Este centurião tinha fé, humildade, entendia o que era autoridade e cria na força da palavra de Jesus. Veja a divisão do exército romano (centúrias, coortes e legiões) e sua hierarquia: César, os legados, os tribunos e os centuriões.
This centurion had faith, humility, understood what authority was and believed in the power of Jesus’ word. See the division of the Roman army (centuries, cohorts and legions) and its hierarchy: Caesar, the legates, tribunes and centurions.
“Tendo Jesus entrado em Cafarnaum, apresentou-se-lhe um centurião, implorando: Senhor, o meu criado jaz em casa, de cama, paralítico, sofrendo horrivelmente. Jesus lhe disse: Eu irei curá-lo. Mas o centurião respondeu: Senhor, não sou digno de que entres em minha casa, mas apenas manda com uma palavra, e o meu rapaz será curado. Pois também eu sou homem sujeito à autoridade, tendo soldados às minhas ordens e digo a este: vai, e ele vai; e a outro: vem, e ele vem; e ao meu servo: faze isto, e ele o faz. Ouvindo isto, admirou-se Jesus e disse aos que o seguiam: Em verdade vos afirmo que nem mesmo em Israel achei fé como esta. Digo-vos que muitos virão do Oriente e do Ocidente e tomarão lugares à mesa com Abraão, Isaque e Jacó no reino dos céus. Ao passo que os filhos do reino serão lançados para fora, nas trevas; ali haverá choro e ranger de dentes. Então, disse Jesus ao centurião: Vai-te, e seja feito conforme a tua fé. E, naquela mesma hora, o servo foi curado” (Mt 8: 5-13 / Lc 7: 1-10 – ARA).
Um centurião era um soldado romano que comandava cem soldados do exército, as “centúrias”. Elas se juntavam em grupos de três a dez (numeradas de I a X) formando as coortes (300 a 1000 soldados). As coortes se juntavam e formavam as legiões. A legião romana era a divisão fundamental do exército romano. As legiões variavam entre 1.000 e 8.000 homens (em média de 3.000-6.000 soldados). Durante as suas campanhas na Gália, as legiões de Júlio César eram compostas por não mais de 3.000 soldados.
Portanto, um centurião era um homem investido de autoridade, assim como também submetido à autoridade do imperador romano (César) ou à dos legados legionários (legatus legionis ou praefectus legionis), comandantes das legiões de elite, ou à de um legado propretor (legatus Augusti pro praetore; lit. ‘enviado do imperador – agindo para o pretor’), que governava uma província romana e era comandante de quatro ou mais legiões, ou, então, à autoridade dos tribunos militares. Os tribunos militares eram representante dos soldados e infantes perante os generais, tenentes e alto comando do exército. Suas funções iniciaram com a República Romana (444 AC) e perduraram até o fim do Principado, antes do Dominato de Diocleciano (este regime durou de 285 DC até o fim do reinado de Justiniano em 565 DC).
Na Roma antiga havia também o tribuno da plebe, que atuava junto ao Senado em defesa dos direitos e interesses da plebe como magistrado. Ele era um plebeu, não um patrício – um romano de classe alta, nobre – e esse cargo de tribuno foi criado na época da República Romana (495 AC), passando a ser incorporado pelo ditador ou imperador na época de Júlio César (49-44 AC), exercendo estes (os imperadores) a função de tribunos da plebe também. Essa função foi diminuindo e se perdendo até o fim do reinado do imperador Marco Aurélio, mais ou menos 180 DC.
Este centurião que falou com o Mestre era amigo dos judeus (Lc 7: 5), por isso já tinha ouvido falar de Jesus e começou a crer nEle. Quando Jesus entrou em Cafarnaum o soldado veio até Ele implorando pela cura do seu servo.
Em primeiro lugar, vamos raciocinar sobre a decisão desse centurião em face de sua necessidade. Mesmo tendo soldados sob suas ordens, ele não dependeu da decisão ou do apoio de ninguém para buscar a solução para o seu problema imediato; ele tomou uma atitude personalizada, individualizada, diferente dos que estavam ao lado dele. Ele não esperou que outros se movimentassem junto com ele, embora seus subordinados até sentissem compaixão pelo seu servo doente. A bíblia diz que ele era amigo dos judeus, o que o tornava diferente dos outros romanos ali; isso significava que seu coração já havia sido tocado por Deus inclinando-o para o lado dos ‘vencidos’, pois Roma dominava a Judéia. Como soldado romano de patente mais alta, ele representava a presença do dominador entre aquele povo. Apesar dessa posição, ele deixou de lado seu orgulho romano, ele se humilhou e se rebaixou ao nível dos humilhados judeus, e veio buscar a cura para o seu servo na pessoa de Jesus. Em outras palavras, o centurião veio procurar um mestre, um rabi, na terra do inimigo, pois sabia que Jesus era o único que poderia salvar seu servo doente. Ele viu mais do que isso: o soldado reconheceu Jesus como o verdadeiro Senhor; ele o chamou de ‘Senhor’. Com essa atitude, ele rebaixou simbolicamente todo o império romano diante de Deus, reconheceu no Messias a divindade personalizada, quando os próprios judeus duvidavam disso.
