica é proveniente da escrita do norte – semítica ou fenícia.
O Livro de Ben-Siraque é também conhecido como Livro de Eclesiástico (Ecclus.: ‘Livro da Igreja’ ou ‘Livro da Assembléia’, que foi o nome dado por São Cipriano de Cartago) ou o Livro da Toda-Virtuosa Sabedoria, escrito pelo escriba, sábio e alegorista judeu helenista de Jerusalém, Joshua ben Sira ou Yeshua ben Sira (Josué filho de Siraque ou Jesus filho de Siraque) por volta de 200-175 AC em língua hebraica, possivelmente em Alexandria, no Egito, onde se pensa que ele tenha estabelecido uma escola. O livro contém ensinamentos éticos. O autor também é conhecido como Shimon ben Yeshua ben Eliezer ben Sira de Jerusalém. Em grego, o livro é conhecido como Sirácida. Possui 51 capítulos e foi traduzido para o grego por um neto de Jesus filho de Siraque (Yeshua ben Sira) em 123 AC. Ele é reconhecido no Judaísmo pelo seu valor histórico, porém não é parte do AT (Tanakh).
A Torá que os judeus ortodoxos consideram ter sido escrita na época de Moisés, cerca de 3.300 anos atrás, foi redigida no hebraico dito “clássico”. Embora hoje em dia seja uma escrita foneticamente impronunciável, portanto indecifrável, devido à não-existência de vogais no alfabeto hebraico clássico, os judeus a chamam de Lashon haKodesh (לשון הקודש – “A Língua Sagrada”; “The Holy Tongue” or “the tongue [of] holiness”) já que muitos acreditam ter sido escolhida para transmitir a mensagem de Deus à humanidade. Na verdade, a Torá original não existe mais. O que eles têm é a cópia de cópias que vêm sendo feitas ao longo dos séculos. Por volta da destruição de Jerusalém pelos babilônios o hebraico clássico foi substituído no uso diário pelo Aramaico (língua babilônica), tornando-se primariamente uma língua regional, tanto usada na liturgia, no estudo da Mishná e do Talmude, como também no comércio.
O hebraico assemelha-se fortemente ao aramaico e, embora menos ao árabe e seus diversos dialetos, partilha muitas características lingüísticas com eles. O hebraico também mudou. A diferença entre o hebraico de hoje e o de três mil anos atrás é que o antigo não possuía vogal para formar sílabas. As vogais foram os sinais inventados pelos rabinos massoretas para facilitar na pronúncia de textos muito antigos e posteriormente desativados nos meios de comunicação atuais. A língua formal do império babilônico era o aramaico (cujo nome, como vimos anteriormente, deriva de Aram Naharayim, “Mesopotâmia”, ou de Aram, “terras altas” em Cananeu e o antigo nome da Síria). O Império Persa, que conquistou o Império Babilônico poucas décadas depois do início do exílio judeu, adotou o aramaico como língua oficial.
Além de numerosas palavras e expressões, o hebraico também recebeu do aramaico o seu alfabeto. Apesar de as letras aramaicas originais terem origem no alfabeto fenício que era usado no antigo Israel, divergiram significativamente, tanto às mãos dos judeus como dos mesopotâmios, assumindo a forma que hoje nos é familiar a partir do século I AC. Os judeus que viviam mais ao norte ou no Império Persa aos poucos foram adotando o segmento aramaico, e o hebraico rapidamente caiu em desuso.
Contudo, como essa literatura é parte integrante das Escrituras, os caracteres ainda hoje permanecem preservados em outros idiomas. Pelos seguintes 700 anos, o aramaico tornou-se a língua da Judéia restaurada. Por exemplo, o Targum.
