Explicação sobre as bem-aventuranças ensinadas por Jesus: ser humilde de espírito, manso, misericordioso, pacificador, limpo de coração, ter fome e sede de justiça. Ele consola os que choram e protege os que são afrontados e perseguidos por causa dEle.


As bem-aventuranças




“Vendo Jesus as multidões, subiu ao monte, e, como se assentasse, aproximaram-se os seus discípulos; e ele passou a ensiná-los, dizendo:
Bem-aventurados os humildes de espírito [pobres em espírito – NVI], porque deles é o reino dos céus.
Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.
Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra.
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos.
Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.
Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus.
Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus.
Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus.
Bem-aventurados sois, quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós” (Mt 5: 1-12).

Mateus usou a palavra grega ‘makarioi’ (μακάριοι, Strong #g3107), que quer dizer: bem-aventurados, felizardos, felizes, abençoados.

Esse discurso, provavelmente, escandalizava os judeus, em especial os religiosos e os ricos, pois segundo a visão judaica da época, as pessoas abençoadas por Deus eram sempre sadias, sem enfermidades, tinham dinheiro e bens materiais, eram honradas pelos conhecidos e elogiadas pelos homens. Como uma multidão pobre, sem posses, doente e perseguida, sofrida, chorando e sem poder se defender dos ataques e afrontas poderia se sentir abençoada? Mas para o povo que ali estava, essas eram palavras de muito consolo, pois significava que eles também eram amados e abençoados por Deus. Ele os olhava com outros olhos e o que eles não conseguiam ter materialmente falando, eles tinham espiritualmente, e ainda teriam muito mais ao crer em Jesus e praticar Seus ensinamentos. Eles não estavam sós. Essas pessoas tinham um defensor: Deus.

Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus.
Ser humilde ou pobre de espírito é estar cônscio da carência de Deus e da dependência dEle. Os que se esvaziam de si mesmos, do orgulho de suas realizações e do egoísmo de seus desejos podem sentir o Espírito Santo enchendo esse vazio. Os humildes recebem o reino dos céus como prêmio; e o reino dos céus é hoje, quando tudo é possível. É uma experiência, não um lugar. O reino de Deus refere-se ao governo de Deus. Portanto, humildade é saber que dependemos de Deus em todas as situações, não importando a posição que ocupamos dentro da Igreja ou da sociedade. É ser como criança e estar ciente da necessidade de crescer e aprender sempre com Ele; saber que só Ele é capaz de nos suprir. Não deve ser confundida com servidão, escravidão, ignorância, miséria ou qualquer outra situação maligna que possa atingir a vida financeira; insegurança, indecisão ou falta de autoridade. Não depende de classe social, mas do crescimento espiritual verdadeiro que decorre do conhecimento do caráter divino, adquirido no contato constante com o Espírito Santo. Usando todo o poder divino que tinha, Jesus era humilde porque sabia que, como homem, o que fazia e ensinava vinha do Pai e dependia dEle para tudo. Ele mesmo dizia: “O meu ensino não é meu, e sim daquele que me enviou” (Jo 7: 16).

Em grego, a palavra usada para ‘humilde’ ou ‘pobre’ [de espírito] é ptóchos (πτωχός – Strong #G4434) que significa: pobre, mendigo, desamparado, espiritualmente pobre, seja no bom sentido (pessoas humildes e devotas) ou no mau sentido. Deriva de ‘ptosso’ (agachar); semelhante a ‘ptoeo’: como medroso, ou seja, um mendigo, indigente, pedinte, necessitado (estritamente denotando mendicância absoluta ou relativa, em algumas circunstâncias difíceis, em particular); literalmente ou figurativamente: angustiado.

Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.
São felizes os que choram, porque recebem de Deus o consolo. E o choro que o Senhor fala aqui é o choro de arrependimento que produz vontade de mudar de vida, o choro de quem estava sofrendo pelo trabalhar de Deus permitindo certas situações indesejáveis por causa do seu pecado, mas que era uma cura divina. É chorar para que a justiça divina se estabeleça na terra, libertando, curando, trazendo novamente a alegria da comunhão com Ele. Bem-aventurados os que choram pelo seu afastamento dEle, porque Ele ouve o seu choro e os consola, restabelecendo novamente seu relacionamento e sua intimidade com o Pai. Bem-aventurados os que choram e ficam tristes com as coisas que entristecem a Deus [pecado e tudo o que ele trouxe: a miséria do mundo, a rebeldia, desobediência e a morte (Jo 11: 35)]. Não podemos nem devemos rir ou desculpar aquilo que faz Deus chorar e nos levam a ficar entorpecidos. Quando temos comunhão com Deus nós sentimos as emoções do Seu coração; por isso, podemos também experimentar Seu consolo, que nos encoraja e fortalece.

Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra.
Mansidão significa: serenidade, tranqüilidade, calma pela certeza da vitória, se deixar moldar por Deus, ter segurança de que tudo tem solução. Ser manso é ser submisso à vontade de Deus, às Suas leis e ao plano divino. Possuindo a Deus, os mansos herdarão a terra, o mar, o ar e tudo o que neles se contém, pois tudo é Seu. A submissão à Sua vontade nos traz poder e domínio sobre a Criação. Não deve ser confundido com comodismo, preguiça ou passividade, que abre mão da autoridade que Deus já nos delegou. Moisés era um guerreiro, entretanto, a bíblia fala que ele era o homem mais manso da terra, porque se deixou ser conduzido por Deus, apesar de ser líder, e nunca abriu mão da autoridade que Ele lhe conferiu para conduzir Seu povo. Muitas vezes, tomou atitudes drásticas, fortes e agressivas para manter a ordem entre os israelitas e cumprir até o fim sua missão. Não foi impotente nem passivo diante das rebeliões do povo, mas se deixou moldar por Deus em todas essas situações, exercendo com sabedoria e paciência sua posição de liderança.

No AT, podemos ver as palavras ‘manso’ e ‘mansidão’ escritas nos seguintes versículos:

• Era o varão Moisés mui manso (צנוע = humilde), mais do que todos os homens que havia sobre a terra (Nm 12: 3).
Manso (Strong #6035): `anav – צנוע: modesto, deprimido (em sentido figurado), em mente (suave, gentil) ou circunstâncias (carente, santo, virtuoso): humilde, manso, pobre, aflito. Compare `aniy (עני, Strong #6041: pobre, aflito, humilde – Dt 24: 12; Sf 3: 12). Raiz primitiva: `anah (Strong #6031): (idéia de olhar para baixo ou intimidação); estar curvado, ser afligido, ser humilhado ou tornar-se baixo; ser deprimido, abatido; humilhar, enfraquecer; ser afligido na disciplina de Deus; deprimir literal ou figurativamente, transitivo ou intransitivo (em várias aplicações, como segue): sem base própria, afligir-se ou aflição, castigar-se, punir-se, lidar mal com; contaminar, exercitar, forçar, gentileza, humilhar-se, ferir, assolar, violentar, submeter-se, enfraquecer, ter ou mostrar sabedoria, experiência, conhecimento e bom senso.

• “Buscai o Senhor, vós todos os mansos da terra, que cumpris o seu juízo; buscai a justiça, buscai a mansidão; porventura, lograreis esconder-vos no dia da ira do Senhor” (Sf 2: 3).
Mansidão: `anavah (Strong #6038 – ענוה): condescendência, humana e subjetiva (modéstia), ou divina e objetiva (clemência): gentileza, humildade, mansidão.

• “Mas os mansos herdarão a terra e se deleitarão na abundância de paz” (Sl 37: 11).
“Mas os humildes receberão a terra por herança e desfrutarão pleno bem-estar.” (NVI).
Em hebraico, a palavra usada é `anav (aw-nawv’), ligada à palavra `anah, com o mesmo sentido descrito acima, e traduzida na NVI como ‘os humildes’ (צנועה).

• “Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra” (Mt 5: 5).
Em grego (Mt 5: 5), a palavra usada é ‘praus’ ou ‘praos’ (πράος = humilde, manso – Strong #g4239). Em Gl 5: 23, Ef 4: 2 e Cl 3: 12, a palavra ‘mansidão’, em grego, é ‘praotés’ (πρᾳότης), Strong #g4236, que significa: ‘suavidade, brandura, mansidão, bondade’, de ‘praios’, gentileza; por implicação, humildade.

Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos.
Significa não aceitar as injustiças do mundo, mas ansiar pelo amor e pela vontade divina sendo cumprida em todos os homens. Os que sentem essa sede e essa fome serão fartos. Não há necessidade que Jesus não possa suprir. Ver a justiça de Deus agindo é ver as pessoas aceitando a Sua verdade em seus corações e recebendo a salvação e a vida eterna. Ter fome de justiça é aplicar o padrão justo de Deus à nossa vida, ter fome daquilo que agrada a Deus. Colocando a nossa vontade sob o domínio do Espirito Santo, nós ficaremos satisfeitos, saciados com o contentamento divino. O nosso descontentamento humano dará lugar à satisfação em Deus.

Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.
Misericórdia significa: indulgência, graça, compaixão suscitada pela miséria alheia. É pagar o mal recebido com o bem. É ser igual a Jesus. Mas receber misericórdia vem depois de exercê-la. A misericórdia é como uma semente que precisa ser plantada primeiro para ser colhida depois.

Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus.
Ser limpo de coração é manter a pureza e renegar a impureza, é ver Deus com o coração, é manter dentro de si a clareza e a sinceridade de intenções, é ser transparente: “Quem me vê a mim vê o Pai” (Jo 14: 9b). Quem vê com os olhos de Jesus, vê o Pai. Os limpos de coração não guardam mágoa nem rancor, mas olham para a misericórdia e para a justiça divinas e confiam inteiramente em Seu julgamento. Os limpos de coração fogem do pecado e mantêm dentro de si a integridade do projeto de Deus para suas vidas, não se envolvendo com nada que os possa desviar dele. Mantêm sempre firme dentro de si a palavra pura que vem do alto.

Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus.
Para haver paz na nossa alma é necessário extirpar a outra natureza em nós (a natureza do diabo em nossa carne) e cultivar Jesus no nosso coração. Fazer a paz é ficar do lado de Deus, estar em harmonia com Ele. Os pacificadores são chamados filhos de Deus, pois se assemelham a Ele. Para levarmos a paz a alguém, é preciso conquistar, antes de tudo, a paz dentro do nosso próprio ser, isto é, estar harmonizados com o projeto divino para nós. É não haver mais brigas entre a nossa carne, o nosso espírito e o Espírito Santo. De certa forma, é algo que decorre da mansidão, do fato de nos entregarmos inteiramente ao moldar do Senhor em nós. Um pacificador é um mediador, que resolve conflitos entre indivíduos ou grupos, estranhos entre si. A paz começa com a identificação da verdade, abordando o pecado e removendo o conflito entre as partes. Deus enviou Seu Filho para ser nosso mediador, preenchendo a lacuna criada por nosso pecado e nos concedendo paz com Ele. É o que Ele pede de nós. Paulo traduziu isso como ‘o ministério da reconciliação’.

Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados sois, quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós.

Ser perseguido por causa da justiça é lutar pelo que é do Senhor, é “pagar o preço” pelo Seu reino e ter direito total sobre ele. Em João 17: 14-17 Jesus diz: “Eu lhes tenho dado a tua palavra, e o mundo os odiou, porque eles não são do mundo, como eu também não sou. Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal. Eles não são do mundo, como também eu não sou. Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade”. Assim, ser de Jesus nos traz, infalivelmente, a perseguição mundana, pois o príncipe do mundo (o diabo) não se conforma por ter nos perdido para o Filho de Deus. Entretanto, quando somos perseguidos por estarmos lutando pela verdade, temos a garantia da proteção de Deus e do Seu livramento. “Não toqueis nos meus ungidos, nem maltrateis meus profetas”, diz o Senhor (Sl 105: 15). Também está escrito: “O anjo do Senhor se acampa ao redor dos que o temem e os livra” (Sl 34: 7). Um consolo é saber que, se somos perseguidos, é porque o nosso nome está na lista celestial dos filhos de Deus; temos o selo de Jesus na nossa fronte.


Jesus pregou para a multidão

Este texto se encontra no livro:


livro evangélico: Ensinos, curas e milagres

Ensinos, curas e milagres (PDF)

Teachings, healings and miracles (PDF)

E no anexo:


O sermão do monte

O sermão do monte (PDF)

The sermon of the mount (PDF)


Autora: Pastora Tânia Cristina Giachetti

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