E ao chegar a Jesus e contar o seu problema, vendo que o Mestre estava disposto a ir até sua casa, ele se humilhou ainda mais e disse: “Senhor, não sou digno de que entres em minha casa, mas apenas manda com uma palavra, e o meu rapaz será curado”. Ele se achava indigno porque sabia que era um pecador; estava ali a mando de um sistema mundano para destruir os mais fracos. E sabia que judeus não tinham a permissão de entrar em casa de gentios. Mas Jesus não estava vendo os defeitos dele. Pelo contrário, Ele se maravilhou de sua fé, pois o centurião não precisava ver para crer; apenas cria que uma única palavra de autoridade de Jesus salvaria seu servo doente. Podemos ver também uma atitude muito humana desse homem. Naquele momento, ele não estava preocupado com os negócios romanos, ele estava preocupado com sua própria necessidade. Isso quer dizer que às vezes nós precisamos tratar dos nossos problemas ao invés de nos importar com os problemas dos outros. E não devemos desistir até conseguirmos nosso objetivo. Ele não desistiu da sua bênção, procurou no lugar certo, insistiu e saiu da presença do Senhor com a vitória que precisava. Ele não se importou que alguém pudesse contar o caso aos seus superiores.
Ao se humilhar diante de Jesus, o homem abriu o caminho para a bênção. Jesus entrou na casa dele através de uma palavra. Isso nos faz pensar que temos que sair da nossa zona de conforto e gritar pela cura de Jesus onde estamos precisando. Precisamos nos levantar e fazer algo; precisamos buscá-lO pelas nossas próprias forças, pela nossa iniciativa. Deus não viu os defeitos do centurião, como não se importa com os defeitos de quem está precisando de uma cura, mas as pessoas precisam buscar a salvação por elas mesmas. Ele disse: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei”. Ele não disse: “Fique quieto e inativo aí onde você está eu vou até você”. Ele até vem a nós, mas o grito parte do nosso coração. Ele traz pessoas a nós, mas antes de trazê-las, o grito por socorro partiu da nossa alma e Ele o ouviu; Ele viu as nossas tentativas para buscá-lO.
O centurião se humilhou e buscou o Mestre. Humildade é saber que dependemos de Deus em todas as situações, não importando a posição que ocupamos dentro da Igreja ou da sociedade. Usando todo o poder divino que tinha, Jesus era humilde porque sabia que, como homem, o que fazia e ensinava vinha do Pai e dependia dEle para tudo. Humildade não deve ser confundida com servidão, escravidão, ignorância, miséria ou qualquer outra situação maligna que possa atingir a vida financeira; insegurança, indecisão ou falta de autoridade. Humildade é diferente de humilhação, e humilhação é o que outros fazem com a gente, nos forçando a acreditar na mentira de que o que temos para dar não serve para ninguém. Humildade é o contrário do orgulho, a auto-suficiência que leva alguém a fazer tudo sem a participação de Deus. E o orgulho cega e deixa as pessoas surdas, cegas à verdade e surdas à palavra de libertação de Deus, pois as vozes ameaçadoras e tentadoras do mundo falam mais alto.