Com a destruição de Jerusalém e do Templo, no ano 70 DC, os judeus começaram gradualmente a dispersar-se da Judéia para o resto do mundo conhecido na época. Por muitos séculos o aramaico permaneceu como a língua falada pelos judeus da Mesopotâmia, e o “judaico-aramaico” é um moderno descendente que ainda é falado por uns poucos milhares de judeus (e muitos não-judeus) na região conhecida como Curdistão (região que compreende Turquia, Iraque, Irã, Armênia e Azerbaijão – na fronteira entre Europa e Ásia, junto ao Mar Cáspio. Seu nome vem dos persas e significa “terra dos curdos”). Contudo, essa língua gradualmente cedeu lugar ao árabe e a outras línguas locais em países para os quais os judeus emigraram.
Sete dialetos do aramaico Ocidental eram falados na época de Jesus. O velho judaico era o dialeto proeminente de Jerusalém e da Judéia. O aramaico Galileu, a língua da região natal de Jesus só é conhecida de alguns poucos lugares. Além dos vários dialetos de aramaico, o grego era usado extensivamente nos centros urbanos. Há pouca evidência do uso do hebraico durante esse período. A língua hebraica escrita do AT era lida e entendida pelas classes cultas. O hebraico deixou de ser a língua do dia a dia. Além disso, as várias palavras no contexto grego do NT que não são traduzidas, são claramente aramaicas ao invés de hebraicas. Esse aramaico não é o aramaico da Galiléia, mas o antigo aramaico da Judéia. Isso sugere que as palavras de Jesus foram transmitidas no dialeto da Judéia e Jerusalém ao invés do de Sua cidade natal.
O hebraico não foi usado como uma língua falada por aproximadamente 2.300 anos, ou seja, foi considerada uma língua morta, assim como o latim. Contudo, as línguas que os judeus adotaram em seus países de residência, a saber, o Sefaradi (latino) e o Iídiche (Alemão), não estavam diretamente relacionadas com o hebraico; a primeira baseada no espanhol peninsular com empréstimos árabes, e a última, um antigo dialeto do alemão medieval; contudo, ambas foram escritas da direita para a esquerda, utilizando o alfabeto hebraico.
O hebraico renasceu como língua falada durante o final do séc. XIX e começo do séc. XX como o hebraico moderno, adotando alguns elementos dos idiomas árabe, latino e iídiche, e outras línguas que acompanharam a Diáspora Judaica como língua falada pela maioria dos habitantes do Estado de Israel, do qual é a língua oficial primária (o árabe também tem status de língua oficial).
Existem alguns livros judaicos interessantes de se comentar aqui, pois foram escritos em hebraico mishnaico, com um pouco de aramaico. São eles:
• Gemara (Guemará, Gemarah; ou Gemore, na pronúncia dos judeus Asquenazes – judeus provenientes da Europa Central e Europa Oriental) vem do verbo hebraico gamar, que significa ‘terminar’ ou ‘completar’. É o componente do Talmude que contém as análises rabínicas e os comentários sobre a Mishná.
• Tosefta significa ‘suplemento’, ‘adição’ e é uma compilação da Lei Oral a partir do final do 2º século, o período da Mishná. De acordo com a tradição, foi compilado em 189 CE, correspondendo intimamente à Mishná, e escrito principalmente em hebraico mishnaico, com um pouco de aramaico.
• A Lei Oral ou Mishná ou Mishnah (em hebraico, משנה) significa ‘estudo por repetição’ ou ‘estudar e revisar’, derivada do verbo shanah (Strong #8138), uma repetição, uma duplicata, o dobro, o segundo, duas vezes mais; do qual também é derivada a palavra mishneh (Strong #4932), ‘secundário’ ou ‘segundo’. É a primeira grande obra escrita das tradições orais judaicas rabínicas, conhecida como a Lei Oral ou Torá Oral. Ela se originou de um debate entre um grupo de sábios rabínicos (os Tanaim) entre os anos 70 e 200 EC e redigida em 189 EC pelo rabino Judah ha-Nasi (Yehudah HaNasi ou Judá o Príncipe ou Judá I, um rabino do segundo século que viveu aproximadamente entre 135 e 217 EC, durante a ocupação romana da Judéia) para que as tradições orais dos fariseus do período do Segundo Templo (536 AEC – 70 CE) não se perdessem. A maior parte da Mishná é escrita em hebraico mishnaico, mas algumas partes estão em aramaico. A obra afirma ser a organização de preceitos de ensinamentos orais oriundos da entrega da Torá por Moisés ao povo judeu.