O centurião costumava a ouvir e dar ordens. Portanto, não precisava ver pra crer, apenas ouvir uma palavra: “Vai-te, e seja feito conforme a tua fé, teu servo foi curado”. Os judeus, ao contrário, costumavam pedir sinais para Deus, como fizeram com Jesus; e Jesus lhes disse que o único sinal que Ele lhes daria seria o sinal de Jonas. Aqui, nós podemos ver ensinamentos importantes:
Por ser um homem conhecedor do que é autoridade, o centurião sabia o que era comandar e ser comandado, conseqüentemente, conhecia as implicações decorrentes da obediência e da rebeldia. Assim, ao ter ouvido sobre Jesus, reconheceu nEle uma autoridade vinda da parte de Deus, pois ninguém fazia os milagres que Ele fazia sem que viesse dEle. É preciso saber respeitar as autoridades, pois a bíblia diz que elas foram deixadas na terra por Deus para correção dos rebeldes e para defesa dos justos. Mesmo sendo usadas pelo diabo, muitas vezes, para cometer atrocidades e injustiças, o Senhor nos dá a direção de respeitá-las, mas nos deixa claro também que elas têm, igualmente, uma autoridade nos céus (Cl 4: 1: “Senhores, tratai os servos com justiça e com eqüidade, certos de que também vós tendes Senhor no céu”) que é Ele mesmo, a quem elas terão que prestar contas dos seus atos. No mundo espiritual não é diferente. A Palavra diz que Jesus é o cabeça de todo principado e potestade e que tudo sujeitou debaixo dos pés, portanto, quando respeitamos e honramos uma autoridade enviada por Ele para liberar uma palavra a nosso favor, somos abençoados, pois estaremos em obediência; sobretudo, porque a palavra que foi liberada procedeu da boca do próprio Deus e o mal tem que cair diante de nós. O servo do centurião tinha uma enfermidade e, logicamente, ela não procedia de Deus e sim do maligno, portanto, uma palavra dada por Jesus, por si só resolveria o problema, e foi o que aconteceu; o centurião Lhe disse: “manda [que esta enfermidade saia] com uma palavra, e o meu rapaz será curado” (Mt 8: 8 – ARA) [NVI: “Senhor, não mereço receber-te debaixo do meu teto. Mas dize apenas uma palavra, e o meu servo será curado”]. Em Jo 4: 46-54 é descrita a cura do filho de um oficial do rei, o que provavelmente é o mesmo caso descrito em Mateus e Lucas, onde a palavra servo, criado (usada pelos evangelistas) ou rapaz (usada pelo centurião) pode ter igualmente o significado de filho (Jo 4: 49), ou seja, alguém liderado por uma autoridade. Nós somos filhos de Deus, mas a bíblia também diz que somos Seus servos, o que nos faz pensar que como Pai e Senhor nós devemos honrá-lo e obedecer-lhe em tudo, pois Ele sabe o que é melhor para nós. A grande polêmica gira em torno de uma ordem injusta dada por uma autoridade (que se diz de Deus), mas que vai contra as Suas leis, como é o caso de Pedro e João que disseram aos líderes judaicos que os estavam proibindo de pregar a Palavra: “Antes importa obedecer a Deus do que aos homens” (At 5: 29) e “Julgai se é justo diante de Deus ouvir-vos antes a vós outros do que a Deus; pois nós não podemos deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos” (At 4: 19-20). Eles tinham recebido da boca do próprio Jesus a ordem de pregar o evangelho a toda criatura (Mc 16: 15) e Sua autoridade era maior do que a de homens.
Uma pessoa pode ter noção do que significa autoridade, mas não ter fé que a palavra de autoridade que sai da boca de Deus tem poder para destruir as fortalezas do diabo. O próprio Jesus, sendo reconhecido como um profeta no meio do Seu povo não fez milagres em algumas cidades, pois ali Ele não viu fé. Foi esta a lição que Ele quis dar aos judeus de Cafarnaum ao deixar o centurião falar. Como judeus, eles reconheciam nEle uma autoridade vinda de Deus (alguns criam verdadeiramente que Ele era o Filho de Deus), viam os milagres que Ele realizava, mas ainda não tinham fé suficiente para acreditar que a palavra que saía dos Seus lábios tinha poder para destruir todo e qualquer tipo de mal. Por isso Ele elogiou a fé do centurião, pois ele não só entendia o que era autoridade, como também cria na força da palavra que saía da Sua boca. Quando uma autoridade enviada pelo Senhor ora em nosso favor liberando uma bênção, precisamos crer que não é a palavra de homens que tem poder, e sim a palavra que sai da boca de Deus. Por isso Jesus disse: “Não só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que procede da boca de Deus”. O ungido de Deus libera a palavra, mas não é ele quem tem poder, e sim a “espada do Espírito” que saiu dos seus lábios.
O que está ocorrendo atualmente na Igreja, até por interferência da Internet usando as mídias sociais, é a disputa de autoridade, o que tem sido danoso para o crescimento dos membros. Explicando melhor: assim como o Exército do Senhor tem uma hierarquia, o inferno também tem uma hierarquia, e por isso a autoridade é disputada até hoje, seja na área social e governamental, como na área religiosa. E hoje o que o inimigo faz é justamente remover as lideranças; tirar a autoridade de líderes. Por que? Como Lúcifer tentou tirar a autoridade de Jesus, porque ele era um anjo, querubim da guarda, encarregado da adoração de Jesus, ele quer hoje tirar as lideranças, a verdadeira liderança de Cristo. Por isso, dentro da igreja de Cristo é aconselhável que você esteja em obediência a uma liderança para o seu próprio bem, para ter uma direção espiritual a seguir. Muitas pessoas se desgarram da igreja por algum motivo (não importa qual) e passam a viver de postagens na Internet, sob direção de vários líderes ou mesmo de simples irmãos (membros de igreja ou até desgarrados dela também) e que nem sempre trazem o ensino correto.
Resultado: a mente do desgarrado fica sem uma linha de ensino e acaba mais confusa do que estava antes, sendo uma presa fácil nas mãos de Satanás para levá-lo à perdição, ou seja, a perda da salvação. Portanto, cuidado com tantas postagens indiscriminadas na Internet, pois isso pode trazer confusão de doutrinas à sua mente, além de minar todo o trabalho de um líder. Um verdadeiro líder não oprime nem traz peso aos seus liderados, mas exorta, disciplina e repreende os menores para benefício deles mesmos. Por causa desse trabalho árduo (2 Tm 4: 1-5) a bíblia diz que eles merecem o respeito que lhes é devido:
• “Mas aquele que está sendo instruído na palavra faça participante de todas as coisas boas aquele que o instrui” (Gl 6: 6). Em resumo: dar um retorno para quem está sendo usado por Deus para disciplinar uma pessoa.
• “Agora, vos rogamos, irmãos, que acateis com apreço [consideração, estima, dar valor] os que trabalham entre vós e os que vos presidem no Senhor e vos admoestam; e que os tenhais com amor em máxima consideração, por causa do trabalho que realizam. Vivei em paz uns com os outros” (1 Ts 5: 12-13). Em resumo: respeitar um superior e ter consideração por ele.
• “Obedecei aos vossos guias e sede submissos para com eles; pois velam por vossa alma, como quem deve prestar contas, para que façam isto com alegria e não gemendo; porque isto não aproveita a vós outros” (Hb 13: 17). Em resumo: obedecer e acatar uma direção que vem de Deus para correção e direção de crescimento espiritual. Não significa idolatria do líder ou dar satisfação. Nada é feito sob coação, mas por amor, como se faz com os pais biológicos, avós, professores, médicos etc.
Eu gostaria de deixar claro que a expressão muitas vezes usada na igreja para deixar entendida a posição de liderança, ou seja, “autoridade espiritual” não é, na verdade usada na bíblia, nem no AT nem no NT. Ela foi criada pelos cristãos mais tarde. Quem cobre você é o sangue de Jesus, não o pastor. Nenhum dos apóstolos de Cristo usou esse termo em suas cartas. O que ocorre é: todas as pessoas que nascem de novo e, portanto, têm o Espírito Santo dentro de si (em especial, depois do batismo nas águas e ainda mais depois do batismo no Espírito Santo), recebem do próprio Deus o poder sobre o mundo espiritual, ou seja, elas têm o poder da palavra de Deus para repreender demônios ou qualquer coisa que o Senhor lhes ordene, a fim de fazer prevalecer Seu reino na terra. Mas não recebe de Deus a autoridade sobre o espírito ou a decisão de vida de ninguém, pois a Deus pertence o espírito de todo ser humano e a decisão de cada pessoa depende do seu livre-arbítrio. Entretanto, os líderes como Paulo, Pedro e João, por exemplo, eram autoridades eclesiásticas, porém, humanas, sobre os novos convertidos para ensiná-los a fé cristã e discipliná-los no caminho do Senhor. E, por terem sido eles mesmos um pouco mais trabalhados por Deus, eles tinham, portanto, mais unção para exercer sua autoridade sobre o reino espiritual e assim, proteger os mais novos na fé ou endireitar seus caminhos, exercendo a palavra de Deus corretamente. Mas não receberam de Deus a liberação de determinar sua própria vontade sobre o espirito nem a alma dos menores na fé. De forma alguma o termo “autoridade espiritual” deve ser confundido com tirania do líder.
Ensinos, curas e milagres (PDF)
Teachings, healings and miracles (PDF)
Autora: Pastora Tânia Cristina Giachetti
PIX: relacionamentosearaagape@gmail.com