Mishná é a chamada ‘Lei oral’, dada em secreto para Moisés, e registrada de forma escrita pelos rabinos no século II DC. Não há evidência convincente sobre a veracidade da existência da lei oral. Deus sempre deu Suas leis para o Seu povo por escrito tanto as duas primeiras tábuas da lei com os Dez Mandamentos – Êx 31: 18; Êx 32: 15-16; Dt 9: 10-11 (que Moisés quebrou aos pés do Sinai – Êx 32: 19; Dt 9: 17), quanto as segundas (Êx 34: 1; 2; Dt 10: 1-5) e as leis escritas no livro da Aliança (Êx 21: 1; Dt 4: 14; 40; Dt 5: 31-32; Dt 29: 1; 9; 21; 29) e dadas por Moisés aos anciãos e aos sacerdotes, filhos de Levi (Dt 31: 9-13), para serem lidas a cada sete anos perante o povo, no ano da remissão, na festa dos Tebernáculos (ou ‘festa das Cabanas’). Se eram para ser lidas é porque foram escritas. E quem lê a infinidade de estatutos e regras dados no Pentateuco para o povo judeu por Deus, com tantas minúcias, jamais pensaria em acrescentar mais alguma coisa. Moisés escreveu integralmente todas as palavras da Lei (Dt 31: 24) e deu o livro nas mãos dos levitas para colocá-lo ao lado da arca da Aliança (Dt 31: 26). Na verdade, a ‘lei oral’ nada mais é do que interpretações rabínicas tardias, iniciadas provavelmente após o exílio babilônico e durante o Período Intertestamentário (período que vai do profeta Malaquias a Cristo, quando Deus não falou mais com Seu povo através dos profetas por causa do pecado de apostasia e idolatria de Israel, as tradições orais dos fariseus do período do Segundo Templo), criando tradições a serem obedecidas, mas sem nenhuma conexão real com o ensinamento simples inicial que foi dado a Moisés, por isso Jesus repreendia tanto fariseus, rabinos e mestres da Lei (Mc 7: 1-23; Mt 23: 1-36).
• O Talmude traz comentários sobre a Mishná e a Torá, usando o Midrash (A metodologia para interpretar a Mishná). O Talmude contém muitas tradições judaicas seculares a apresenta uma enumeração dos escritores dos livros do AT. Midrash tem raiz no verbo ‘darash’, que quer dizer ‘inquirir’, ‘investigar’.
O Talmude é a fonte primária da lei religiosa judaica (Halachá; transliterada também como Halacá ou Halakha) e da teologia judaica até a modernidade, servindo também como ‘o guia para a vida diária’ dos judeus. Trata-se de uma coleção de escritos chamados o ‘Talmude Babilônico’ (Talmud Bavli) e uma coleção anterior conhecida como ‘Talmude de Jerusalém’ (Talmud Yerushalmi). Foi escrito em hebraico mishnaico e aramaico babilônico judaico de antes da Era Comum até o século V sobre uma variedade de assuntos, incluindo a Halachá, a ética judaica, filosofia, costumes, história e folclore, e muitos outros tópicos. O Talmude é a base para todos os códigos da lei judaica e é amplamente citado na literatura rabínica.
O Talmude de Jerusalém, também conhecido como Talmude Palestino, contém ensinamentos religiosos e comentários judaicos transmitidos oralmente por séculos antes de sua compilação por estudiosos judeus na Terra de Israel. Sua redação final provavelmente pertence ao final do século IV. Foi escrito em grande parte em aramaico palestino judaico, uma língua aramaica ocidental que difere da do Talmude babilônico (Talmud Bavli). Este é um conjunto de documentos compilados no final da Antiguidade (séculos II a VI). O Talmude Babilônico compreende a Mishná e a Guemará Babilônica.
• Os Targuns (hebraico: ‘Targumim’ – plural de Targum) consistem em obras famosas escritas em aramaico, que abrangem as traduções e comentários da bíblia hebraica (AT – Tanakh). Foram escritas e compiladas em Israel e Babilônia, da época do Segundo Templo até o início da Idade Média. Também contêm os comentários sobre a Mishná (lei Oral – escrita no séc. II EC) e o Talmude, escrito por volta de 500 EC, e contém muitas tradições judaicas seculares e apresenta uma enumeração dos escritores dos livros do AT. Traz comentários sobre os outros livros: Torá ou Pentateuco (os 5 primeiros livros da bíblia) e a Mishná, usando o Midrash (A metodologia para interpretar a Mishná). O Targum foi utilizado para facilitar o entendimento aos judeus que não falavam o hebraico como língua mãe, e sim o aramaico.
Halachá (transliterada também como Halacá ou Halakha) é o nome do conjunto de leis da religião judaica. O plural da palavra é Halakot ou Halachot; Halacot; Halachots ou Halacas; e a tradução literal de Halacá é ‘caminho’. A Halachá inclui os 613 mandamentos que constam na Torá (Mitzvot) e os posteriores mandamentos rabínicos e talmúdicos relacionados aos costumes e tradições, servindo como guia do modo de viver judaico. Embora tenha havido muitas tentativas de codificar e enumerar os mandamentos contidos na Torá, a visão tradicional é baseada na enumeração do rabino Moshe ben Maimon, também conhecido como Maimônides ou Rambam, o erudito judeu mais influente da Idade Média. Assim, a Mishné Torá (Repetição da Torá) de Maimônides foi compilada entre 1170 e 1180 enquanto ele vivia no Egito. Os 613 mandamentos são tanto positivos para desempenhar uma ação (“isso pode”: 248 mitzvot aseh) como negativos quanto a se abster de certos atos (“isso não pode”: 365 mitzvot lo taaseh).
Os 613 mandamentos ou 613 mitzvot (hebraico: תרי״ג מצוות, romanizado: taryag mitzvot) são os mandamentos contidos no Pentateuco (Torah) ou ‘a Lei de Moisés’. Em hebraico, atribui-se um valor numérico definido a cada letra, o que se chama guematria ou gematriya (a numerologia judaica), onde uma palavra é o somatório dos valores das letras que a compõem. Esse é um método esotérico muito usado pela Cabala para explicar as Escrituras, ou seja, pelo valor numérico das palavras.
Mitzvot é o plural da palavra mitzvah, que significa ‘mandamento’. De acordo com o Talmude Babilônico, existem 365 mandamentos negativos, correspondendo ao número de dias no ano solar, e 248 mandamentos positivos, correspondendo ao número de ossos ou órgãos importantes no corpo humano. O Talmude refere-se a este número como taryag mitzvot.
Rabi Simlai, que desenvolveu a tradição de taryag mitzvot, fez seu cômputo baseado na palavra ‘Torá’. As Escrituras nos dizem que Moisés ordenou a Torá (Pentateuco) aos Filhos de Israel. O valor numérico hebraico (guematria ou gematriya) das quatro letras hebraicas da palavra ‘Torá’ é 611. Somando os 611 mandamentos de Moisés com os dois recebidos por todo o Israel diretamente de Deus no Monte Sinai, teremos 613. O acrônimo TaRYaG (ת tav = 400, ר raish = 200, י yud = 10 and ג gimel = 3) soma 613.
Embora não seja uma obra religiosa judaica, vamos falar com pouco sobre a Cabala.
Uma filosofia muito usada pelos judeus, desde o século I da ‘Era Comum’ (EC) ou ‘Depois de Cristo’ (DC) para nós, cristãos, é a Cabala, onde encontramos explicações místicas e esotéricas sobre vários assuntos bíblicos. Em outras palavras, é uma doutrina esotérica que visa conhecer o Universo e a natureza de Deus, buscando na bíblia um sentido secreto. O nome Cabala (pronuncia-se Cabalá) pode ser escrito de diversas maneiras: Kabbalah, Qabbala, Cabbala, Cabbalah, Kabala, Kabalah ou Kabbala. Kabbalah (QBLH) é uma palavra de origem hebraica que significa ‘recepção’. É a vertente mística do judaísmo. Grande parte das vertentes da Cabala ensina que cada letra, palavra, número e acento da Escritura Sagrada contêm um sentido escondido, secreto, e oferece os métodos de interpretação para verificar esses significados ocultos. Segundo estes ensinamentos, cada letra do alfabeto hebraico tem um valor numérico.
Formas antigas de misticismo judaico consistiam inicialmente de doutrina empírica (baseada na intuição e na experiência). Mais tarde, sob a filosofia de Platão (filósofo grego do século V AC – 429-347 AC) e Pitágoras (filósofo e matemático grego que viveu no século VI AC), assumiu um caráter especulativo (investigador, inquiridor, teórico) e ela se cresceu em força e se expandiu.
Na era medieval, a Cabala se desenvolveu bastante com o surgimento do texto místico Sêfer Bahir, que significa Livro da Luz, do qual há menção antes do século XIII. Porém, o mais antigo livro sobre a Cabala é o Livro da Formação (Sêfer Yetsirah), considerado anterior ao século VI, onde se defende a idéia de que o mundo é a emanação de Deus. Do século XIII em diante, a Cabala se ramificou em uma literatura extensa, paralelamente e em oposição ao Talmude. A maioria dos estudiosos acha apropriado o uso do termo Cabala para referir-se ao misticismo judeu desde o século I DC, não apenas o que se desenvolveu a partir da época medieval.
Hebreu é epônimo (= uma palavra emprestada; que dá ou empresta seu nome a alguma coisa) da palavra ‘Héber’ (Gn 10: 21 e segs.; Gn 11: 14; 1 Cr 1: 18), que pelos os gentios era escrita como ’ibhrï. Foi usada inicialmente para descrever a origem étnica de Abraão e seus descendentes (Gn 14: 13), pois a própria bíblia declara que Sem (filho de Noé) era o pai de todos os descendentes de Héber (Gn 10: 24-25; 1 Cr 1: 1-27). Aplicado em sentido mais amplo, o termo ‘Semita’ ou ‘Hebreu’ inclui outros povos não israelitas como os árabes, os acadianos e os arameus (sírios e assírios que ocuparam grande parte da Mesopotâmia) e, em especial a família de Abraão, já que os amonitas e moabitas eram descendentes de seu sobrinho Ló. A palavra ‘Hebreu’ passou a ser quase que um sinônimo de ‘Israelita’ após a mudança de nome de Jacó para Israel, sendo usada por Moisés em Êx 5: 1-3. A palavra ‘judeu’ foi originalmente usada para designar aos filhos de Judá, filho de Jacó. Posteriormente foi designada aos nascidos na Judéia. Depois da libertação do cativeiro da Babilônia, os hebreus começaram a ser chamados de judeus. A palavra portuguesa ‘judeu’ se origina do latim, ‘judaeu’, e do grego, ‘ioudaîos’. Ambas as palavras vêm do aramaico, יהודי (pronuncia-se ‘iahude’). O primeiro registro do vocábulo em português foi no ano de 1018.
O vocábulo ‘judeu’ originalmente descrevia qualquer habitante de Judá (2 Rs 16: 6), e era empregado nos textos assírios contemporâneos desde o século VIII AC, mais ou menos. É comumente usado pelos não-judeus para referir-se aos hebreus ou aos descendentes de Abraão. No NT, ‘judeus’ se tornou um termo familiar para incluir todos os israelitas (Judá e outras tribos de Israel).
O Senhor quer falar com Seu povo (PDF)
The Lord wants to talk to His people (PDF)
Autora: Pastora Tânia Cristina Giachetti
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